Dois Filmes para o Findi no Guion

Os homens que não amavam as mulheres, elogiadíssimo e surpreendente thriller sueco, e o gaúcho Antes que o mundo acabe, de Ana Luiza Azevedo.  Ambos no Guion Center. E a Brigada andou desobstruindo a Lima e Silva no último domingo. Talvez haja um sinalizador aceso no fim do túnel que permita a chegada do socorro antes do naufrágio. Vamos lá pessoal, o Guion precisa de espectadores. Só solidariedade não basta.

18 comments / Add your comment below

  1. …”elogiadíssimo e surpreendente thriller sueco”? Só se for em Porto Alegre. No Rio desceram o sarrafo no tal, condenando-o, entre outras coisas, pelo excesso de clichês. No mais, tem sua origem num best-seller. Você leu? Eu também não li. Thriller de suspense pra mim é Os Irmãos Karamázov.

    1. Só li elogios. Dei uma procurada agora na Internet. Mais elogios… Fazer o quê?

      Inclusive descobri que Hollywood já quer fazer uma remake para foder com o original…

  2. Puta merda, me deu o maior trabalho, mas a questão do carinha do Estadão é que ele acha bacana que escritor e cineasta conjuguem bem a carpintaria e gramárica do gênero noir com citações expertintas (é neologismo mesmo), sem se importar que isso signifique acúmulo de clichês, pois são estes que produzem, afinal, o “clima”. Tudo bem, veja lá, eu não vejo aqui nem que me paguem.

    Pondo em pratos limpos: esse tipo de cinema já deu o que tinha que dar, não tem qualquer pretensão à arte, só a fazer dinheiro contando uma historinha que liga a a b a c a d e a gente é que ce fo dê na fila para depois comentar, ah, fiquei assustadinho, ah, aquela cena foi bastante tensa, ah, o atorzinho tem uma expressão incrível, ah, a montagem daquela sequência com a música foi demais, ou, ah, ninguém faz mais isso do jeito que o velho Hitch fazia, etc.

  3. Vou meter minha colher torta no assunto. Eu tenho os três livros da trilogia Millenium. Gostei bastante e não encontrei muitos clichês na obra do Stig Larson. Tenho certa reserva quanto a versão cinematográfica de qualquer livro, e já li alguns comentários dizendo que não se deve esperar grande fidelidade ao original.
    Quanto a ser um best-seller, creio que isso não tira a qualidade de nenhum livro, exceto, é óbvio, qualquer coisa que tenha sido cometida pelo Paulo Coelho. Como apreciador de literatura do gênero, considero que Millenium já é uma grata surpresa por vir de onde veio: de fora do circuito dos autores renomados, que não sai de EUA e Inglaterra, com alguns franceses correndo por fora.
    Ainda, a leitura do primeiro título, Os Homens que Não Amavam as Mulheres, permite traçar um paralelo interessante entre a ficçção e a realidade brasileira no pós-Satiagraha (para quem esqueceu, a operação da PF que prendeu o Daniel Dantas).

  4. Li a trilogia nas férias, durante as longas estadias em aeroportos em conexões e tals. O curioso é que eu comprei o 1º volume por recomendação e sem saber do que se tratava direito. Li as primeiras 50 páginas e larguei lá, na estante, junto com outros tantos que compro, leio as primeiras 50 páginas e nunca retomo. Ficou assim por 6 meses. Mas aí a patroa tirou férias da facul e resolveu ler algo totalmente despretensioso para descansar. Vi minha mulher devorar o primeiro volume e comprar os outros dois. Li em seguida, nas cadeiras dos aeroportos e em alguns dias de chuva nas praias lá de cima.

    É paraliteratura da boa. Como um romântico Wether apaixonado por virgens e que durante um porre grita “eu curto uma boa putaria também!”, eu às vezes confesso: “eu curto uma boa paraliteratura também!”. Mas só bêbado, porque quero manter minha máscara de culto quando sóbrio, embora ela viva caindo no chão.

    Millenium não tem qualquer, não tem a mínima pretensão de ser arte, de convidar a qualquer tipo de reflexão profunda: só quer entreter e absorver-nos durante algumas boas horas de leitura totalmente descompromissada, o que não é nada mal. Ao contrário, isso é até um mérito, pois 90% daqueles que pretendem fazer “arte”, fazer literatura-sem-‘para’-no-início e convidar à alguma reflexão profunda, naufragam vergonhosamente e nem divertir o leitor como consolo conseguem.

    Como romance policial, a trilogia de Stieg Larsson não é perfeita, tem algumas falhas e alguns (bem poucos, é verdade Jorge Lima) clichês que talvez estraguem o desfecho do mistério no primeiro volume – mas é a melhor coisa do gênero que li nos últimos anos. Elisabeth Salander é uma figuraça, a mais interessante personagem de literatura policial dos últimos tempos.

