História absolutamente deliciosa contada pelo Gustavo Melo Czekster em inbox e que eu divulgo indiscretamente:
Oi, Milton.
Na quarta feira, aconteceu um evento comigo que, em grande parte, foi culpa tua.
Estava eu na frente do Salão Mourisco, dentro da Biblioteca Pública, onde tinha acabado de falar sobre Literatura Inglesa escrita por mulheres. Eu estava conversando com as alunas do curso. Algumas pessoas subiam as escadas e passavam por nós, portando seus instrumentos musicais. De repente, vi um rosto conhecido galgando os degraus e na hora pensei, com grande intimidade “oh, olha ali a Elena Romanov, violinista e namorada do Milton!” Abri um sorriso e disse um “ooooi…” daqueles mais amistosos e respeitosos.
Quando estava na metade do “oooooi…”, naquele ponto instável entre o “o” e o “i” , percebi: eu não conhecia a Elena Romanov! Nunca conversei com ela. Nem sequer somos conhecidos virtuais. Eu só a conhecia por teu intermédio, através dos teus textos e postagens no FB e no blog. Mas ela parecia tão real que era como se eu a conhecesse por muito tempo e, pior ainda, fôssemos grandes amigos.
Fiquei completamente envergonhado. Em especial por que a Elena me olhou com o mais absoluto espanto – tentando lembrar de onde me conhecia e, naturalmente, não recordando – e respondendo, educada, com um “oi!’ rápido que eu também daria, pois pareci um psicopata. Mas fui um psicopata involuntário, se é que tal figura existe.
Compartilho esta história contigo por dois motivos. Em primeiro lugar, para que mandes meu pedido de desculpas para a Elena e diga que fiquei muito envergonhado. Em segundo lugar, para saudar o poder das tuas palavras e textos, que conseguiram criar em mim a ilusão perfeita: a de conhecer uma pessoa desconhecida. Espero que não uses este poder para o mal.
Um abraço!
E o Gustavo completa:
“Depois voltei para casa pensando no pavor de subir uma escada e, ao chegar no seu término, algum desconhecido dizer “oooooooi…”