Publicado em 22 de novembro de 2005
Logo eu, de tão raras viagens, passo um novembro todo viajante. Depois dos barulhentos lançamentos de meu orgulhoso 1/14 de livro em Porto Alegre e São Paulo, depois da necessidade de ir à Goiânia para trabalhar – aproveitando a estadia para mais um lançamento -, vou agora à Madrid, Roma, Verona, Riva del Garda e Milão. É uma viagem rápida, mais determinada pelas necessidades profissionais da Claudia do que por turismo, porém dei um jeitinho de enxertar visitas (e aceitar convites) a (de) alguns amigos, como Nora Borges (Madrid) e Flavio Prada (Riva del Garda). Preciso vê-los, quanto mais não seja para levar-lhes camisetas da Verbeat – não sei vocês sabem que o Pradinha está vindo aumentar a algaravia de nosso condomínio.
O blog foi uma revolução em minha vida. Além do indiscutível prazer de ser lido, esta coisa cinza e de lay-out duvidoso, talvez homenagem a meu daltonismo, trouxe-me um leque de brilhantes e generosos amigos em quantidade nunca dantes vista. Nos últimos tempos, posso dizer resumidamente que viajei com a Stella e com a Mônica, hospedei-me na Laura-RJ e no Zadig, além de conhecer mais uns 50. Tais encontros sempre me mostraram um grau de interesse e carinho muito mais alto do que a média encontrável na rua. É uma afinidade detectada nos escritos de cada um – seja de que qualidade forem – e nunca fraudada nos encontros ao vivo. As pessoas que conheci em Goiânia e São Paulo no último final de semana foram uma overdose neste sentido. A viagem começou meio esquerda quando o pessoal da Gol me disse em Porto Alegre que eu tinha considerável excesso de bagagem e que isto me custaria R$ 106,00. Decidi que não pagaria aquilo nem morto. E, bem, como não deixaria de levar as toneladas de erva mate solicitadas e muito menos as copas (salame tipo milano, vulgo copa) no aeroporto, resolvi deixar os vinhos. De forma um tanto cronópia, ofereci os vinhos aos funcionários da companhia aérea, que negaram-se fama e profissionalmente a receber o presente; então, voltei ao ponto de táxi e perguntei aos taxistas se eles queriam vinho. Imagina se não! Primeiro ficaram desconfiados (Não tem mijo aí dentro?), depois entraram em acordo na divisão das onze garrafas. Não sei como isto repercutiu no trânsito de Porto Alegre, mas gostei de ver as caras alegres deles, convidando-me a aparecer mais vezes… (Volta sempre, tá? Amanhã a que horas?)
Depois, foi a mais tranqüila das viagens. A coisa só foi piorar na volta a Porto Alegre, quando Márcio Resende de Freitas resolveu que não seria bom marcar o pênalti sobre Tinga. Vocês sabem como são os juízes, são autoridades arrogantes em campo, mas subservientes fora dele. São obedientes aos chefes e pavlovianos quando, na dúvida, escolhem sempre beneficiar o dinheiro e o poder. É o Corínthians da MSI, o Palmeiras da Parmalat, o Flamengo da CBF, o Vasco da CBF a da truculência, etc., tudo misturado com aquele medinho de perder o lugar de árbitro da Fifa, condição que lhes rende altos ganhos que lhes é concedida pela CBF, que também gosta de dinheiro, poder, TV, etc., e assim caminha o futebol. Enfim, roubaram meu time.
(*) O nome do post: é que acho tão bonito o título deste oratório de Handel que resolvi usar. Alguma coisa contra? Do original italiano: Il Trionfo del Tempo e del Disinganno. Nesta obra filosófica, escrita por Handel aos 22 anos sobre libreto de Benedetto Pamphilj, está a famosa e espetacular ária Lascia la spina, cogli la rosa, a preferida de tantos cineastas.