O que o Facebook vê quando nos apaixonamos

O que o Facebook vê quando nos apaixonamos

via Fernando Guimarães
tradução e adaptação libérrimas de Milton Ribeiro

Durante os 100 dias antes do início da relação, observamos um aumento lento, mas constante, no número de postagens compartilhadas entre o futuro casal. A outra notícia é que os cientistas do Facebook sabem mesmo demais a nosso respeito.

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Viram? O Facebook pode entender muito bem suas intenções e perspectivas românticas.

Em um post publicado pelo Facebook Data Science, um grupo de cientistas da empresa anunciou que há evidências estatísticas que sugerem claramente o surgimento de relacionamentos antes que eles ocorram.

“Como os casais tornam-se casais”, escreve o cientista de dados Facebook Carlos Diuk, “as duas pessoas entram em um período de aproximação, durante o qual o tempo de Facebook aumenta. Depois que o casal torna-se oficial (em relacionamento sério), seus posts diminuem drasticamente, presumivelmente porque os dois estão felizes e passam mais tempo juntos”.

No post, Diuk dá números claros:

Durante os 100 dias que antecedem o início da relação, observa-se um aumento lento, mas constante, no número de postagens compartilhadas entre o futuro casal. Eles se curtem, chamam a atenção um do outro. Quando a relação começa (“dia 0”), os posts começam a diminuir. Observamos um pico médio de 1,67 postos por dia 12 dias antes do início da relação e depois os números começam a cair. Entendemos que os casais decidem passar mais tempo juntos e as interações on-line dão lugar a interações no mundo físico.

Você pode ver esses dados no gráfico acima. O número de posts no perfil sobe e sobe, até cair quando as coisas se tornam oficiais.

A equipe do Facebook Data Science costuma divulgar informações amorosas dentro do enorme volume de dados da empresa possui sobre relações sociais. Eles também sabem o quanto os relacionamentos duram normalmente e como o amor se correlaciona com religião e idade. Já os dados comerciais eles não gostam tanto de divulgar…

Voltando a nosso tema, Diuk também revela que, ao mesmo que o número de postos diminui, estes se tornam mais felizes. “Observamos uma espetacular melhora no humor após o ‘dia 0’. Aqui está um gráfico descrevendo essa mudança:

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Para a análise de sentimentos como os descritos acima, a ciência está longe de ser perfeita. Os robôs não são muito bons em interpretação e sarcasmo. Mas muitas vezes é interessante saber.

A equipe tomou vários cuidados para não errar muito. A fim de eliminar os falsos relacionamentos do Facebook, ele só analisou os casais que entraram em “relacionamento sério” entre os meses de abril e outubro, evitando os períodos de festas.

Para que seguir postando se há coisas mais legais para fazer agora?
Para que seguir postando se há coisas mais legais para fazer agora?

As Origens da Cachaça

As Origens da Cachaça

Eu adoro cachaça e pelo visto fiz escola em casa. Meu filho que mora em Berlim pediu que eu levasse alguma coisinha para ele. Sabia da origem do nome pinga — a primeira cachaça teria sido bebida por escravos negros de gota em gota, pois a cachaça caía do teto de onde o melaço fora preparado. Há a teoria de que o líquido também servira para curar ferimentos das costas de escravos, daí o nome aguardente. Nos primórdios a cachaça era consumida apenas por escravos e gente da ralé. Que tolinhos… O texto que segue é do professor e mestre em História Rainer Sousa.

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No começo da colonização do Brasil, a partir de 1530, a produção açucareira apareceu como primeiro grande empreendimento de exploração. Afinal, os portugueses já dominavam o processo de plantio e processamento da cana – já realizado nas ilhas atlânticas – e ainda contavam com as condições climáticas que favoreciam a instalação de grandes unidades produtoras pelas regiões litorâneas no território.

Para que todo esse trabalho fosse realizado, os portugueses acabaram optando pelo uso da mão de obra escrava dos africanos. Entre outras razões, os colonizadores notavam que os escravos africanos eram mais adaptados do que os índios ao trabalho compulsório, apresentavam maiores dificuldades para empreender fugas e geravam lucro à Coroa por conta dos impostos cobrados sobre o tráfico negreiro.

No processo de fabricação do açúcar, os escravos realizavam a colheita da cana e, após ser feito o esmagamento dos caules, cozinhavam o caldo em enormes tachos até se transformarem em melado. Nesse processo de cozimento, era fabricado um caldo mais grosso, chamado de cagaça, que era comumente servido junto com as sobras da cana para os animais.

