Bom dia, gremistas (com os melhores lances de Grêmio 1 x 2 River Plate)

Bom dia, gremistas (com os melhores lances de Grêmio 1 x 2 River Plate)

Guaraní-Par, Iquique, Zamora, Godoy Cruz, Botafogo, Barcelona de Guayaquil, Lanús, Monagas, Cerro Porteño, Defensor, Estudiantes, Atlético Tucumán…

Foi só pegar um time grande como o River para fazer os planetas se alinharem. Antes era muita sorte junta. Acabou.

Foi um River que passou em minha vida.

D`Alessandro em seus tempos de River | Foto: River Plate – Sitio Oficial

O Grêmio fez excelente partida em Buenos Aires, mas jamais deveria tê-la tentado repetir ipsis litteris em casa. Jogar fechadinho fora de casa é uma coisa, fazer o mesmo em casa é um equívoco — põe uma pulga atrás da orelha do adversário, que pensa: “Por que eles estão com medo?”. Renato errou e errou feio. Ele não cometeu um pênalti por azar como Bressan, ele entrou com a estratégia errada. Jogou com medo, recuado, como se o jogo fosse contra o Real Madrid de Abu Dhabi.

Apostavam, na arena lotada, num contra-ataque.

Mas teve enorme sorte ao fazer o primeiro gol na única chance que teve no primeiro tempo. Foi um escanteio mal cobrado por Alisson que acabou em gol do lateral direito Leonardo (Costa?), o time que jogava por um gol saía na frente e, ao final do primeiro tempo, vencia por 2 x 0 no placar agregado. Mas em campo só dava River. O Grêmio seguia com sua proverbial sorte.

No segundo tempo, o River pressionava sem resultados como fizera no Monumental de Nuñez, só que… Quem deixa a bola rondando sua área e desiste de jogar, quem faz cera a fu como fez Marcelo Grohe… Às vezes toma.

Lágrimas na chuva

E aconteceu. Aos 25 minutos eu tinha ido tomar banho porque era inútil ver aquela coisa e o Grêmio ia se classificar sem merecer… Paciência. Então, Paulo Miranda sentiu câimbras e entrou em seu lugar o sujeito mais azarado do mundo: Bressan. O River empatou num lance que lembrou os dois gols do Grêmio. Bola na área e gol. Nada de jogadas trabalhadas.

E veio a justiça, pois o River sempre demonstrara mais desejo de ganhar do que o tricolor. Mas foi uma tremenda injustiça com o cara mais azarado do mundo.

Scocco chutou, Bressan chegou à bala e saltou na sua frente. Impossível pular sem abrir os braços, é uma questão de equilíbrio. E a bola bateu na sua mão. A regra diz que, se o braço não está grudado no corpo e a bola bate nele ou na mão, deve ser marcada a falta. Então o pênalti aconteceu, só que a regra é muito injusta e acho que esta deveria voltar a examinar a questão da intenção.

A cobrança foi perfeita e o River venceu. Por ter dois gols marcados fora de casa, levou a vaga. Foi cruel, mas justo.

Querem ver o filme ‘O Ovo da Serpente’ para compará-lo com o Brasil de hoje?

Querem ver o filme ‘O Ovo da Serpente’ para compará-lo com o Brasil de hoje?
A cena final | Foto: Divulgação

Quando muito jovem, Ingmar Bergman foi um admirador do nazismo. Décadas mais tarde, mais do que arrependido, realizou um dos melhores e mais terríveis filmes antinazistas já produzidos. Aqui está o filme completo legendado. Trata-se da mais impecável aula sobre como a frustração se transforma em ódio ou indiferença e depois em fascismo.

A obra trata do homem comum frente a crise econômica aguda que se abatera sobre a Alemanha a partir da hiperinflação de 1923, deixando-o sem qualquer perspectiva de futuro.

Num cenário de prostração e caos, era criado O Ovo da Serpente, ou seja, o caldo do totalitarismo e antissemitismo nazistas.

