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  1. O carinha é filho de um mandchuva da RBS.

    Um outro, jornalista, devidamente chifrado, defendeu-se atirando na mulher à queima-roupa, com testemunhas, demonstrando um comportamento tão frio quanto o do moleque.

    O último está solto, impune, balançando a bandeira da “legítima defesa da honra”.

    O primeiro ficará solto, impune, balançando a bandeira da “legítima defesa da classe”.

    O que no final das contas dá no mesmo na ótica do Poder Judiciário.

    Não vou, contudo, falar da sexualidade adolescente. Como sabemos, isso não é época para falar de sexo. Aconteceu por acaso. Beberam e viraram lobisomens para cima da bela adormecida. No fundo, foi um conto de fodas.

  2. Milton, nessa mesmíssima toada brasileira,
    ainda sobre as tatuagens no corpo social…

    ANÔNIMO TATTOO
    by Ramiro Conceição

    Ai de mim
    que conheci
    um anônimo
    TaTToo!

    De que toca, de que mata,
    o tal saiu tão não-primata?
    Tinha bico? Tinha patas?
    Ou era um batráquio
    vivo – que reclamava?

    Porém onde era a boca?
    Onde ficava a bunda?
    Será que, por ser tattoo,
    só falava pelo cu?

    Valha-me Deuuuuuuss!…

    Aliás…
    Em “valha-me Deus”
    valer é transitivo direto
    e o objeto – é Deus?
    Aí, médio invertebrado,
    valer é transitivo indireto
    e o objeto indireto é “me”,
    porque Deus é – sujeito!
    Entendeu?

    Valha-me Deus!

  3. Milton,
    estás totalmente correto.
    A RBS e a família Sirotski têm das suas, mas neste caso a Record não só infringiu o segredo de justiça como está usando uma notícia para fins comerciais. Um segundo estupro.
    Veja que o artigo diz que a delegada PREFERIU não fazer declarações. Ela Não PODE.
    Não costumo ler, mas hoje vi um artigo do Paulo Santanna sobre este assunto e comentando a intenção das críticas à RBS por noticiar sem fazer referências á identidade ou parentesco dos menores por ser da família.
    Parece que os bispos não são lá muito exogentes em moral, não?

    Branco

  4. Definitivamente eles não eram poetas. Aliás não tinha coisa que mais lhes desagradava que essa retórica estúpida, essas esquinas do discurso coletivo que a boçalidade havia instituído para todo mundo dizer, com lágrimas nos olhos, esses “eles continuarão impunes suas vidas”, “falou mais alto a grana”, “a classe alta que institui as leis e a impunidade no Brasil”. Conheciam o Brasil demais para se irritarem com esse palavreado do gado humano. Nas salas de espera do apartamento alugado no centro, com todo o propósito definido, eles se entreolhavam em um divertido silêncio e diziam entre si: “a pena de morte não é a solução para o Brasil”, “a vida pertence a Deus”. Riam com aquele riso azedo, um riso impossível de se explorar, raso, uma prova angustiante de que só poderiam realizar o plano, o mais efetivo possível , mas de certo modo estariam perdidos, confinados na condição de sulamericanos, ou pior, de brasileiros. Mas então foram adiante. O menino de classe alta que apareceu no colégio amplamente policiado era um exemplo de educação elitista. Falava inglês, francês e tcheco com proficiência. Também era um atleta desenvolvido e, depois de três meses quando as relações se firmaram, mostrou que sua verdadeira vocação era a política. Simpático, diplomático não a um nível Kissingeriano, mas a um nível além onde prefigurava-se inédito alcance, o de ver a frivolidade de seu meio com um estoicismo ativo, disposto a defender a causa mesmo sem participar dela. Sua fidelidade era seu verdadeiro charme. Daí que o encontro foi no apartamento de seu pai, quando seus pais estavam numa viagem à Suíça. A menina já tinha sido encomendada, e era certo que cairia como um patinho. Os três rapazes chegaram na hora combinada. Havia um cheiro de alta sacanagem engendrada no ar, e os três podiam sentí-la, ainda que seu anfitrião se mostrasse distantemente participativo. Haviam aprendido o significado da palavra “oxímaro”, e repetiam para ele: você é um perfeito oxímero, vai comer a menina mas finge que é sexualmente despojado, vai enfiar no rabinho dela mas permanece com essa pose avessa, como se nada fosse relacionado a você. Quando a menina chegou, beberam as doses ritualisticas da vodka, “abençoaram” o copo da menina com uma porção de diazepan pega do pai de um deles que era médico. Os três não chegaram nem a retirar o vestido da menina. Só puderam vê-la com uma cara meio de repulsa e indiferença ( a mesma indiferença do anfitrião), amolecendo e rodopiando diante deles antes que eles desmaiassem. Nessa hora, o menino passou a mão delicadamente, até amorosamente pelo joelho da menina e lhe disse algumas palavras. Logo então ela saiu do apartamento, ao mesmo tempo que entravam cinco homens de terno. Os homens retiraram diversos aparelhos de uma bolsa grande com a marca adidas, enquanto o menino os ajudava a colocar umas mesas de metal no centro da sala, retiradas do quarto. Os homens vestiram jalecos grandes, que lhes passava da medida das mãos, calçaram luvas cirúrgicas. Não se falavam, realizavam tudo com exímio profissionalismo. Colocaram um menino em cada mesa. Retiraram as roupas de cada um dos meninos. Acoplaram os soros aos suportes e enfiaram as agulhas nos braços dos rapazes. Daí começaram as cirurgias, nos três ao mesmo tempo. Traçaram a caneta os marcos tracejados por onde realizariam as incisões, deram os anestésicos locais, e começaram. Retiraram os pênis dos meninos, suas bolsas escrotais, depositaram numa cesta de lixo, estancaram o sangue, suturaram a pele, plasticiaram o canal da uretra vestigial para fora. O aparelho renal não seria afetado, o aparelho renal não, foi uma das únicas coisas que disseram, dessa vez sorrindo com um sorriso verdadeiramente saudável e cordial. Quando terminaram, apagaram digitais e quaisquer outros indícios, e forma embora. Ao acordar, ligeiramente aparvalhados, antes que pudessem descobrir o que lhes ocorrera, viram um revolver .38 em cima da escrivanhinha. Só minutos depois, em meio ao completo desespero, a um desespero piegas e sem nome que se adaptava completamente à velha e cansada poesia da indignação das revistas e programas de tevê, descobririam que o revólver estava municiado com três balas. O menino nunca mais voi visto no colégio. Não eram poetas!

