A incrível história da livraria que sobreviveu à pandemia e se mudou para uma igreja

A incrível história da livraria que sobreviveu à pandemia e se mudou para uma igreja

Por Marco Weissheimer no Sul21

Livraria Bamboletras se mudou para o prédio de uma antiga igreja localizada no bairro Cidade Baixa. Foto; Luiza Castro/Sul21

Uma das mais tradicionais livrarias de Porto Alegre, a Bamboletras estava há 26 anos instalada no Nova Olaria, um também tradicional centro comercial e espaço cultural da Cidade Baixa. Os últimos dois anos e meio foram de fortes emoções, imprevistos e muita tensão para o livreiro Milton Ribeiro e para todo o grupo de funcionários da livraria. No dia 19 de março, a Bamboletras foi obrigada a fechar as portas para o atendimento ao público, com o início do processo de isolamento social causado pela pandemia da Covid-19. O distanciamento mudou totalmente a forma de operação da Bamboletras, uma livraria que, até então, atendia o público diretamente na sua sede no Nova Olaria, e teve que passar a trabalhar via telefone, tele-entrega, whatsapp e outros dispositivos virtuais.

Assim como aconteceu com a maioria das livrarias e outros estabelecimentos comerciais, a Bamboletras ficou bastante combalida financeiramente em 2020. “Em 2021, a gente estava começando finalmente a respirar quando recebemos a notícia de que o Nova Olaria seria derrubado para a construção de um novo edifício. Foi uma dura notícia para nós. Depois de passar um ano dificílimo, ficamos sabendo que teríamos que sair do Novo Olaria”. Após a frustração inicial com a notícia, Milton Ribeiro e sua equipe começaram a busca de uma nova sede para a livraria. Bernardo, filho de Milton, descobriu, próximo à rua Lima e Silva, onde estava localizado o centro comercial que está sendo demolido, o prédio de uma pequena igreja que estava para alugar.

Milton Ribeiro: “Ainda fico meio surpreso. Sou o proprietário de uma livraria dentro de uma igreja”. Foto: Luiza Castro/Sul21

O prédio, localizado na rua Venâncio Aires, nº 113, pertence à Igreja Nova Apostólica, uma igreja protestante restauracionista surgida na Alemanha em 1863, que se baseia na Bíblia conforme a interpretação dos apóstolos e chegou ao Brasil em 1928, com uma missão numa comunidade alemã que vivia no bairro de Santana, em São Paulo.

Em um primeiro momento, Milton admite que achou a ideia muito estranha. “Uma igreja?” – questionou. “É uma ideia meio europeia. Na Alemanha e na Holanda, é comum prédios de igrejas se tornarem outra coisa, principalmente livrarias. Me deu um frio na barriga, fiquei pensando que poderia ser um lance muito ousado”, conta. Mas a ideia ousada e inusitada acabou virando realidade e, a considerar os primeiros dias de atividade na nova casa, está dando certo. “Estamos aqui há quatro dias (a conversa com o Sul21 ocorreu na quarta-feira, 20 de julho) e as pessoas estão gostando muito e recebendo super bem a novidade”.

Ele destaca ainda que foi muito bem tratado pelos donos do prédio, que gostaram da ideia de que o espaço que abrigava a Igreja Nova Apostólica passasse a ser ocupado por uma livraria. “Não me pediram carteirinha de crente nem nada do tipo, a gente se respeitou bastante e a ideia foi acolhida por eles”. Por enquanto, a Bamboletras ocupa a sala central do andar de baixo, mas há outros espaços no andar de cima, onde morava o padre, um longo corredor lateral e um pátio arborizado nos fundos. Milton planeja utilizar esse pátio para realizar lançamentos de livros e outros eventos, principalmente durante o verão. Além disso, conta ainda, muitos clientes estão pedindo, “com uma certa insistência e veemência”, que a livraria abrigue um café também. “Tem que ter o cheiro do café aqui dentro”, rogou uma cliente. A equipe da Bamboletras está pensando no assunto. “Vamos ver se a gente consegue implantar essa ideia nós mesmos ou em parceria com alguém”, diz Milton.

