A Mulher Amaldiçoada, de Tassaert x A Origem do Mundo, de Courbet

Os desejos e a liberdade sexual da mulher sempre assustaram os homens — e isso ocorre até os dias de hoje, não? O que o Santander acharia dos quadros abaixo, cujo mais novo completará 156 anos em 2022?

“A Mulher Amaldiçoada” (1859), de François Octave Tassaert.

O Café Zimmermann, uma casa de Bach

O Café Zimmermann, uma casa de Bach

O Café Zimmermann, ou Zimmermannsches Kaffeehaus foi a cafeteria de Gottfried Zimmermann em Leipzig que serviu de local para as estreias de várias Cantatas Seculares de Bach como, por exemplo, a Cantata do Café (Schweigt stille, plaudert nicht) e obras instrumentais.

Em 1723, ano em que Bach se mudou para Leipzig, o Zimmermann era a maior e mais bem equipada Kaffeehaus de Leipzig e um centro de encontro para as pessoas cultas da cidade. Importante: embora as mulheres fossem proibidas de frequentar os cafés, elas podiam assistir aos concertos no Zimmermann. O café estava localizado na Katharinenstrasse 14, então a rua mais elegante de Leipzig. O nome da rua fora retirado da velha capela de Santa Catarina, demolida em 1544.

O Café Zimmermann (detalhe de uma gravura de Johann George Schreiber (c. 1720)

Com seus prédios barrocos, a Katharinenstrasse era um boulevard conhecido muito além das fronteiras de Leipzig no século XVIII. O edifício barroco de quatro andares e meio do Zimmermann foi construído pelo famoso arquiteto Christian Doering por volta de 1715. O salão do Zimmermann era suficientemente grande para receber grandes conjuntos musicais barrocos — incluindo trompetes e tímpanos — e uma plateia- comensal de cerca de 150 pessoas.

A partir de 1720, o Café sediou o Collegium Musicum, fundado por Georg Philipp Telemann na época em que este era estudante de direito em 1702 e posteriormente dirigido por Johann Sebastian Bach entre 1729 e 1739. Os concertos dirigidos por Bach duravam cerca de duas horas e consistiam de óperas alemãs e italianas, música de câmara, cantatas seculares e obras para orquestra. Zimmermann não cobrava do Collegium Musicum nenhuma taxa por receber seus concertos. Aliás, também não cobrava do público, limitando-se a vender taças de café, bebidas e outras comidas. Os concertos reavivaram o negócio do café e o restaurante de Zimmermann, tanto que ele comprou instrumentos para o Collegium Musicum às suas próprias custas. Os concertos terminaram com a morte de Zimmermann em 1741.

O público era bastante qualificado e os músicos de fora que visitavam a cidade faziam questão de apresentar-se no Zimmermann.

O grupo de música clássica francesa Café Zimmermann deve o seu nome a este café.

A Katharinenstraße em 1905

Balthus (1908-2001)

Balthus (1908-2001)

A gravura acima chama-se singelamente Guitar Lesson (1934) e causou certo escândalo ao mostrar uma púbere sendo molestada sexualmente por sua professora. A produção de Balthasar Klossowski de Rola, Balthus, não era nada bissexta, era antes copiosa, cheia de meninas em poses lânguidas. Porém, não se enganem, foi um imenso pintor.

Da formação dos grandes artistas

Arthur Rubinstein achava que um músico deveria praticar por 4 horas e depois passar outras 4 lendo, informando-se ou em contato com outro gênero artístico a fim de ter o que expressar quando voltasse à tocar.

Uma musicista como a Elena ouve um violinista e diz que ele deve ser muito culto para poder tocar daquele jeito. Eu pesquiso e o cara tem mil interesses. Os muito especialistas que me perdoem, mas cultura é fundamental.

(Para citar 3 supercraques, quando Pollini ou Brendel ou Ehnes chegam perto de seus instrumentos, eles trazem todo um mundo com eles, crianças).

