Dekassegui – The Final Cut

Eu acho impressionante que ele deu uma solução tão simples que eu não achei em 3 meses.

O “ele”, da frase acima, sou eu. Foi um comentário muito simples e despretensioso que fiz há um ano no blog de um amigo que nunca vi, Roberto Maxwell, a respeito de Dekassegui — um, mais um, de seus excelentes filmes. Eu gostei muito do que vi, mas achei que o final não estava à altura. O comentário deve ter causado ainda mais dor de cabeça ao cineasta. (Não fiz para incomodar, Roberto! Como é que eu iria adivinhar que tu estiveras três meses quebrando a cabeça sobre o final?) Resultado: ele alterou o filme e ganhei um agradecimento especial na nova versão. Agora é Dekassegui — The Final Cut. Fiquei bem feliz, honrado e coçando a barba, meio assustado sobre as conseqüências daquilo que escrevemos em comentários.

Depois de ver o filme, escrevi ao Roberto dizendo que seria legal se tomássemos um chope qualquer hora dessas, apesar de que é complicado acontecer um chope entre um carioca que mora no Japão e um gaúcho bastante sedentário em termos de viagens. Ademais, ele parece ter ficado com algum receio de mim:

Pois é, rapaz, um chope ia bem. Agora, você vê, um comentário pela net provocou aquilo. Imagino o estrago que você me faria em 1 hora de conversa na mesa de um bar? Hehehehehehehe

Pô, Roberto, minha média é de 50 besteiras por uma coisa que preste. Foste premiado.

8 comments / Add your comment below

  1. Nada sei sobre o Bob ou seus filmes, mas me recordo de uma matéria que li em algum jornal ou revista umas semanas ou dias atrás (ou inventei), sobre os dekasseguis que estão voltando ao Brasil por dois motivos: 1) a crise japonesa que se eterniza; 2) a retomada da indústria naval no Brasil, a requerer operários especializados que tínhamos mas rumaram para outros países (Japão, Coréia), e hoje recebem propostas para retornar ao Brasil, sendo eles de ascendência oriental ou não.

    Fui numa festa sábado repleta de estrangeiros (franceses,
    espanhóis, chilenos, um nepalês, um cara do Zimbabwe, uma menina da Guatemala que na verdade é sueca – a família exilou-se na Suécia nos anos 80 e nunca mas voltou ao país de origem – etc.), ávidos por informações sobre o Brasil, que desconheciam há poucos anos atrás; afirmei que isso é normalíssimo, porque, anos atrás, o Brasil era como a Argentina passou a ser durante e depois da ditadura e ainda é, de acordo com o escritor argentino recentemente falecido, Tomas Eloy Martinez, isto é, um país periférico no limbo da História, sem passado e sem futuro, e no presente posto em suspenso, vago, utopia perdida em algum lugar no Universo, enfim, vivíamos no mundo dos satélites, das luas cósmicas, estéreis e com algum interesse para os planetas em meio ao infinito. De vez em quando dávamos nossa presença real ao mundo, exportando-nos como trabalhadores, exilados, desesperançados, putas e ladrões, gente simpática e cruel para colorir um mundo pasmo diante da revelação de nossa existência.

    Hoje o caminho se inverte lentamente; os dekasseguis voltam e os estrangeiros nos visitam para reconhecer não nosso exotismo, mas nossa humanidade comum, rompendo estereótipos, delírios, inconsistências.

    Enfim, nós, os brasileiros de hoje, disse no sábado, sentimos que, afinal, estamos inseridos na história da Terra, mesmo como coadjuvantes, aprendizes, deslumbrados e redescobridores dos invasores, cujas culturas, por demais conhecidas, não mas nos sepultam ou espantam. Somos iguais a eles mas, para variar, mais bonitinhos. A turma da festa, pelo menos, me deu a impressão de que, no final das contas, nos últimos 30 anos não perdi lá muita coisa enraizado nessa minha pobre/rica província do Rio de Janeiro, à parte algumas garrafas de vinho que podia ter bebido nas décadas de 70 e 80 mas não o fiz, pois para os habitantes da Lua os vinhos da Terra eram matéria de sonho.

    1. Acrescente-se a isto a nova situação brasileira, que chama com razão de marolas as crises mundiais e não acontece grande coisa, para desespero de Vejas e afins. Não sabia do retorno dos dekasseguis.

      Eu sou mais bonitinho.

      Um grande abraço, seu sumido.

      1. Não estou acreditando…
        Quem é quase-morto, e mal-humorado, sempre aparece! E não se precisou psicografar nada.

        Charlles, Charlles, o “ome” voltou!

        Ps: Charlles, o livro chegará aí amanhã, de acordo com o correio (o enviei por sedex).

      2. Sumiço programado; deve ter esquecido, mas supendi os comentários por aqui só pra poder escrever outro livrinho, este concluído na última sexta. Explicação: comentar por aqui exige mais atenção, réplicas, tréplicas, xingamentos, vocabulário variado de impropérios, ironias e descalabros. Deixei essa merda toda pro livrinho, né? Mas tamos aí de volta, com novo estoque de implicâncias, ressentimentos, senilidades, etc.

      3. Milton, agora num posso. Eu terminei de escrever, mas tô pra destacar um dia para uma revisão do texto final integral, pra corrigir uns 100 erros e deixar passar os 500 de sempre. Como tenho até o final do mês pra isso…

Deixe uma resposta