Sobre certa crítica cinematográfica

Eu e Elena estávamos conversando sobre o filme Lamb e ela disse que não gosta de ler críticas porque ou eles dão spoilers ou veem sentido a detalhes que podem ser meramente casuais… Como as paredes vermelhas em Gritos e Sussurros, completei.

E eu lhe contei uma história com meu pai. Estávamos vendo Tristana, de Luis Buñuel e, de repente, lá pela metade do filme, todo o elenco, que falava francês, passava a falar espanhol.

Na saída, um conhecido crítico explicava a um grupo de pessoas sobre a mudança de idioma. Falava que a elegância e frieza do francês dava lugar à sensualidade e informalidade do espanhol e que aquilo acompanhava o que era contado no filme.

Meu pai ficou contrariado e, desconfiado e cara de pau como era, foi falar com o operador do cinema. O cara lhe explicou que o segundo rolo viera em espanhol por engano e que algum cinema de Recife estava vendo o filme com a primeira metade em espanhol e a segunda em francês…

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  1. O que dizer de “Persona” então? Cada dia um crítico (hoje em dia no YouTube) aparece com uma nova elocubração. Esse “causo” do teu pai me lembrou aquela cena de “Annie Hall” em que o Marshall McLuhan surge por encanto pra desmascarar um pseudointelectual que queria lacrar com a garota falando baboseiras sobre sobre o conceito da “aldeia global”.

  2. Janer Cristaldo, seu conterrâneo do RS, certa vez comentou um caso similar a respeito do mesmo filme de Bergmann. Ele morou muitos anos na Suécia, tanto que traduziu para o português algumas obras suecas. Por ter morado lá, foi convidado para um debate com dois psicanalistas a respeito do filme. Lá pelas tantas, um deles disse que o fato de Liv Ullmann usar duas alianças tinha razões psicanalíticas de homossexualidade enrustida etc. Ele precisou fazer a intervenção para explicá-la que era relativamente comum na Suécia a mulher usar a aliança dela e do homem.

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