Niemeyer 103 e viagem

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Oscar Niemeyer fez 103 anos anteontem e eu gostaria de ter montado um post bem legal e bonito, cheio de fotos de obras dele. Não houve tempo. Viram que ele inaugurou um Centro Cultural em Avilés na Espanha? Os espanhóis, que para bobos não servem, inauguraram o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer no dia do aniversário do mestre. Ele participou da festa conectado em rede ao evento. O que isto significa? Simplesmente a consolidação de Avilés em rotas de turismo internacionais. E usaram a grife do genial arquiteto no nome do Centro Cultural.

O comunista Oscar Niemeyer desarma qualquer complexo de vira-latas, é um grande brasileiro e acho que nossas cidades deveriam aproveitar até as anotações de sua lixeira para construir obras suas pelo país. Vejam no filme promocional abaixo o que é o Centro Cultural inaugurado esta semana.

No dia do aniversário, durante a festa, Niemeyer resumiu o ambiente em poucas palavras:

— Estou feliz, meus amigos estão aqui e isso é muito bom!

É uma definição perfeita de Festa, penso. E é uma grande sorte que este homem tenha a saúde que tem, lúcido aos 103. Que permaneça conosco o quanto puder!

Ou clique aqui.

Sim, é deslumbrante, mas não pensem que não vi o Paul Rabbit.

Ah, o blog ficará sem atualização até segunda-feira à noite. Seu dono fará uma pequena viagem.

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27 comments / Add your comment below

  1. A princípio, só para dizer que hoje é meu último dia de participação deste ano, e que no próximo, como de regra, só volto lá para março, abril ou maio, naquelas de escrever outro livrinho insípido, inodoro e incolor.

    A segundício, para dizer que não gosto de Niemeyer e das obras dele; primeiro, por modernosas e grandiosas além da conta, segundo por funcionalidade: nenhum desenho dele serve para utilização humana, somente como escultura, e de gosto bastante discutível. O tal prédio de Avilés, por exemplo, deu um puta trabalho para os engenheiros, que se viraram para instalação de dutos de ar condicionado e outras necessidades básicas, dificultados pelas linhas impossíveis de corresponder àquilo que deveria servir o prédio: um centro cultural, com trânsito de pessoas, exposição de obras, etc.

    Uma vez escrevi um continho zombando dele. Infelizmente não dá para reproduzir aqui, mesmo sendo coisa curta, dumas 6 páginas. Achei divertido.

    E, Milton, recebi um convite para ir à Sommelier Vinhos, neste sábado, a partir das 16 horas, para bebericar espumantes gratuitamente. Como fica na Rua Carlos Von Koseritz, 1.200, Hogienópolis, em… Porto Alegre, obviamente não poderei ir. Se quiser comparecer, ligue para 3024-0751, e reserve uma hora. Só não sei se tem que bater o nome do convite com o daquele que fará a ligação e eventualmente comparecerá. De qualquer jeito, meu nome completo é Marcos Augusto Almeida Nunes. Compareça sob tal pseudônimo. Declame uns poemas. Pague mico. Ninguém dirá que não sou eu.

    1. Catralhos me mordam!

      Lá vem o Marcos Nunes com o mesmo “PAPAPOPAPO” de sempre…: pelos próximos quatro meses o bicho vai ser acorrentado em seu computador para escrever alguma coisa… Mas todos os dias, naquelas manhãs ensolaradas do Rio de Janeiro, escutar-se-á:

      “Rachel, você comprou as minhas queridas bolachinhas?”
      “Pô, Rachel, e as minhas novas cuequinhas sequinhas?…
      “Pô, Rachel, você sabe que eu sou um gênio delirante…”.
      “Pô, Rachel, onde estão as garrafas do meu vinhozinho?”…

      Pô, haja Rachel pra agüentar esse escritor planejadinho…!
      Que vem dizer nada contra esse nosso mundo que vem dizendo bem baixinho…:

      “Viadinho! Viadinho! Viadinho!

      A “MADAMA” vai se isolar COM CRISE EXISTENCIAL pra escrever um livrinho, talvez libertino? Oh, intelectuais criativos – vocês não passam mesmo de “Viadinhos! Viadinhos! Viadinhos!”.

      1. Hahahahhahahahhahahhahaahhhahaahaha!

        Ramiro, assumo meu lado “viadinho” só pra te dizer que depois desta, só lhe dando um beijo mesmo.

        Genial, cara. O melhor é que o Nunes, para cumprir a promessa, realmente não vai poder responder até março ou maio.

  2. Esse Marcos, sempre se despedindo ardilosamente com um comentário que deixa em todos a sensação de querer mais. Seja bem sucedido com o novo livro, que, espero, não seja sobre futebol (por isso não li sua última prosa).