Sempre foi e sempre será assim

Sempre foi e sempre será assim

Por Elena Romanov

Tarde chuvosa de domingo. Muitos dias sem sair de casa. Não, não vou xingar os irresponsáveis… Tenho impressão de que nesse mundo sempre foi e sempre será assim.

Quem se destacava antes do isolamento — como Mônica Salmaso, por exemplo –, continua dando jeito de se destacar durante. Com a mesma energia e beleza. Sempre foi e sempre será assim.

Hoje, passei bastante tempo “brincando de massinha”. Muito legal transformar as coisas com as mãos. O processo é quase artístico. Farinha, água, sal, óleo. Brincamos bastante com os tamanhos e formas. Dividimos. E a coisa se transforma. Brincamos com as temperaturas e a coisa se transforma em comida e se torna irresistível.

Acho que a essência da arte é essa. Brincar e fazer descobertas com a alegria de uma criança. A arte não se acumula com os pesos dos resultados guardados. O mais importante é a impressão volátil. A gente sabe que sentiu. Mas não sente para sempre. Passou.

Sempre foi e sempre será assim. 🤔

Especialistas pedem regulamentação após o mais recente fracasso em restauração de arte na Espanha

Especialistas pedem regulamentação após o mais recente fracasso em restauração de arte na Espanha

Pintura da Imaculada Conceição de Murillo foi supostamente limpa por restaurador de móveis

No The Guardian
Traduzido por Milton Ribeiro

O trabalho original de Bartolomé Esteban Murillo (à esquerda) e as duas tentativas de restaurá-lo. Foto: Cedida pelo colecionador / Europa Press 2020

Especialistas em conservação na Espanha pediram maior rigor nas leis que controlam os trabalhos de restauração depois que uma cópia de uma pintura famosa do artista barroco Bartolomé Esteban Murillo se tornou a mais recente da longa linha de obras de arte que sofreram reparos ruinosos.

Um colecionador de arte particular em Valência teria sido cobrado em € 1.200 por um restaurador de móveis para limpar a imagem da Imaculada Conceição. No entanto, o trabalho não correu conforme o planejado e o rosto da Virgem Maria ficou irreconhecível, apesar de duas tentativas de restaurá-lo ao seu estado original.

O caso resultou inevitavelmente em comparações com o infame incidente do Macaco Cristo, de oito anos atrás, quando uma tentativa de um paroquiano devoto de restaurar uma pintura do Cristo açoitado, que estava na parede de uma igreja nos arredores da cidade espanhola de Borja, foi alvo de manchetes em todo o mundo.

Paralelos também foram traçados com a restauração fracassada de uma estátua policromada de São Jorge e dos dragão do século XVI no norte da Espanha, que deixou o santo guerreiro parecido com Tintin ou uma figura da Playmobil.

Fernando Carrera, professor da Escola Galega de Conservação e Restauração do Patrimônio Cultural, disse que esses casos destacam a necessidade de que o trabalho seja realizado apenas por restauradores adequadamente treinados.

“Eu não acho que esse  sujeito ou essas pessoas possam ser chamadas de restauradoras”, disse Carrera ao Guardian. “Sejamos honestos: são pessoas que estragam tudo. Eles destroem arte”.

Carrera, ex-presidente da Associação de Conservação e Restauradores Profissionais da Espanha (Acre), disse que, atualmente, a lei permite que pessoas se envolvam em projetos de restauração mesmo que não possuam as habilidades necessárias. “Você pode imaginar alguém sem formação autorizado a fazer cirurgias? Ou alguém autorizado a vender quaisquer remédios sem uma licença médica? Ou alguém que não é arquiteto ou engenheiro autorizado a construir um edifício? Embora os restauradores sejam “muito menos importantes que os médicos”, acrescentou, o setor precisa ser estritamente regulamentado para o bem da história cultural da Espanha. “Vemos esse tipo de coisa uma e outra vez e, no entanto, continua acontecendo”.