    Eu, com a máscara da erudição meio quebrada na cara, curto também livros e filmes que não tem nada de arte, frequento tanto o Guion (do qual sou sócio e visito quinzenalmente, pelo menos) e o Cinemark. Porém, não vou ver o filme. Li algumas críticas dizendo que não é bem fiel a obra, alterando inclusive a ordem de alguns eventos e cortando certos fatos importantes no original. Que pena. Ah, por outro lado, para horror dos devotos de São Serapião padroeiro dos Cultos, amanhã vou ver o Ironman 2. Ueba!

    1. Victor, Ironman2 é uma merda. Que filminho chato. E a Isabela Boscov, com sua erudição altamente treinada nas páginas do NYT (parece que ela sempre está para atingir uma qualidade anódina inigualável, mas aí vemos que não é uma proposta de bom gosto , mas uma série bem calibrada de caçoetes) deve ter recebido um generoso jabá, para dizer que o dawnsey (sei lá como é que chama, e não vou no google) é a razão central do filme. Quase não suportei, e olha que aguento muita subcultura. Em determinado momento do filme, o Ironman se transforma num transgênico do Capitão América, aí só nos resta assumir a gestão de risco e abrir um sorriso sem graça de quem percebe o abacaxi atolado no rabo e sair dizendo que diversão é diversão e um pouco de efeitos e tiros faz até bem catarticamente, tudo por que no final da soma foi 32 para os ingressos, 10 para estacionamente, 10 para a pipoca, e a cara de idiota…não tem dinheiro que paga.

      A mais interessante personagem da literatura policial, para mim, é a Scarpetta.

        1. Charlles, acabo de ver o Ironman2 e você tirou as palavras da minha boca. Que filme chato, porra! Eu estava curtindo até terminar aquela luta entre os dois amigos de armadura durante uma festa. Mas, após essa cena, o filme virou uma aporrinhação insuportável. Eu cheguei a pensar que o Stark descobriria ser filho de um cara escrotão que roubou todas as ideias de um pobre cientista russo. Porém, quando apareceu aquela cena do paizão dando um recado edificante para o filhinho, eu quase saí do cinema. O que salvou o preço do ingresso foi ver a Scarlett Johansson dando chave de buceta em coadjuvantes inimigos.

          Acho que o gênero super-herói no cinema, com essa, esgotou-se. Ninguém mais aguenta. Que Hollywood procure um outro clichê para reavivar, explorar e esgotar até aporrinhar o nosso saco. Para me penitenciar, vou assistir “Um Homem Sério” no Guion e ficar algum tempo longe do Cinemark.

  5. O primeiro da trilogia é bacana. Os outros dois são longos, enrolam demais e oferecem pouco, especialmente o último. Fico com o primeiro, cinema-pipoca que agrada.

    1. Achei o mesmo, Ricardo. O 1º tinha mais clima (algo importante em um romance policial), com aquela ilha cheia de parentes carcamanos. Só a solução final sobre o responsável pelos crimes achei meio clichê, assim como o destino dado a ele. O último volume se arrasta além da boa vontade do leitor.

  6. Voltei com minha colherzinha torta. Vejam o seguinte: o último volume, embora fechando a trilogia com um anti-clímax, tem um desenrolar muito bom. A identificação da seção de contra inteligência da agência sueca é muito boa. Principalmente porque não há clichê algum nessa história. É devagar, é cansativo, mas se desenvolve bem e o desfecho é plausível. Eu gostei bastante. Um detalhe sobre Millenium: a história não seria uma trilogia, mas sim uma coleção de dez títulos. Infelizmente, a morte do autor encerrou prematuramente a saga da Salander e do Blonqvist.
    Mudando de mel pra porongo, eu fiquei preocupado com a possibilidade (remota, é verdade) de algum dos comentaristas do blog visitar minha casa. A visão das minhas estantes poderia causar uma síncope fatal no infeliz. 🙂 🙂 🙂

    1. Jorge,

      Eu até tirei as minhas estantes de livros da sala e escondi em um escritório improvisado que temos aqui em casa, só em consideração à absurdamente remota possibilidade de que alguém do blog visite minha casa. Não quero ser o responsável pela “síncope fatal” de ninguém, principalmente quando virem que, ao lado do Finnicius Revém do Joyce, eu coloquei o Sin City do Frank Miller. 😉

      1. hahahaha. Também pego-me policiando-me (ô portuguezim foda de estranho!) com a suspeita de que a qualquer momento vou receber uma visita surrealística de algum dos frequentadores do blog. Minha cara extremamente constrangida tendo que explicar a um Marcos Nunes ao vivo, por que ao lado dos três volumes das obras completas do Montaigne está lá, despudoradamente em paz, o volume único de Watchmen. Ou por que um calhamaço do Stephen King demonstra um herege excesso de manipulação maior que Ulisses, tendo que retirar o primeiro de fininho das mãos do Milton. Já quanto ao Ramiro, penso que nem olharíamos para os livros, ocupados em dividirmos lembranças dos primeiros passos dos respectivos filhos. E quanto a você, penso que iríamos conferir a discografia básica.

        Pô, meu! Teu site tá fora do ar.

Deixe uma resposta