    Compactuo a opinião sobre o NIemeyer. Acho tudo que ele fez uma produção trancada, sem talento. Não sei se sua falta de talento é mais prejudicial do que sua falta de independência em se vincular à imagem de “artista do Estado”. Talvez ele saiba intimamente disso e não queira morrer para poupar-se um pouco mais de sua inevitável herança imortal de ter composta uma das mais feias grotescas cidades do mundo. Um cenário insípido para a farsa histórica que sempre ocorreu por lá desde que foi criada.

    A propósito, a visão do exterior sobre Niemeyer o prega em seu devido lugar de artista esquecido. No livro “Tudo que é sólido desmancha no ar”, o Berman dedica umas cinco páginas catárticas de pá de cal para sepultar de vez essa múmia que se nega a ceder sua já excessiva disposição de oxigênio em um mundo cada vez mais condizente com sua arquitetura: quadrado, insosso e obtuso.

    1. Obrigado, mas meu último livro não foi sobre futebol. Mas um outro, lá atrás, que, além disso, não era bem sobre futebol, mas onde o futebol servia para passear por umas décadas de história do país. Troço assim.

      O Niemeyer entra para aquela “Galeria dos Supervalorizados” do Annie Hall de Woody Allen, para fazer companhia ao próprio Allen. E ao juscelino também, óbvio.

      Sempre pensei Brasília como parque temático de nossa república corrupta. Quem sabe daqui uns 50 anos seu destino seja alterado por novas circunstâncias que só nossa descendência viverá. Quem sabe. Sou otimista (?).

  3. Marcos, não haveria um lugar onde pudessémos ler o tal conto? Fiquei curioso. Ignorantemente: nunca vi o comunismo de Niemeyer em suas obras. Brasília é uma prova disso. É uma cidade para reacionários. Que subtrai a possibilidade de contatos humanos. É um cidade fria. O mármore de seus monumentos é transferido para as relações sociais. Brasília é uma ilha impenetrável, formada por nababos e burgueses. Em torno dela, vive a necessidade – um cinturão de interesses escusos, esperteza e pobreza. Falo isso, porque vivo aqui.

    Abraços!

    1. Muito bem expresso, Carlinus!

      Niemeyer representa esse nosso infeliz ligar comum, esse triste chavão do qual não conseguimos fugir, o de um paízinho subdesenvolvido. Peço perdão pela redundância cansativa, mas o subdesenvolvimento do Brasil está sempre impregnado na minha vida. O Brasil é um país que não nos deixa em paz. Escrevi um post raivoso sobre essa peste:

      http://charllescampos.blogspot.com/2010/11/ser-deixado-em-paz-pelo-seu-pais.html

      Mas os políticos nacionais nunca fizeram nada para nos surpreender. Imediatamente após a farsa das eleições, eis o aumento salarial que tanto repercute na imprensa, para deputados, presidente, vice, puxando numa sincronia pré-determinada (com jeito inocente) o aumento salarial de vereadores, governadores e o diabo.

      Sempre deixando no mais profundo ridículo essa gente mais atrasada que há alguns meses trocava farpas para pôr lá no reduto da prostituição milionária seus candidatos preferidos. Blogs inteiros (NPTO, a padaria do PT, e os de direita) dedicados à confecção do dom joanismo, heróis da pátria, Dilmas Guevarianas, incorruptíveis e franciscanas, doados à causa piedosa do povo.

      Ô vontade de ser rico e dar um adeus para o bosta do Niemeyer, passar em frente aos prédios do poder, no momento da despedida, com o dedo em riste:” Pra puta que pariu com todos vocês. Que te alimentem esse povinho besta, eu, nunca mais.”

      Um dia acontece.

  4. (Milton, meu caro, finalmente achei no PQP Bach a resolução de uma dúvida que quase me levou à loucura. Por muito tempo pensei que só eu havia ouvido falar sobre ela; já te indaguei a respeito, considerando que, se tu não soubesses, atestaria de vez a minha loucura; como acontece não poucas vezes, tu não respondestes, o que acreditei ser uma negativa de que “ela” existisse. Bastava que me indicasse o link, para a solução da dúvida:

    http://pqpbach.opensadorselvagem.org/ludwig-van-beethoven-1770-1827-sinfonia-n%C2%BA-10-serio/ )

  5. Eu achei engraçado o fake dele (que passei a seguir por causa do teu post) lamentar que nenhum dos amigos de infância compareceu à festa de aniversário.

    Como diz o meu pai, ser Niemeyer é fácil – difícil é ser o engenheiro de obras dele. Meu irmão, que é arquiteto, me explicou um dia que Niemeyer representa um dos extremos de arquitetura, em que a obra é soberana e o lugar deve ser totalmente adaptado a ela. O outro extremo, cujo nome do arquiteto eu não sei, é de obras que existem em função do lugar, totalmente adaptadas a ele. Nem acho que seja uma questão apenas de preferência (é difícil encontrar alguém, hoje, que declare amor às obras de Niemeyer), acho que o mundo tem se encaminhado pra necessidade de conversar mais com a natureza local.