Tal hábito fazia com que a cagaça fermentasse com a ação do tempo e do clima, produzindo um liquido fermentado de alto teor alcoólico. Desse modo, podemos muito bem acreditar que foram os animais de carga e pasto a experimentarem primeiro da nossa cachaça. Certo dia, muito provavelmente, um escravo fez a descoberta experimentando daquele líquido que se acumulava no coxo dos animais.

Outra hipótese conta que, certa vez, os escravos misturaram um melaço velho e fermentado com um melaço fabricado no dia seguinte. Nessa mistura, acabaram fazendo com que o álcool presente no melaço velho evaporasse e formasse gotículas no teto do engenho. Na medida em que o liquido pingava em suas cabeças e iam até a direção da boca, os escravos experimentavam a bebida que teria o nome de “pinga”.

Nessa mesma situação, a cachaça que pingava do teto atingia em cheio os ferimentos que os escravos tinham nas costas, por conta das punições físicas que sofriam. O ardor causado pelo contato dos ferimentos com a cachaça teria dado o nome de “aguardente” para esse mesmo derivado da cana de açúcar. Essa seria a explicação para o descobrimento dessa bebida tipicamente brasileira.

Inicialmente, a pinga aparecia descrita em alguns relatos do século XVI como uma espécie de “vinho de cana” somente consumida pelos escravos e nativos. Entretanto, na medida em que a popularização da bebida se dava, os colonizadores começaram a substituir as caras bebidas importadas da Europa pelo consumo da popular e acessível cachaça. Atualmente, essa bebida destilada é exportada para vários lugares do mundo.

Câmara foi usada como templo em mais de 100 ocasiões em 2016 / Número de brasileiros sem religião dobra em dois anos

Câmara foi usada como templo em mais de 100 ocasiões em 2016 / Número de brasileiros sem religião dobra em dois anos

Do Paulopes.

Evangélicos celebram culto com frequência | Foto: Saulo Cruz, da Agência Câmara
Evangélicos celebram culto com frequência | Foto: Saulo Cruz, da Agência Câmara

A influência cada vez mais forte de religiosos na política fez com que em 2016 as instalações da Câmara Federal fossem usadas como templo, para a realização de cultos, missa e cerimônias, em mais de 100 ocasiões.

Ali tem se reunido, por exemplo, evangélicos (principalmente estes), católicos, espíritas, fiéis da Seicho-no-ei.

Na explicação da assessoria de imprensa da Câmara, todos os pedidos de realização de eventos religiosos são aprovados para preservar a laicidade do Estado.

Trata-se de um entendimento convenientemente equivocado, para agradar os religiosos.

Em um verdadeiro Estado laico, onde religião e política não se misturam, deputados não realizam sessões em igreja e nem religiosos ocupam o espaço parlamentar para veneração de deuses.

Com informação da Exame.com e foto de Saulo Cruz, da Agência Câmara.

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O número de brasileiros sem religião acima de 16 anos pulou em outubro de 2014 para dezembro de 2016 de 6% da população para 14%. Portanto, mais que dobrou.

A informação é do Datafolha. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os sem religião são compostos por crentes que não estão afiliados a nenhuma igreja, por agnósticos e ateus.

No mesmo período, a Igreja Católica perdeu 9 milhões de fiéis, com queda de 60% para 50%, confirmando uma tendência já registrada por outras pesquisas.

O sociólogo Reginaldo Prandi, professor da USP, disse que o crescimento dos sem religião ocorre em todo mundo.

“[Isto porque] socialmente a religião não tem mais nenhum papel”, disse.

Afirmou que há crentes que hoje podem pertencer a uma igreja e amanhã não.

O fato é que, acrescentou, a sociedade percebeu que religião não é mais “condição obrigatória para ser bom cidadão”.

Com informações da Folha de S.Paulo.

A Playboy ainda existe e até cria uma marolinha de confusão

A Playboy ainda existe e até cria uma marolinha de confusão

Eu nem sabia que a revista Playboy ainda existia. Então, quando surgiu a notícia de que eles colocariam uma gorda na capa, fiquei sem entender se era um relançamento em forma de paródia ou a própria revista. Sim, porque os padrões de beleza das revistas e da TV ignoram totalmente as mulheres acima do peso. E há lindas. Então, achei divertido que a certamente combalida Playboy fosse na direção contrária ao convencional corpo de modelo e também do horrendo — na minha opinião — padrão fitness. Mas o que não entendi mesmo foi o coral daquelas mesmas pessoas que antes reclamavam da objetificação deste gênero de publicações: agora o coro dizia a moça arrasaria, que ia se empoderar. Ri e esqueci da conversa.

