A Hard Day’s Night completa 50 anos hoje

A capa do disco de vinil. Clique se quiser ampliar.
A capa do original inglês de vinil. A edição brasileira trazia a mesma capa, só que com a cor vermelha substituindo o azul. Clique se quiser ampliar.

A Hard Day’s Night é o terceiro álbum dos Beatles. Seu aguardado lançamento aconteceu na Inglaterra em 10 de julho de 1964, acompanhando o lançamento do filme homônimo de Richard Lester.

O título da canção A Hard Day’s Night tem origem numa expressão criada por Ringo Starr em uma entrevista, daquelas bem bagunçadas. Ele disse ao disc jockey Dave Hull, no começo de 1964: “Tínhamos trabalhado um dia inteiro e mais a noite toda. Quando saímos do estúdio, eu pensava que ainda era dia e disse: “Foi um dia duro… mas olhei em torno e vi que estava escuro, então eu disse: foi a noite de um dia duro”. A Hard Day’s Night.

Correria
Correria

John Lennon escreveu a música em uma noite — desta vez sem trabalhar durante o dia –, e apresentou-a aos outros Beatles na manhã seguinte. A letra do manuscrito original pode ser vista na Biblioteca Britânica, rabiscada em caneta esferográfica nas costas de um cartão de aniversário.

Meus sete leitores devem saber que, apesar de assinarem juntos a maior parte das músicas do grupo, Lennon e McCartney raramente as escreviam juntos. Eles as faziam separadamente e depois discutiam alguma alteração. É simples identificar quem fez o quê. Basta ouvir o cantor principal. John cantava as dele e Paul as suas.

Saltos
Saltos

O filme lançado com o disco foi dirigido por Richard Lester. Dez ENORME sucesso. Mostrava, em preto e branco, a história de uma banda de rock que era perseguida por fãs histéricos. Após perseguições de fãs, entrevistas, e muitas piadas, a banda realiza um show na televisão. O filme mostra um pouco da realidade dos Beatles na época. No Brasil, o disco e o filme foram lançados pelo nome de Os reis do iê, iê, iê (a expressão “iê, iê, iê” deriva de “yeah, yeah, yeah”, presente no refrão da canção She Loves You).

Como se fazia na época, o álbum foi gravado em apenas nove dias não consecutivos, de janeiro a junho de 1964. Entre as sessões, os Beatles cumpriam seus compromissos de shows e da filmagem de A Hard Day`s Night. Durante a filmagem, John Lennon e Paul McCartney escreviam mais e mais canções. A maioria destas ficou fora de A Hard Day`s Night, indo para o seguinte, Beatles for Sale, lançado em 4 de dezembro do mesmo ano.

Descanso
Descanso

A Hard Day`s Night tornou-se seu primeiro álbum do grupo que continha material exclusivamente original, só com canções de Lennon e McCartney, ainda sem a participação de George Harrison como compositor.

Ouvi o disco novamente ontem e reforcei minha impressão. É um álbum bem diferente do que veio antes e do que virá depois. O motivo é simples. É o único disco dominado por canções de John Lennon. Isto o trona muito mais rápido, muito mais rock ‘n’ roll. A típica presença de Paul, muito mais lírico e melodioso, é notada em And I love her e Things we said today. O resto, com exceção de If I fell, são rocks rápidos.

Mais correria
Mais correria

Lennon foi o único compositor da faixa-título, juntamente com I Should Have Known Better, Tell Me Why, Any Time At All, I’ll Cry Instead, When I Get Home e You Can’t Do That. Ele também escreveu a maior parte de If I Fell e I’ll Be Back, e colaborou com McCartney em I’m Happy Just To Dance With You.

As contribuições de McCartney para o álbum foram discretas, porém excelentes: as clássicas baladas And I Love Her e Things We Said Today, bem como Can’t Buy Me Love.

A Hard Day’s Night é um dos três únicos álbuns dos Beatles para não contêm vocais por Ringo Starr. Os outros são Let It Be e Magical Mystery Tour.

