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  1. Já pus noutro lugar mas as perguntas que gostaria de ver respondidas são:

    1) Por que o Ministério Público Federal, já sob governo do PT, nada fez com relação aos esquemas da privatização?
    2) Por que o governo, até o momento, não se pronunciou sobre o livro?
    3) Uma vez que todas as provas apresentadas no livro são de fonte pública, por que isso não gerou processos contra os envolvidos?
    4) Haverá possibilidade, agora, de processar os responsáveis pela privataria e outros crimes financeiros?
    5) Por que, mas me digam por que, o silêncio do PT todos esses anos?

  2. O MPF não é subordinado ao governo. Várias pessoas apontadas pelo Amaury estão sendo processados (não sabemos, por que a mídia não divulga. Quem processa é o Judiciário, não é o governo. Não houve silêncio do partido durante esses anos todos. O que houve foi abafamento da mídia. O partido tem alguma culpa, mas menos do que você quer fazer crer. Será que a culpa pelas ladroagens do PSDB é do PT? Menos.

  3. O próprio Amaury tá atolado até a lama. Quem se lembra do nome dele sabe que não é relacionado a boa coisa.

    Mas o pior…

    o pior…

    é que isso não serve a ninguém a ver que quem é vítima dessa história toda somos todos nós. Mais uma vez isso vai servir ao pensamento de revanche: “tá vendo: todo mundo é corrupto igual ao PT; não existem santos!” Em vez de: vamos às ruas derrubar o governo e essa merda toda e cobrar por RESPEITO.

    Quem leva no rabo somos nós. Êta povim brasileiro de merda, siô!

  4. Estou achando interessantíssimo o “abafa o caso” que a grande mídia vem fazendo. Não que isso me surpreenda, mas que acho engraçado ver, p. ex., no site da Folha, leitores cobrando um comentário ou resenha sobre o livro, ah, isso acho. É muita cara de pau.

    (Não li o livro, mas, até onde sei, há podres por todos os cantos. O PT também não está isento.)

  5. Fecho todas com o Marcos Nunes e o Charlles Campos.

    Não acredito que os tucanos sejam um grupo de ovelhinhas inocentes, mas este livro foi armado por alguém com histórico na lama e encomendado, claro.
    O objetivo já foi muito bem dissecado pelo Charlles e, é claro, todos aqueles que têm algum interesse nisso querem acreditar no livro, até os que nem leram. Virará uma bíblia, não importa as incongruências e casos citados que já foram rechaçados na justiça, como o das ilhas cayman, onde até falsário foi preso.

  6. Ary,

    Se há desvio de dinheiro público, cabe à Polícia Federal investigar e o Ministério Público Federal acionar a Justiça; o Tribunal de Contas rejeitar as contas do governo; a Controladoria Geral da União apontar erros nos contratos e pagamentos e novamente acionar a Justiça, seja através do Ministério Públcio Federal e a Procuradoria Geral da União. Claro que a mídia abafa quaisquer ocorrências processuais contra seus nomes de eleição, como José Serra ou Fernando Henrique Cardoso, mas NÃO CONSTA A EXISTÊNCIA DE QUALQUER PROCESSO CONTRA ELES EM DECORRÊNCIA DOS FATOS RELATADOS NO LIVRO, à parte as interpelações inócuas oriundas de ação de caráter político-partidário. Não estou defendendo o PSDB ou os dois nomes citados, gente que merece meu desprezo, mas há algo muito estranho, um certo acumpliciamento, alguma prevaricação, uma indisposição, uma cautela in extremis do atual governo quanto aos fatos relatados no livro que, repito, o próprio governo NÃO ESTÁ ECOANDO, como se estivesse a colocar panos quentes em tudo.

    Charlles,

    O fato do Amaury ser controverso e atuar, como jornalista, de maneira semelhante a seus colegas de profissão, isto é, ao arrepio das leis e a serviço de interesses raras vezes nomeados, não implica na inexistência dos fatos e esquemas do governo anterior, aliás documentados. Ninguém abre empresas em paraísos fiscais para operar com dinheiro limpo, e o esquema serrista se serviu de várias delas, em operações cruzadas, para despiste.

    Quanto ao povo, ele é pragmático. Sabe que as classes políticas, através de nossa história, foram sempre compostas por ladrões, que possuem as rédeas das polícias e exércitos à mão, e a propriedade de tudo que gera lucro, submetendo todos à sua lógica de poder. Quanto isso é diferente nos EUA ou Europa? Quais foram os governos derrubados por seus povos nas últimas décadas? Nenhum deles atuou de forma lesiva à população? Brincadeira… Ah, tem os árabes agora! E alguém sabe o destino da tal Primavera Árabe? Não veremos surgir daí regimes teocráticos, como o do Irã? Ou submissos aos EUA e à Europa, como os do Iraque e da Líbia, depostos ao sabor dos mesmos interesses?