Só que a revista recuou e colocou a plus size — termo aparentemente aceitável pelo politicamente correto — apenas na capa da edição digital… Exposta nas bancas, pode-se ver a habitual magra sem graça, fato que chocou a turma que estava aplaudindo e recolocou a revista na posição anterior de objetificadora e machista. Eu achei uma sacanagem com a Fúlvia Lacerda.

Então, quem procurava por isso nas bancas,

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encontrou isso.

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Ri novamente. Um jornalista escreveu: “A gorda é pra sair escondido. A de andar de mãos dadas na rua é a magra. A Playboy só reforçou isso”

De minha parte, digo apenas que as fotos da magrelinha fitness me faria procurar os artigos preenchidos por letrinhas na revista. Deve ter, né? Afinal, próximo do traseiro da menina, logo abaixo da envergonhada menção à Fúlvia, está anunciada uma entrevista com o ex-Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Talvez seja interessante.

 

“A Origem das Espécies” é votado como livro mais influente da história

“A Origem das Espécies” é votado como livro mais influente da história

Por Alison Flood
Publicado no The Guardian

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Depois da lista dos 20 melhores livros acadêmicos, uma pesquisa foi feita em conjunto por especialistas acadêmicos, vendedores de livros, bibliotecários e editores para inaugurar a Academic Book Week, o público foi convidado para votar naquele que eles acreditavam ser o mais influente. Competindo outros títulos na votação, incluindo ‘Uma Reivindicação pelos Direitos da Mulher’ de Mary Wollstonecraft, o romance ‘1984’ de George Orwell e a ‘A Riqueza das Nações’ de Adam Smith, a explicação da Teoria da Evolução de Darwin foi o grande favorito do público, com 26% de votação, disseram os organizadores.

O professor Andrew Prescott, da Universidade de Glasgow, chamou o estudo de 1859 de Darwin de “a demonstração suprema do porquê livros acadêmicos importam”. “Darwin utilizou a observação meticulosa do mundo à nossa volta, combinando com uma reflexão prolongada e profunda para criar um livro o livro que mudou a forma como pensávamos sobre tudo – não só o mundo natural, mas religião, história e sociedade”, disse ele. “Todo pesquisador, não importa se ele está escrevendo livros, criando produtos digitais ou obras de arte, almeja produzir algo tão significativo na história do pensamento como ‘A Origem das Espécies’”.

‘A Origem das Espécies’ foi seguida na votação do público pelo ‘Manifesto Comunista’ e Obras Completas de Shakespeare, com A República de Platão em quarto e o livro Crítica da Razão Pura de Kant em quinto – uma escolha de Alan Staton, da Booksellers Association. “Parece que estamos sendo governados por conveniências e pensamentos contraditórios, e é reconfortante saber que o Imperativo Categórico de Kant é visto como importante“, disse ele.

O filósofo Roger Scruton concordou. “Estou satisfeito com Crítica da Razão Pura, que deve ser certamente um dos trabalhos mais difíceis de filosofia já escritos, e que certamente deveria ter sido escolhido como um dos mais influentes de todos os livros acadêmicos”, disse ele sobre o texto do século 18.

“Kant partiu em uma tarefa extraordinária, que foi mostrar os limites da razão humana e, ao mesmo tempo, justificar o uso de nossas faculdades intelectuais dentro desses limites. A visão resultante, de seres autoconscientes envolvidos dentro de um limite, mas sempre pressionando contra ele, com um desejo para o além inacessível, tem me assombrado, como tem assombrado muitos outros desde a primeira vez que Kant expressou”.

Porque hoje é sábado e Natal

Porque hoje é sábado e Natal

Eu até gosto do Natal, dos reencontros, etc.,

só odeio a promoção de bons sentimentos,

e me irrito com a estória do menino Jesus.

Só dou presentes para crianças pequenas,

mas gosto das comidas,

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das sobras no almoço do dia 25,

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e dessa coisa de saber que o guri dos católicos,

o de 25 de dezembro, apareceu nesta data

só para atrapalhar a festa pagã do Solstício de Inverno.

