A verdadeira carta de Einstein sobre Deus é leiloada no eBay, mas é bom saber seu conteúdo

Tirado daqui, ó. Só não coloquei as fotos das cartas a serem leiloadas.

Um ano antes de morrer, o célebre físico Albert Einstein escreveu, em 24 de março de 1954, uma carta ao filósofo judeu Eric B. Gutkind, expressando sua visão sobre o povo judeu, as religiões e a existência de Deus. O documento estará em leilão no eBay de 8 a 18 de outubro, com lance inicial de US$ 3 milhões (mais de R$ 6 milhões).

“Estamos excitados por oferecer a uma pessoa ou organização a oportunidade de possuir um dos documentos mais intrigantes do século 20″, disse Eric Gazin, presidente da Auction House (agência que está cuidando da venda), em entrevista ao LiveScience. “Esta carta pessoal de Einstein representa um nexo entre ciência, teologia, razão e cultura”.

Einstein x Deus e as religiões

A carta era uma resposta do físico ao livro de Gutkind “Choose Life: The Biblical Call to Revolt” (“Escolha a Vida: A Chamada Bíblica à Revolta”), no qual o filósofo sustentava a ideia de que os judeus eram um povo de “alma incorruptível”. “A alma do povo judeu nunca foi uma alma de massas. A alma de Israel não poderia ser hipnotizada; nunca sucumbiu a ataques hipnóticos (…). A alma de Israel é incorruptível”, escreveu.

Einstein não concordava:

Para mim, a religião judaica é, da mesma forma que todas as outras, uma incarnação das superstições mais infantis. E o povo judeu, ao qual eu pertenço com boa vontade, e que tem uma mentalidade com a qual tenho uma afinidade profunda, não tem, para mim, uma qualidade que o difere de qualquer outro povo. Até onde minha experiência vai, ele também não é melhor que outros grupos humanos, embora esteja protegido dos piores cânceres por falta de poder. Fora isso, não consigo ver nada de ‘escolhido’ sobre ele.

No final de sua vida, Einstein se mostrou contrário às religiões. Mas ele acreditava em Deus? Não exatamente, como se lê em uma carta escrita em 24 de março daquele mesmo ano:

Foi, é claro, uma mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que foi repetida de forma sistemática. Eu não acredito em um Deus pessoal, nunca neguei isso, mas expressei de forma clara. Se algo em mim pode ser chamado de religioso, é minha ilimitada admiração pela estrutura do mundo que nossa ciência é capaz de revelar.

Na carta a Gutkind, Einstein disse que a palavra “Deus” nada mais era do que “a expressão e produto da fraqueza humana, e a Bíblia, uma coleção de honoráveis, porém primitivas lendas que eram no entanto bastante infantis”.

Comentário de Milton Ribeiro:

Trá-lá-lá!

15 comments / Add your comment below

    1. Gostei também desta frase.
      Li uma carta dele, em que ele também disse que não acreditava num deus pessoal, mas aceitava o deus de Spinoza.
      Ora, Spinoza chamava de deus a própria natureza, ele seria o universo e não algo fora dele. Poderiamos dizer que era quase um Panteísmo.
      Não sei se Einstein chegou a tanto, parece-me que, como cientista, ele era agnóstico e oscilava entre acreditar em algo metafisico e não acreditar em nada.

      1. obrigado pela informação. muito importante. Ele realmente parece ficar encantado com a complexidade do universo e duvidar que sua criação tão magnífica seja feita sem uma participação (Talvez Deus) de um ser superior.
        Eu Considero-o agnóstico
        Ele deve se considerar incapaz de dar uma opinião exata sobre a criação do universo.

        [email protected]

    2. Caminhante, gostei muito do teu post “Adeus, Mimi!”. Como dono de gatos não consigo deixar de querer esganar o amigo do teu amigo, mas o chefe dele poderia ter vedado o quarto improvisando uma porta ou algo assim.

      Lembrou-me de uma cena que li recentemente: num lugar alto, após uma violenta cena de ciúmes, a mulher apaixonada se joga nos braços do marido. Ele a conforta e murmura:
      – Eu te juro, amei apenas uma mulher em toda a minha vida.
      – Só uma?
      – Sim. Só a tua irmã – e empurra a esposa para a morte.

      Fora de contexto parece novela mexicana, mas quando eu li foi engraçado.

      Peço desculpas duplas por usar o espaço do
      Milton para comentar para uma blogueira que não libera comentários, mas prometo que foi só dessa vez.

      1. Hahahahaha, se você sentiu raiva do amigo do amigo, eu senti da piada! O blog teve comentários durante muitos anos, mas confesso que me sinto muito mais livre para escrever sem eles. Esse post em especial me deixou com receio de receber comentários de ativistas, dizendo que estou fazendo “apologia à violência contra os gatos”. Ativismos e discursos politicamente corretos hoje em dia adquirem algumas cores muito radicais – ler coisas assim me cortariam o tesão pela escrita, então me abstenho.

        Fico feliz que você esteja lendo o meu blog. Qualquer coisa, tem o meu e-mail: [email protected]
        E desculpaê, Milton, paramos!

