Passeio pânico em Porto Alegre

Dia desses, eu e a Elena Romanov estávamos passeando tranquilamente trá-lá-lá pelo bairro Menino Deus, quando vimos um cara atravessando a rua em nossa direção.

Era curioso, ele estava com uma faca na mão, mas não me pareceu ameaçador. Tenho fé na humanidade, acho que quase todo mundo é benigno. Já a Elena apertou meu braço, sinal que identifiquei como “estamos correndo grande perigo, Milton, dá um jeito, pelamor de Deus”.

Aceleramos o passo e vimos o sujeito diminuir a velocidade, escondendo-se atrás de um arbusto. Ele nos olhava, notou que a gente estava desconfiado.

Então, ergueu a faca e cortou um galhinho, gritando para nós:

— É boldo!

PQP, que cag@ço!

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Play, jouer, spiel para música, jogos, brincadeiras

Em inglês, se diz “play football”, mas também “play music”. Quando as crianças brincam também se diz “play”.

Em alemão, jogar futebol é “Fußball Spielen” e se diz “spiel Musik” para tocar música. (Para jogar cartas é “Karten spielen”).

Em francês se diz “jouer de la musique”. Ou seja, aqui também o sentido de tocar música vem do jogo. Para jogar xadrez usa-se igualmente o verbo “jouer”.

Certamente, tais usos indicam que a música era e é também entrenimento.

Nos saraus, as pessoas circulavam em torno dos músicos em ação como se estes estivessem jogando xadrez.

Nas residências onde havia instrumentos, as pessoas pegavam partituras e convidavam alguém para jogar, para brincar de música de câmara. Muitas vezes, os músicos, amadores ou não, desconheciam a partitura apresentada. E tocavam tudo na primeira leitura. Ou à primeira vista, como dizem os músicos.

Mesmo Schubert, que participava de saraus chamados schubertíadas — na verdade saraus onde eram executadas obras suas –, costumava aparecer com novas partituras debaixo do braço que eram tocadas à primeira vista. Muitos dos seus lieder (canções) foram estreados deste modo.

Calma, a Elena e o Carrara ensaiaram o que vão tocar hoje, mas gostaríamos de recuperar — aqui nesta sala da Bamboletras, com o piano do StudioClio — este espírito de jogo da música de câmara. De jogo entre os músicos. Para nossa alegria e fruição.

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Meus 66 anos e o recital de Elena Romanov e André Carrara

Ontem tivemos uma noite sublime proporcionada por Elena Romanov e André Carrara na Livraria Bamboletras. Todo mundo saiu entre o sorridente e o emocionado e olha que observo há mais de 50 anos as caras em pós-concertos. Conheço as feições transformadas das pessoas após a satisfação musical.

Como o recital foi um presente pedido por mim e apresentado por mim — me meti até no repertório… — vou deixar aqui o depoimento de alguns dos presentes. Sintam a temperatura dos mesmos:

Zeca Azevedo: Ontem às 20h, na Livraria Bamboletras, tive o privilégio de presenciar o recital de Elena Romanov (violino) e André Carrara (piano), no qual eles interpretaram magnificamente sonatas de Handel, Schubert e Beethoven. Música de beleza incomparável, que capturou meu cérebro de batráquio miserável de tal modo que anulou todos os demais pensamentos/ruídos produzidos por ele. Foi entrega total à música (como deve ser). Fui rebocado de casa pelo querido amigo Roberto Malater Guimarães e a experiência valeu a pena. Tive a oportunidade de parabenizar o igualmente querido Milton Ribeiro pelo aniversário, comemorado em altíssimo nível com o citado recital, o primeiro de uma série de eventos do tipo que acontecerão na Bambô, e de conversar bastante com alguns dos presentes no local, pessoas inteligentes e acessíveis. Como não podia deixar de ser, voltei para casa com um CD (“Avenida Angélica”, de Vitor Ramil) e um livro (“Intocável”, alentada biografia de Michael Jackson). Foi o de sempre: custo a sair de casa, mas quando saio geralmente gosto muito da experiência. É que sou esperto e seletivo: saio de casa quando sei que vou me divertir e me instruir de verdade.

Bernardo Frederes Kramer Alcalde: Milton, eu não tenho palavras para definir o que aconteceu ontem… É difícil até de pensar a respeito – porque mesmo pensar exige alguma ordem, uma hierarquização, um senso de prioridade… E quando tudo é essencial e inevitável e imprescindível, o que deixar de lado, o que deixar para depois?

Diante de todas as minhas limitações emocionais e intelectuais para lidar com tudo isso, vou suprimir o ego e as pretensões e me limitar a um pouco, muito sincero: muito obrigado. Eu nunca vou esquecer dos teus aniversários de 66, dia em que nos abraçaste com todos os teus sacerdócios – letras, notas, camaradagem… e até derrota do Inter. Com direito a igreja e tudo…

]Por favor, transmita minhas felicitações e agradecimentos à solista.