    No mais, parece que a máxima ambição do PT é colocar uma pedra nas ambições de José Serra. Isso é muito pouco. Mas, ao que parece, talvez seja demais.

  7. Ricardo Branco,

    O anterior governo Efeagagá era de ladrões e canalhas.

    As empresas off-shore abertas são documentadas no livro. Seis integrantes são os parentes e laranjas tucanos.

    Os interesses é que parecem associar PSDB e PT: a sobrevivência dos esquemas de assalto ao Erário.

    A atuação da mídia, neste caso, é vergonhosa. Bastava o livro se chamar “A Privataria Petista” para o bumbo ressoar até na Antártida.

  8. A propina parece estar no sangue de alguns partidos. No governo FH, era quase obrigatória. Sei disso porque me arrancaram quando trabalhei para estatais. Só podia trabalhar se pagasse o dízimo. E, quando o PP passou a administrar algumas coisas por aí — é da base governista — larguei de vez a prestação de serviços para estatais, enojado.

    Sob o pretexto da transparência, queriam saber de toda a formação dos preços para poder morder fundo. Nojo total.

    Meu estomago remexe só de pensar no que passei. Por isso, reafirmo com conhecimento o que disse o Marcos Nunes, “O governo Efeagagá era de ladrões e canalhas”, e afirmo que há boa companhia em outros partidos. Agora, o PT nunca nos pediu nada, mesmo solicitando sempre como o preço era formado, o BDI, etc.

  9. Milton, desculpe cara, mas como vc não colocou nenhuma placa no blog dizendo que aqui não se pode falar de política, sexo e religião, lá vai:

    sua experiência pessoal vai na contramão da realidade de propinas difundida pela imprensa sobre o PT, veja a Eunice etc. Por favor, não me venha com a simploricidade cloaquiana de que “não devemos acreditar na imprensa golpista”. O PT não tem MESMO nada de idôneo e santo. Veja um caso que muito provavelmente todos aí do sul e do litoral atlântico nunca chegaram a ouvir: a prefeitura de Goiânia está entregue a um mandatário petista. Há um parque infantil na cidade, o Mutirama, que caiu nos projetos de reforma do PT, resultado: o MP em cima, barrou temporariamente as reformas. Motivo: o prefeito adquiriu uma Montanha Russa por dois milhões de reais, de um parque do Rio, um brinquedo já com 20 anos de uso!!! Calcule: só a Montanha Russa por 2 milhões de reais! O parque possui mais uns 60 brinquedos programados para serem trocados, que dinheirama engatilhada. E o problema insurgente: brinquedos de 20 anos de uso, sucateados, para o uso de crianças.É algo similar a dar gilete para um bebê brincar. E o pior é que as obras estão apenas suspensas, e, como tudo nesse país, pode vir a se concluir assim que os “trâmites” judiciais forem acertados, e a “parte” dos juízes for paga. Então não tem propina?

  10. Prezado Milton,
    Não dá para entrar nesse debate que inclui o PT no crime de lesa-pátria praticado pelos Tucanos. Se os quadrilheiros tivessem sacado três bilhões do BB ou da CE,F e positado nos paraísos fiscais seria muito menos danoso do que o processo de privatização e suas consequências. Aos tucanos faltou tempo para que dessem um fim no BB, CEF e Petrobras (isso está registrado – o Serra era o capitão do time!). Alguém podem imaginar as consequências para o desenvolvimento (e soberania) do país se a Petrobras fosse vendida para a Chevron (nos moldes que a Vale foi)? O PT até pode (por conta da atitude de alguns) sair arranhado dessa história, mas o PSDB está completamente eviscerado. O que está em discussão é o modus operandi da gang tucana, com o acobertamento da mídia e com a complascência do poder judiciário.

  11. Marcos,
    “O anterior governo Efeagagá era de ladrões e canalhas”. Como eu disse, num mode retórico (anti-hipérbole?): “Não acredito que os tucanos sejam um grupo de ovelhinhas inocentes”.
    Milton,
    conforme me contaste a tua experiência pessoal deu-se no ano de 2008, quando o governo já era PT (ou seu aliado).
    Já eu sei de situações onde há ilustres próceres PTistas, anteriores até a qualquer governo dele, ainda, como participei de movimento estudantil nas décadas de 70/80 sei de lá atrás. Esta foi a razão do meu já antigo ceticismo.
    Hoje conheço uma lista de episódios que corroboram diversas acusações da imprensa (vida de consultor…). Antigamente também conhecia, de outros governos (infelizmente não é seguro citar aqui).
    O que percebo é uma sistematização, um processo atual, nunca dantes neste país, a corrupção virou política de estado. talvez por isto ninguém de antes foi preso.
    Agora o livro, a vida me ensinou a desconfiar ( a Veja também) do que é divulgado e mostrado como claro, óbvio e documentado. Não o li, mas vi cálculos estranhos e considerações muito parciais.
    Este livro é uma peça política, surgido bem às vésperas do julganmento mensalão

