Porto Alegre Em Cena abre em clima de celebração

Publicado originalmente no Sul21.

Com um estupendo show do sérvio Goran Bregovic and His Wedding & Funeral Band foi iniciado ontem à noite o Porto Alegre Em Cena 2010, que vai até o dia 27 de setembro.

Filho de um croata e de uma sérvia, Bregovic é um bósnio de curiosa trajetória no mundo da música popular de seu país. Originariamente violinista, trocou o violino pela guitarra e, nos anos 70, influenciado pelo Led Zeppelin e Black Sabbath, participou de um grupo de rock do qual era a grande estrela. Depois, foi lentamente se aproximando da música dos Bálcãs, tornou-se um importante compositor para filmes – escreveu várias trilhas para Emir Kusturica – e hoje diz ser o maestro de um Frankenstein, fazendo uma mistura de música cigana e de tudo o que há nos Bálcãs.

Bregovic descreve sua obra atual como “feita nos Bálcãs, dirigida aos Bálcãs”. Conforme a célebre frase de Tolstói – “Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia” – , o maestro que era uma celebridade roqueira em seu país, só tornou-se universal ao focar sua obra em suas origens.

A formação da Wedding & Funeral Band diz muito sobre a sonoridade da música de Goran. São 18 músicos: Bregovic na guitarra, um cantor-baterista, um naipe de 5 metais (2 trompetes, 2 trompas e sax), um coral masculino de 5 vozes, duas extraordinárias cantoras búlgaras e mais um quarteto de cordas (2 violinos, viola e violoncelo). Só esta descrição já demonstra o gênero de Franskestein montado. O resultado é uma música exuberante, de ritmos empolgantes, dançantes e nada simples.

Misturando temas do CD Alkohol com anteriores – Karmen with a happy end, Underground, Tales & Songs from Weddings and Funerals, Queen Margot e da liturgia leiga My heart has become tolerant – , Bregovic dá uma ampla noção do caráter e da grandeza de suas composições. Aliás, o maestro costuma avançar lentamente em sua discografia apresentando, a cada CD, seis ou sete canções novas e outras tantas releituras de canções já apresentadas, sempre em versões inteiramente modificadas e às vezes radicalmente ampliadas. Foi o caso do show de ontem em que mesmo suas mais conhecidas melodias receberam nova roupagem.

A música de Bregovic pode ser quase erudita em alguns momentos, mas basicamente é feita para a dança e a bebida. Como ele mesmo diz, a música dos Bálcãs não nasceu para acompanhar a religião ou o trabalho em campos de algodão, mas para servir de acompanhamento à bebida e, como tal, é feliz, exagerada e louca. O tamanho do concerto também revela a imoderação balcânica: ontem, tivemos 2h50 de música sem intervalos. Como disse a atriz Mirna Spritzer à saída do Bourbon Country ontem à noite: “Depois disso, assistir o quê? Só não sei como eles aguentam tocar todo esse tempo…”.

Importante: apesar do anúncio de “lotado”, havia cortesias à venda por R$ 20,00 ontem, minutos antes do concerto. É de graça.

4 comments / Add your comment below

  1. Assisti ontem o show da big band do Goran no Porto Alegre em Cena, foi mt bom, alternando climas de pura festa com canções tristes de funeral. Baixei hj algumas coisas, mas as canções de cordas ainda não encontrei (imagino q sejam trilhas). utilizando sampler nas percussões deu um apelo pop dançante ao extremo, o povo comportado e sisudo gaúcho não suportou, e se pôs a bailar meio de qualquer jeito e desengonçado.
    Tem gente q só reclama, todos nós ficamos 4/5 horas na fila, e pagamos apenas R$ 10,00, e nos divertimos a beça por 2h30min…valeu muito a pena!
    Mas para alguns é mais fácil “viajar ao exterior para assistir show”, bem deve ser um tocador de fanfarras…quanta fanfarronices…da cidade de Guca onde foi gravado Sljivovica. Aguardo a gravação de Champagne, já coloquei o balde de gelo no bar.
    Parabéns pelo blog.

  2. QUE BOM QUE O PORTO ALEGRE EM CENA VOLTOU. Adooooooro. Assisti hoje o show do Goran Bregovic e nunca, nunca, nunca vi nada igual e acho que dificilmente verei. M a r a v i l h o s o!!!!

  3. o dante não deveria ter feito eu ler esse post. desde a tarde do domingo em q todos os ingressos “foram vendidos” mais rapidamente do q obviamente eles de fato foram vendidos, catei formas de comprar os ingressos. cogitei ir lá no dia, mas no fim não pude. jamais me perdoarei, sou fã desse cara. q merda. q merda.

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