Livros passaram a conviver com belos vitrais coloridos. Foto: Luiza Castro/Sul21

O livreiro ainda está assimilando todo o simbolismo envolvido na mudança de sede da livraria para uma igreja, no momento em que o país vai saindo do isolamento social provocado pela pandemia e sofre um processo de desmonte de políticas e espaços públicos também na área cultural. “Estou pensando em escrever uma série de textos sobre todo esse processo, justamente para refletir a respeito disso. Foi uma coisa muito súbita e rápida. Quando começaram as obras no Nova Olaria, eles colocaram, sem anunciar para a gente, um tapume preto em frente ao prédio. Com isso, as pessoas deixaram de entrar, porque achavam que não tinha mais nada lá dentro.

Houve muitos sustos e algum desespero inclusive.  Não tivemos muito tempo para refletir sobre tudo isso que aconteceu. É óbvio que, para mim, é uma situação muito irônica, eu,  uma pessoa que sempre se declarou ateia e sempre reclamou muito da mistura entre política e religião. Ainda fico meio surpreso. De vez em quando eu olho para a nova sede da livraria e penso ‘meu deus, estou trabalhando numa igreja’. Mais ainda, sou o proprietário de uma livraria dentro de uma igreja”.

O movimento, nos primeiros dias de funcionamento da Bamboletras em sua nova casa, está muito bom e deixa Milton Ribeiro animado com o futuro. “As pessoas estão gostando muito da novidade. No Nova Olaria, as lojas foram paulatinamente fechando. Durante a pandemia, praticamente todas saíram, especialmente os bares. A gente não sabia o quanto aquilo impactava a livraria. Foi se criando uma atmosfera meio deprimente. Um ambiente que era culturalmente ativo e brilhante, passou a ficar esvaziado e abandonado. Olhando hoje, vejo que esse processo nos prejudicou demais. A gente devia ter saído antes de lá”.

A mudança de astral fica evidente para quem entra na livraria. A equipe toda com o ânimo renovado e as pessoas, antigos e novos clientes, que entram curiosos para conhecer a novidade. O livreiro e agora também “pastor” Milton Ribeiro parece já estar preparado também para conviver com os inevitáveis trocadillhos que acompanharão o novo espaço, transformado em templo dos livros, capela da leitura e santuário da cultura em uma Porto Alegre tão castigada nos últimos anos.

Confira mais imagens da igreja que virou livraria

Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21

Foram 8 anos no Sul21

Foram 8 anos no Sul21

A foto abaixo foi tirada na redação do Sul21 no dia 9 de março deste ano. No Facebook, até porque eu não disse nada, o pessoal pensou que era apenas mais uma sexta-feira feliz de uma turma meio festeira. Mas não, era minha saída do jornal. Por isso, estou bem no centro da foto. Era uma retirada voluntária e planejada, sem grandes traumas. É claro que paguei chopes pra galera, deixando todo mundo feliz, ora bolas, inclusive eu.

O dia da despedida na redação do Sul21
O dia da despedida na redação do Sul21 | Foto: Guilherme Santos, com o próprio, Luiza, Matheus, Annie, Luís Eduardo, Milton, Marco, Joana, Fernanda, Giovana e Ana.

Permaneci quase oito anos no Sul21. O jornal começou a publicar diariamente em maio de 2010 e fui efetivado em junho. Foi um período estável trabalhado entre pessoas honestas — a começar pela diretoria da empresa — e de bom nível. Aprendi muito e com muita gente.

Quando entrei, a sede do jornal era numa velha e charmosa casa da Rua Fernando Machado na encosta do morro perto do Alto da Bronze. A casa era pra lá de estranha, tinha uns cinco andares. Na verdade, cada um deles abrigava apenas uma sala ou banheiro. Eram escadas e mais escadas. Tenho lembranças muito boas de lá. Foi um período de enorme crescimento do jornal. Começou ainda na gestão da Núbia Silveira como editora e depois explodiu com o Daniel Cassol, certamente a mais criativa das pessoas com as quais trabalhei no Sul21. O Cassol dava um jeito de tornar interessante a mais chata das audiências públicas. Se houvesse mais gente como ele, as publicações de esquerda seriam bem mais confiáveis e lidas do que são.