  12. Ary,
    uma coisa é roubar. pegar propina, dinheiro para um grupo ou para si.
    Outra é uma decisão política de privatizar ou não (assim como estão fazendo agora com os aeroportos – achas isto roubo? Eu não.). Havia uma proposição sobre isto e um mandato para tal, quer discordemos ou não.
    Inclusive o Serra sempre foi contra as privatizações, só ler seus textos da época. Alguns até disseram, então, que ele era estatista para roubar mais. Por isso ele ficou à margem do governo FHC (Saúde era um rolo não um premio, como ainda acontece hoje)

  13. Ricardo,

    É, pelo jeito vocêé daqueles que acham que a corrupção se alastrou no governo do PT. babaquice. Antes existia e aos montes, mas notícias não fluíam, pois se tratava do mesmo grupo de ladrões e canalhas proprietários de jornais, tevês, rádios, revistas… A Internet intensifica e incendeia; hoje, com todo o monopólio midiático, as informações circulam, daí o esgotamento em 2 dias do livro em questão.

    “A corrupção virou política de estado”. Ah, era diferente… Quá, quá, quá.

    A sistematização dos processos de corrupção voc~e encontra em uma obra do Século XVI, A ARTE DE ROUBAR. Que, aliás, nem inventou nada. Procure no Império Romano as formas e processos, inclusive legais, de utilizar o estado para fins privados.

    Não ecoe mentiras. O livro é um trabalho relevante; não é invenção da Veja. Você encontrará nele documentos irrefutáveis, tanto que a gangue serrista tenta fingir que não está nem aí, e a Veja acaba de publicar matéria sobre uma suposta fabriqueta de documentos falsos, para turvar as águas.

    Você pode ser reacionário, demotucano, o que for, mas não venha de parcialidades evidentes.

    Ah, o livro é uma peça política… Você também é uma, Ricardo.

  14. Ricardo, mas do jeito que você fala, parece que o processo de privatização foi transparente, ético e que atendia aos interessas do desenvolvimento nacional. Estamos falando de setores estratégicos que, em hipótese alguma (na minha opinião) poderia estar nas mãos da iniciativa privada. Ora, os aeroportos, ainda que estratégicos, se der algum problema, basta que seja retomado pelo governo, ou seja, é um setor onde dá para trocar o pneu do carro andando. O livro trata de privataria e não de privatização. Uma coisa é legitimidade para privatizar, outra coisa é utilizar-se do mandato (e de todas as suas circunstâncias) para privatar. Por exemplo, nos EUA (pátria da privatização), os alimentos são considerados questão de estado (de segurança nacional), assim como a água, que é também contralada pelas forças armadas. Além do mais, todo o processo de privatização foi a toque de caixa, sem maiores discussões. Quanto ao fato de Serra ser contra privatizações, isso se chama contra-informação. O mentor (FHC) disse que Serra era o cérebro, o indutor das privatizações. Eu acredito no FFHH.

  15. Ary,

    A diferença do PSDB para o PT é que o primeiro é composto pelos velhos barões ladrões; o PT, como não tem dinheiro velho à mão, lança mão do dinheiro novo via intensificação do mercado interno e políticas públicas para aumentar o bolo/PIB, que resulta em maior arrecadação de impostos e disponibilidade de verbas do Erário que podem ser, de forma sutil, transferidas a ONGs, e por aí vamos. São tipos de ladroagem diferentes e ambas eficazes. Mas o PT rouba menos. Ainda.

  16. Não li o livro, e não duvido do teor das denúncias_ mas sim das intenções delas, nada preocupadas com a “moral e a democracia”.

    Eu queria ver uma discussão séria mesmo sobre o que seria o Brasil sem as privatizações. Estaríamos falando ao orelhão ainda, muito provavelmente. E olha só o balaio do gato: sou contra as privatizações, mas desde que se possa usar a cópula “a favor de um Estado efetivo”. Me digam qual instituição estadual funciona hoje, mesmo que medianamente. A saúde? Os governos estão tendo que privatizar a administração hospitalar para ver se o caos seja ao menos planificado. A educação? A segurança?

    Há uma atmosfera de hipocrisia clubista na ideologia política nacional de que privatizações são a amostra dos chifres do demônio, e a manutenção estatal a questão sagrada a ser defendida. Uma espécie de cruzada fictícia em tudo. O estado brasileiro é falido, sucateado, corrupto, anacrônico, que só existe basicamente para alimentar as oligarquias eternas, seja da porcaria do PMDB, PSDB, PT ou o escambal. Nesse cenário, temos que repensar nossa visão política e lutar a favor d nós mesmos, e não de partidos. Devemos nos resguardar para que as privatizações não aconteçam nos moldes de Tatcher, em que as máfias partidárias foram substituídas em primeiro plano pelas corporações industriais. Privatizações é uma realidade incontornável.

