O mais puro Kafka…

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E, segundo o jornal israelense Haaretz, tem mais…

The German Museum of Modern Literature Thursday rejected a demand from Israel’s National Library that it return the manuscript of Franz Kafka’s novel “The Trial,” saying it acquired the manuscript legally.

The National Library claims the manuscript was illegally sold to Germany by Esther Hoffe, former assistant to Kafka’s friend Max Brod, and that it is the manuscript’s legal heir.

The museum, however, said the manuscript was bought transparently, at a public auction, without objections. It added that as far as it knows, Brod gave the manuscript to Hoffe as a gift.

??? Se metem em tudo…

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15 comments / Add your comment below

  1. POEMA QUÂNTICO
    by Ramiro Conceição

    Ser – um assassino,
    uma besta quadrada,
    um demônio,
    um anjo alado,
    um imbecil, um gênio,
    um macaco, milhões de átomos,
    um ser, um planeta, uma galáxia,
    uma poesia, uma prosa,
    aquela ou esta mentira,
    esta ou aquela verdade:
    tudo – é probabilidade!

  2. Em homenagem e sequencia ao Ramiro, dois poemetos marginalmente relacionados com os fraudulentos “repatriadores” de Kafka.

    1) Direitopata, uma distância

    Descobri na palavra um veio de ouro para contemplar a raiva alheia
    sem manchar meu sangue com a química selvagem da equivalência

    O mundo descortinou-se
    sem a severidade das fisionomias fechadas pelo mau destino
    que só a elas acolhia

    A nostalgia era embebida em fel
    mas a esperança é verde e pode mesmo ser negra
    desde que o tinteiro não seja contaminado pelo vírus da infinita arrogância

    Respiro
    sorrio
    dou o próximo passo à frente

    De repente, eles somem

    2) Direitopata, uma finalização

    Vieram com armas na mão
    como só os seres humanos são capazes
    mas como seus inimigos vinham de dentro,
    lançaram seus obuses contra eles mesmos

    Ouvimos o estrondo, porém longínquo demais
    A música suave que nos acompanhava
    espantou todos os fantasmas de chumbo
    para seus próprios desertos

    Uns poucos respingos de sangue pespontaram o horizonte
    de forma que a nossa tarefa agora é limpar o pára-brisa
    diminuir a velocidade
    e, mesmo assim, avançar

    1. Gracias, Marcos!

      CAMISETAS
      by Ramiro Conceição

      E se tudo for simplesmente o olhar em volta,
      enquanto se tece e se compartilha camisetas
      para os filhos, para os amigos, para protegê-los
      deste frio, neste silêncio…debaixo das estrelas?

      1. Precisando

        Os números vagueiam
        Na precisão dos interesses;
        Copo meio cheio
        Copo meio vazio.
        Às vezes nem copo há
        Só uma cabeça
        E seus interesses
        Entre o zero e o um
        Enquanto a verdade navega
        Imprecisa, à espera de um
        Confiável porto

        1. IGNORANTE SINCERO
          by Ramiro Conceição

          Dum passado de estrelas, sou um presente
          e, futuramente, um passado serei somente.

          Se o Universo for fechado, sou eternidade.
          Se aberto, da efemeridade – sou um passo.

          Então seria possível a fixação de valores
          ou a presunção de verdades absolutas?

          Sou um ignorante sincero,
          a mim é proibido o Mistério.

  3. UNHAS DA LUA
    by Ramiro Conceição

    Enquanto
    a chuva lava
    as unhas
    da Lua,
    distraído,
    teço um beijo
    às civilizações
    distantes.

    VISITA
    by Ramiro Conceição

    Quem é este que reaparece
    sem convite, sem confetes,
    sempre com sobejos mas não de beijos
    e sim com migalhas de alegria na mala?
    Parece que o reconheço de algum lugar,
    de alguma história perdida na memória.
    Ah, sim, é claro:

    “Bem-vindo, senhor medo!”

    AINDA BEM
    by Ramiro Conceição

    Ainda bem
    que o amor
    é ingênuo
    e nos move
    sem medo!

  4. Ri à beça do comentário do Fernando aí em cima. Ele tá certo. Aqui vai minha contribuição_ e satisfação da necessidade de atenção_ ao que o Marcos bem disse dos que pensam em prosa.

    Dia 10 último me casei no religioso, e saí com minha esposa (grávida de nosso segundo filho) em lua de mel coloquial, para uma cidadezinha linda de Minas Gerais. Mas antes de continuar no assunto, uma digressão que tem tudo a ver: desde que frequento esse blog e fiz alguns amigos virtuais, eventos da minha vida parecem saídos daquelas sincronias surrealistas dos contos de Cortázar, em que personagens que nunca se conhecem tem suas vidas entrelaçadas de forma determinante. Pois bem…, quando o Milton nos falou sobre a doença de sua mãe, coincidentemente a minha mãe teve um estranhíssimo ataque psicológico. A família toda foi motivada a levá-la a um médico especialista (o frio tabu do termo “psiquiatra”). Foi diagnosticado depressão, assim como o médico obrigou os irmão de minha mãe a reverem a sua vida pregressa, até chegar à uma meningite de infância e uma acidente com um ônibus aos cinco anos onde parte de seus ossos crânianos foi desfragmentado.

