Balada das Três Mulheres do Sabonete Araxá (1931)
As três mulheres do sabonete Araxá me invocam, me bouleversam, me hipnotizam.
Oh, as três mulheres do sabonete Araxá às 4 horas da tarde!
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!
Que outros, não eu, a pedra cortem
Para brutais vos adorarem,
Ó brancaranas azedas,
Mulatas cor da lua vem saindo cor de prata
Ou celestes africanas:
Que eu vivo, padeço e morro só pelas três mulheres do sabonete Araxá!
São amigas, são irmãs, são amantes as três mulheres do sabonete Araxá?
São prostitutas, são declamadoras, são acrobatas?
São as três Marias?
Meu Deus, serão as três Marias?
A mais nua é doirada borboleta.
Se a segunda casasse, eu ficava safado da vida, dava pra beber e nunca mais telefonava.
Mas se a terceira morresse…Oh, então, nunca mais a minha vida outrora teria sido um festim!
Se me perguntassem: queres ser estrela? queres ser rei?
queres uma ilha no Pacífico? Um bangalô em Copacabana?
Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca. Eu só quero as três mulheres do sabonete Araxá:
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!
Manuel Bandeira (1886-1968)
Manuel Bandeira (1967)
Este poeta está
Do outro lado do mar
Mas reconheço a sua voz há muitos anos
E digo ao silêncio os seus versos devagar
Relembrando
O antigo jovem tempo quando
Pelos sombrios corredores da casa antiga
Nas solenes penumbras do silêncio
Eu recitava
“As três mulheres do sabonete Araxá”
E minha avó se espantava
Manuel Bandeira era o maior espanto da minha avó
Quando em manhãs intactas e perdidas
No quarto já então pleno de futura
Saudade
Eu lia
A canção do “Trem de ferro”
e o “Poema do beco”
Tempo antigo, lembrança demorada
Quando deixei uma tesoura esquecida nos ramos da cerejeira
Quando
Me sentava nos bancos pintados de fresco
E no Junho inquieto e transparente
As três mulheres do sabonete Araxá
Me acompanhavam
Tão visíveis
Que um eléctrico amarelo as decepava.
Estes poemas caminharam comigo e com a brisa
Nos passeados campos de minha juventude
Estes poemas poisaram a sua mão sobre o meu ombro
E foram parte do tempo respirado.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
Meu primeiro amor e um amor novo…
Bandeira foi o meu porquinho da índia…
Até hoje mora no meu criado mudo. (acho que meu mudinho fala bandeira)
bela juntada! bjs, f
Não conhecias a Sophia? Feito!
Estava mesmo te devendo um presente por aquele baita favor que me fizeste…
Ixi! esás mesmo perdendo tua prodigiosa memória!
Lembra que lestes um post no meu blog sobre ela? onde dissestes que era a tua poetisa preferida?
txc tsc tsc
ainda me deves um presente…
E olha que estou quase de aniversário, hein? pleno inferno zodiaca!
bj, f
Putz!
pronto! me fizestes queimar os hamburgers!
Tu e amacacada que reapareceu hj e anda pelo telhado e espia pela janela agora. Descobri que não gostam de tomate (ao menos gelado)!
bj, f
Milton, há uns 15 anos, aproximadamente, inventei um poema sob a influência total de Bandeira: “O Poeta da Cidade”. É fácil encontrá-lo:
http://www.grindelwald.com.br/ramiro/poemas.htm#O%20POETA%20DA%20CIDADE