Quais são os últimos jogos de Palmeiras, Flamengo e Inter no Brasileiro

Quais são os últimos jogos de Palmeiras, Flamengo e Inter no Brasileiro

O Brasileiro tem mais sete rodadas. Apesar do favoritismo dos dois primeiros, Palmeiras, Flamengo e Inter estão na disputa pelo título. Não é só o título que está em disputa, mas também as vagas diretas na fase de grupos da Libertadores do próximo ano.

32ª rodada
Inter x Atlético-PR, Palmeiras x Santos, São Paulo x Flamengo

33ª rodada
Ceará x Inter, Atlético-MG x Palmeiras, Botafogo x Flamengo

34ª rodada
Inter x América-MG, Palmeiras x Fluminense, Flamengo x Santos

35ª rodada
Botafogo x Inter, Paraná x Palmeiras, Sport x Flamengo

36ª rodada
Inter x Atlético-MG, Palmeiras x América-MG, Flamengo x Grêmio

37ª rodada
Inter x Fluminense, Vasco x Palmeiras, Cruzeiro x Flamengo

38ª rodada
Paraná x Inter, Palmeiras x Vitória, Flamengo x Atlético-PR

Uma virada épica

Uma virada épica

Não pude escrever sobre futebol nos últimos dias. O motivo é simples: não vi os dois últimos jogos contra Santos e Vasco. Acho que verei a partida do próximo domingo contra o Atlético-PR. Devo, pois, fazer retornar a este blog sua programação normal.

Então, como faz tempo que não temos futebol por aqui e como Haddad não virou, deixo com vocês a mais fantástica virada de que tenho conhecimento, Arsenal 4 (7) x 4 (5) Reading.

O Arsenal, jogando fora de casa, saiu atrás no placar por 4 x 0.

Mas partiu para cima do Reading, descontou ainda no primeiro tempo — o primeiro tempo foi 4 x 1 — e empatou no segundo, 4 x 4.

Na prorrogação, o Arsenal fez 5 x 4, o Reading empatou mas o clube londrino fez mais dois e fechou o jogo em 7 x 5, eliminando o adversário da Copa da Liga Inglesa de 2012.

Assistam que coisa fantástica:

Um catadão do que pensa um sujeito da esquerda independente

Um catadão do que pensa um sujeito da esquerda independente
Antes do discurso, uma rezadinha básica | Foto: Reprodução YouTube

Quando o governo Dilma caiu do modo como caiu, pensei e disse que demoraríamos de 15 a 20 anos para formar uma nova esquerda forte. DETESTAREI ter razão.

Será um longo reaprendizado. Nós, da esquerda, precisaremos reaprender a dialogar com a população. Há anos, o PT é um arrogante dono da razão, sabe tudo de tudo e não escuta ninguém, fato que pode ser comprovado a cada intervenção da presidente do partido, Gleisi Hoffmann. Tudo o que não precisamos é de fanáticos seguindo um líder messiânico, surdo ao que acontece no país. Para piorar, os caciques do partido não conseguem empolgar ninguém com suas falas antiquadas e os mais jovens ainda têm receio de discordar da turma autoritária.

Pelo visto, o partido tem uma estrutura viciada e espero pela formação de uma nova esquerda longe do PT. Por isso falo em décadas. Uma esquerda que fale outra linguagem, ouvindo críticas, admitindo os colossais erros cometidos e buscando meios de dar seu recado sem ofender. E que saiba fazer política e campanhas. Talvez seja necessária uma frente, mas não acredito muito nisso.

O abandono das bases, o caciquismo, a não formação de novas lideranças… O fenômeno Lula — uma realidade — sozinho não justifica essas múltiplas cagadas, como o anúncio tardio da candidatura Haddad.

Dentro da situação atual, o quadro mais importante para o futuro poderia ser Boulos, membro do PSOL infelizmente muito ligado a Lula.

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No RS, não temos mais esquerdas influentes. Tanto que nas últimas eleições para prefeito (Porto Alegre) e governador, a disputa ficou entre o PSDB e o MDB. Em ambas, fiquei sem opção.

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A vida do novo governo também não será fácil.

Foram produzidas muitas expectativas na população. A política de segurança será resolvida armando as pessoas? Ora, isto apenas aumentará o número de mortes e a violência. E a economia? Como reagirá a população quando ver seus direitos minguando? Como reagirá aos afagos que serão feitos a empresários e agronegócio? E quais receberão afagos? Certamente os mais atrasados, como as Havans da vida com suas Estátuas da Liberdade.