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Três tópicos antes do Natal

Três tópicos antes do Natal

Durante os aplausos, uma senhora tirava fotos de Daniel Barenboim usando o flash. Ele interrompeu a plateia e disse: “Não use o flash, senhora. Por três razões: primeiro, porque é proibido; segundo, porque me incomoda; terceiro e mais importante, porque, enquanto faz a foto, não pode me aplaudir”.

Uma coisa que sempre quis ter e não tenho é classe.

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Alex Castro tem razão: “Se você declara publicamente seu ódio a alguém, está declarando que aquela pessoa tem poder sobre você”. Faz três anos que tenho me mantido fiel à Lei de Steinbeck, que diz mais ou menos assim: “Vou me vingar de ti da forma mais cruel, vou deixar pra lá”. O Chico Marshall completa dizendo que “Aristóteles (De Anima) afirma que “nada produz maior cólera do que a expectativa de honra frustrada. Desdém, a mais letal das armas”.

Não é o Alex, nem o Steinbeck, é Aristóteles
Não é o Alex, nem o Steinbeck, é Aristóteles

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Conforme nós prevíamos, a coisa ia ficar séria. Ficou. O Vitória e a CBF fizeram sacanagem sim. Agora só falta dizerem que o Inter forjou o documento do Monterrey… Não creio que o Inter mereça ser resgatado do rebaixamento — afinal, quem perde duas vezes para o Vitória e e obtém um ponto do Santa Cruz tem que morrer mesmo — mas acho que o Vitória deveria ser o quinto rebaixado. Acho que os advogados do clube não devem se entregar. O Vitória fez algo duplamente proibido: contratou sem fazer o atleta voltar ao clube de origem e fora da janela. Curioso é o silêncio da Federação Gaúcha.

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Visitando a zona evacuada de Tchernóbil

Visitando a zona evacuada de Tchernóbil

Eu sempre incomodei a Elena para saber. Ela mudava de assunto, dizendo que doía falar naquilo. É que gosto de saber tudo sobre a pessoa que amo. Desde o nascimento, todo esse passado me parece puro encantamento, ainda mais se pensar que qualquer alteração — ou decisão tomada — poderia ter desviado Elena de mim. Afinal, ela veio de muito longe. Porém, a história de Tchernóbil não tem nenhum encantamento e devo ser apenas um cara chato.

Não há magia no acidente de Tchernóbil e sua relação com a cidade bielorrussa de Moguilióv, onde Elena nasceu e viveu até o final da adolescência. A cidade fica próxima do acidente e os ventos costumam ir para aquele lado. Quando li o livro de Svetlana Aleksiévitch, Vozes de Tchernóbil, soube que tinha razão — a cidade fora atingida fortemente. Mas ela me contava poucas coisas, na verdade uma coisa só, um fato que ocorrera no dia 1º de maio de 1986. Ignorantes do que estava ocorrendo, a população participou do desfile tradicional da data. Todos foram convocados para o mesmo e ninguém fora avisado de qualquer perigo. O acidente nuclear acontecera cinco dias antes, em 26 de abril. Um casal de professores que costumava ouvir a Voz da América foi para o evento munido de guarda-chuvas. Não chovia e todos riram deles. Depois de alguns dias, apareceu uma nuvem escura que passou lentamente sobre a cidade e a grande chaminé de uma famosa fábrica de tecidos sintéticos pegou fogo sem faísca nenhuma… Depois ela viu a carcaça resultante. Todos estavam assustados com a reação química entre a chaminé e a nuvem.

Quando eu estava lendo Vozes de Tchernóbil, a igualmente bielorrussa Aleksiévitch falou numa professora de arte, alguém muito inteligente e capacitada, e logo tive a certeza de que Elena a conhecia. Perguntei e ela me trouxe fotos onde estavam a tal professora, sua mãe e a própria Elena. Em pleno início dos anos 80, eles pareciam formar uma comunidade de hippies tardios. As fotos eram sempre de grupo, improvisadíssimas, e Elena aparecia como uma pré-adolescente rindo no meio de uns caras barbudos e de umas mulheres 100% ripongas.

Só ontem, inesperadamente, apareceram outras fotos. A excelente pianista e professora responsável pela turma da Elena, formada exclusivamente por futuras musicistas, era casada com um policial de alto cargo em Moguilióv. Por solidariedade e para demonstrar mobilização, ele e sua esposa organizaram uma excursão à área evacuada. Fariam uma apresentação de canto para os policiais que vigiavam o local, impedindo o acesso e os roubos de casas e maquinário. Ignorando o perigo e pensando em fazer uma coisa boa, as meninas aceitaram o convite. Era perigoso, mas elas queriam dar alento àquelas pessoas que se sacrificavam. E foram cantar na zona evacuada em Brahin. Na volta, o marido da professora e os policiais que acompanharam o grupo receberam uma significativa promoção e privilégios apenas concedidos aos liquidadores de Tchernóbil. As estudantes não ganharam nada.

