Pô, Marina, desculpa, mas não sou teu Amor

Ontem à tarde. Toca meu telefone celular. Número desconhecido. Atendo.

— Amor, é a Marina. Me liga.

Ela não dá tempo para eu responder. Não ligo de volta, é claro. Afinal, até onde sei, não conheço nenhuma Marina para chamar de minha, também não lembro de alguém que me chame de Amor. Acho de mau gosto esses substitutos do nome da pessoa.

Passa uns 10 minutos. Ela liga novamente.

— Eduardo, por que tu não me ligaste?

— Ora, Marina, não te liguei porque sou o Milton, não o Eduardo.

— Para de brincadeira, cara, tô reconhecendo tua voz. Tu é o Eduardo.

— Não, não sou, sou o Milton.

Naquele momento, já me perturbava o ambiente do Sul21. Todos propondo que eu admitisse ser o Edu e que marcasse um encontro com a moça. Tinha gente já se propondo a ir.

— Amor, não faz isso comigo. Isso é baixaria. Olha que eu te procurar onde tu estás.

— Pode vir, Marina. Tu não sabes onde eu, o Milton, trabalha. Venha AGORA.

— Que brincadeira de mau gosto, cara, tchau.

Passam mais uns 10 minutos e estou num daqueles curtos interregnos que fazemos no trabalho para tomar um café, conversar ou ir ao banheiro. No caso eu estava cagando. Nova ligação, mas agora de um fixo. Atendo e já logo dizendo

— Milton Ribeiro.

Voz compreensiva, carinhosa, carente.

— Amor, Edu, por que tu estás fazendo isso comigo?

(Começo a rir).

Voz subitamente possessa.

— Olha, eu não vou mais ligar, tá? Essa é a última vez. Não vou mais te procurar.

E desliga.

Ô, Edu, Amor, seu filha-da-puta olho-do-cu, tu é um puto de dar o meu número pra Marina, hein? Por que não escolheste outro pra fugir dela, caralho?

12 comments / Add your comment below

  1. Ah, Edu, já estou perdendo a paciência contigo! Brincadeira tem limite, e essa já passou da conta. Me liga agora seu canalha. Abrir um blog com outro nome só pra me tirar do sério!

    Tô puta da vida, mas…amor, para com isso.

  2. Milton, isso deve ser uma pegadinha ou golpe. Alguns meses atrás também recebi várias ligações de um celular que dizia coisas como:

    – Porque tu estás fazendo isso comigo ?
    – Tô te esperando, vêm logo.

    E por aí vai. Foi difícil explicar em casa … No final eu comecei a desconfiar que era algum tipo de golpe, só não sei do quê 🙂

  3. Pô, Edu, para de sacanear a Marina; para de fazer de conta que você é o Milton!
    Sacanagem. Até o seu blog você está assinando com esse nome!

  4. Nada a ver, mas tudo a ver: você viu um curta em que um cara liga para a central do Cartão de Crédito para cancelar o vínculo? Atende uma mulher que supostamente o confunde com um cara que a usou, deixou e terminou por obrigá-la a um aborto, sem dar qualquer tipo de assist~encia e coisa e tal. No final, é claro, o cara desliga e desiste de cancelar o cartão. No final, várias atendentes da Central atendem o telefone e aplicam o mesmo golpe em outros caras: “Ah, Fulaninho, não se lembra mais de mim? Tá, tudo bem, vamos cancelar o cartão, mas antes vamos conversar…”, etc. Hilário. O mais engraçado é que se queremos cancelar algum cartão o procedimento tantas vezes nos obriga a desistir – será que ainda chegarão ao tal método de disuassão?

  5. Muito bom!

    Comigo aconteceu algo parecido, quando eu estava na faculdade. Passaram um ano ligando pra minha casa. Procuravam pelo meu nome, mas minha mãe estranhava que as meninas a chamavam de Tia. “Tia, diz pra ela ligar de volta”, “tia, diz que a gente vai no show”, “ela já está dormindo, tia?” (eu, quando solteira, dormia às 21h de vez em quando). Até que um dia eu finalmente estava em casa. Pediram pra falar comigo, eu disse que eu era eu, elas disseram que eu não era eu, eu avisei que elas estavam ligando errado faz tempo. Desligaram na minha cara pra ligar logo em seguida, chorando de rir e querendo comprovar a história.

  6. Milton,
    não venha com histórias;
    És o Jekill e o Eduardo o Hyde, ou vice-versa?
    Sabias que a esquizofrênia é uma derivação do daltonismo?
    Branco

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