O apoio ao Salvador da Pátria Jair Bolsonaro foi muito parecido com o que receberam Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello. O milico não precisa repeti-los, mas sabemos como acabaram Collor e Jânio ao não serem capazes de produzir respostas satisfatórias em prazo curto.

Bolsonaro evitou os debates com quem foge do diabo. Sim, ele está longe de ser pessoalmente brilhante, não sabe enfrentar o contraditório, prefere agredir e bravatear sozinho. É uma pessoa muito simples. Na presidência, ele se manterá falando sozinho?

E como faria isso se não tem maioria absoluta no Congresso para realizar mudanças constitucionais profundas? Ele diz que não fará toma lá dá cá, mas é claro que fará, que terá de voltar à política tradicional. A reforma da previdência, por exemplo, é profundamente impopular e os parlamentares vão cobrar caro. Como será isso? Temer dá uma ajudinha no final de seu mandato?

A imagem internacional de Bolsonaro é uma piada. Aparentemente, a diversão deles está garantida, o nosso sofrimento também.

Estou desanimado, mas tentando ficar ligado aos sinais. Haverá brechas, denúncias e todo o gênero de discussões aos estilo dos anos 70, que vivi intensamente. Hoje acordei com uma triste sensação de déjà vu. Um governo militar ainda mais tosco do que o de Figueiredo e todo eivado de religiosidade. Para mim, um ateu, parece o apocalipse.

Pessoalmente, minha estratégia será a de procurar e reforçar as amizades. Minha mulher já disse que devemos mergulhar em arte e literatura. É uma boa. De resto, é ficar atento aos sinais e ter bons amigos aqui, no Uruguai e em Portugal.

Neste domingo não há neutralidade

Neste domingo não há neutralidade

O grande maestro Tobias Volkmann escreve melhor do que eu poderia fazê-lo. E é claríssimo:

NESTE DOMINGO NÃO HÁ NEUTRALIDADE

Ela nos será cobrada, e a conta será alta demais para brasileiro de qualquer classe, origem, cor, religião e orientação sexual possa pagar.

O Brasil se vê frente a um momento histórico sem precedentes, no qual nossa jovem democracia estará posta à prova. Talvez seja a última oportunidade de escolhermos livremente nossos rumos políticos através do voto antes que entremos (novamente) em um período de negação às liberdades individuais de quem pensa diferente, parece diferente, ora ou reza diferente, fala diferente, ama diferente.

Opiniões contrárias e diferenças não serão toleradas – já está avisado.

Os paralelos entre a ascensão do nazi-fascismo em 1933 e nosso momento atual são inúmeros e óbvios. Só não vê quem não (o) quer (admitir). Minha origem familiar germânica, a constante memória da culpa e da vergonha refrescada em casa, na escola em Bremen, nos museus, nos livros, nas ruas, na imprensa e nas artes foram suficientes para me vacinar. Só não esperava passar por isto em meu país – onde nasci, cresci e para o qual voltei mais de uma vez por desejar ser um artista brasileiro.

Neste domingo não há mais discussões ideológico partidárias em jogo. A opção é simples: votamos pela manutenção da democracia e sequência de um processo civilizatório em uma base de convivência, ou votamos pela implantação de um estado policial, totalitário, violento e muito mais excludente do que o vivido hoje. A segunda opção não admitirá reclamações posteriores. E lamento informar: não terá sido estelionato eleitoral.

Eu opto pela democracia, onde poderemos ainda exigir de um presidente professor que invista de fato na educação e na cultura, as únicas formas de proteger um povo da barbárie.

Neste domingo não há neutralidade.

É Haddad 13.

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E um detalhe do que Bolsonaro disse domingo.

Hoje, Figueroa completa 72 anos

Hoje, Figueroa completa 72 anos

Quem não viu, não consegue imaginar o que jogava Elias Figueroa. Não consegue MESMO. Hoje, ele completa 72 anos. Nasceu em Valparaíso e é considerado o maior jogador chileno de todos os tempos.

