A Zero Hora tentou ridicularizar os blogues de esquerda jogar de encontro a nós a competência da Polícia Civil para deslindar o Caso Eliseu Santos. Seria um caso claro de latrocínio, isto é, para consumar o roubo do cobiçado e exclusivo Corolla do Secretário da Saúde de Porto Alegre, ocorreu a morte da vítima. Confesso que fiquei constrangido por duas razões: (1) ficaria comprovado que um fato que me parece claro — o crime político causado pela corrupção — não passara de imaginação minha e (2) pelo fato de especialistas terem vindo até meu blog dizer que a coisa tinha jeito mesmo era de latrocínio. OK.
Rosane de Oliveira chegou a publicar recadinhos não para mim, mas para os muitos e ótimos blogs políticos do estado. Parecia uma vingança contra nosso ceticismo:
Retirado do Diário Gauche
Tudo bem, nada de nervos. Não seria meu primeiro erro, mas, olha, estava difícil de engolir esse troço. O cara sai de um culto evangélico — por definição algo populista e de sexta categoria — e tentam roubar seu carro na frente da família e outros débeis mentais fanáticos e siderados que saiam do “templo”. O troço era tão imbecil que me parecia coisa do demônio ou primeiro de abril. Pois exatamente neste dia a coisa ficou mais clara. Inteligente e subrepticiamente, o Ministério Público alijou a inconfiável Polícia Civil e fez uma investigação paralela junto com a Polícia Militar. O resultado? Bingo! Crime por motivo de corrupção, queima de arquivos, vingança, chamem como quiserem. E o novo assunto de ZH não é a possibidade de “outrens” estarem no bolo, mas a briga entre o MP e a Polícia. Poucos falam sobre os motivos reais dos crimes. Então, para não esquecer, recordemos as conclusões do MP:
Quem são os denunciados:
— Jorge Renato Hordoff de Mello e Marcelo Machado Pio, empresários: os dois são ex-policiais militares e sócios na Empresa Reação. Estariam contrariados com supostas exigências que teriam sido feitas pelo secretário Eliseu para renovar o contrato da empresa de vigilância com o município.— Marco Antônio de Souza Bernardes, servidor de confiança de Eliseu: ligado à Secretaria Municipal de Saúde, seria o intermediário nas negociações entre os donos da empresa Reação e o secretário Eliseu.
— Eliseu Pompeu Gomes, Fernando Júnior Treidkrol e Marcelo Dias Souza, três assaltantes: eles teriam sido contratados pelos donos da Empresa Reação para matar Eliseu, fingindo ser um assalto. Dois deles, Eliseu Pompeu Gomes e Fernando Júnior Treidkrol, foram baleados pelo secretário, na troca de tiros que resultou na morte de Eliseu. Estão presos. O terceiro, Marcelo Dias Souza, está foragido.
— Robinson Teixeira do Santos: seria o motorista do carro que levou os ladrões até a Rua Hoffmann, onde Eliseu foi morto.
— Janine Ferri Bitello, auxiliar de enfermagem: ela teria ajudado a socorrer e feito curativos em um dos criminosos, baleado por Eliseu na troca de tiros que resultou na morte do secretário. Ela seria velha conhecida do assaltante. Está denunciada por formação de quadrilha, não por homicídio.
Fonte: Clic RBS
Como já disse, nos dias posteriores, a RBS, fiel a seu estilo enrolão, passou a falar só naquilo que seria a Guerra Declarada entre o MP e a Polícia Civil, apesar da educação e da civilidade presentes na entrevista de ontem de membros do Ministério Público. A Polícia está indignada: fala que a ética foi ferida de morte e tergiversa igualzinha à imprensa. Parece jogada ensaiada. É a reação esperada. Então, posso agora dizer à abelha-rainha do jornalismo gaúcho Rosane de Oliveira (ver depoimento de Paulo Santana na coluna à direita do link), que sua PICADURA não causou grande efeito e que a teoria da conspiração está mais viva do que nunca. Afinal, José Fogaça, único candidato viável da direita guasca ao Governo do Estado, está logo ali adiante, na outra mesa.
Eliseu e Fogaça: nada a ver