Ficaram lá três dias. Ela disse que cantaram, caminharam, se emocionaram, riram e dançaram com os milicianos. Um deles se apaixonou por ela e pediu-lhe o endereço. Trocaram cartas, mas nunca mais se viram.

Um dia, falei que queria registrar a história de sua relação com o acidente. Faria algo ao estilo de Aleksiévitch, mais uma voz de Tchernóbil. A coisa não andou. Não insisti.

Hoje a Elena está muito bem, basta olhar a linda mulher que é. Mas tem saúde frágil e teme que a radiação abundante venha a se manifestar um dia, se já não aconteceu. Ela fala em esquecer o passado, mas, repito, sou muito chato. Ela concordou que eu mostrasse as fotos de ontem.

Na zona evacuada. Elena é a menina que está no centro, com aquele blusão supostamente muito colorido, obra de D. Klara, sua mãe.
Na zona evacuada. Elena é a menina que está no centro, com aquele blusão presumidamente muito colorido, obra de D. Klara, sua mãe.
Elena bem no meio, cantando com um olhar meio estranho.
Elena bem no meio, cantando com um olhar meio estranho.
As meninas cantando. Elena é a segunda à direita.
As meninas cantando. Elena é a segunda à direita.

Em livro, Koff confirma auxílio para o Grêmio sair da Série B em 1992

Em livro, Koff confirma auxílio para o Grêmio sair da Série B em 1992

fabio-koffNo livro Fábio André Koff, Memórias e Confidências — o que faltou esclarecer, depoimento do ex-presidente do Grêmio nos períodos de 1982-1983, 1993-1997 e 2013-2014, concedido a Paulo Flávio Ledur e Paulo Silvestre Ledur (Ed. Age, 2a. edição), há um trecho que põe por terra um dos mitos gremistas, o da volta “honesta” para a primeira divisão em 1992. O livro conta os bastidores das principais conquistas de Koff no clube e outros detalhes deliciosos. Sabiam, por exemplo, que Koff foi técnico de futebol?

O livro completo encontra-se neste link. Mas o que nos interessa é esclarecer um ponto que os gremistas adoram negar: que houve uma enorme colher de chá para que o clube voltasse à primeira divisão em 1992. Houve. E com a participação do ínclito Eurico Miranda. Vejam abaixo a palavra do ex-presidente do Grêmio:

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A estupidez triunfante: o ódio de Sartori e de certa direita à cultura e à ciência

A estupidez triunfante: o ódio de Sartori e de certa direita à cultura e à ciência

O Tribunal de Justiça Militar permanece. Só Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo têm tais maravilhas de notável utilidade. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já sinalizou que poderiam ser extintos para dar lugar à criação de câmaras especializadas nos Tribunais de Justiça dos estados para julgamento de processos de competência militar. O órgão gasta R$ 36 milhões ao ano, 26% de tudo o que o governo da anta Sartori pensa economizar com a extinção de fundações estaduais. Mas são milicos, não fazem pesquisa nem divulgam cultura. São gente boa.

Já a Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), a Fundação Piratini (TVE e FM Cultura), a Fundação de Economia e Estatística (FEE), Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps), a Fundação de Zoobotânica (FZB) e a Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (Corag) têm grande ligação com a produção científica e cultural do estado. Então devem ser extintas.

A burrice do governo olha apenas a despesa, sem buscar novas receitas. Não creio que nosso modelo federativo livre-se das isenções fiscais que somam R$ 9 bilhões por ano — pura e puta renúncia fiscal. Mas o governo recusa-se a ir atrás dos R$ 7 bilhões por ano de sonegação realizada basicamente por empresários. E quando vemos que a economia prevista com a extinção das empresas constantes no pacote de Sartori é de 137 milhões anuais — eu escrevi milhões, não bilhões –, só posso concluir que há um enorme ressentimento e ódio à ciência, à cultura e ao conhecimento.