Também foi eleito o melhor zagueiro da Copa de 1974. Detalhe: Beckenbauer estava presente e foi campeão daquela Copa.

Figueroa chegou ao Inter em novembro de 1971, vindo do Peñarol. Vestindo a camisa colorada, ele fez 26 gols em 336 jogos, sendo ao lado de Índio o zagueiro que mais fez gols pelo clube.

Foi hexacampeão gaúcho (71/72/73/74/75/76) e bicampeão brasileiro (1975/76). Disputou 17 clássicos Gre-Nal, tendo perdido apenas UM. Nunca foi expulso ao longo de sua carreira.

Figueroa, quando ainda atuava no Peñarol foi considerado duas vezes melhor jogador da América. No Inter, repetiu mais duas vezes o feito. Foi um dos maiores zagueiros de futebol da história. Era um monstro.

Tentando conversar com eleitores de Bolsonaro

Tentando conversar com eleitores de Bolsonaro

Experiência própria. Não grite nem ofenda. Pergunte se conhece o plano de governo. Fale no aprofundamento das reformas do governo atual. Repita o que ele falou sobre perdas de direitos. Fale sobre a política de meio ambiente. Fale sobre o que ele disse sobre negros. Se for o caso, pergunte se a mulher trabalha — provavelmente sim — e responda com lógica. Pergunte se a pessoa acredita mesmo que o outro promovia um kit gay. E que finalidade teria? Valeria a pena falar sobre condecorar policiais por matarem in loco? Considere. Não elogie o PT, mas pode dizer com seriedade que o outro foi um bom ministro da Educação. Não cite os títulos acadêmicos do outro. Não interessarão, garanto. Não fale sobre segurança, mas cite a fracassada presença do Exército no Rio. Falar em fascismo? Esqueça. Mas pergunte se ele vai MESMO acabar com a corrupção. Cite exemplos de corrupção durante o regime militar brasileiro. Dica: o caso Panair. Não adianta falar em ditadura. Só não ofenda. Às vezes dá certo. Experiência própria.

Ah, o campo de batalha normalmente é o cara a cara ou o Whatsapp.

Atrás do balcão da Livraria Bamboletras (V) — neste caso, nem tanto

Hoje fui entregar três caixas cheias de livros na casa de uma pessoa. Compra grande, bem escolhida, tudo coisa fina, excelente e variada literatura, um show. Mas quando cheguei na casa da cliente não tinha (ou não parecia ter) ninguém. Bati na porta como um louco, nas janelas laterais também, até que veio um cachorro de rua me ajudar. Não adianta, sou um cachorreiro nato. E ele latia e me mordia os calcanhares, puxava as minhas calças e latia; enfim, fizemos um escândalo. Tanto que acordou quem estava dentro de casa. Enquanto esperava que me abrissem a porta, o cachorro abraçou minha perna direita e começou a fazer justamente aquilo que o Bolsonaro quer fazer com a esquerda. O motorista do Uber que me acompanhava disse: “Acho que ele quer sexo casual com o senhor”. Com dificuldade, convenci o bicho que era muito cedo para nós. A porta se abriu. Quando entrei com as caixas dos livros, meu novo amigo entrou junto na maior cara de pau. A dona da casa perguntou: “Quem é esse?”.

 

Aqueles que queimam livros, de George Steiner

Aqueles que queimam livros, de George Steiner

Este curto e brilhante ensaio de George Steiner, recém lançado pela Âyiné, divide-se em três partes: Aqueles que queimam livros, O povo do livro e Os dissidentes do livro.

Steiner é um mestre absoluto. Erudito e metódico, ele é autor de um impressionante número de clássicos para os estudiosos de humanidades — entre os quais Nenhuma Paixão Desperdiçada, Lições dos Mestres e este livro que ora comento.

Steiner não é um otimista, mas dá alguns remédios: os livros seriam um meio seguro para nos tornamos melhores. Pode parecer algo já muitas vezes dito, mas o que vale é a argumentação certeira de Steiner. Li o livro fazendo inúmeras anotações, não dá para abrir meu exemplar sem que se vejam frases ou parágrafos sublinhados. Tudo parece fundamental, necessário, perfeito.