Ainda no tempo do Cassol, mudamos para a atual sede da Gen. Câmara, muito mais funcional e próxima de bares, restaurantes e das sedes do governo e assembleia.

Não pretendo escrever aqui a história do jornal, apenas fazer um agradecimento geral, publicar as fotos que tenho e seguir a vida. Trabalhei como editor-assistente, repórter e me metia onde achava necessário dar uma ajuda. Em minha fase final, tornei-me editor do Guia21. Até hoje me pedem para criar um Guia do Ócio no meu blog, mas vai ser complicado. Não tenho muito tempo e teria que voltar aos cinemas.

Dia desses, numa manhã em que acordei cedo, fiquei olhando para o teto, fazendo uma lista de todas as pessoas com as quais trabalhei no jornal. São jornalistas, colunistas e blogueiros que tiveram repetidas participações e que, portanto, fizeram o Sul21. Peço antecipadamente perdão a quem esqueci. Gosto de todo mundo e muitos deles já me deram o prazer da presença aqui na Bamboletras. Vamos à lista e depois às fotos?

Adroaldo Mesquita da Costa
Ana Ávila
André Carvalho
Annie Carolline Castro
Antônio Escosteguy Castro
Augusto Maurer
Astrid Müller
Bárbara Arena
Benedito Tadeu César
Bernardo Jardim Ribeiro
Bruno Alencastro
Caio Venâncio
Carlos Latuff
Carmen Crochemore
Caroline Ferraz
Céli Pinto
Cristiano Goulart
Cristóvão Crochemore Restrepo
Daniel Cassol
Daniela Sallet
Daniele Brito
Débora Fogliatto
Eduardo Silveira de Menezes
Enéas de Souza
Ernani Ssó
Felipe Nino Prestes
Fernanda Canofre
Fernanda Melchionna
Fernanda Melo
Fernanda Morena
Filipe Castilhos
Flávio Fligenspan
Francisco Marshall
Gabriela Silva
Gilmar Eitelwein
Giovana Fleck
Gregório Lopes Mascarenhas
Guilherme Escouto
Guilherme Santos
Igor Natusch
Israel Cefrin
Iuri Müller
Jaqueline Silveira
Joana Gutterres Berwanger
Jorge Buchabqui
Jorge Seadi
Julia Landim Lang
Lélia Almeida
Lorena Paim
Lucas Cavalheiro
Lucia Serrano Pereira
Luís Augusto Farinatti
Luís Eduardo Gomes
Luiz Antônio Timm Grassi
Luiza Bulhões Olmedo
Luiza Frasson
Maia Rubim
Manuela d`Ávila
Marcelo Delacroix
Marco Weissheimer
Mariana Duarte
Marino Boeira
Matheus Leal
Milena Giacomini
Mogli Veiga
Musta Juli
Natália Otto
Nícolas Pasinato
Nikelen Witter
Nelson Rego
Núbia Silveira
Paulo Timm
Pedro Nunes
Pedro Palaoro
Rachel Duarte
Ramiro Furquim
Raul Ellwanger
Roberta Fofonka
Robson Pereira
Ronald Augusto
Rui Felten
Samir Oliveira
Sergio Araujo
Tiago Prosperi
Tyaraju Terra
Vicente Nogueira
Vivian Virissimo
Vlad Schilling
Yara Pereira
Zeca Azevedo