“Paradoxalmente, mostra o quão importantes são os restauradores profissionais. Precisamos investir em nossa herança, mas mesmo antes de falarmos sobre dinheiro, precisamos garantir que as pessoas que empreendem esse tipo de trabalho tenham sido treinadas. ”

Maria Borja, uma das vice-presidentes do Acre, também disse que incidentes como este de Murillo eram “infelizmente muito mais comuns do que se imagina”. Na entrevista à Europa Press, onde informou “reparo” de Murillo, ela afirmou: “Nós só descobrimos que uma obra foi destruída quando as pessoas denunciam à imprensa ou nas mídias sociais, mas há inúmeras outras situações das quais só ficamos sabendo anos depois ou nunca, pois as coisas desaparecem.”.

As intervenções não profissionais, acrescentou Borja, “significam que as obras de arte sofrem e os danos podem ser irreversíveis”.

Carrera disse que a Espanha tem uma enorme quantidade de patrimônio cultural e histórico em razão da riqueza cultural de todos os diferentes grupos étnicos que passaram pelo país ao longo dos séculos, deixando para trás suas marcas e monumentos.

Outra parte do problema, acrescentou, é que “alguns políticos simplesmente não dão a mínima para o patrimônio”, o que significa que a Espanha não tem recursos financeiros para salvaguardar todos os tesouros de seu passado. “Precisamos focar a atenção da sociedade nisso, para que escolhamos representantes que coloquem a herança cultural em suas agendas”, disse ele.

“Não precisa estar no topo das prioridades, porque obviamente não é como cuidados de saúde ou emprego — mas nossa história é também importante.”

Leveza, o melhor Greg News que vi até hoje

Leveza, o melhor Greg News que vi até hoje

No Facebook, a Elena já fez um merecido elogio ao programa de ontem de Gregório Duvivier, o Greg News, chamado “Leveza”. O tema foi a necessidade da arte e teve um final absolutamente emocionante, com a família de Gregório — ele é filho de Olivia Byington — cantando lindamente “Menina amanhã de manhã” (“Vai”), de Tom Zé. Ele, sua mãe e irmãs arrasaram num final digno para um texto sobre a presença das artes na pandemia. E, como escreveu a Elena, fazendo um contraponto com outra família que nos tortura diariamente com suas desnecessidades de tantas coisas que prezamos na civilização.

Ignoro os autores do texto, mas devem ser o próprio Gregorio Duvivier com a habitual colaboração de Bruno Torturra e Alessandra Orofino. O programa vai ao ar toda sexta-feira às 23h, na HBO.

Deve ser fácil encontrar o programa no Youtube. Uma pesquisa de ‘Greg News Leveza’ deve resolver a questão.

Aliás, está aqui:

Os mais importantes músicos alemães exigem ajuda de seu governo para artistas menos conhecidos

Os mais importantes músicos alemães exigem ajuda de seu governo para artistas menos conhecidos

Vários dos músicos alemães mais importantes de hoje assinaram uma carta dirigida ao Ministro Federal da Cultura, na qual solicitam maior segurança para artistas menos conhecidos.

Abaixo, alguns trechos da carta:

“Nós, artistas conhecidos e não tão conhecidos, lembramos da frequência com que nos últimos anos fomos solicitados a aceitar cachês mais baixos (por exemplo, após a crise financeira) e a contribuir para a diversidade da paisagem cultural.

Na maioria dos casos, temos aceitado. Em troca, é imperativo fornecer, para todos os músicos fora da cultura subsidiada, as condições adequadas para que possam seguir dando suas valiosas contribuições à cultura”.

A carta é assinada, entre outros, pelas violinistas Anne-Sophie Mutter e Lisa Batiashvili, pelos cantores Matthias Goerne e René Pape e pelos maestros Christian Thielemann e Thomas Hengelbrock.