A primeira parte trata do encontro, da relação entre leitor e livro. Esta é imprevisível, vulnerável à mudanças de espírito ou de idade, muito semelhante às afinidades mediadas por Eros.

O encontro com o livro, assim como aquele encontro com o homem ou a mulher destinada a mudar nossas vidas, pode ser completamente casual. O texto que vai nos converter a uma fé, que vai nos fazer aderir a uma ideologia, que dá a nossa existência um fim ou um critério, pode estar a nos esperar na estante de livros de ocasião, de usados, com desconto. Talvez empoeirado e esquecido, ao lado do livro que procurávamos. (…) Um texto é sempre capaz de ressuscitar. Walter Benjamin ensinava, Borges construiu sua mitologia: um livro jamais é impaciente. Ele pode esperar séculos para despertar um eco vivificante.

A segunda parte trata dos judeus e de seu amor pelos livros. Trata do fato de um religioso judeu ter de ler e estudar a Torá, de ser um povo que tem um lápis na mão ao ler um livro. Também fala na resistência da igreja católica à invenção da imprensa. A invenção de Gutenberg serviu muito mais aos protestantes, pois os católicos desejavam seguir com a informação oral, pelos padres.

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A terceira parte fala sobre a tirania do celular, o livro digitalizado e sobre as condições políticas e culturais que favorecem ou não o livro. Fala-se da postura dos escritores e filósofos nazistas — habitantes de um país altamente culto e produtivo mesmo durante Hitler –, de Wagner, da variedade demencial de lançamentos de livros — 121 mil novos títulos são lançados no Reino Unido a cada ano — e de sua efemeridade, pois se não vendem vão para o balcão de ofertas em 20 dias. Fala-se também na relação entre censura — a grande propulsora de metáforas, segundo Borges — e criatividade.

Sem dúvida, um livro de um mestre, um clássico moderno.

George Steiner (1929) | Wikimedia Commons

Jesus poderia de ter salvado 7 vidas se tivesse doado órgãos

Jesus poderia de ter salvado 7 vidas se tivesse doado órgãos

Do Paulopes

Na Austrália, o anúncio “O que Jesus faria” criou polêmica, mas conseguiu o que se propõe: chamar a atenção para a importância da doação de órgãos.

O anúncio afirma que Jesus teria salvado ao menos sete vidas se tivesse manifestado pela doação de seus órgãos antes de ser crucificado.

Numa sequência de imagens de 2min30, soldados romanos perguntam a Jesus pregado na cruz se ele pretende declarar a doação de seus órgãos antes que seja tarde demais.

Entidades cristãs acusam a Australian Daor Register, uma associação que colabora com o governo, de ter produzido uma blasfêmia e pedem censura ao anúncio.

Australian Christian Lobby, por exemplo, diz que se trata de uma “zombaria”.

A entidade se declara “pró-vida”.

Uma pesquisa apurou que 80% dos australianos afirmam que doariam seus órgãos, mas apenas 34% registraram que são doadores.

Com informação da Australian Daor Register e de outras fontes.

O sonho da razão produz monstros

O sonho da razão produz monstros

O sonho da razão produz monstros é uma obra clássica de Goya. É uma das imagens mais famosas e estudadas do Iluminismo na Espanha.

Este quadro é Nº 43 da série chamada Caprichos, que têm 80 gravuras. Nela, o artista retratou-se sentado, dormindo sobre suas anotações. O seu corpo está contorcido e transmite a ideia de desconforto, da transição entre o estado alerta e um sono que não pode ser evitado. Atrás do artista estão morcegos e corujas, criaturas noturnas que espreitam o sono do pintor. Essas criaturas são interpretadas como os fantasmas, medos e obsessões de Goya, conhecido por pinturas enigmáticas e de sentimentos fortes.

O que sempre me surpreendeu foi aquele lince. Aos pés do pintor, o animal o observa com postura imponente e patas cruzadas como os braços de Goya. O animal parece velar o sono do artista, ao mesmo tempo em que se mostra alheio às criaturas que o assombram. O sonho não é do lince. Ou ele também vê os monstros? Pois está arregalado, não?

