José Ivo Sartori, o homem da mudança

Sartori: problema com as roupas em casa
Sartori: problema com as roupas em casa (Foto: Ramiro Furquim / Sul21)

Mudança é a palavra mágica para qualquer marqueteiro político. Nove entre dez deles mandam seus candidatos dizerem que são agentes da mudança e Sartori repete isso como um mantra: estou aqui para mudar, eu represento a mudança. Ontem, eu vi o programa eleitoral do homem da mudança. Ele estava em família, sentado na sala da sua casa com a esposa deputada e os dois filhos que acabarão deputadinhos, é só esperar. O programa não podia ser menos político ou propositivo. A filha comentou que o pai era brincalhão, mas que quando ficava brabo, nossa senhora. Pensei em como aplicar tal fato no Palácio Piratini. O filho disse que a mãe sempre separava e arrumava a roupa de Sartori, mas que quando virou deputada, o pobre passou a ter que escolher ele mesmo o que vestiria. Então, em apuros, ele perguntava aos filhos se podia sair de casa assim ou assado. Olha, já li reportagens de Caras que eram mais palpitantes.

Dona Elsa garante (Foto: Ramiro Furquim/ Sul21)
Dona Elsa garante: o filho é bom (Foto: Ramiro Furquim/ Sul21)

Mas há mais: ontem, liguei o rádio e entrou uma dessas propagandas eleitorais gratuitas. Pasmo, ouvi a mãe de Sartori dizer que seu filho sempre foi bom e correto. Parecia a mãe de um trombadinha garantindo que “meu guri é bom, o problema são as companhias”. Vejam bem: um depoimento da própria mãe! Nunca antes ouvi nada mais imparcial… Fico triste que minha mãe não tenha gravado depoimentos a meu respeito. Ela garantiria para vocês a pérola de pessoa que sou, indubitavelmente.

Tal é o esvaziamento da discussão politica em nosso país… A cena da mala de papelón — entre Dona Elsa e o filho na propaganda da TV — com a qual Sartoni foi para o seminário mesmo sem vocação para padre, traz os lugares-comuns mais chatos da imigração italiana: povero, contadino, católico, nostálgico de suas raízes. Só o italiano tem saudades, só eles têm coração, só eles são bons, só eles são passionais, ai que saco.

Voltando ao político Sartori, outra particularidade sua é a fuga dos debates. Com receio da argumentação de Tarso Genro ou com medo de colocar fatos novos numa situação que o beneficia — pois ele lidera as pesquisas (se isso pode ser mesmo levado a sério) –, Sartorão desmarca e desmarca debates. Entre um e outro cancelamento, o gringuinho medroso apresenta poucas ideias, investindo na imagem bom moço, que tem como partido apenas o Rio Grande. Estranhamente para um peemedebista tão caseiro, Sartori procurou grudar seu nome nos protestos de junho de 2013. Afinal, os protestos queriam o quê? Ah, claro, eram um clamor por mudança, como você, um de meus sete leitores, certamente adivinhou. Só que Sartori tem tanta empatia com os fatos de junho de 2013 que dou risadas ao pensar em tê-lo a meu lado pelas ruas, naquele inverno quente. Além disso, seu partido, o PMDB, sempre foi reformista, um verdadeiro agente de mudanças, não?

(Engraçado, uma pessoa de minhas relações ficou apelidada de PMDB por sua fácil aderência seja a quem for. Ela não lê mais este blog, mas antes lia).

Para terminar, diria que seria maravilhoso se o Sartori propusesse a mudança de seus adversários para um lugar legal como o Uruguai. O RS está ficando monótono demais. Como viver com Fortunati na prefeitura e Sartori no Piratini? Melhor Montevidéu. Há um Café Brasilero na Avenida 18 de Julio, parada obrigatória.

9 comments / Add your comment below

  1. Rigotto 2: a missão chega ser chato.
    Vamos ver hoje no debate da rádio se vai apelar para a família, talvez tradição, família e propriedade…

    E combinado: só voltaremos em 01/01/2017 quando o maior prefeito do Brasil (em altura) encerrar sua carreira política para ser o síndico do prédio onde mora.

    1. Acredito que vc deveria ter uma linha de crescimento e enxergar que o Tarso para o RS foi um dos Piores governadores do estado, ganhando uma eleição em cima de promessas não cumpridas, como exemplo o salário dos professores, ou o aumento do efetivo dos policiais, ou até mesmo as estradas sucateadas que ele deixou ir para o espaço, bom poderiamos ficar citando o dia inteiro coisas que foi prometidas e não cumpridas, mas não adianta, com uma pessoa que toma uma posição assim, dialogar não adianta. Ou seja Sartori 15 neles

  2. Lya Luft vota em José Ivo Sartori (PMDB) e Aécio Neves (PSDB):

    “Minha posição tem sido muito clara, até porque há 10 anos sou colunista da Veja, batalhadora corajosa por uma mudança na política do país. Está na hora de mudar”

  3. O Sartori foi disparado o melhor prefeito que caxias já teve. O candidato de “poucas ideias” enfrentou vários problemas de uma cidade que vem crescendo num ritmo alarmante. Esse crescimento também se deve, em grande parte, pelas políticas desenvolvidas em seu governo. Não sou filiado ao PMDB e nem muito simpatizante, mas em caxias o Sartori foi o prefeito da mudança!!

  4. Bem, acho que sou o último a comentar…
    já deu sete…
    As pessoas devem decidir seu voto por suas convicções.
    Até por seus interesses, vá lá.
    Mas não porque esta ou aquela pessoa vota neste ou naquele
    candidato.
    Demais, que no caso a pessoa citada está defendendo seus
    interesses…
    Ou, seria bom consultarmos em quem vota o Luis Fernando,
    é o veríssimo.
    Creio que não seja necessário, visto seu posicionamento
    histórico vinculado à esquerda.
    De qualquer forma, para mim não é necessário.
    Voto pelas minhas convicções.
    Ciente de que, infelizmente, por meio deste instrumentos
    não acabaremos com a corrupção.
    Defino-o, prenponderantemente em virtude do aceno
    pela reforma política. Que tem sido propalada por Dilma.
    E o outro lado jamais fará. Sequer abordará a possibilidade.

Deixe uma resposta