As "Maravilhosas" Terapias de Casal

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Você – que é um de meus sete leitores – sabe que não sou um representante das trevas, até pelo contrário. Assim, não tenho nada contra psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e outras especialidades da área psi. Já fui um feliz e infeliz usuário destes serviços e não desconheço nem desmereço sua importância. Lembram que uma vez escrevi que Freud foi o homem mais importante do século XX? Pois é. Mas, desde que li numa antiga revista Veja, encontrada na sala de espera do meu cardiologista, o surpreendente e superficial artigo Separados no Divã, a coisa não me saiu mais da cabeça. De alguma forma difusa, eu já sabia, mas agora veio a confirmação. Esta matéria dá conta de pesquisas feitas por universidades americanas e canadenses que tabularam dados sobre casais que sofreram a tal “Terapia” e mostra-nos os índices que sempre imaginei:

– 65 % acharam que o casamento não melhorou;
– 82 % não sentem benefício algum um ano após o início da terapia;
– 25 % ficaram piores;
– 38 % se divorciaram em até quatro anos após o fim da terapia.

Um fracasso? Participei de uma terapia dessas (justamente a minha fase infeliz na área psi) e vi nossa psi-moderadora atuar sempre no sentido de levar-nos a uma separação tranqüila. Nunca a vi atuando no sentido da reconciliação. Parecia-me que os casais que ficavam muito tempo juntos eram vítimas de alguma patologia a ser evitada e corrigida ali. Sem maiores cerimônias, o objetivo claro tornou-se o de romper com classe e sem escândalos. Eu – mesmo achando que nossa relação iria mesmo para o brejo – esperava um bombeiro e encontrei um piromaníaco. Fomos bem sucedidos e a separação aconteceu em silêncio e com a surpresa dos amigos. Hoje, estamos ambos reestabelecidos em outras relações. Porém sempre fiquei com aquela dúvida e a expando para outros campos de nossa vida: de onde vem esta impaciência idiota, esse tolo encerrar-e-começar de coisas novas que nos afasta das já iniciadas, impedindo-nos de completá-las ou de nelas nos demorar de modo mais profundo? Não sou um desistente contumaz. Talvez por possuir uma memória mais competente (além de enorme, pouco seletiva, desagradável e que dificilmente se deixa iludir) que o comum, sempre sinto como uma traição o assassinato de qualquer afeto, mesmo que ele esteja em estado vegetativo persistente. A eutanásia repetidamente proposta pela terapeuta de casal proporcionou-me grande alegria meses depois, pois pude substituí-la por alguém muito melhor, mas conheço casos bem diferentes, casos em que o problema maior parecia ser o de comunicação adequada, em que parecia haver boa vontade de ambos os lados separadamente, em que havia a figura de um psi-moderador inócuo e… Não posso contar aqui, porque desconheço os nomes exatos de meus 7 leitores e prezo minha integridade física.

Segundo o Dicionário Aurélio, instalado em meu computador, a palavra terapia significa:

Forma de tratamento em que se empregam meios mentais (sugestão, persuasão, etc.), visando restabelecer o equilíbrio emocional perturbado de um indivíduo.

Terapia vem do grego “therapeía”, do verbo “therapeúein”, que significaria “servir”, ‘honrar”, “‘assistir”, “cuidar”, “tratar”, ou seja, são palavras que tem intimidade maior com continuidade do que com rompimento.

Conheço pessoalmente 5 casos de “Terapia de Casal” e as baixas foram de 100%. Por outro lado, todos os casais que vi separarem-se e retornarem não tinham terapeutas. Parecem felizes.

No ano passado, um amigo íntimo e querido enviou-me cópia oculta de um e-mail que enviara a sua terapeuta. O tratamento já havia terminado e, apesar da conhecida índole pacífica deste grande amigo, ele demonstrava certo ódio… da terapeuta. Digamos que o tratamento soube-lhe mal. Pedi-lhe para publicar aqui seu texto com os nomes alterados e algumas correções de digitação. Obtive a permissão, porém penso que seria demasiado. O post talvez ficasse interessante, mas o excesso de verossimilhança do relato visceral estavam incomodando a mim, dono de um blog às vezes lido pelos amigos dos filhos, muito mais do que por estes.

(Acabo de avisá-lo pelo telefone sobre minha mudança de planos. Ele compreendeu pacificamente, rindo e concordando.)