Por outro lado, não temos uma imprensa plural. Os governos petistas nem tentaram alterar tal situação. Não houve a tão propalada democratização dos meios de comunicação, só o pagamento de alguns blogs. O monopólio da informação permanece e atrapalha qualquer reflexão crítica. A RBS, por exemplo, faz a assessoria de comunicação de todos os governos alinhados com o mercado, com a direita e com o senso comum evangélico. Servidor é vagabundo? Sim, é. Então vamos acabar com esses caras que só mamam na teta do estado.

Se as extinções ocorrerem como parece que vão, certamente haverá uma corrida de CCs vindos dos partidos aliados. Afinal, como ficar sem a FEE, por exemplo? Em substituição, vão contratar consultorias dos amigos, claro.

Eu não votei em Sartori, é claro. Não tenho grande visão política, mas o mundo me ensinou a avaliar pessoas e jamais votaria num cara flagrantemente mais ignorante, inepto e palerma do que eu. Ele está no posto para fazer um trabalho em benefício de grandes empresários. E só.

Fico deprimido de pensar que o local onde hoje está a TVE / FM Cultura talvez vire outra coisa. Fico fulo ao ver empresários e empresas sonegadoras protegidos. Fico desapontado com quem votou neste asno. Paralelamente, sorrio ironicamente com o ridículo discurso de fachada de que tais atos tirarão nosso Estado da situação de calamidade.

Sartori apontando sua falha.
Sartori apontando sua falha.

O Céu de Lima, de Juan Gómez Bárcena

O Céu de Lima, de Juan Gómez Bárcena

o-ceu-de-lima-juan-gomez-barcenaJosé Galvéz e Carlos Rodríguez são dois jovens ricos que, com o futuro garantido, escolhem viver de maneira leve e superficial. São daquele tipo de estudantes universitários que raramente frequentam as aulas. Amam a literatura, sobretudo poesia, apreciando especialmente o poeta espanhol Juan Ramón Jiménez. Querem ler seu novo livro, mas não o encontram na provinciana Lima da primeira década do século XX. E resolvem pedir o livro diretamente ao autor. Para que dê certo, fazem com que uma mulher o faça, criando assim a personagem Georgina Hübner – uma moça apaixonada pela obra de Juan Ramón. É ela quem lhe escreve uma doce e inteligente carta solicitando o livro, preparada pela bela e feminina caligrafia de Carlos. Ambos ficam loucos de felicidade quando a edição chega, acompanhada de uma resposta. E começa uma longa correspondência que forma um romance, tanto literário quanto amoroso.

É curioso. A narrativa é inspirada em uma história real. Sim, o grande Juan Ramón Jimenez foi iludido por dois dândis limeños. A partir desta uma introdução de comédia, Bárcena constrói minuciosamente a relação entre José e Carlos, além da deles com seus aconselhadores. Mostra-nos como se envolvem cada vez mais na farsa. Também a elite de Lima e suas relações sociais com os empregados e serviçais é retratada com particular exatidão. O contexto histórico é rico e esclarecedor, auxiliando e tomando boa parte da narrativa.

O livro é dividido em quatro capítulos: I- Uma Comédia; II- Uma História de Amor; III- Uma Tragédia e IV- Um Poema. Neles, lemos algumas cartas de Georgina, que acaba se tornando cada vez mais real, além de alguns trechos das cartas que o escritor Juan Ramón Jiménez lhe envia. Há sutil e inteligente metalinguagem. Os dois farsantes acabam discordando muitas vezes. Buscam conselhos de um homem que trabalha no centro da cidade redigindo cartas de amor. Carlos não deseja aderir às sugestões. Depois, outros amigos acabem se envolvendo, o que leva a dupla a um quase rompimento. A coisa fica séria e eles apenas voltam a se encontrar quando…

O Céu de Lima é excelente e foi uma grande surpresa. Comprei-o por indicação do amigo Iuri Müller e só porque tinha algum dinheiro sobrando no bolso, coisa rara. Valeu muito a pena. Recomendo!

Livro comprado na Bamboletras.

Juan Gómez Bárcena
Juan Gómez Bárcena

Uma aventura no ‘Tudo Fácil’ de Sartori

Uma aventura no ‘Tudo Fácil’ de Sartori

Ontem fui ao Tudo Fácil, onde fui fazer uma nova Carteira de Trabalho porque a minha está lotada de anotações. Já tinha revisado os documentos necessários e estava com tudo em dia e novinho. O atendente elogiou o estado de minha Carteira atual. “O Sr. é uma pessoa caprichosa”, disse. Então, o burocrata acordou nele e se pronunciou do modo que segue: “Mas antes o Sr. terá que fazer uma nova Carteira de Identidade porque essa foi feita sobre a sua Certidão de Nascimento e o Sr. é oficialmente divorciado”. Então, fiquei sabendo que um casamento é como nascer de novo, apesar de eu ter quase morrido no meu, aquela infelicidade toda. Depois de casar, a Certidão de Nascimento não vale mais porra nenhuma.