Amor

Hoje eu fui a um velório de devastador impacto emocional. Era o velório de minha ex-babá, que faleceu aos 93 anos. Passei muitos anos sem vê-la, décadas, até que seu filho Jacó, em abril de 2015, me reconheceu na feira de sábado da Vasco, veio falar comigo e promoveu um reencontro imediato, pois ela estava ali. Pequenina, frágil, sorridente, ela me reconheceu e falou muito bem de mim e de minha mãe. Nos abraçamos, nos beijamos, a Elena tirou fotos. Se aquele foi um dia muito feliz, repetir hoje seria impossível.

Foto: Elena Romanov

Ver a babá é revisitar a infância. Fui uma criança agitada, muito ativa, devia ser insuportável. Se até hoje não consigo ficar parado, imagino a peste que fui. E imaginei a incomodação, a lavação de fraldas, a correria atrás de mim. Porém da Márcia só lembro de delicadezas. Minha mãe confirmava: dizia que eu tivera a mais amorosa das babás, que tivera sorte. (Minha mãe era uma dentista que, assim como a Márcia, trabalhava muito e na época as crianças só iam para o Jardim da Infância aos 6 anos).

A surpresa veio na conversa com seu filho Jacó. Ouvi muitas vezes coisas sobre o amor que a Márcia me dedicava, mas eu também cresci insuportável: sou o tipo de pessoa que não acredita ou reduz os elogios que raramente recebe. Com lágrimas nos olhos, mas mantendo o bom humor, o Jacó disse que estava feliz com minha presença e que “ficaria com ciúmes” porque a Márcia me adorava. Um exagero, pensei, mas não me passou despercebido um fato: um dos netos sabia quem eu era, eu era o cara do encontro na feira.

E desmanchei de vez quando Jacó pediu a palavra após a fala do padre. Orador nato, de fala inteligente, voz emocionada mas bem colocada, o advogado Jacó percorreu rapidamente o longo arco da vida de sua mãe e passou a referir cada pessoa presente. A pequena sala de velório estava apinhada. Falou de amigos e amigas de sua mãe, parentes — alguns dos quais ela também criara — e vizinhos.

Quando chegou a minha vez, soube que minha mãe era apenas a melhor amiga da sua. Márcia viera de Maquiné e minha mãe logo a empregara, mas eram mais amigas do que qualquer coisa, disse ele. E lembrei de visitas que fazíamos à Márcia quando ela não era mais babá. Lembrei que olhava para o Jacó e que ele era “muito criança” para mim — tinha seis anos a menos do que eu (aliás, tem até hoje…). E o Jacó lembrou do PUDIM que a Márcia fazia sempre para nossa chegada. Meu deus, eu lembro do pudim! Era um milagre! Até hoje amo pudim e sempre que vejo um tenho a esperança de que a massa homogênea e clara da parte de baixo seja laaaaarga, delicada e leve como os da Márcia.

E ele voltou a brincar sobre os ciúmes que tinha de mim, agora publicamente.

É claro que jamais retribuí nada para a Márcia, ao menos verbalmente. Esteja ela agora onde estiver, digo envergonhado que também a amo, que sei da sorte que tive ao conhecê-la — éramos dois jovens, Jacó — e que, mesmo sem esperanças, seguirei atrás de um pudim tão maravilhoso quanto o dela.

Bom dia, Odair (com os melhores lances de Inter 3 x 1 São Paulo)

Bom dia, Odair (com os melhores lances de Inter 3 x 1 São Paulo)
A comemoração do segundo gol do Inter e de Damião: tivemos sorte com a lesão de Potttker e a entrada de Damião | Foto: Ricardo Duarte

Em primeiro lugar, parabéns pela bela e merecida vitória. Corremos riscos, recuamos demais no final da partida, mas o saldo de nossa atuação foi altamente positivo.

Tomara que a lesão do Pottker seja grave, né, Odair? Tu escalas e escalas o cara, mesmo com a gente contra. Aí o cara sai machucado e o ataque funciona melhor… Quem tem razão, Papito?

E, na boa produção ofensiva, temos ainda que colocar o gol mal anulado de Nico López no primeiro tempo e aquela falta batida por D`Alessandro antes do 2 x 1. Aquela bola entrou, meus amados irmãos, prestem bem atenção.