  17. É claro que o PT é corrupto, o estado brasileiro é bastante corrupto e o PT se integrou a essa estrutura e herdou de bom grado as ferramentas estruturas do PSDB – Marcos Valério, Daniel Dantas, etc. Mas o caso do livro tem várias características interessantes.
    1. Mostra que o processo de privatizações, cerne da administração PSDBista no Brasil, foi – além de um erro político, na minha intenção, mas legítimo, como alguém disse aqui – um meio para um fim: roubar dinheiro público por meio da triangulação “vender barato para alguém (ligado a quem usa o mandato para vender) que compra com dinheiro público (velho BNDES) e depois opera serviços ruins e caros.”
    2. Mostra que a grande imprensa do Brasil (golpista, chamemo-la) tem lado e é seletiva. Ninguém questionou as credenciais do Roberto Jefferson quando ele cunhou o termo mensalão, valia o mérito do que ele denunciou, o que é correto. Tão ciosa de ‘repercutir’ capas da veja no telejornal de sábado, ela cala diante de um livro campeão de vendas.
    3. Mostra que o Serra não só nunca foi contra privatizações, como também enriqueceu sua família à custa delas. Ou ele e o FH não sabiam? Bom, esse critério nunca valeu para o Lula, corretamente, então não deve valer para ninguém.

  18. O mais curioso dos pró-privatizações é que falam do estado e das empresas como se fossem entes soltos no espaço, e não parte de um todo. No Brasil, corrupção não tem corruptor, as empresas são competentes e querem o bem coletivo. Não sei como seria o Brasil sem privatização, não estaríamos falando de orelhão porque houve uma revolução tecnológica, que não dependeu de privatizações, mas teve, sim, muito dinheiro dos estados do mundo inteiro, junto com muita iniciativa privada. Os serviços de telefonia no Brasil são tão ruins quanto os de saúde pública (aliás, os de saúde privada também são péssimos), há estradas pedagiadas boas e outras péssimas, assim como as não pedagiadas. Curioso, concordo com essa frase: “Há uma atmosfera de hipocrisia clubista na ideologia política nacional de que privatizações são a amostra dos chifres do demônio, e a manutenção estatal a questão sagrada a ser defendida.” Mas concordo igualmente com sua inversão: “Há uma atmosfera de hipocrisia clubista na ideologia política nacional de que o estado é a amostra dos chifres do demônio, e a “iniciativa privada,” a questão sagrada a ser defendida.” Tem sim muita coisa do Estado que funciona bem e muita coisa que funciona mal e é privada. Aliás, será que os privatistas também acham que a saúde na Inglaterra (pública) funciona mal? Não, pois então não é uma questão de Estado x Privado (lógica clubista), e sim do estado que sem tem. Um dos problemas nossos é justamente separar demais as duas coisas, a sociedade produz riqueza em seu conjunto, e as estruturas de Estado e os processos econômicos privados são mecanismos que servem para que alguns se apropriem de mais do que outros ou para uma distribuição equitativa. As empresas privadas não existem sem o Estado, ou seja, são parte do mesmo todo.

  19. O mais interessante das privatizações das companhias telefônicas, por exemplo, é que elas foram cedidas a empresas estatais espanholas, portuguesas, francesas… O meio privado é tão corrupto quanto o público porque, como disse o Rocco, o meio é um só, compartilhando público e privado os mesmos processos de geração de riqueza, administração e distribuição náo equitativa delas. Não há grande empresa privada que não opera corrompendo e sendo corrompida. Tem que se vestir de hipócrita inocência para propalar uma canhestrice dessas. Mas arrisco a dizer que, se não houvesse a privatização das companhias telefônicas, o serviço estaria no mesmo estágio qualitativo de hoje. É como a Petrobras, a CEF e o Banco do Brasil. No governo Efeagagá, a Petrobras era fatiada e preparada para privatização. CEF e BB eram apêndices confortáveis para oferecer garantias privadas aos interesses públicos de proprietários de terra e industriais sob beneplácito demotucano – não pagavam suas dívidas. Não privatizadas, Petrobras, CEF e Banco do Brasil receberam aportes de capital e pessoal, diversificaram suas atuações e cresceram. Uma bela administração capitalista de um governo… socialista? Não. Interesses diferentes com olhares estratégicos diversos. Resultados equivalentes.

