Contos para futuro nenhum (I)

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ÁDLEI DUARTE DE CARVALHO (Belo Horizonte/MG)

A bola foi dar, novamente, no milharal do Jeremias. Isso sempre acontecia nos finais de semana, quando os meninos desciam para jogar no descampado. Sempre dois ou três atravessavam a cerca, à surdina, para resgatar o brinquedo. Sempre bêbado e ranzinza, o Jeremias corria atrás, desengonçado, até que tropeçasse nas pernas e estatelasse no chão. Os garotos sempre riam, faziam troça, depois sumiam.

Desta feita, entretanto, o Jeremias havia conseguido adquirir uma arma de fogo, porque, nos registros da repartição, sempre fora um “cidadão de bem”.

Nunca o vilarejo vira um féretro tão pequenino e triste.

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