Até os 13, 14 anos, eu era um mau aluno, só lia quadrinhos e jogava futebol. Minha mãe ficava louca na certeza de que estava criando um idiota. Não que ela estivesse de todo errada, ainda mais quando me comparava com minha irmã, brihante em tudo até hoje.
Mas então veio a Sarinha, a professora de português e literatura que todo mundo deveria ter. A Sarinha mandou a gente ler O Tempo e o Vento. Minha mãe pegou O Continente da estante e me entregou a coisa com aquele sorrisinho tipo agora eu quero ver.
Não comecei a ler imediatamente, mas alguns colegas sim. A Sarinha reservava os 15 minutos finais de cada aula para sentar com os alunos que estavam lendo o livro a fim de discuti-lo com eles. As discussões eram de igual para igual, ela usava os nossos termos, a nossa expressão. Aquilo foi se tornando tão bom que logo todos estavam lendo para poder participar. A Sarinha tinha 1,50m com carisma de muitos centímetros a mais. Logo me agreguei ao grupo de leitores e não saí dele até agora, mais de 50 anos depois.
Hoje de manhã, lembrei daquela professora do ensino público. (Aliás, fui 100% do tempo do ensino e universidade públicas).
Grande Sarinha!