O time crescendo ainda na sede da Rua Fernando Machado
O time crescendo ainda na sede da Rua Fernando Machado | Ramiro, Vlad, Rachel, Seadi, Vivian, Igor, Guilherme Escouto, Prestes e Milton.
Já em nosso escritório extra oficial: o Bar Tuim.
Já em nosso escritório extra oficial: o Bar Tuim. | Samir, Prestes, Rachel, Pedro, Milton, Vivian e Igor.
No restaurante do SindiBancários, comemorando o primeiro mês em que alcançamos 1 milhão de acessos.
No restaurante do SindiBancários, comemorando o primeiro mês em que alcançamos 1 milhão de acessos. | Carmen, Milton, Débora, Igor, Samir, Nícolas, Iuri, Guilherme Escouto e Rachel
Parte do time num encontro no Café Macuco da Jerônimo Coelho.
Parte do time num encontro no Café Macuco da Jerônimo Coelho. | Igor, Milton, Iuri, Bernardo, Fofonka e Débora.
Aniversário do Igor. Nossa chefe tinha viajado e deixado alguma grana pra nós. Sobrou. No último dia...
Aniversário do Igor. Nossa chefe tinha viajado e deixado alguma grana pra nós. Sobrou. No último dia… | Samir, Igor, Débora, Iuri, Nícolas, Milton, Guilherme Escouto e Bernardo.
No elevador voltando para o trabalho após o almoço.
No elevador voltando para o trabalho após o almoço. | Bernardo, Milton, Samir, Débora, Fofonka e Nícolas.
Apesar dos sorrisos, um dia não muito feliz: o da saída do Ramiro Furquim.
Apesar dos sorrisos, um dia não muito feliz: o da saída do Ramiro Furquim. | Caio, Débora, Samir, Yara, Guilherme Escouto, Ramiro, Carmen, Mariana, Milton, Fofonka, Bernardo e Jaqueline.
No primeiro Gre-Nal com torcida mista.
No primeiro Gre-Nal com torcida mista em encontro não combinado. | Latuff, Milton, Igor, Caio e Filipe.
Mil almoços no Tuim.
Mil almoços no Tuim. | Milena, Milton e Luís Eduardo.
Mil e um almoços no Tuim.
Mil e um almoços no Tuim. | Milena, Gregório, Milton e Joana.

Porque hoje é sábado, Karolina Szymczak

Porque hoje é sábado, Karolina Szymczak

É engraçado como esta simpática coluna sabatina, também conhecida como PHES,

atrai as mulheres, hetero, homo, bi, etc.

Uma amiga de uma amiga, recente amiga minha — entenderam? — veio ao Sul21,

durante esta semana, e reclamou que o PHES estava muito contido ultimamente.

Desta forma, a partir desta edição, empreenderei um (falso) esforço de alongamento,

procurando ir no sentido contrário a um comportamento contido
(altamente proibido pelos norte-americanos que dominam a rede).

Em exaustivo trabalho de pesquisa, encontrei esta mulher incrível

nascida na Polônia.

Karolina Szymczak tem tantos encantos que não saberia dizê-los

da mesma forma que não consigo pronunciar seu nome.

Szymczak deve iniciar por Chem…, assim como Szymborska.

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Tietagem na festa de 5 anos do Sul21

Tietagem na festa de 5 anos do Sul21

Depois, talvez, eu consiga mais fotos da festa de 5 anos do Sul21. Por enquanto, fiquem com esta reportagem fotográfica de Elena Romanov. Nela, o tietado chargista Carlos Latuff faz um retrato do garçom Maycon, do NB Steak, a pedido do último. A fotógrafa teve rara intuição jornalística ao documentar o quase silencioso encontro.

Foto: Elena Romanov
Foto: Elena Romanov
Foto: Elena Romanov
Foto: Elena Romanov
Foto: Elena Romanov
Foto: Elena Romanov
Foto: Elena Romanov
Foto: Elena Romanov

Pessoal, eis o cartaz de meu novo filme, “Não fechem minhas abas!”.

Pessoal, eis o cartaz de meu novo filme, “Não fechem minhas abas!”.

A obra é do amigaço Carlos Latuff, como não seria? Obrigado.

Milton Ribeiro era um homem pacato, até que...
Milton Ribeiro era um homem pacato, até que…

Latuff invade minha mesa de trabalho

Latuff invade minha mesa de trabalho

Eu gosto de manter as 12 abas de meu Google Chrome organizadinhas… Elas sempre estão na ordem que segue: as 4 primeiras são as do Sul21 (post que está sendo trabalhado, capa, geração da capa, Sul21), depois vêm as dos blogs Milton Ribeiro e PQP Bach, PqpShare, Gmail, Feedly, Facebook, Gmail do PQP Bach e Google Calendar. Posso trabalhar com mais, mas estas 12 primeiras são fixas.