  20. Estamos a falar quase a mesma coisa, Rocco. Mas a telefonia no Brasil evoluiu ENORMEMENTE, por mais que as reclamações contra a Oi e demais companhias sejam recorde nas agências do Procon. O setor privado só não funciona quando não existe uma interação severa entre consumidor e bem consumido, coisa que jamais acontece no setor público. A telefonia melhora substancialmente graças às reclamações dos consumidores, daí a portabilidade, daí as taxas fixas e não abusivas. Mas o Estado nunca melhora impulsionado por reclamações dos contribuintes. Entre o contribuinte e o Estado existem infinitas intermediações kafkianas, Serras, FHCs, Lullas… È justamente a “bondade asséptica inerente nos sistemas do lucro” que faz com que as empresas funcionem, pois bom atendimento, respeito ao consumidor, rendem lucro. E, quanto mais o Estado não funcione, mais o lucro estará garantido nos esquemas de desvios de verbas e prevaricações de todos os tipos. Eu mesmo hoje recebi uma sentença do juíz da minha cidade decretando que o banco Itaú tem 15 dias para me pagar uma indenização por danos morais no valor de 3mil reais (pedi 18 mil, mas a questão não é a grana).

    Mas… me diga qual é esta instituição estadual que funciona, que eu desconheço. As hidroelétricas?

  21. Ary,
    não disse que o processo de privatização foi transparente e limpo.
    Quis apenas diferenciar o programa de privatização, legítimo se certo ou errado, bom ou ruim, do processo dela.
    Rocco: ” No Brasil, corrupção não tem corruptor, as empresas são competentes e querem o bem coletivo”. Na mosca.
    Não vou repetir a continuação do teu comentário, mas concordo integralmente. E com o Charlles, sempre admirável.
    Já em relação ao comment anterior, houve tempo em que ministro caia por dizer palavrão ao telefone (Mendonça de Barros) ou bobagem na TV (Ricupero). A gente esquece que havia ataques aos outros também.
    Sim o PT herdou a corrupção do PSDB (metade dos ministros eram os mesmos do FHC – ninguém fica santo ou bandido de uma hora para outra) . Só acho que aperfeiçoou.
    Marcos: diferente dos outros, optaste pela falta de educação e agressividade. provavelmente gostarias de ver-me em um campo de concentração

  22. Muito bem vindo o livro do Amaury ! Adoro ver penas de tucanos voando; a reação de alguns aqui no blog não deixa dúvidas sobre o efeito do livro.
    Não vai dar em nada, mas é muito divertido !

  23. Marcos, inocente é quem acredita que a corrupção está passível de não existir em alguma empreita humana. Claro que existe muita corrupção entre os grandes empresários, mas te faço lembrar dos vínculos de significados aderidos à palavra “corrupção”. Para nosso debate, interessa a corrupção que nos pega o nosso dinheiro, não? Então, para que essas empresas chafurdem plenamente na corrupção, tem de haver do outro lado um agente do Estado. A corrupção nos moldes nefastos das empresas necessita conceitualmente que o Estado esteja na outra balança para favorecer os empresários. E o Estado brasileiro que existe aí só serve para isso, e Dilma, Lulla, FHC, são marionetes comprazidos em se enriquecer no esquema mantendo suas caras de heróis da pátria, que nós, colonos, adoramos ver. Basta isso: a cara de que sofrem de indignação escrupulosa enqaunto enriquecem, e ficamos mudos e felizes. De onde vão sair os 112 bilhões (BILHÕES!!!! O sangue chega a gelar diante tais estimativas) para a Copa do MUndo no Brasil?

    E vc não vai estar ai diante sua LED de 42 polegadas vendo, extasiado, o Neymar correndo de baixo pra cima no tapete verde?

    Só uma pequena observação me constrange para continuar com esse debate: a Heineken e a Fifa derrubaram quanta leis nacionais para a promoção desse espetáculo? Vamos dar outro nome ao Estado brasileiro, porque “estado” já não é faz décadas, ou talvez nunca tenha sido_ ou o foi nessas retóricas lisérgicas que mostram o quanto esse termo não é entendido nem minimamente, como afirmar que o estado é pleno apenas em períodos ditatoriais.

  24. O setor de telefonia é de difícil comparação, pois houve uma revolução mundial, seria tão falso quanto eu dizer que a Petrobrás achou todo esse petróleo porque é pública. Mas acho que as estradas poderiam estar melhores se o dinheiro do estado e mais o que foi desviado pelos privatas privados e públicos tivesse sido aplicado. E olha que eu não sou contra o privado por si só, mas o Brasil é o paraíso, pode-se receber a concessão de uma estrada, construir uma praça de pedágio, enriquecer e depois arrumar a estrada. Capitalismo à tucana, sem riscos.

    “O setor privado só não funciona quando não existe uma interação severa entre consumidor e bem consumido, coisa que jamais acontece no setor público.”