  5. Aqui o sol parece nascer mais tarde, o que é bom; as iniquidades das relações humanas são tantas que não importa onde você está, quem você, e muito menos o que faz. Se um dia pensou que talvez fosse o bastante partir da metrópole para se distanciar dos horrores citadinos, no dia seguinte teve que reconhecer o erro, mas apenas para si mesmo, pois, para os demais, mantinha resguardado sob a fisionomia algo cândida o esgar cínico daqueles que sabem, ou pensam saber.

    Trouxera consigo suas ferramentas, sempre úteis. Entre metal cirúrgico e palavras certeiras pensava ser possível levar a vida, recoberta a malignidade sob a impressão iluminada da representação altruísta, prestativa, afável até não mais poder. Pena que o sangue, contaminado, faça enrubescer sua face ainda mais do que a simples adrenalina. Não há de ser nada; se ele mesmo não se entende, o entenderão os outros?

    Quando o chamaram para o laudo, pensou ser de natureza cadavérica, mas não; um simples parecer sobre os efeitos de violações sexuais sucessivas, sem o ataque final, como seria mais comum em Ciudad Juárez.

    Por isso não vestiu o jaleco nem guardou para si mesmo as suas impressões sobre o caso. Por via das dúvidas, levou na maleta sua pistola automática. Caso tivesse que esperar o final da consulta familiar com algum fraudulento profissional da psicologia, levava também um pequeno volume de poemas de Robert Burns, que sabia mais adequado para adolescentes, mas serviria como elemento surpresa, ou não – onde estava, Burns ou Shakespeare eram como uma coisa só.

    As observações sociais? Poderia deixar para depois, sem dúvida, depois que todos os clichês fossem desgastados pela turba. Nesse momento é que melhor se encaixa a cureta.

  6. Tudo isto é muito curioso.

    Nos EUA, a atriz Lindsay Lohan é condenada a tres meses de prisão por dirigir embriagada reincidentemente e não cumprir as penas alterntivas.
    A lei é a mesma para todos, e quem não é famoso ou rico enxerga nisto um sinal para andar na linha.

    Enquanto isto, no Brasil, a impunidade corre solta no andar de cima, e a lei só “pega” para os menos favorecidos. Fica o convite ao crime.

    Se fosse ao contrário, se o filho de um bispo da Record tivesse feito isto, a Globo daria um jeito de divulgar. O que não pode, é esta pessoa cumprir sua “pena” em Miami.

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