Ospa em concerto curto, leve e certeiro

Foto: Pedro Belo Garcia

Cheguei às 19h55 no Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini e ele já estava lotado. Isto é, 35 minutos antes do concerto a sala já estava totalmente lotada. Assisti em pé a um concerto nada pretensioso, nada vulgar e bom, muito bom.

A primeira peça foi a que menos gostei: a Abertura da ópera L’italiana in Algeri, de Gioacchino Rossini. Uma peça bem humorada, simpática e não muito mais do que isso, mas que cumpriu seu papel de abertura para a curiosa obra de Ottorino Respighi, Gli uccelli (em italiano, As Aves, jamais Os Pássaros; afinal, galinhas não são pássaros), que tem um Prelúdio conhecidíssimo dos ouvintes da Rádio da Universidade por ser cortina de um de seus programas. Depois, tivemos a Sinfonia nº 4, em Lá Maior, Op. 90, Italiana, de Felix Mendelssohn.

O destaque do programa foi evidentemente a excelente Sinfonia Italiana, uma daquelas peças que não tem nenhum movimento que não seja melodioso, fluido e agradável. Sob a compreensiva regência de Manfredo Schmiedt, todo o espírito de vivacidade e gentileza da sinfonia esteve presente no Palácio Piratini, mesmo que a acústica da sala tenha prejudicado a quem, como eu, estava encostado na janela externa da sala. Eu simplesmente não ouvia os contrabaixos e violoncelos. Com minhas parcas noções de acústica, diria que aquela porta aberta bem na frente dos baixos, na diagonal da orquestra, era o sumidouro daquilo que eu adoraria ouvir.

Destaque para as madeiras e metais, absolutamente impecáveis e eufônicos no terceiro movimento (Con moto moderato) e para o Saltarello final da Italiana, que me deu vontade de dançar pela sala. Mas tinha muita gente… E, alíás, estava muito quente lá dentro, parecia Manaus. Não sei que seria de nós se estivéssemos num março canicular, sem a camaradagem deste de 2013.

3 comments / Add your comment below

  1. O melhor de ontem foi apertar a mão do sr. Milton Ribeiro. Já havia deixado passar num jogo do Inter, tive de surpreendê-lo logo na entrada hehe

    Se o Salão Negrinho é quente, o Pasqualini é uma sauna.

  2. Tomo o que você escreve como aula, Mílton, e tenho certeza de que ganhei em conhecimento crítico. Com a pequena bagagem musical que tenho, sem conhecer as peças em questão e sem ouvir sua execução fica difícil opinar.
    Aliás, quando ouso falar de alguma peça musical, traduzo aquilo que me toca o sentimento.
    Lembra-se da época em que eu copiava as peças que você baixava para os amigos? Coloquei-as todas em um i-pod e estou sempre recorrendo a elas. Foi uma bela aquisição e vou ser sempre sua devedora.
    Gosto de apreciar sua fidelidade nesta linha de ação.
    Um forte abraço
    .

  3. Que incrível vossa impressão!
    O que acontece em relação ao som grave é que, aquele tapete vermelho ‘chupa’ TODO nosso som – especialmente o Som GRAVE (pra não dizer das Cordas)e, a outra coisa, que não teve muito o que se fazer é que, em uma Sinfonia dessas , o MÍNIMO que se pede, são o nosso naipe COMPLETO mas que, ali não cabemos(?) . Então, que posso te dizer? Que peninha que não nos ouviste, bem como toda a platéia, imagino…O pior disso tudo é TODO esforço que colocamos em CADA concerto indo – literalmente, para o VAZIO, para o NADA. É triste mesmo. Resumindo, como sempre digo: nós contrabaixistas – enquanto nossa tão almejada Sala de concertos não se apronte, fazemos apenas figurino; é a realidade. O importante é que estamos lá: fazendo o MELHOR de nós, com certeza – Abraço caloroso!

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