Incompletos, de Albano Martins Ribeiro (Branco Leone)

IncompletosEu acho mais simpático e engraçado Branco Leone, mas o outro nome também está adequado; afinal, meu avô chamava-se Manoel Martins Ribeiro, nascido em São João do Loure, Portugal.

De todos os autores que apareceram através dos blogs, Albano-Branco é o que mais gosto. E não li poucos. Vamos começar pelo título do livro. Fico na dúvida se Incompletos é uma referência aos personagens do livro — sempre em busca do outro (em alguns casos em fuga) –, ou se aponta para a estrutura voluntariamente fragmentária dos contos. É um belo título. E um belo livro. Os contos são curtos, parecem instantâneos de um fotógrafo muito indiscreto. São muito bem escritas “cristalizações do fugidio” amoroso, como diria Erico Verissimo, contadas na voz característica do autor, entre a bem-humorada indulgência e a absoluta crueza. A única coisa que me perturbou na coletânea foi a história da qual gostei mais. (sexta à noite, no purgatório) é a maior narrativa do volume – 28 páginas -, a mais fragmentária e a que me causou a estranha sensação de pertencer a algo maior, que não nos foi dado a conhecer… Queria mais, parece haver mais. Haverá? Talvez seja porque a mim, o sarcástico narrador deste conto fez lembrar o extraordinário narrador da obra-prima Homo Faber, de Max Frisch. Mas isso é problema meu. Tiago Casagrande, ao comentar o livro, escreveu que Incompletos era um livro rarefeito, daqueles que nos deixam com mais dúvidas que esclarecimentos. Perfeito. Quem quiser verdades estabelecidas que vá a outro quintal, quem quiser o prazer da leitura que venha aqui.

O excelente livro é da editora Os Viralata.

11 comments / Add your comment below

  1. fala milton!!!

    sou aluno da letras da puc, e desde a sua visita na sala de aula, virei leitor assiduo daqui. concordo com a maioria das suas opiniões(a maioria,nem todas =P ) e gosto muito dos teus contos. mas dispenso os posts sobre o inter.

    onde eu poderia encontrar esse livro? vlw
    abração!

  2. Bruno, ele pode ser comprado no site da editora “Os Viralata” indicado no final do post. Foi onde comprei o meu. Recebi o meu em casa.

    Obrigado pelos elogios!

  3. Isso é que é uma boa resenha: mostra que, apesar de não se saber um pouco mais a respeito, o livro vale a pena.
    Mas, fico na dúvida, são todos só(?!) com o tema “‘cristalizações do fugidio amoroso”?
    Ou há mais “flagras” da diversificada realidade?

    Qualquer que seja(m) o(s) tema(s) gosto da escrita rarefeita. Um livro rarefeito já é uma outra coisa.
    Mas tenho ouvido falar, dgo, tenho lido bastante sobre o blogueiro Branco Leone, excelente e rico pseudo nome e acho muito bacana que ele tenha uma editora.
    Um beijo e parabéns aos autores, do livro e da rsenha.
    Meg

  4. Ôxe, finalmente consegui (re)entrar aqui pra ver o post ao vivo. Do mesmo jeito que não conseguia (sem motivo), agora consegui (igualmente). Obrigado pela resenha, Milton. Valeu muito, inclusive pela indicação do Max Frisch, de quem nunca tinha ouvido falar. Seria uma espécie de Raymond Carver suiço?
    Abração.

  5. Eu ainda não comprei o livro do meu editor não, mas, como já falei com ele, assim que a reforma da minha casa terminar eu vou comprar. Depois de ler “Os Melhores (e alguns dos piores) Textos de Branco Leone”, tenho certeza de que esse aí deve ser ainda melhor.

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