        1. Nunca entendi esse medo ou receio das conversas paralelas ou digressões gritantes nos blogs. Lembro que quando eu comecei como comentarista no blog do Milton (agora que sou mundialmente conhecido e blogueiro multi-milionário), havia algumas pessoas que respondiam aos meus comentários, mas pediam apiedantes desculpas ao Milton, por não estarem, dessa vez, se dirigindo a ele, mas a outro_ como mulheres adúlteras que agiam com inopinado cavalheirismo ao marido traído. Uma coisa que sempre me deixa feliz são as discussões entre comentaristas em meu blog, mas isso acontece infinitamente menos lá do que acontece aqui. E nunca senti vontade de compor sertanejo universitário por causa disso.

  1. Einstein acreditava na beleza formal das leis naturais, nas simetrias do universo. Sua teoria da relatividade é um grande exemplo disso, onde ele postula que “as leis da física são idênticas em todos os referenciais (inerciais)”. Outro exemplo são as equações de Maxwell para o eletromagnetismo, que descrevem uma vasta gama de fenômenos elétricos, magnéticos e ópticos (e o que tem uma coisa a ver com a outra?) a partir de um conjunto simétrico de quatro equações (não é à toa que são tão estampadas em camisetas por estudantes). É a beleza de uma fuga de Bach no próprio “mecanismo” do mundo.

    Absolutamente nada a ver com o deus pessoal dos judeus. Muito mais divino, eu arrisco dizer.

    Como curiosidade, Einstein tocava violino e seu compositor favorito era Mozart.

  2. I
    LHA DAS ÁGUIAS
    by Ramiro Conceição

    Cantam cantos antigos
    que o mal é ardiloso
    e que, sedutor, ilude a plateia
    que, por ter os caninos escuros
    com sangue de assassinatos cometidos,
    não percebe  por medo  a insensatez.

    Cantam sonhos longínquos
    que o mal é a raiz da culpa
    que impede esta monada,
    desde a tenra idade,
    à iluminação, à humanidade,
    ao cuidado desta Terra única.

    Cantam que tudo em nós é fruto
    duma moral hipócrita e repressora
    e que tudo sempre termina
    num medíocre e terrível engano
    colossal de templos e religiões:
    uma manada de anões primatas,
    bambos, prontos pra assassinar
    quem ouse à alegria de duvidar.

    Cantam cantos modernos
    que a nossa civilização
    judaico-cristã-muçulmana,
    por ser estupidamente desumana,
    possui a face dum quadro de Picasso:
    o lado esquerdo em cisalhamento ao direito
    tal qual o desespero em gritos dos ciprestes
    destorcidos das telas de Van Gogh.

    Cabe aqui uma pergunta.
    Fomos, somos e seremos somente
    caretas, caricaturas e canalhas
    dum bando de micos amestrados?

    Cabe aqui uma resposta.
    Por herança da evolução,
    somos um milagre repleto
    de coragem.
    Mas coragem pra quê?
    Para cantar e permitir
    a continuidade da vida
    nesta casa bendita.

    Portanto canto e declaro
    claramente que somos parte
    das consciências do futuro,
    do passado e do presente
    em processos de passagem;
    canto e declaro
    claramente que a diferença
    entre um bem-te-vi e Einstein
    é simplesmente a maneira
    diferente do bater de asas.

    O amor é o senhor da Terra.
    E não há diferença qualquer
    entre a mulher, que nos braços
    seus filhos queridos abraça,
    e o Sol, que com nove braços
    seus filhos queridos entrelaça
    (Plutão não é um bastardo).

    Dizem que sou de aquário
    pois ao sonhar às vezes rio,
    a crer que do nosso aguadeiro
    florescerá a sinfonia do amor
    que será cantada e amada
    em estelares línguas claras.

    Porém, confesso: sou um contumaz
    devorador de astrólogos à milanesa
    regados  é claro  à muita cerveja.
    Contudo, lúcido, continuo a declarar
    que o amor não necessita de templos
    e que nunca será de pouquíssimos,
    pois Beethoven canta  no Uirapuru.

    À frente
    das minhas asas,
    dança com graça
    a Ilha das Águias.
    Lá,
    elas procriam.
    De lá,
    elas vigiam.
    De lá,
    vêm
    o início
    e o fim.

    Eu vim de lá
    pra profetizar, instaurar e mediar
    toda a forma de amar que está ali,
    na estelar sala de estar e, aí,
    dentro do teu amor, caro Leitor.

  3. Sou fã de Einstein, ele está absolutamente certo em tudo que relatou.
    Porêm Einstein era uma pessoa sem alma , que se importava com seu ego,em mostrar que ele estava certo e os outros errados, querendo desvendar o mistério da fé.
    Sim , realmente Deus é relativo como ele disse, porque sua teoria está certa como já disse, mas nós somos quanticos, incluive ele, que não aceitava esse fato.Pois assim Deus quer, pois só um ser pode ser Relativo,que é Deus.
    Se algum dia o homem conseguir concluir a teoria de tudo , esse dia será o fim do mundo, porque estaremos nos igualando a Deus, e Deus, só tem um.

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