Só que frequentemente aparecia um xarope que, depois de meu horário de saída, esculhambava esta ordem de comprovada eficácia, apagando parte das abas ou todas. Então, coloquei um post-it no meu monitor ameaçando os invasores. Ele dizia: EU MATO QUEM APAGAR (EXCLUIR) AS ABAS DO GOOGLE CHROME!

Ontem, na minha ausência, meu pequeno post-it ganhou um desenho do Latuff. Ficou sensacional.

Abas de Milton Ribeiro

Quase nada sobre rolezinhos, prefeitura, futebol, Abbado, etc.

Quase nada sobre rolezinhos, prefeitura, futebol, Abbado, etc.

Pouco tenho escrito para o blog. Gosto de postar ao menos um textinho por dia, mas por esses dias está difícil. Há muito, mas muito trabalho a fazer no Sul21 e minha impressão, há muito tempo, é a de estar sempre aquém, em falta. Por exemplo, gostaria de meter cuidadosamente meu bedelho na questão do preconceito (ou ódio) de classe envolvido na discussão a respeito dos rolezinhos — tão parente que é da rejeição sem argumentos à Lula, do nojo às classes ascendentes e aos médicos cubanos. (Uma coisa: os rolezinhos já não eram rotineiros e “tolerados” no Shopping Praia de Belas em Porto Alegre?).

Também acho que deveria fazer comentários acerca do rosário de erros e suspeitas sobre a prefeitura de Porto Alegre. Nosso prefeito, o qual, após um período muito notório, agora trata de fingir-se de Fogaça, ou seja, esconde-se para que ninguém fale dele, usando a lógica do juiz de futebol: se ninguém fala do árbitro é porque vai bem. Mas o aumento das passagens está aí, prefeito. Com ou sem calor, vamos ter dias duros pela frente.

Ah, meu outro blog vai igualmente se arrastando. E ontem — e o fato tem tudo a ver com aquele blog — perdemos o grande Claudio Abbado de tantas gravações de invulgar qualidade, inclusive aquela que foi a última obra que meu pai ouviu e que não está comigo por motivos nada claros.

E o futebol? Também acharia interessante fazer uma pergunta que não é feita: por que ninguém parece desconfiar daquele cidadão da Portuguesa — quem será? — que avalizou aquela substituição faltando dez minutos para acabar o campeonato? Parece que a Lusa é apenas vítima quando foi agente de um ato pra lá de suspeito… Coitadinha, né? Para mim é óbvio que tinha inimigo na trincheira.

Ainda no futebol, relaxei a pressão sobre nosso meigo presidente Luigi. Digo isso com alguma arrogância porque sei quem me lê lá dentro do Internacional. Entendo que ele queira reduzir os custos inchados por suas próprias contratações infelizes, mas por favor, mantenha um time para entregar o clube na primeira divisão em 2015, certo? Em 2012, Luigi teve receitas extras, gastou horrores e não obteve nada com elas dentro de campo. Talvez seja bom deixá-lo sem grana. Ao menos ele não aumenta as dívidas…

O problema, repito, é que há muita coisa para fazer no Sul21 e a correria só vai parar no dia 13 de fevereiro, quando devo entrar em férias, espero. Nunca fui desses caras que dizem que precisam de uns dias para se recuperarem, sempre gostei de trabalhar e é difícil me ouvir reclamar, mas 2013 foi um exagero de emoções e desta vez sou obrigado a dizer que já estou batendo biela, precisando de manutenção. Foi um ano vasto e complicado que acabou perfeito do ponto de vista sentimental, mas talvez despojado demais sob alguns outros pontos.

Nossa! São 8h27, já publiquei algumas colunas, mas já estou atrasado nas coisas daqui. Fui!