Cláudia Beylouni Santos: Glympses da celebração do aniversário do querido Milton Ribeiro @miltonrib , em que a querida e maravilhosa Elena Romanov Elena Romanov tocou em duo com o excelente André Carrara @andrecarrarapiano , assim estreando os saraus a se realizarem na Livraria Bamboletras @bamboletras com o magnífico PianoClio do @studioclio .

O ambiente estava muito gostoso, próprio ao prazer mesmo. As lindas almofadas arranjadas para nos acomodarmos à vontade no gargarejo me remeteram às livrarias com vida intrínseca e voltadas ao cerne de sua função na comunidade e no humano, como é a Bamboletras. Muito querido o detalhe de o Milton homenagear a sua mãe, cujo protetor de teclado agora volta à ativa.

Foi uma noite muito bonita. A música nos arrepiou. O ingresso era a compra de um livro, o meu escolhido foi A Filosofia de Andy Warhol, obra que eu não conhecia, mas imagino bem própria a ajudar a se sobreviver aos tempos de cada vez maior culto a celebridades pela celebridade em si, da mais insignificantemente provinciana à mais universal, com tão pouca ou nenhuma conexão ao valor essencial que eventualmente traduzam.

Esqueci de deixar a contribuição espontânea, que terei muito gosto em fazer oportunamente: a música de excelência oferecida merece toda a nossa retribuição. Que seria de nossa alma sem esse bálsamo? Foi uma noite aconchegantemente muito amorosa de comunhão de arte em estado puro e por sua própria virtude nos fazendo bem. Longa vida aos saraus na Bambô!

Iracema Gonçalves: Adorei a estreia do espaço musical da Bamboletras. Os músicos estavam maravilhosos em especial minha cunhada! Belo presente de aniversário!!!
Feliz novo ano!! Muita saúde, o resto se corre atrás!!!🥰❤️😘😘😘

Maria Luiza Bastian: Amei o recital, Elena toca para meu coração, profunda, tocante, lágrimas contidas o tempo inteiro. Amei também a última peça, a do bis.

Lucia Ramos da Silva: Nós, os convidados, recebemos de presente uma apresentação de excelência. Pra sonhar e recordar. Viva a Bamboletras!
Obrigada Milton Ribeiro!

.oOo.

Não tenho palavras para agradecer a Francisco Marshall pelo piano e a competência do Person Losekann Fontes no preparo do mesmo. Vocês são demais.

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O Terceiro Tiro (The Trouble with Harry), de Alfred Hitchcock

O Terceiro Tiro (The Trouble with Harry), de Alfred Hitchcock

Disparado, o Hitchcock mais estranho de todos. Contudo, é muito bom (e como era linda a jovenzinha Shirley MacLaine!). No Brasil, o filme recebeu o título de “O Terceiro Tiro”, tradução fiel de “The Trouble with Harry”. Re(vi) ontem com a Elena Romanov.

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Millôr Fernandes — 100 anos

Millôr Fernandes — 100 anos

Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos quarenta anos de vida, aprender a ficar calado.

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Meu Rei, de Maïwenn

Meu Rei, de Maïwenn

Eu e a Elena acabamos de ver “Meu Rei”, um filme sobre uma relação tóxica. A gente agradece de ser quem é, ou de estar em outra circunstância. Tudo é perfeito — roteiro, atores, direção, tudo. Um filme que retrata muito claramente a toxidade de um relacionamento e como adoecer com um “amor” desse tipo.

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Fim de Festa, Dia dos Pais 2023

Fim de Festa, Dia dos Pais 2023

Fim de festa. Feliz depois de um churrasco capitaneado por meu genro Vicente Cortese com minha filha Bárbara Jardim, meu filho Bernardo Ribeiro, minha irmã Iracema Gonçalves, meu cunhado Sylvio Gonçalves e Elena Romanov, é claro.

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A diminuição do chocolate Bis

A diminuição do chocolate Bis

Os maiores crimes contra a humanidade são cometidos silenciosamente.

Por exemplo, o chocolate Bis, que começou a ser fabricado pela Lacta em 1942, sempre teve 20 unidades por pacote.

Recentemente, passou a ter 16, mas manteve o preço, claro.

Se não tivesse sido cremada, minha mãe estaria se retorcendo no túmulo. Ela escondia Bis em seu guarda-roupa a fim de que seus filhos não comessem tudo. Só que não sabia quantos tinha. E esquecia de contar depois de começar a comer. Cada caixa tinha 20, mãe! Desculpe!

Voltando ao assunto principal: a Lacta diminuiu em 20% o pacote e manteve o preço. Confira em seu supermercado.

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