Anne-Sophie Mutter, inclusive, contraiu o covid-19 e está em recuperação

Isabel do vôlei critica desmonte da cultura

Isabel do vôlei critica desmonte da cultura

Uma das mais importantes jogadoras de vôlei do Brasil, Maria Isabel Barroso Salgado, a Isabel, publicou uma carta pública em protesto contra o desmonte na cultura sob o governo de Jair Bolsonaro. Ela lembrou como a cultura influenciou sua formação e o fato de ter se tornado atleta. Leia a seguir a íntegra:

Meu nome é Isabel, joguei vôlei na seleção brasileira, representei o Brasil por muitos anos. Resolvi escrever essa carta aberta, não para falar de esporte, mas para falar da cultura, porque acredito que só pude ser a jogadora que fui e a pessoa que sou graças aos filmes que vi, aos livros que li, às músicas que ouvi, às histórias que minha avó me contava. Minha mãe era professora e escritora, amava os livros, adorava música, e foi ela quem me apresentou a Chico Buarque, Caetano, Cartola, Luiz Melodia, entre tantos grandes compositores brasileiros. Lembro, quando chegava do treino muito cansada, que me deitava no sofá e ela me falava dos poetas que amava: Bandeira, João Cabral, Cecília Meirelles, Drummond…. Hoje tenho certeza que aquela atmosfera foi muito importante na minha formação.

Quantas vezes, ouvindo e dançando as músicas de Gilberto Gil com Jacqueline , a grande campeã Olímpica, comemoramos vitórias e tentamos esquecer a dor de algumas derrotas. Lembro também do impacto que senti, aos 18 anos, quando assisti ao filme “Tudo Bem”, de Arnaldo Jabor, com a incrível Fernanda Montenegro e um elenco de craques. Aos 17, assisti “Trate-me Leão”, peça que inspirou toda uma geração. Quantas vezes, os livros me transportaram para outros universos e me permitiram aliviar as tensões das quadras.

Pois é, depois de um ano de governo Bolsonaro, preciso expressar meu horror com o que tem acontecido com a cultura. É muito duro ouvir os insultos que foram proferidos contra Fernanda Montenegro; ver Chico Buarque ganhar o prêmio Camões, maior prêmio da língua portuguesa, sem que o presidente cumprimente ou comemore o feito; testemunhar a morte de João Gilberto, um dos maiores compositores brasileiros sem que nenhuma homenagem tenha sido feita pelo governo. É estarrecedor saber que nosso cinema é premiado lá fora e atacado aqui dentro; ver o ataque brutal à casa de Rui Barbosa, com as exonerações dos pesquisadores que eram a alma e o coração daquela instituição. E como se não bastassem esses exemplos de barbaridade, assistimos ainda o constante flerte do governo com a censura.

Essa carta é só pra dizer que eu me sinto muito ofendida, senhor Bolsonaro. Não sou uma intelectual, sou uma cidadã brasileira que acredita que a cultura é essencial para qualquer pessoa. Ela só existe ser for plural, em todas as formas de expressão. Por meio dela, formamos a nossa identidade. Se esse governo não gosta do nosso cinema, da nossa música, dos nossos escritores, eu quero dizer que eu e uma enorme parte dos brasileiros gostamos. Não aguento mais assistir a tantos absurdos calada. Vocês estão ofendendo uma grande parcela do povo brasileiro.

Aprendi no esporte que é fundamental respeitar as diferenças e saber que elas são enriquecedoras em todos os aspectos. Aprendi que é fundamental respeitar os adversários , e não tratá-los como inimigos.