Sim, cinco gols (três válidos) e finalmente uma atuação em alto nível. Sabemos que a tendência era de queda e conseguiste invertê-la.

Revendo os lances do jogo, chego à jogada do primeiro gol, que golaço! A ação de Nico López foi simplesmente perfeita, linda. Ele levantou a bola com enorme acerto para Damião. Três defensores tentaram cortar de cabeça e não conseguiram. O cruzamento-passe era mesmo para o D9.

Mas o destaque máximo foi a linda atuação de Dale. O cara é um monstro.

Após 29 rodadas, faltam 9 jogos para cada time. O Palmeiras tem 59 pontos e 27 gols de saldo. Nós temos 56 e 19 de saldo. Ou seja, só passando na frente deles, pois o saldo palmeirense é um absurdo de alto. O Flamengo cresceu muito e agora tem 55 pontos, com saldo de 22.

Nossas chances de sermos campeões são pequenas, mas acho que pegamos uma vaga direta para a Libertadores. Não podemos esquecer que, no início do campeonato, falávamos em apenas não cair para a Série B. Ou seja, nosso desempenho é excelente se comparado com o que esperávamos.

Lembram que nem chegamos à final do Gaúcho? Lembram que esperávamos tomar uma goleada no Gre-Nal do primeiro turno deste Brasileiro?

Pois é. E estamos tentando ser campeões. Temos que tentar, claro. É do DNA. Dá-lhe, Inter!

Nosso próximo jogo é contra o Santos, segunda-feira, dia 22, às 20h.

A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, de José Eduardo Agualusa

A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, de José Eduardo Agualusa

Daniel, o narrador, sonha com pessoas que não conhece. Moira fotografa os próprios sonhos. Hélio construiu uma máquina de filmar os sonhos de seus pacientes. Hossi passeia por pelos sonhos alheios. Karinguiri sonha com utopias.

A Sociedade dos Sonhadores Involuntários fica um degrau abaixo de Teoria Geral do Esquecimento e de O Vendedor de Passados, o que é um elogio generalizado a estas três obras de Agualusa. Poético — claramente influenciado por García Márquez — e violento, é um gênero de literatura que cabe ao país sem perdão que talvez nos tornemos nos próximos quatro anos.  Hossi teve participação na Guerra Civil que sucedeu a independência de Angola, Karinguiri atua na luta pela democracia.

Eu fui um jovem que amava as grandes frases e citações. Sublinhava tudo. Tentava lembrar depois. Se tivesse lido este livro em minha juventude, eu o amaria pelas belas imagens e expressões perfeitas.

Como um avião atrasado, a trama passa muito tempo taxiando, isto é, demora a se colocar na pista para decolar. Só ganha velocidade quando o narrador nada na frente de hotel de Hossi e encontra uma máquina fotográfica boiando na água, com fotografias que incluem uma mulher nua. Daniel descobre que a máquina pertence a Moira Fernandes, a mulher que o visita em sonhos. E ele vai ao encontro dela na África do Sul para lhe devolver a máquina e tentar entender os próprios sonhos com gente que nunca conheceu.

Enquanto isso, sua filha é presa pelo regime de José Eduardo dos Santos e faz uma greve de fome — baseada num episódio real –, despertando um país que dorme acordado. Personagem fundamental do romance também é Lucrécia, ex-mulher e mãe da filha de Daniel, Karinguiri. Lucrécia é uma filha de um poderoso do regime. Ela culpa Daniel pela filha contestadora. Cada um de seus telefonemas rende…

Um dos melhores e mais originais livros de Agualusa.

Vera Rodrigues desenha pra nós:

Vera Rodrigues desenha pra nós:

Onze partidos declararam “neutralidade” no segundo turno. Preciso dessa lista para nunca mais votar em nenhum deles. Não existe neutralidade em política. Não dá pra aceitar “neutralidade”, quando um lado da disputa faz apologia à tortura, tem como referência teórica um dos maiores torturadores do regime, afirma que o erro da ditadura foi ter torturado e não matado, pretende condecorar a PM e o Exército pelo extermínio de parte da população. Não dá. Paradoxalmente, para fazer oposição ao PT, será preciso votar nele, buscando garantir a permanência da democracia que, mesmo fragilizada, é melhor do que um regime totalitário. Nem se trata do PT, mas da sobrevivência do país. Essa não é uma eleição Aécio x Dilma.