Já bastante puto, fui para a fila da Identidade. Mostrei todos os meus documentos e tudo ia bem até que a mocinha burocrata chamou uma colega que chamou mais uma que, por sua vez, chamou o chefe. Acontece que o sistema diagnosticava “Sorriso Detectado”, rejeitando minha foto. Sem exagero, tiraram 20 fotos minhas. “Ergue o queixo, não, não, abaixa um pouquinho”, essas coisas. Em todas eu estava sério, cada vez mais sério, mas a merda dizia que eu sorria. Olhavam para mim e diziam um pro outro, “deve ser a barba”. Já tinha umas 10 (dez) pessoas me atendendo. Então, eu falei que ia fazer cara de morto. Caprichei para imitar o olhar daqueles peixes da Semana Santa no Mercado. Deu certo. Obtive a foto mais horrorosa de todos os tempos. Parecia a Anna Kariênina depois do trem. Porém, finalmente o sistema deu OK. Agora são 15 dias para a nova Identidade e mais 15 para a Carteira de Trabalho. Entro em férias bem no meio deste período. Tudo fácil.

P.S.– Ah, e ainda tenho que pagar por estes documentos.

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Porque hoje é sábado, a arte da dança com Aleska Diamond

Porque hoje é sábado, a arte da dança com Aleska Diamond

Os princípios básicos do balé clássico são:

postura ereta,

uso do en dehors (o que será isso, meu deus?),

movimentos circulares dos membros superiores,

verticalidade corporal,

disciplina,

leveza,

harmonia e

simetria.

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Obrigado, Pessoa, por ofender, em meu lugar, todos os governantes

Obrigado, Pessoa, por ofender, em meu lugar, todos os governantes

Ultimatum
(Álvaro de Campos – 1917)

Mandado de despejo aos mandarins do mundo.

Fora tu,
reles
esnobe
plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas,
charlatão da sinceridade
e tu, da juba socialista, e tu, qualquer outro

Ultimatum a todos eles
e a todos que sejam como eles,
todos.

Monte de tijolos com pretensões a casa
inútil luxo, megalomania triunfante
e tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral
que nem te queria descobrir

Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular,
que confundis tudo!

Vós, anarquistas deveras sinceros
socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores
para quererem deixar de trabalhar.
Sim, todos vós que representais o mundo,
homens altos,
passai por baixo do meu desprezo.
Passai aristocratas de tanga de ouro,
passai frouxos.

Passai radicais do pouco!
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa
descascar batatas simbólicas

fechem-me isso tudo a chave
e deitem a chave fora.

Sufoco de ter somente isso à minha volta.
Deixem-me respirar!
Abram todas as janelas
Abram mais janelas
do que todas as janelas que há no mundo.

Nenhuma ideia grande,
nenhuma corrente política
que soe a uma ideia grão!
E o mundo quer a inteligência nova,
a sensibilidade nova.

O mundo tem sede de que se crie.
O que aí está a apodrecer a vida,
quando muito, é estrume para o futuro.

O que aí está não pode durar
porque não é nada.

Eu, da raça dos navegadores,
afirmo que não pode durar!
Eu, da raça dos descobridores,
desprezo o que seja menos
que descobrir um novo mundo.

Proclamo isso bem alto,
braços erguidos,
fitando o Atlântico
e saudando abstratamente o infinito.

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Brasil fica em sexto lugar no ranking de países ‘mais ignorantes’ do mundo

Brasil fica em sexto lugar no ranking de países ‘mais ignorantes’ do mundo

Não chega a ser uma novidade. Quando vemos nossos representantes, quando vemos o crescimento dos evangélicos, o sertanejo universitário, etc., temos uma ideia clara da ignorância de nosso povo. Afinal, como dizia o Barão de Itararé, “Se há um idiota no poder, é porque os que o elegeram estão bem representados”. Mas a ideia principal da pesquisa foi a de ver o quanto cada país conhecia de si mesmo. Dos 40 países pesquisados, vencemos apenas os Estados Unidos — país-modelo de tantos brasileiros –, a África do Sul, a Taiwan de Trump, China e Índia. O levantamento ouviu 27.250 pessoas entre setembro e novembro deste ano em 40 países. Venceu a Holanda, seguida de Inglaterra, Coreia do Sul, República Tcheca e Malásia.