Compreendi, vivendo no esporte, o quanto é importante ser democrático. Inspire-se no esporte, senhor presidente! O senhor foi eleito democraticamente. Governe democraticamente, e não apenas para quem pensa como o senhor. Hoje eu pensei muito nos rumos da cultura, porque lembrei da minha querida avó, que me levava, quando menina, para passear nos jardins da casa de Rui Barbosa…

O ápice da produção artística

Vocês já repararam que prosadores tendem a melhorar até certa idade e depois estagnar ou piorar lentamente por algum tipo de acomodação (ou outros compromissos)? Que pintores tendem a ter a uma curva ainda mais lenta de degradação? Já com os poetas, a coisa é radical. Harold Bloom sempre diz que os poetas em geral produzem bem por não mais que 10 anos. Já os compositores de música erudita parecem ser o único caso de uma melhoria contínua… As últimas obras têm uma tendência geral de ser as melhores, e de como que prometer um futuro além do próprio sujeito.

Uma pequena obra-prima: A Bailarina do Barco

Uma pequena obra-prima: A Bailarina do Barco

Dentre os passageiros do cruzeiro, há uma bailarina. Durante a viagem, ela pratica sua arte no convés. Inspirado por ela, membros da tripulação tentam imitá-la… E o resto você vê.

Uma obra-prima que me foi repassada pela Elena Romanov e que dedico pessoalmente à Caminhante. A música é de um dos compositores que mais amo, Alfred Schnittke.

“A Bailarina do Barco” Direção: Lev Atamanov. 1969.

Sobre a posse de Bolsonaro hoje

Sobre a posse de Bolsonaro hoje

Pieter Bruegel, o Velho (1526/1530–1569)– A Parábola dos Cegos Conduzidos por um Cego (1568).

O quadro está no Museu de Capodimonte, Nápoles, Itália.

A inspiração de Bruegel foi uma passagem bíblica que diz muito sobre o Brasil de hoje: “Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outros cegos, todos cairão na cova”. Mateus 15:14.

O sonho da razão produz monstros

O sonho da razão produz monstros

O sonho da razão produz monstros é uma obra clássica de Goya. É uma das imagens mais famosas e estudadas do Iluminismo na Espanha.

Este quadro é Nº 43 da série chamada Caprichos, que têm 80 gravuras. Nela, o artista retratou-se sentado, dormindo sobre suas anotações. O seu corpo está contorcido e transmite a ideia de desconforto, da transição entre o estado alerta e um sono que não pode ser evitado. Atrás do artista estão morcegos e corujas, criaturas noturnas que espreitam o sono do pintor. Essas criaturas são interpretadas como os fantasmas, medos e obsessões de Goya, conhecido por pinturas enigmáticas e de sentimentos fortes.

O que sempre me surpreendeu foi aquele lince. Aos pés do pintor, o animal o observa com postura imponente e patas cruzadas como os braços de Goya. O animal parece velar o sono do artista, ao mesmo tempo em que se mostra alheio às criaturas que o assombram. O sonho não é do lince. Ou ele também vê os monstros? Pois está arregalado, não?

Os 100 anos da Revolução Russa em seus artistas (IV): os cartazes das ruas

Os 100 anos da Revolução Russa em seus artistas (IV): os cartazes das ruas

Hoje, os cartazes estão nas galerias e museus de arte do mundo inteiro, mas nos primeiros anos da Revolução, eles estavam nas ruas. Para se consolidar politicamente, a Revolução de Outubro precisava vencer também no âmbito das ideias, fazendo proselitismo diário. Os novos valores precisavam ser difundidos na cidade e no campo, assim como também o culto à personalidade de seus líderes. Operários, camponeses, estudantes, soldados, intelectuais e a sociedade em geral eram o alvo deles, que invariavelmente traziam imagens e linguagem diretas. Entre 1905 e 1955, houve uma verdadeira revolução visual. Após este período, já sem a força da novidade, os cartazes seguiram tentando demonstrar os acertos da Revolução e a necessidade de chegar ao encontro do Comunismo. Eles se tornaram onipresentes na União Soviética.