    Alguém realmente ainda acredita nesse sonho liberal?

    “o Estado nunca melhora impulsionado por reclamações dos contribuintes.”

    Ué, eu pensei que tinha eleição…

    É meio bobo ficar citando o que funciona e não (por exemplo, eu sempre estudei em uma excelente educação pública – a estadual já não o é, justamente porque o estado foi saindo dela, mas o fato de ter sido prova que pode ser, e a universitária continua sendo muito melhor do que a privada), mas certamente há coisas de ambos os tipos que funcionam bem – e mal. Essa é a questão, o privado não é melhor por princípio. E uma das maiores razões pela quais o Estado brasileiro funciona mal é porque ele é muito corrupto, ou seja, muito PRIVATIZADO.

  25. Ricardo Branco,

    Você já vive em um campo de concentração. Vai ver que por isso mesmo é tão “bem educado”… e burro. Quando o Rocco escreveu que ”No Brasil, corrupção não tem corruptor, as empresas são competentes e querem o bem coletivo” foi ironia. Monopólios, oligarquias, trustes, nada disso se importa de fato com o consumidor, mas o engana oferecendo falsas vantagens enquanto extorquem lucros mnaximizados da sociedade, corrompendo-a até a medula.

    Charlles,

    Gostar de futebol não é a mesma coisa que gostar de desperdícios e maracutaias para produção de um espetáculo, o que ocorre, inclusive, até mesmo nos mais desérticos festivais de jazz pelo planeta. O problema é que você insiste em ver o Brasil como exceção, quando todos os estados atuam da mesma maneira e tem por soberanos as instituições financeiras. Mas aí você não tem jeito. Devia morar na Finlândia. Dizem que lá é o paraíso.

  26. “Ué, eu pensei que tinha eleição…”

    E eu pensei que estamos aqui discutindo essas picuínhas justamente por HAVER eleições e haver os ELEITOS. Meio simplório recorrer a esse chavão. Afinal, os sujeitos do livro do Amaury foram eleitos pelo povo.

    Também estudei em faculdades públicas, e, na minha época, as correlatas privadas tinham muito mais recursos e pagavam o triplo dos salários dos professores. E na educação ginasial, até hoje tenho pesadelos da época em que dei aula no setor público.

    As empresas que são confrontadas com núcleos bem organizados de consumidores insatisfeitos só tem dois caminhos: fecharem as portas ou melhorarem. Pode-se dizer que o sistema de eleições é efetivo no campo privado.

  27. Charlles, alguns sujeitos do livro do Amaury foram eleitos, outros são os donos da Telemar/Oi, irmãos de senadores, por sinal, donos de bancos, etc. E os políticos confrontados com núcleos bem organizados de eleitores insatisfeitos? Por que essa crença tão fundamentlaista no mercado?
    Vendo agora nossos posts, pode parecer que sou a favor de monopólios estatais incondicionais, não sou, rapaz, mas esse é o tipo de discussão que vai radicalizando e quando se vê…. Não me pareceu que eu estivesse recorrendo a chavões, mas se viste assim, desculpa a minha pouca precisão. Na verdade, meu problema é com os dois pesos, duas mentiras da imprensa com relação a esse livro. Um pedido de desculpas por tomar de assalto o blog do Milton e um abraço

  28. Mas olhe só, Marcos. Espero que, após nosso conhecimento cibernético das ideias um do outro, vc saiba que sou um cara de esquerda, anti-neoliberalismo, mas que já tá exausto de se deixar engambelar pelos filhos da puta da política. Estou num nível de nojo tão profundo que chego a idealizar um serial-killer que saísse por aí matando deputados, cortando-lhes os dedinhos gorduchos e embalando em caixas marroquinas com papel celofane e mandando-os para a polícia federal, a título de provocação.

    O terrível é que, Thatcher estava certa. Você acredita mesmo que vá haver uma alternativa? A ocupação de Wall Street surtirá algum efeito? Infelizmente, não é por tais sentenças saírem da boca de um demônio que não devemos acreditar nelas.

  29. Pô, cara, mas aí você quer que eu leve essa porra toda muito a sério, e isso vai acabar com o bom humor que pode ser produzido por uma tarde de tédio.

    Mas posso dizer que a esperança vai vencer o medo e o futuro virá com um mundo novo não refém da esfera produtiva financeirizada, o que nos parece hoje utopia emaconhada, mas sempre foi assim: as mudanças nascem micro e explodem macro. Quando abrirmos os olhos, estaremos todos na praia cheirando o mar, ouvindo o barulho das ondas e vendo passar as lindas e naturais mulheres nuas de nossas imaginações soterradas por películas de sal de prata dos velhos filmes do cinema hollywoodiano.