Foto: Robson Ventura / Folhapress
Foto: Robson Ventura / Folhapress

Professor Hariovaldo e o Congresso Humanista Secular do Brasil

Lendo o meu Google Reader, sempre reservo um tempinho para ler sobre a verdade mais profunda, sobre aquilo que se esconde sob os fatos, algo apenas possível no blog do Professor Hariovaldo. Já estive a ponto de colocá-lo várias vezes no blogroll do Sul21, mas sempre cedi ao receio de que seu tipo de humor seja levado a sério.  Há leitores realmente apressados. Obviamente, o problema não é o sábio professor e seus asseclas; obviamente, o problema é que nossa direita é tão, mas tão involuntariamente engraçada, que a crônica habitual nos grandes jornais guarda muitos pontos de contato com o ínclito Hariovaldo, sempre cioso em seu combate ao comunismo ateu e na defesa da família cristã.

Hariovaldo deixou seu blog sem atualização por quase dois meses, fato que me preocupou muito. Foram dois meses em que permaneci sem rumo nas mãos da Búlgara Escarlate e daquele maldito Retirante, mas agora o blog voltou e pude interpretar melhor  o dia de ontem no Senado — um dia verdadeiramente negro.

Por falar em comunistas que combatem a verdade, não sei como anda a organização I Congresso Humanista Secular do Brasil. Eu não sou sócio da Liga Humanista Secular do Brasil (LiHS) e sim da Atea. Não devem ser entidades inimigas. Da programação do evento, o que me pareceu mais interessante é o sábado à noite, a tal Taverna Cética em Porto Alegre. O resto do pessoal já é bem conhecido do Bule Voador e de outras plagas. Não se o Sul21 (internamente conhecido como um site “revanchista, ateu e que anda de bicicleta”) vai querer cobrir o Congresso, mas já imagino quem seria escalado… Afinal, fui o autor da frase messiânica de que a religião é inextirpável, mas que a conquista mais importante do século XXI será o estado laico e o recuo das religiões a uma posição de opção pessoal. Não gostaria de criticar o evento, mas acho que está sobrando ciência e faltando gays no Congresso. Por serem grandemente agredidos pelas religiões, são eles que estão na ponta-de-lança do ateísmo, obtendo a retirada de símbolos religiosos do Judiciário e atacando as religiões em seus eventos. Há que unir.

Há a Dra. Maria Berenice Dias, mas alguém como Naiara Malavolta, articuladíssima articuladora estadual (RS) da Liga Brasileira de Lésbicas, deveria estar no evento, não? Ou há outro alguém que vai tocar no assunto?

Bem, são ideias que jogo aí.

Mudança

O estranho em tudo isso é que nunca dei muita importância à localização de meu trabalho, sempre pegava minhas coisas, ia e fim. Mas agora é impossível ignorar. O Sul21 mudou-se para a Rua da Ladeira, também conhecida por seu nome oficial, Rua Gen. Câmara. Ficamos entre a Rua da Praia, de nome oficial Rua dos Andradas, e a Riachuelo.

Neste trajeto em subida, encontramos muitas atrações:

1. À direita, o Bar e Choperia Tuim (desde 1941).

2. Depois, ainda à direita, o sebo Ladeira Livros.

3. Atravessando a rua, o sebo Nova Roma.

4. Voltando ao lado direito da rua, um pequeno restaurante chamado Gramado Gold. Serve almoço ao custo de R$ 8,90 e, ao menos ontem, um café espresso aguado. Vão melhorar, espero.

5. No mesmo lado, o sebo Beco dos Livros.

6. Bem na frente, do outro lado da rua, claro, o prédio do Sul21.

7. Adiante, ao lado, o Cine Bancários.

8. Ainda à esquerda, o sebo Dante, que ou está em reformas ou está fechando.

9. Voltando ao lado direito, O sebo Estação Cultura e,

10. do outro lado, a Biblioteca Pública do Estado.

Nada a reclamar.

Porque hoje é sábado, algumas mulheres da esquerda gaúcha

Meus queridos sete leitores! Caríssimos! Como militante desde o final dos anos 70, posso asseverar que uma das maiores mentiras da humanidade é dizer que as mulheres da esquerda são todas inequívocos jaburus.

A atual geração de petistas, comunistas e psolentas vêm confirmar décadas de…

… observações realizadas com extrema pertinácia pelo autor deste blog.

Nossas mulheres não são apenas as mais lidas e inteligentes, são também as…

… mais belas. Até quem faz as coberturas é interessante! Vejam abaixo:

Larissa Riquelme é apenas um rascunho da Rachel Duarte do Sul21.

