Estilo Zaffari radical

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Depois do almoço, fui ao Zaffari da Otto Niemeyer comprar umas coisinhas. Gosto de ir lá. Era um início de tarde quente e pachorrento e as pessoas pareciam com vontade de ir logo para casa tirar uma sesta. Mas vá saber o que se passa nas almas torturadas dos porto-alegrenses? Estava no caixa quando vi duas moças a dois metros de mim — caixas ou empacotadoras do super-mercado, devidamente uniformizadas — pegarem-se a tapas, arranhões e puxões de cabelo. A luta, travada em rigoroso Estilo Zaffari radical, era silenciosa, quase elegante, e só pude ouvir um “o que tu tá pensando” proferido baixinho, quase uma confissão íntima de como “eu te odeio, sua vaca”.

Levei uns dois ou três segundos para me dar conta de que uma desejava a total eliminação física da outra e que deveria ter a hombridade de tentar separá-las. Durante a rápida refrega, nenhuma delas estabeleceu uma vantagem digna de encerrar a luta e um juiz isento teria que se decidir pelo empate. Bem, me meti na coisa e quase sobrou pra mim. Tomei um tapa na clavícula, de cima para baixo. Não machucou, mas a moça era forte. Logo vieram dois outros empacotadores ou fiscais ou superiores e agarraram as lutadoras. Rixa, litígio, querela, inimizade ou paixão? Foi quando uma delas, a menor e mais lisa, a que não bateu em mim, soltou-se de seu guarda e correu em direção à outra. Estava inconformada com o empate. Nada feito, nós a impedimos.

Uma cena certamente lamentável, porém, quando olhei para os lados, todos olhavam o caso deliciados, sorridentes, inclusive os colegas das contendoras. O ser humano não presta mesmo. Eu? Ora, vocês querem que eu narre e ainda exponha meus sentimentos?

Foi, como diria aquele jornal, mais um drama gaúcho.

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13 comments / Add your comment below

  1. E eu pensando que isso só acontecia aqui, na Grande Vitória. Aqui, na Grande Vitória, Espírito Santo, vez ou outra – lê-se nos jornais – sai até tiro … e morte … de mulher contra mulher! Algumas mulheres capixabas são muito geniosas; Mas todas são lindas, lindas de morrer!

  2. Noutro dia, em uma escola pública em frente ao pédio onde trabalho, duas meninas (entre 13/15 anos) se engalfinharam na base do “lar do meu homem”/”quem disse que o homem é seu?”; formou uma roda de assistência e apostas. É tão bom ver a inocência da meninice…

  3. Fiquei espantada com o relato,não pelo ato em si mas pelo local, o Zaffari.
    Há muito tempo recebi visita de uma amiga alemã e fomos ao Zaffari , na ocasião ela me perguntou porque aquelas caixas e funcionárias mulheres tinham todas a mesma cara,a mesma maquiagem,a mesma expressão,reações e respostas.Como se fossem todas clones umas das outras,o horror este treinamento/adestramento realizado por aí. O super que frequento agora é o anti-Zaffari: funcionários mais velhos ,alguns de cabelos brancos, gurias mais novas que as vezes levam os filhos para o turno(uma mãe de gemeos está constantemente com os filhos a tiracolo enquanto enche prateleiras de produtos), carrinhos que reabastecem gondolas a toda hora pelos corredores quase te atropelando, funcionários falando e rindo alto uns com os outros pelos corredores, enfim, dá para se sentir fazendo compras num cortiço!!!!! Confesso que acho bem mais divertido hahaha!!!

  4. Se fosse o Prates narrando teria sido muito mais legal: “Tudo culpa desse governo espúrio, que dá empregos pra quem nunca leu um livro…”

  5. Nunca fui a esse Zaffari mas, quem sabe, um T “qualquer” possa me deixar na porta.
    Talvez valha a pena conhecer, só para ver se essas cenas são programadas ou eventuais. Afinal, nunca se sabe quais os artifícios que esses mercados estão utilizando para atrair a clientela, inclusive tentando roubar de outras filiais do próprio Zaffari… ou Bourbon.

  6. O Galvão tem um bom nome pra isso: “Gladiadoras do Terceiro Milênio”. Na verdade, a baixaria já começou com a música do Zezé e Luciano na propaganda.

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