Fotos Públicas

Bolsonaro lidera as pesquisas enquanto Bolsominions assassinam e agridem

Bolsonaro lidera as pesquisas enquanto Bolsominions assassinam e agridem

Texto e pesquisa de Raphael Tsavkko Garcia

Bolsonaro ainda não foi eleito (e oxalá não será), mas apenas neste mês (ou dez dias) seus bolsominions já se assanharam com a possibilidade de sua vitória promovendo agressões e assassinatos.

Vocês tem ideia do que será um governo com esse fascista no poder? O sentimento de poder que dará aos seus seguidores violentos, a grupos como Carecas, neonazis e afins?

Enquanto isso, Bolsonaro, o homem que diz que vai ter pulso firme contra a bandidagem, afirma que não tem como controlar seus eleitores criminosos.

Alguns episódios:

— Mestre de capoeira é morto com 12 facadas após dizer que votou no PT, em Salvador (https://is.gd/9exhZK)

— Médica do RN rasga receita após paciente idoso dizer que votou em Haddad para presidente (https://is.gd/g2moGL)

— Ex-Furacão 2000, mulher trans é atacada com barra de ferro por apoiadores de Bolsonaro (https://is.gd/CynY4x)

— Jornalista é agredida e ameaçada de estupro ao sair de zona eleitoral (https://is.gd/3LgjDX)

— Menina de 19 anos é agredida e teve marcada à faca sua barriga com uma suástica por usar camiseta com a expressão #EleNão (https://is.gd/hivG9t)

— Estudante da UFPR acaba de ser brutalmente violentado em frente à Universidade por membros de uma torcida organizada aos gritos de “Aqui é Bolsonaro!”. (https://is.gd/HUIdkz)

— Um gay morto no armário por um assassino obcecado por Bolsonaro (https://is.gd/AUnAnt)

O MBL declarou apoio ao Bolsonaro, e seus métodos de intimidação não envergonham o mestre:

–Aluno da UFBA é levado por PMs após convidar pessoas para discussão sobre as eleições (https://is.gd/xOMFqI)

Isso sem falar na intimidação contra a irmã de Marielle Franco (https://is.gd/jnaTEb);

— o assédio virtual contra a Miriam Leitão (https://is.gd/gFbY2q);

— a ameaça nada velada do deputado eleito Rodrigo Amorim ao destruir placa com nome de Marielle ao lado do candidato ao governo do Rio, Witzel (https://is.gd/KupKKC)…

Bolsonaro é um perigo para o país. É um fascista que precisa ser parado antes que seus seguidores cometam mais crimes. Em apenas duas semanas bolsominions assassinaram pelo menos 2 pessoas e agrediram ou ameaçaram outras tantas, imaginem apenas o que acontecerá se ele for eleito.

Foto: Reprodução Facebook

Quando Alexandre Frota intervém

Quando Alexandre Frota intervém

Estava eu no Fronteiras do Pensamento — palestra de Ai Weiwei — ao lado de uma finíssima senhora, quando recebo um Whats da Elena. Tudo bem, as mensagens dela são sempre tranquilas, poderia estar me pedindo para dar uma passadinha no super, por exemplo. Só que aquela era muito diferente, trazia uma foto de Alexandre Frota nu com uma espiga de milho na mão, acompanhado da legenda ELEITO. Me senti como o menininho que é descoberto olhando nudes na Internet. Virei o telefone para o outro lado, onde vi uma outra pessoa chegando. Uma amiga, baita leitora, cliente da Bamboletras… Pô, Elena.

Sobre o dia 7

Sobre o dia 7

Trabalhar com livros já é um ato político nesse país, seja você autor, editor, tradutor, revisor, da equipe da editora, livreiro. Seja você leitor. Como tal, a Livraria Bamboletras não poderia deixar de pedir para votarmos domingo pensando em diálogo e liberdade, jamais em censura e cerceamento.

Afinal, somos a livraria de todos os gêneros. E esta é uma frase de sério duplo sentido.