E como são expressivas! O sorriso irônico de Manuela… Não parece a vocês…

… que me avisa para eu me cuidar a fim de não ser processado novamente?

Há um gênero de homens — limitados, limitados — que faz confusão entre as…

… interessantes e as chatas. Eu não. As de forte personalidade; as que pensam, decidem e falam, …

… as que passam longe da mera peruagem; mantêm mais viva a magia feminina.

As homenageadas de hoje: Vereadora Sofia Cavedon – PT/RS;

Deputada Manuela D`Ávila – PC do B/RS;

Vereadora Mariana Carlos – PT/RS – Cachoeira do Sul;

Vereadora Fernanda Melchionna – PSOL/RS – Porto Alegre;

Jornalista Rachel Duarte – Sul21.

~o~

Observação final e lamentável: a direita trata assim as mulheres, tsc, tsc, tsc.

~o~

Créditos: a primeira foto de Sofia Cavedon, assim como as três de Rachel Duarte são do Ramiro Furquim/Sul21. As outras, sabe-lá.

Uma visita

Estava em meu trabalho de editar matérias e escolher posts quando me avisam:

— Índio Vargas está na recepção.

Índio Brum Vargas, escritor, advogado e ex-militante da luta armada, havia chegado para uma entrevista. O único detalhe é que chegara nove horas antes. Desci para falar com homem. Um pouco mais baixo do que eu, de fala tranquila e enorme sorriso, aquele senhor estava achando muito estranha uma entrevista às 19h. Expliquei para ele que nossa ideia era a de uma longa conversa regada a vinho e salgadinhos, que haveria uns três ou quatro, talvez cinco, jornalistas, e que desejávamos saber tudo.

— Tudo?

— Sim, tudo. Nossa intenção é arrancar tudo — , respondi, apesar de ele não estar com cara de quem tivesse intenção de esconder alguma coisa.

Revelei que viria um jornalista de São Sepé — Ah, dos Cassol de lá? Boa gente! — , que o Prestes tinha lido seu livro Guerra é guerra, dizia o torturador como preparação e que a Nubia não apenas lera seus livros como nos informara que havia um inteiro na internet. Ele simplesmente adorou. Disse-me que seu artigo publicado no Sul21 tivera grande repercussão e que ele deveria ter cuidado mais o texto. Fomos até a porta, combinamos o combinado e então veio a surpresa.

Índio Vargas, feliz da vida, atravessou a calçada de um salto e correu pela rua como se não fosse um septuagenário, mas o guri de São Sepé. Saí porta afora para ver bem visto aquilo. Ele corria mesmo e, olha, o calor era sufocante.

Porto Alegre Em Cena abre em clima de celebração

Publicado originalmente no Sul21.

Com um estupendo show do sérvio Goran Bregovic and His Wedding & Funeral Band foi iniciado ontem à noite o Porto Alegre Em Cena 2010, que vai até o dia 27 de setembro.

Filho de um croata e de uma sérvia, Bregovic é um bósnio de curiosa trajetória no mundo da música popular de seu país. Originariamente violinista, trocou o violino pela guitarra e, nos anos 70, influenciado pelo Led Zeppelin e Black Sabbath, participou de um grupo de rock do qual era a grande estrela. Depois, foi lentamente se aproximando da música dos Bálcãs, tornou-se um importante compositor para filmes – escreveu várias trilhas para Emir Kusturica – e hoje diz ser o maestro de um Frankenstein, fazendo uma mistura de música cigana e de tudo o que há nos Bálcãs.

Bregovic descreve sua obra atual como “feita nos Bálcãs, dirigida aos Bálcãs”. Conforme a célebre frase de Tolstói – “Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia” – , o maestro que era uma celebridade roqueira em seu país, só tornou-se universal ao focar sua obra em suas origens.

A formação da Wedding & Funeral Band diz muito sobre a sonoridade da música de Goran. São 18 músicos: Bregovic na guitarra, um cantor-baterista, um naipe de 5 metais (2 trompetes, 2 trompas e sax), um coral masculino de 5 vozes, duas extraordinárias cantoras búlgaras e mais um quarteto de cordas (2 violinos, viola e violoncelo). Só esta descrição já demonstra o gênero de Franskestein montado. O resultado é uma música exuberante, de ritmos empolgantes, dançantes e nada simples.