    1. Pois é, o diabo é exatamente esse. Minha cunhada é diretoria de um CIEP aqui no Rio; prédio é quente e as salas inadequadas para aula, pois o que é dito em uma é ouvido na outra. O disco voador de Niterói é a obra em si, porque, enquanto museu, não deixa espaço e luz para outras obras de scultura ou pintura. Fico tudo mal ajambrado. Um horror. E por aí vai.

      Tem sempre uns babacas pra louvar Niemeyer. Houve uma polêmica babaca sobre Glauber Rocha, que fora chemado de “merda” por outro de pior estirpe; logo veio um defensor de Glauber a exigir mais fineza pois, do jeito que as coisas andavam, loguinho iriam também destratar o Niemeyer, esse ser do Olimpo. “Niemeyer, merda? Nunca!”. Ora pois pois.

  6. Eu vivi 7 anos no exterior, na Italia e na Inglaterra, e discordo totalmente dos comentários sobre a obra do Niemeyer.

    Sempre vi nos estudantes de arquitetura de lá enorme admiração por sua obra e sempre notei que no exterior ele é muito valorizado.

    Eu acho sinuosas, sedutoras e grandes esculturas suas obras.

    Adoro o Memorial da America Latina e o teatro do Ibirapuera com seu hall e entrada magnifícos e o fundo de palco que pode se abrir e descortinar o parque – mais comunista e inclusivo impossível.

    Aliás, ambos oferecem grande programação cultural gratuita.

    O pavilhão Darcy Ribeiro do memorial é um show de exposição de arte popular latino americana, vale à pena ver.

    Gosto da Brasilia monumental e acho que a concepção de relações humanas era a de conviver com os núcleos habitacionais dos bairros em que se residia, depois, é claro, a cidade cresceu mais que o previsto. E o cinturão de pobreza surgiu depois dela, nada havia alí antes. É comum, ao redor de grandes cidades a migração de populações vizinhas e carentes em busca de oportunidade mas isso nada tem a ver a obra inicial, brilhante, um “case” de arquitetura estudado em todo o mundo.

    Acho altamente artísticos e turisticos a explanada, a catedral, a concha acústica de Brasília, etc.

    Também acho absurdo pretendê-lo um arquiteto funcional, ele mesmo admite não sê-lo. Aliás, sempre declarou achar a arquitetura funcional monotona e que seu objetivo sempre foi o de surpreender.

    Enfim, gosto é pessoal mas daí a chamar Niemayer de “múmia” e outras boagens e o autor do post de “babaca” por admirá-lo parece-me que a civilidade perdeu-se pelo caminho.

    A mim, apreciadora de sua obra, só resta dizer:

    Parabéns Niemeyer!

    Por último, será que o mundo inteiro está ficando “babaca”? Ano passado inauguraram um anfiteatro na Itália, totalmente adaptado ao terreno em declive de uma encosta, agora inauguram um centro cultural nas Asturias, e poderia citar outros…

  7. Cláudia,

    nossa relação com o Milton, como bem sabes, é aberta e o máximo sem papas na língua que nos permite a convivência virtual. O Milton já me chamou de babaca por, supostamente, eu colocar o Faulkner como padrão métrico de grandeza literária; eu já insinuei uma certa degeneração sexual da parte dele devido a alguns posts mal situados que versavam sobre estética sexual. O Nunes já me elogiou com um evocativo “vejam que comentário mais babaca que o Charlles escreveu”, e eu, cavalheiro bem criado que sou, o aconselhei a ir se deitar em praias da retórica que, se o Nunes concordasse, bem faria colocar um cinto de castidade para prevenir-se de possíveis acidentes venéreos. E a Caminhante, intercessora do bom senso, já disse que tudo isso é por causa de uma certa necessidade de masculinidade ostensiva que há naturalmente na net.

    Isso é saudável, eu acho: sem a distância geográfica de proteção, provavelmente estaríamos mordendo os calcanhares uns dos outros e enfiando as respectivas cabeças opostas na água da privada.

  8. Cláudia, eu não gosto do Niemeyer mas gosto do seu comentário. Chamar-se de babacas entre si, tá tudo certo, mas o Niemeyer merece… sei lá o que ele merece, mas seguramente não ser chamado de múmia. Gente, deixem o velhinho desfrutar as glórias!

  9. Tá bom, Cláudia e Leila. Em penitência por ter ofendido ao sr. Niemeyer, mandei-lhe um email oferecendo de presente um dos filhotes de tartaruga de Galápagos que tenho aqui em casa. Niemeyer agradeceu e recusou. A gente acaba pegando amor no bichinho, ele justificou, aí ele morre de velhice e nos deixa de coração partido.

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