  30. Rocco, eu vi o futuro e vou te contar agora em primeira mão:

    a humanidade vai ter a chance de se salvar sim, mas não às custas dela, mas de uma homeostase da natureza. Nda vai interromper esse fluxo do neoliberalismo. Tudo vai ser dominado pelas empresas e o futuro de modo incondicional não será o melhor dos mundos. Discutir aqui e nos tomarmos de sensibilidades por um ter sido irônico e o outro levantar a acusação de uso de chavões é tão fútil quanto um grupo de crianças numa pelada de futebol. Não há heróis e os canalhas estão abalizados pela idoneidade das idolatrias públicas. Mas essa situação não tem como durar mais que umas três décadas. É só sentir os sinais. O homem não conseguira se adaptar de forma tão instantânea a essa nova forma de imposição cotidiana que a lucrocracia ordena. Vai haver doenças, mortes, acidentes em série, desmoronamentos, inícios pontuais de canibalismo, e uma implosão de nossa capacidade de espanto diante toda esse fascinante inferno. É um longo caminho.

  31. With all their kids committing suicide.
    What have we done, Maggie what have we done?
    What have we done to England?
    Should we shout, should we scream
    “What happened to the post war dream?”
    Oh Maggie, Maggie what have we done?

  32. Prefiro esta, de outro grupo progressivo bem menos conhecido:

    Still waiting for my saviour,
    storms tear me limb from limb;
    my fingers feel like seaweed…
    I’m so far out I’m too far in.
    I am a lonely man, my solitude is true
    my eyes have borne stark witness
    and now my nights are numbered, too.
    I’ve seen the smiles on dead hands,
    the stars shine, but they’re not for me.

    I prophesy disaster and then I count the cost…
    I shine but, shining, dying,
    I know that I am almost lost.
    On the table lies blank paper
    and my tower is built on stone
    I only have blunt scissors,
    I only have the bluntest home…
    I’ve been the witness, and the seal of death
    lingers in the molten wax that is my head.

  33. With all their kids committing suicide.
    What have we done, Maggie what have we done?
    What have we done to England?
    Should we shout, should we scream
    “What happened to the post war dream?”
    Oh Maggie, Maggie what have we done?

    É de quem o excerto?

  34. Sei lá… há de ser o Ramiro? Brincadeira. Não sei de onde veio. Quando a gente coloca um blog na rede, ele é acessado por um monte de gente que vem de todo lugar. Tinha um leitor da Alemanha, outro da Rússia… Esse ai deve ter digitado um troço qualquer que encontrou relação com uma passagem do romance, parou lá por acaso, leu, gostou, continuou a ler e até se pôs como seguidor. Vai ver que ele acha que eu sou o próprio demo.

  35. Da Carantonha mili légua a caminhá
    Muito mais, inda mais, muito mais
    Da Vaca Seca, Sete Varge inda p’ra lá
    Muito mais, inda mais, muito mais
    Dispois dos derradêro cantão do sertão
    Lá na quadrada das águas perdida
    Reis, Mãe-Senhora
    Beleza isquicida
    Bens, a lagoa arriscosa função
    Ô Caindo chiquera as cabra mais cedo
    Aparta Lubião, esse bode malvado, travanca o
    Chiquêro
    Ti avia a cuidar
    Alas qui as polda di sheda rincharo ao luar
    Na madrugada suadas de medo pr’a lá
    Runcas levando acesas candeia inclusão
    Da Carantonha mili légua a caminhá
    Mil badaronha tem qui tê pr’a chegá lá
    Sete jinela sete sala um casarão
    Laço dos Moura
    Varge dos trumento
    Velhos Domingos
    Casa das Sarmentos
    Moças, sinhoras
    Mitriosa função
    Dá pressa in guilora a ingomá nossos terno
    Albarda as jumenta cum as capa de inverno
    Cuida as ferramenta num dexa ela vê
    Si não pode ela num anuí nois í
    Onte pr’os norte de Mina o relampo raiô
    Mucadim a mãe do ri as águas já tomô
    Anda muntemo o mondengo pr’s nois i pr’a lá

  36. Ao Colegas educados deste comment:
    O Rocco disse “corrupção não tem corruptor, as empresas são competentes e querem o bem coletivo” – eu entendi claramente a ironia e concorde com ele ao dizer na mosca.
    Se eu discordasse o diria, mas sem ofende-lo.

  37. “É Pink Floyd, The Post War Dream, do disco The Final Cut.”

    Que surpresa! Uau…
    Enfim, sem querer atrapalhar a conversa de vocês. A ironia com a dama de ferro é uma sacada! Bem diferente da pueril diatribe contra o mundo adulto no refrão que pede que o professor deixe as crianças em paz.

