A trégua, de Mario Benedetti

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Eis um excelente escritor. Muito pouco lido no Brasil, o velhinho Mario Benedetti está às vésperas de completar 88 anos. É um poeta, romancista, cronista e ensaísta uruguaio. A trégua é o diário de Martín Santomé, um viúvo de quase cinquenta anos, pai de três filhos, que vive há mais de vinte entre a criação dos filhos, o trabalho de contabilista e casos de uma noite com mulheres quaisquer. É um sujeito apagado e deprimido, um bom funcionário que detesta seu trabalho, mas que o faz bem; um pai que, com os filhos crescidos, recebe deles a indiferença e o desejo de distância. Tudo muda lentamente com a entrada de Laura Avellaneda como sua funcionária no escritório. Jovem, tímida, contida e muito inteligente, ela proporcionará uma trégua à vida de Santomé.

Dito assim, parece uma história como tantas outras, mas não é, não da maneira como o faz Benedetti. Fino observador, ele conta a história com o exato grau de minúcia, explorando principalmente a insegurança do viúvo em sua relação com uma mulher vinte e dois anos mais nova. É quase um estudo da solidão, da felicidade e do passar do tempo em forma de ficção. Vale a pena ler este pequeno romance com mais de cem edições em espanhol.

Minha única estranheza foi a forma como Benedetti refere-se ao homossexualismo antes do episódio do politicamente correto. Não é agressivo, porém não é nada compassivo. Compreende-se, o romance é de 1960.

Soube que a editora Alfaguara traduziu mais dois livros de Benedetti: El Buzón del Tiempo, lançado como Correio do Tempo, e Primavera con una Esquina Rota (ainda sem título). Mas fiquemos antes com A trégua. Indico fortemente.

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16 comments / Add your comment below

  1. E o curioso, Milton, é que ele – Santomé – chama a sua amada o tempo inteiro de Avellaneda, nunca de Laura, seu prenome, tão bonito.

    Mas de qualquer forma o Benedetti, nascido a cem quilômetros do Brasil, em Tacuarembó, é um grande escritor.

    Esse livro mesmo, tem passagens de mestre.

    Abç.

  2. Isso é porque v. não leu, como estou lendo, um livro reeditado recentemente dos contos de juventude do Érico Veríssimo. Fantocehs e outros contos, Companhia das Letras. Um dos contos, muito ruim por sinal (e olha que adoro o Érico) é uma peça em que mendigos reencenam um Natal; o personagem branco é um poeta, o mulato, proxeneta, e o negro, ladrão.

    O politicamente correto é uma praga, sim, mas antes dele muito progressista deu sua contribuição distraída para reforçar os piores preconceitos enganchjados na liguagem cotidiana…

  3. Deixei de ser leitor já algum tempo. Já não consumo quase nenhum produto cultural. Somente produzo e destruo 80% do produzido. Meu médico disse que quando eu mudar de marca de colírio, volta tudo ao normal, ao ponto de me arrepender até de ter atirado a TV pela janela.
    Por falar em janela, as portas de Roma foram abertas?

  4. Militantes do politcamente correto te puxariam também as orelhas, Milton. Há muito tempo não se usa mais “homosexualismo”, que está associado à classificação da homossexualidade como doença. Homossexualidade pode, homoerotismo também, assim como relações homoeróticas.
    mas como eu sou ainda mais chata do que os politicamente corretos, eu pergunto: alguma vez feminismo foi categorizado como doença? E o estoicismo, aeromodelismo, alpinismo, contorcionismo, metabolismo?

  5. gays, lásbicas, bissexuais, travestis, transsexuais (pesoas que mudam de sexo – operadas)
    Mas agora parece que estão querendo inventar um ttt – GLBTTT ! O terceiro t seria “transgênero”, uma palavra criada pelo campo de estudos de gênero (importada dos EUA) para referir sujeitos cuja “construção” de gênero não coincide com o sexo biológico. Parece que agora essa palavra, no Brasil, está sendo apropriada do campo acadêmico pela militância, que a ressignifica para designar drags, crossdressers e sei la mais o que (mas não travestis). Enfim, uma complicação!
    bj. (puxa, 5 anos!)

  6. Milton, acabei de ler o livro e sinceramente ele mexeu tremendamente comigo, uma vez que o considero um grande texto conta a mediocridade.

    Em relação a homossexualidade eu não o achei preconceituoso. O texto é narrado por um pai com 49 anos, ou seja, a personagem nasceu nos anos 10…não pode-se exigir progressismo da parte dele. Pelo contrário, achei de uma sinceridade tremenda e revela a impossibilidade do pai e sua fraqueza ante a orientação sexual do filho, algo comum ainda em 2008.

  7. Estos comentarios, parecen páginas del pasado. Leí La Tregua, hace muchos años. Y me encantó. Tiene una ingenuidad amorosa terrible. Vida de un tímido. Y un decenlase cruel. Que no vouy a decir para que otros lean. No sabía que Benedetti había fallecido. En Brasil o en Argentina, La Nación, no vi nada.Pero seguro que fué descuido mío. Y publicaron. Pero debe haber sido chiquito el comentario.
    i opinión es un poco pasado en el tiempo. También llamo de Homosexuales los que tienen esa preferencia. No soy preconcetuosa . O solo un poquito….Tengo hijos, nietos y nadie sabe del futuro.Bueno ya hablé mucho. Ah, La Tregua. Me encantó…

  8. Nossa é um dos melhores livros qui eu ja lir e muito bom e , quanto mais eu leio mais eu quero lêr , é olha qui para meninas da minha idade , lêr e chato mas eu ñ acho e tenho 14 anos eu mim apaixonei pelo livro e cada pagina linda é uma emoção , tipo eu vou lendo e imaginado tudo oq o autor escreveu e muito legal isso e o primeio beijo deles e uma coisa muito bonita por que comessa na brincadeira , tipo adorei eo Mario Benedetti esta de Parabéns mesmo … bjos de uma queria Leitorar
    Bianca Rodriguez .

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