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Do Blog do Brasilianismo

O Brasil é o sexto colocado em um ranking que avalia o nível de ignorância da população de 40 países em relação à realidade vivida neles.

O dado é um dos resultados da pesquisa ”Os Perigos da Percepção”, realizada pelo instituto Ipsos Mori. O estudo avaliou o conhecimento geral e a interpretação que as pessoas fazem sobre o país em que vivem e comparou esta percepção com dados oficiais de cada país – quanto mais próxima a percepção da realidade, menor é considerada a ignorância do país.

O resultado indica que as pessoas em todos os países avaliados têm uma interpretação muito equivocada da realidade.

Entre os temas abordados, o levantamento mostra que a população da maioria dos países acredita que a riqueza é mais bem distribuída do que ela de fato é. Além disso, pensam que a população do lugar onde vivem é menos feliz do que elas dizem ser, acham que a proporção de muçulmanos na sociedade é bem maior do que a realidade, e creem que as pessoas são menos tolerantes em relação a homossexualidade, aborto e sexo antes do casamento do que elas de fato são.

O levantamento ouviu 27.250 pessoas entre setembro e novembro deste ano em 40 localidades usando uma combinação de métodos, incluindo pesquisas online, pelo telefone e presenciais.

A pesquisa avaliou a percepção da realidade de pessoas da Alemanha, da África do Sul, da Argentina, da Austrália, da Bélgica, do Brasil, do Canadá, do Chile, da China (e, separadamente, de Taiwan e de Hong Kong), de Cingapura, da Colômbia, da Coreia do Sul, da Dinamarca, da Espanha, , dos Estados Unidos, da França, das Filipinas, da Hungria, da Índia, da Indonésia, de Israel, da Itália, do Japão, da Malásia, do México, do Peru, da Polônia, do Reino Unido, da Rússia da Suécia, da Tailândia, da Turquia e do Vietnã.

Os dados coletados a respeito da percepção de realidade das pessoas foram comparados com informações de diferentes fontes oficiais e institutos de pesquisas respeitados internacionalmente.

A partir dos dados coletados no levantamento e da sua comparação com dados reais, a pesquisa traçou o “índice de ignorância”, listando os países em que a percepção é mais distante da realidade.

O “Índice de Ignorância” é formado a partir da média computada dos resultados no estudo. Por resultado, entende-se a diferença entre as respostas fornecidas pelos respondentes do estudo (percepções) e os dados oficiais de cada país (realidade). Quanto maior a diferença entre percepção e realidade, pior é a classificação do país.

A Índia aparece em primeiro lugar na lista, seguida pela China e por Taiwan. Na ponta oposta do índice, Holanda, Reino Unido e Coreia do Sul aparecem como países menos ignorantes.

Erros

Segundo a pesquisa, os brasileiros erram feio, por 12 pontos percentuais, na percepção do percentual da população muçulmana no país, e se equivocam mais ainda ao achar que esta religião está crescendo no país, e poderia chegar a 18% em 2050 (dados reais apontam que a proporção é de menos de 1%, e deve permanecer assim).

Questionados sobre a proporção da população que diz ser feliz, os entrevistados brasileiros disseram acreditar que era de 40%, quando dados de estudos indicam que são 92% os brasileiros que se dizem felizes.

Os brasileiros ouvidos no levantamento acham que o país é mais tolerante do que ele realmente é. Para os entrevistados, 51% dos brasileiros acham que a homossexualidade é moralmente aceitável, mas dados reais indicam que só 39% da população pensa assim.

Entrevistados disseram acreditar que 43% da população acha que o sexo antes do casamento é inaceitável, mas o dado real é de 35%; e que 61% do país acha o aborto moralmente inaceitável (dados reais indicam que 79% da população pensa assim).

O levantamento indica erro dos entrevistados também em relação à desigualdade. Para os ouvidos, os 70% menos ricos do país possuem 24% da riqueza do Brasil, quando na verdade possuem apenas 9%.

Entre as perguntas da pesquisa, o dado em que os brasileiros ouvidos mais se aproximaram da verdade foi em relação ao tamanho da população. Para os entrevistados, o país tem 200 milhões de habitantes, pouco menos do que os 207 milhões de dados atualizados do censo, diz o estudo.