  38. Acho triste que as gangues da política brasileira, associadas às gangues privadas, acabem gerando dissenções neste blog (eminentemente cultural e pacifico) que agregou tantas pessoas queridas e interessantes…. Pena.
    Nenhum partido merece tamanha consideração. E o objetivo dessa lerda toda não era o bem comum?
    Coisas que já nascem partidas não devem ser modelos absolutos. Muito menos as pessoas que as criam e seus atos.

    Eu aceito que um amigo gremista mande um amigo colorado “&^#^$# &^ *&”, ou vice-versa. Afinal, são bárbaros. No entanto, o exercício da Democracia (se é que isso existe!?), para que tenha alguma chance de sucesso, exige respeito.

    E, afinal, para que serve esse lustro intelectual todo?
    Abraços a todos, gregos e troianos.

  39. Charlles, esse poema não é meu. É uma canção do Elomar “Na quadrada das águas perdida”, que pertence ao disco de mesmo nome (elaborado na década de 70).

    Considero esse trabalho uma obra-prima do cancioneiro brasileiro. Todas as letras são num dialeto associado à região do Rio Gavião (interior baiano). Por outro lado, as melodias são medievais [não sou especialista (ainda mais nesse blog!!), posso estar a cometer algum equívoco].

    Não se deve esquecer que Elomar é (espero que esteja vivo…) um músico sofisticadíssimo que passou pela Universidade Federal da Bahia (não sei se completou o curso). Enfim, é um trabalho que me dá orgulho em dizer que é brasileiro e feito em português.

    Elomar é gênio.

  40. Ramiro, escutei muito Elomar em meus tempos de universitário _ apesar de não essa música, especificamente, da qual não me lembro. Também o julgo um gênio. Acho que isso nos redime de nossa parelha com o Chico Buarque.

    Ainda bem que elucidastes a coisa em tempo. Estava por fazer um post “engraçadinho” em meu blog, colocando apenas esse poema e dizendo o quanto Joyce havia te influenciado, você, que meteu o pau no pobre do irlandês.

  41. Por que a Imprensa, até hoje, não divulgou toda essa safadeza das privatizações, que, convenhamos, é, de há muito, de sabença pública? A meu ver, é porque, no fundo, isso serviria ao PT. E, por mais que atualmente jogue o jogo petista, ao menos nas aparências, num acordo tácito de cavalheiros (afinal, o PT está no PODER), a Grande Imprensa não lhe devota muito amor (e jamais devotará), mesmo, agora, mostrando uma simpatia pela Dilma acima do comum, vez que essa, por idealismo e razões óbvias de passado, é declaradamente a favor da Imprensa livre. Mas acho que, se pudesse, essa Grande Imprensa ainda se sentiria mais à vontade com o PSDB no poder.

  42. Cara, vou dizer uma coisa sobre política, pois estou numa fase de dar
    palpite. Tô com a corda toda!

    Eu acredito na pessoa IDEALISTA, porque, a nível de querer o melhor para o Brasil, de torcer para as coisas acontecerem e darem certo nesse País, a favor do bem geral. Nisso, sou idealista! Não com a força de uma Dilma Rousseff, que pegou até em armas, mas sou!

    O sujeito idealista é, via de regra, honesto, íntegro. E quando comete um deslise, o que é raro acontecer, o faz para o bem comum ou para uma causa que julga válida, dificilmente é para proveito próprio.

    Por isso, digo que acredito mais na DILMA do que acreditei em Lula. Lula, a meu ver, jamais foi idealista, ou, ao menos, um idealista convicto.

    As experiências de uma vida difícil e a convivência com o meio operário – com algumas cabeças pensantes – lhe inculcou alguns ideários a seguir, seja como sindicalista, seja como político e até presidente da república. Mas idealista, no sentido puro da palavra, nunca foi. Um idealista não aliviaria alguns desvios de componentes de seu Governo, nem se calaria diante do estranho “empréstimo” feito pela Telemar a seu filho, no valor de R$ 6 milhões.

    A Dilma Rousseff, sim! Dessa espero muito, tudo o que sempre desejei prá que esse País, se torne, finalmente, um Brasil de verdade, de bem estar, em todos os sentidos, da população.

    E tenho certeza (e até aposto!) de que jamais veremos a Presidenta envolvida em falcatruas, em negociatas, em esquemas. Ela, não! Porque ela é IDEALISTA, entende! E a desonestidade de todo o tipo, em proveito próprio ou de outrem, é frontalmente contra os princípios e as práticas dela. Esse tipo de pessoa, o poder e o dinheiro não seduz, a ponto de ela romper com seus ideais, que sempre falam mais alto. É como uma sinfonia que fica, lá dentro, na cabeça de Bach e de Beethoven martelando, martelando.

    Eu acretido que o Brasil mudará definitivamente com essa Mulher, com essa PRESIDENTA, nos próximos 8 anos! Por que? PORQUE ELA É CRONICAMENTE IDEALISTA!!!

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