Dia das Mães e das Madrastas

Madrasta, na linguagem do preconceito, é uma mulher má. No dicionário, é como se chama o parentesco de uma mulher casada em relação aos filhos que o marido teve em um matrimônio anterior. Legalmente, é parente em 1º grau por afinidade, seja pela aparência social, seja pela convivência familiar duradoura. Os filhos do pai fazem parte da família da madrasta pelos parentescos socioafetivos e, hoje, tanto estes quanto os biológicos são reconhecidos. São conceitos diferentes, mas não se excluem, ainda mais aqui em casa.

Para os que se prendem a cânones arcaicos, a madrasta é uma figura que passa a existir apenas se a mãe biológica morre. Porém, no cotidiano, é quem conquista com paciência e afeto uma relação delicada, suporta as incompreensões, arca desapegadamente com responsabilidades sobre os enteados e ainda sente orgulho deles.

Creiam, os enteados podem gostar dela sem desgostar da mãe, não é uma competição.

É necessário aceitar que o mundo deu voltas e há novas acepções do conceito de família assim como novas formas de relações sociais. As pessoas se vinculam tanto pelo casamento quanto pela convivência, tanto pela filiação biológica quanto pela socioafetiva, e há que entender que o termo “família” não somente apresenta novas conceituações como são estruturas perfeitamente miscíveis no entendimento dos filhos, que ganham com isto.

Quando há insegurança emocional da mãe biológica, a madrasta deve suportar o desgaste e apoiar os enteados, às vezes repetidamente submetidos a lamúrias que transformam momentos de bom convívio num jogo de culpas desnecessário e destrutivo. E a madrasta, neste caso, faz o quê? Compensa tratando ainda melhor seus enteados e segue doando-se. Os enteados sabem.

A madrasta que mora conosco é assim e, por isso, seria uma violência esquecer dela no dia de hoje. Ela não precisa de um Dia da Madrasta, o das Mães lhe serve perfeitamente mesmo que ela não seja uma. Ou quem sabe é?

12 comments / Add your comment below

  1. É um papel difícil e nem todas estão à altura dele. Minha madrasta eu chamava de “péssimadrasta”. Ironicamente, meu pai queria que eu chamasse minha madrasta de mãe (minha mãe está viva até hoje); eu desconheço essa história de que “a madrasta é uma figura que passa a existir apenas se a mãe biológica morre”. Como diz aquele sábio ditado popular: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa!

  2. Eu também desconheço essa acepção, mas é comum em quem acredita no filme Cinderela, importante documento sócio-antropológico.

    É?

    Bj e o mesmo para as Kou, Melo e Delazari.

  3. Milton: obrigada por entender tão bem o que a nossa “espécie” realmente significa, obrigada pelo reconhecimento dos nossos esforços e sentimentos…

  4. Assisti o filme sobre a vida de Chico Xavier e tem justamente uma cena, muito interessante, que descreve essa relação. Ele ainda criança perde a mãe e vai morar com a madrinha que o trata muito mal chegando ao cúmulo de fincar o garfo em sua barriga, mas quando o pai se casa novamente e começa reunir os filhos (que são muitos) na despedida a madrinha diz a seguinte frase: ‘Você vai ver, madrinha é uma coisa, mas madrasta é outra muito diferente’. Só que ele é tratado pela madrasta com amor de mãe.
    Que sorte tem seus filhos de terem, além da mãe, uma mãedrasta 😀
    … um forte, mesmo que virtual, abraço para ela.

    1. Obrigado, Marília. A gente tem que forçar as instituições e as consciências de alguma forma. Escrevo muita bobagem, mas tento…

      Beijo.

  5. Depende muito da situação. Na minha, eu não concordo q minha filha trate a mulher do pai dela, meu ex, como mãe. Eu a criei sozinha dos 11 anos até se casar aos 27a…Fez Unicamp…Teve uma infãncia oprimida pelo pai, até q o pai nos deixou, casando se com outra muito jovem, da mesma idade de nossa filha, q apenas a conheceu e vizitou duas vezes. Agora, depois que minha filha se casou ele está se aproximando dela com a nova família e…ela está mudando de comportamento comigo. Estou tentando interpretar tais atitudes; fraquejo na minha formação de psicopedadoga e estou buscando ajuda a um analista psiquiatra. rsrsss é muito louco pra uma mãe q se anulou, q se esqueceu pela filha.

  6. Boa tarde a todos
    Eu estou com uma dúvida e gostava de saber se me podem ajudar?
    Eu separei-me do pai do meu filho há cerca de 2 anos, e ele rapidamente arranjou alguém para me substituir, o meu filho mora comigo e faz tudo comigo, vai de 15 em 15 dias a casa da avó que é onde o pai mora mais a actual mulher. O pai de vez em quando ajuda nas responsabilidades parentais. Já têm um filho em comum e o meu filho no outro dia disse-me que o pai dele lhe disse que mulher é a madrasta dele. Epá eu não concordo nada com isto pois eu estou viva e de boa saúde, inclusive sou eu que assumo tudo o que tem a ver com o meu filho, algu´m me pode ajudar a dismistificar esta situação? O meu filho só terá uma madrasta se eu morrer ou desaparecer, certo ?
    Obrigada

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