Desenhistas preparam os cartazes para o 1º de maio de 1929. Foto: Tate Modern

Enquanto o Ocidente vivia o expressionismo, o cubismo, o futurismo, o abstracionismo, o dadaísmo, o surrealismo, e a pop-art, entre outros, o Partido Comunista defendia o Realismo Socialista, tornado absoluto por Stálin nos anos 30 e por Jdanov no pós-guerra. Assim, a grande importância dada ao trabalho de propaganda criou uma nova estética. A célebre Tate Modern, de Londres, por exemplo, dedica uma grande sala à arte da propaganda russa.

Foto: Tate Modern, Londres

Claro que são milhares e milhares de cartazes dos quais escolhemos apenas 38. Veja amostra abaixo:

Leia mais:
— Os 100 anos da Revolução Russa em seus artistas (I): Dmitri Shostakovich
— Os 100 anos da Revolução Russa em seus artistas (II): Serguei Prokofiev
— Os 100 anos da Revolução Russa em seus artistas (III): Mikhail Bulgákov, o homem que recebia ligações de Stálin

“Meu filho, vá salvar a pátria” (Cartaz do Exército Branco, contrário aos bolcheviques que venceram a Revolução)
“O Wrangel ainda está vivo, matem-no sem piedade” (o General Wrangel era um dos principais líderes do Exército Branco)
Cartaz de 1920, durante a Guerra Civil: “Você já se alistou voluntariamente no Exército Vermelho?”
Cartaz de 1920 do artista plástico Lebedev. É uma poesia com rima que diz: “Precisamos trabalhar com a arma sempre por perto” (Maiakovski)
“A glória da Grande Revolução Socialista de Outubro!”
“Glória à revolução de outubro! Abaixo o poder do capital!”
“Glória à Pátria de Outubro!”
“Glória à Revolução Socialista de Outubro!”
“Vivemos conforme as ordens de Outubro, o fogo da aurora está no nosso olhar”, Maiakóvski
“Glória aos heróis do povo do Glória aos heróis do povo do Potemkim!”
“Um espectro ronda a Europa, o espectro do comunismo”, frase do Manifesto Comunista de Marx e Engels
“Viva a Revolução Socialista!”
“Esteja pronto para o trabalho e para a defesa do país!” (Com sugestões de exercícios e frase motivacional para praticar todos os dias)
“O fascismo é o pior inimigo da mulher. Todos na luta contra o fascismo!”
“Os soviéticos lutam contra os bandidos — quando não tem punição, a bandidagem cresce”
“Glória aos 5 anos da Grande Revolução do Proletariado — 4º Congresso Internacional Comunista”
“Glória Internacional Outubro Vermelho”
“Lênin viveu, Lênin vive, Lênin viverá!”, Maiakovski
“Camarada, venha juntar-se ao nosso kolkhoz!”
“Mulheres liberadas constroem o Socialismo”
“O que a Revolução de Outubro deu para trabalhadores e camponeses”
Montagem som o poeta Maiakóvski: “Proletários de todos os países, uni-vos”
Um cartão postal: “Glória à Outubro!”
“Revolução de Outubro”
“Glória à Revolução Socialista de Outubro!”
Glória aos grandes líderes de Outubro
Com poema de Maiakóvski: “Come ananás / mastiga perdiz. / Teu dia está prestes, / burguês
O Grande Timoneiro nos guia de uma vitória a outra
“7 de novembro de 1941, quando o Exército alemão estava próximo de Moscou, aconteceu a tradicional parada militar na Praça Vermelha e, naquele dia, não havia notícia mais importante no mundo: ‘Os russos estão marchando’”
“As mulheres dos kolkhozes são grande força — Não falar nelas é um crime”
“Mulheres, estudem todo o processo de produção para substituir os trabalhadores que foram para a guerra. Quanto mais forte a retaguarda, mais forte o front”
“Revolução de Outubro — Uma ponte para o futuro brilhante”

“Revolução de Outubro — Uma ponte para o futuro brilhante”
“Viva a Internacional Comunista”
“Vamos logo com isso!”
“Combata a embriaguez!” (em forma de porco, uma garrafa de vodka)
“Feliz Grande Outubro!”