    Sobre o acidente eu já sabia, mas um dos meus tios me confessou uma história incrível, a de que minha mãe foi desenganada pelo médico rural de Minas, mas meu avô, através de influências políticas, conseguiu uma audiência com o presidente Dutra, o qual só o tratava por “meu amigo mineiro”, e que disponibilizou o melhor tratamento médico da época num hospital do Rio de Janeiro. A tragédia havia sido grande, pois no acidente meu avô perdera um filho de seis anos (quando visitei a cidade do desastre, ouvi a história popular da casa assombrada por um menino, e fiquei estranhamente orgulhoso em querer revelar que o fantasma era meu tio).

    Minha mãe foi curada, mas durante toda a vida teve um comportamento bipolar, com acessos de fúria, manifestação de humor acima da média, e uma personalidade muitas vezes intratável que ocasionou em mim uma previsível revolta de fugir à superproteção. Meu relacionamento com ela, pois, é difícil, distante, uma espécie de guerra fria onde ela é o polo soviético de equilíbrio do poder, que conhece muito bem minha independência em ficar um ano em silêncio repressivo se ela tentar ir além dos limites territoriais. Mas eu a amo, ela sabe disso, etc, etc. (durante a copa ela me enviou através de um serviço de encomendas um moleton cafona da seleção brasileira_ sendo notória entre a família minha total aversão a futebol. Quando desembrulhei o presente, na frente dos homens da entrega, eis que cai no chão um pênis enorme, com surpreendentes detalhes anatômicos, feito de chocolate e recheado com creme de leite, para meu constrangimento.)

    Retornando ao casamento. Minha mãe começou a tentar a fazer minha cabeça e da minha esposa para mudarmos o nome pretendido de nossa filha, em vez de Julia, Sara; e também a insinuar que, assim que nascida, sua dedicação maior vai ser em transformá-la num verdadeira perua, com brinco, batom, pulseira e o diabo a quatro. Fiquei puto. Percebendo seus mísseis em Cuba, lembrei-a de meu arsenal atômico sentimental e do detalhe capital: o pai sou EU, Eu decido como vou criar meus filhos. E entre o exemplo de Hanna Arendt ou Paris Hilton, ou entre a influência de Marie Curie ou Gisele Bundsen (sei lá o nome), era claro para quem eu iria pender. Resultado: minha mãe deixou claro para os quatro ventos que só iria em meu casamento se EU A CONVIDASSE FORMALMENTE.

    Ela não foi. Minha família toda foi, mas ela não foi. No outro dia, me telefonam suas amigas, minhas tias, me avisando o quanto minha mãe estava para baixo, o quanto aquela teimosia havia lhe custado mais do que poderia suportar.

    Antes que saíssemos de viagem, minha esposa teria que ir sozinha à cidade onde mora seus pais, de ônibus intermunicipal. O ônibus atrasou na plataforma de embarque uns quinze minutos, e quando já estava para sair da cidade, minha esposa liga com a notícia: “Charlles, tem uma mulher com uma criança com catapora sentada no banco de frente ao meu.” Alarmado, disse-lhe de forma categórica: “Saia do ônibus agora que vou te buscasr”. Peguei-a na entrada da cidade, com a maleta nas mãos. Disse-me que a mãe do menino ameaçou-a de processo por discriminação racial (!!) por ter saído da presença de seu filho doente. Uma mulher meio bestial, toda suja e ignorante, dessas cuja estupidez é uma verdadeira arma contra qualquer pessoa alheia.

    Como não poderia levá-la de carro, por estar ocupado, ela teria que pegar o ônibus noturno das 18 horas e, em decorrência, dormir na casa de minha mãe em Goiânia para, no outro dia, ir até Anapolis, onde mora os pais dela. Minha irmã a pegou na rodoviária, às 22 horas, e a levou para casa. Minha mãe surpreendeu-se ao vê-la chegar sem nenhum aviso prévio. Ao telefonar para o celular da Dani, minha esposa, para ver se havia corrido tudo bem, ela mal conseguia falar. Chorava tanto e de forma tão profunda, que fiquei de orelha em pé sob o alerta do meu conhecimento materno. Ela pediu um tempo, até que pudesse retornar a chamada. Quinze minutos depois me liga, quase controlada. Minha mãe aprontou mais uma? perguntei.

    “Claro que não Charlles”, me disse ela, recaindo num pranto mais calmo, “sua mãe estava numa situação emocional tão deplorável, tão arrependida por não ter comparecido no casamento… se não fosse a catapora, Charlles… se não fosse o tal acaso do que você fala tanto, não sei o que ela seria capaz de fazer.”

  5. Outra coincidência foi que, enquanto eu me casava, um outro amigo blogueiro que só conheço por essas plagas virtuais me manda um e-mail dizendo que se divorciava da esposa.

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