O cartaz do filme de Lester
O cartaz do filme de Lester

As faixas de A Hard Day`s Night:

Lado A

A Hard Day’s Night
I Should Have Known Better
If I Fell
I’m Happy Just To Dance With You
And I Love Her
Tell Me Why
Can’t Buy Me Love

Lado B

Any Time At All
I’ll Cry Instead
Things We Said Today
When I Get Home
You Can’t Do That
I’ll Be Back

John Lennon: vocal, guitarra, violão, harmônica, tamborim
Paul McCartney: vocal, baixo, piano, sinos
George Harrison: vocal, guitarra, violão
Ringo Starr: bateria, congas, bongôs, tamborim
George Martin: piano

Produtor: George Martin, óbvio

O disco completo para meus sete leitores-ouvintes:

2 comments / Add your comment below

  1. É, esse post me faz constatar que sou velhinho… Quando escutei pela primeira vez A Hard Day’s Night devia estar na primeira série ginasial (como se dizia antigamente…). Senti algo como se fosse um relâmpago, alguma coisa assustadora, mas que eu precisava desesperadamente conhecer. Não tinha qualquer informação cultural relevante (minha família tinha como referência musical Ângela Maria e Vicente Celestino). Não tínhamos nenhum disco em casa. A minha janela do mundo era o rádio. Mais especificamente um programa muito popular à época, “Pare ou Continue a Música”. O programa era muito simplório: a cada dia um conjunto de aproximadamente cinco músicas era colocado no ar… E os ouvintes ligavam para a estação ordenando parar ou continuar uma dada melodia. Era muito semelhante aos “gatinhos” do post anterior, pois se passava, por exemplo, de Sinatra ao “Lampião de Gás” de Inezita Barroso… De repente, começou a aparecer, entre as músicas, um conjunto estrangeiro de nome estranho “De Bitols…”. Lembro que ficava desesperando quando alguém mandava parar “De Bitols” qualquer coisa, sem importância, que nem lembro… Bem, foi assim que conheci John, Paul, George e Ringo… O maravilhoso é que os tenho até hoje em meu coração… Ah, alguém pode dizer “Ramiro, isso foi coisa da sua adolescência… Toda gente vive isso…”. Não! Não! Não! O início dos anos 60, do XX, na realidade foram os primeiros suspiros do XXI… Sim, lá se deu o salto que chegou até aqui, nesses nebulosos dias contemporâneos. Guardadas a devidas nuances históricas, isto é, os acertos e, principalmente, TAMBÉM OS ERROS, o ocorrido no Brasil, a partir de 2002, terá influência positiva na História do Brasil para o além de 2050… Afirmo isso tranquilamente…
    *
    O que estamos a assistir é o estrebucho do pior… que se locupletou durante séculos de opressão ao Brasil… Ou seja, a patife elite brasileira, que é uma abominação ética, política e cognitiva, tenta, ainda, desesperadamente, fomentar uma colossal mácula tacanha de seus interiores violentos, fascistas e ignorantes à GRANDEZA DA DEMOCRACIA BRASILEIRA.
    *
    Meus queridos amigos, estamos diante da maior desfaçatez da nossa História: que dizer, eles que de todas as formas possíveis tentaram inviabilizar a Copa no Brasil, ou seja, sem qualquer escrúpulo apostaram, em benefício próprio, no insucesso do evento, agora acusam o Governo Dilma que apostou, até a alma, de oportunista… Porém, tais filhos da puta (todos aqueles daquela lista) não dizem uma única palavra sobre o evento histórico associado às piruetas do Vampeta, diante dos carnívoros do FHC, em 2002. Afirmo que tais fariseus, após a reeleição de Dilma, deverão ser enquadrados na futura lei sobre os meios de comunicação, porém nada físico, somente o fisco legal sobre os seus bolsos assassinos…
    Ah, que felicidade, quando lá, pelos anos de 2060, 2080, nossos netos cantarem, como cantaram, quatro jovens de LIVERPOOL: A Hard Day’s Night!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    1. E deixo isso, como contraponto
      a tudo que escreveram durante
      décadas contínuas de mentiras…
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      A CASA DO POETA
      by Ramiro Conceição
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      *
      Na casa do poeta,
      o comprimento é o tempo.
      A largura… a escritura,
      e a altura é o pensamento
      onde o firmamento mora.

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