Misturando temas do CD Alkohol com anteriores – Karmen with a happy end, Underground, Tales & Songs from Weddings and Funerals, Queen Margot e da liturgia leiga My heart has become tolerant – , Bregovic dá uma ampla noção do caráter e da grandeza de suas composições. Aliás, o maestro costuma avançar lentamente em sua discografia apresentando, a cada CD, seis ou sete canções novas e outras tantas releituras de canções já apresentadas, sempre em versões inteiramente modificadas e às vezes radicalmente ampliadas. Foi o caso do show de ontem em que mesmo suas mais conhecidas melodias receberam nova roupagem.

A música de Bregovic pode ser quase erudita em alguns momentos, mas basicamente é feita para a dança e a bebida. Como ele mesmo diz, a música dos Bálcãs não nasceu para acompanhar a religião ou o trabalho em campos de algodão, mas para servir de acompanhamento à bebida e, como tal, é feliz, exagerada e louca. O tamanho do concerto também revela a imoderação balcânica: ontem, tivemos 2h50 de música sem intervalos. Como disse a atriz Mirna Spritzer à saída do Bourbon Country ontem à noite: “Depois disso, assistir o quê? Só não sei como eles aguentam tocar todo esse tempo…”.

Importante: apesar do anúncio de “lotado”, havia cortesias à venda por R$ 20,00 ontem, minutos antes do concerto. É de graça.

Declaro o futebol expulso deste blog

Enquanto ouço o hino do Chile, acompanhado do choro das vuvuzelas, cumpro o dever de avisar a meus sete leitores sobre a expulsão do futebol neste espaço. Todas as crônicas e pitacos sobre o esporte bretão sairão agora no Sul 21. Inicialmente, estarei incluído no time de colunistas do Direto da Redação, depois haverá um link separado para o futebol.

Lá, minhas crônicas serão diárias, acompanhando a movimentação — principalmente a regional — da coisa mais importante dentre as desimportantes. Portanto, não se trata de uma morte nem do fato de eu estar traumatizado por alguma atuação dos times que desejo ver vencedores, é apenas uma mudança. O que aparecia às vezes por aqui, passará a aparecer lá de forma sistemática.

Cumpra-se.

Porque hoje é feriado, Marilyn esteve aqui

Estava procurando os sites e as comunidades dedicadas a mim, mas não gostei muito do que encontrei. São mais coisas de fãs da sex-symbol. E, quando saem disto, falam em minha morte por overdose sem qualquer interesse por minhas razões. Virei uma heroína trágica destituída de conteúdo.

Recebo melhor tratamento nos livros. Então fui ler o que diziam meus atuais fãs nos blogs. Fiquei horas lendo. Há vida nos tais “diarinhos virtuais”! Li tanto que meus olhos ardem. Com toda esta luz, está difícil de abri-los. Mas que gostoso está aqui fora!

Fico até feliz, porém não sei o que faço no blog deste Milton Ribeiro, um cara todo metido a intelectual…

Ah, já sei. Ele deve ter gostado de Os Desajustados, aquele filme fantástico do John Huston com roteiro do meu maridão Arthur Miller. The Misfits é meu melhor trabalho, apesar de meus admiradores preferirem outros.

Poucos veem este filme. Não se interessam por aquela mulher frágil e desamparada, apaixonada por um Clark Gable em ruínas. Ali, eu já abusava do álcool e dos tranquilizantes.

Um belo e melancólico filme. Que saudades. Junto com “Quanto Mais Quente Melhor”, é o que ficará.

Não gosto de posts longos. Então, paro aqui deixando um beijão para todos vocês.

Ah, eu sabia que o tal Milton colocaria uma foto um pouco mais caliente e fora do contexto. Esses intelectuais são todos uns tarados. Porém, se a Claudia deixasse, até o convidaria para sair no feriado. Essa coisa de eternidade é tão chata…

Ah, Sul21 de novo? O que será?