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37 comments / Add your comment below

  1. Comentário feitos no blog anterior:

    Faço parte dos 38%.
    DaniCast As “Maravilhosas” Terapia… Jun 14 2005

    Eu fiz terapia por quase 1 ano. Analise durante 3 meses. Partir para o psiquiatra e remedios. Já tem 9 meses. Agora, 82% é coisa pra caramba. Quero dizer, não só de custo (uma sessão é… cara), mas… é possivel procurar o procon?
    Carol Ribeiro As “Maravilhosas” Terapia… Jun 12 2005

    Conheço inúmeros psi-XXX que se separam, muita teoria e pouca prática.
    Pirômano As “Maravilhosas” Terapia… Jun 3 2005

    Querido, Teria tanto a dizer sobre este post. Serei breve. E que fique claro que não é uma defesa da minha profissão, em relação à qual tenho muitas críticas. Tanto a pessoas, quanto a teorias e procedimentos. A terapia de casal, esta designação genérica, abrange mais de uma técnica, é claro. Os americanos , possivelmente canadenses também têm sempre os procedimentos mais invasivos, mais interferentes e que nada (veja bem) nada têm a ver com a psicanálise. Independentemente disto temos aqui no Brasil diversas instituições formadoras de terapeutas de casal. Umas na minha opinião mais sérias, outras menos. Umas usam técnicas mais eficazes, outras menos. Como em todas as terapias psicológicas, isto varia com a opinião de quem as estuda. As terapias de casal não são psicanálise. Não propoem mais do que ajuda na resolução dos conflitos mais importantes do casal. Conflitos, estas coisas que se vão construindo ao longo de anos e que têm tantas ramificações. Conheço profissionais altamente competentes no seu ofício. E mais, casais que não se separaram.E um número razoável de casais que se separam. Vc há de convir que, quando um casal procura um terapeuta é porque a coisa está mal e os dois não conseguem mais resolvê-la. Procuram ajuda. A solução encontrada pode ser a que ninguém podia ver e se tornava o inferno conjugal, a de se separarem. É natural que a tendência seja a da separação pelo grau de dificuldade que já há quando a dupla decide( enfim!) procurar ajuda, vc entende? Ao terapeuta de casal cabe apenas ajudar o casal a se ouvir, a perceber o que está acontecendo. Uma terapia destas nunca visa a separação nem a reconciliação, visa a solução que o casal puder, com ajuda, encontrar. Ou seja, terapeutas competentes não são bombeiros, nem piromaníacos. Se fossem um ou outro estariam participando da patologia do casal.São apenas pessoas qualificadas a prestar um tipo de assistência que auxilie o casal a perceber o que de fato deseja. Uff..rs..ficou enorme. Mas faço questão que voltemos a isso, fora daqui. Vc ainda me deve uma conversa ( agora duas, com essa aqui) sobre um assunto que vc postou há algum tempo ( se não me engano sobre um tombo da Bárbara, do cavalo). Proponho que achemos alguma hora em Paraty,para isso, já que aqui no Rio não foi possível. : )E eu tinha umas coisas a dizer, penso que te interessem. Beijo grande, Silvia
    Silvia Chueire As “Maravilhosas” Terapia… Jun 3 2005

    Numa separação, conduzida por terapeuta, o casal entra com muita gasolina e o psi entra com bem pouquinho fogo. Um palitinho de fósforo, que sempre funciona. O pior: eles cobram por isto e o casal paga!!!!!!
    Pirômano As “Maravilhosas” Terapia… Jun 2 2005

    “Eu – mesmo achando que nossa relação iria mesmo para o brejo – esperava um bombeiro e encontrei um piromaníaco.” Esta frase é antológica, Milton. Um beijo de chuuuuuuvaaaaa.
    Márcia As “Maravilhosas” Terapia… Jun 2 2005

    É muito mais fácil destruir do que reconstruir, Milton. Embora o papel da terapeuta não seja o de direcionar o paciente para fazer o que ela acha melhor e sim ajudá-lo a encontrar dentro de si o melhor caminho, com total imparcialidade. Infelizmente não é sempre assim e muitos estragos são feitos, né? Bom, tô por aqui, agora voltei a buscar outro trabalho, meu amigo. Um grande beijo angel ps: e Parati? Tá animado? Tô achando que dessa vez eu vou 🙂
    angel As “Maravilhosas” Terapia… Jun 2 2005

    Que tal o charme dos 07 leitores. É comum este “menosprezo” quantitativo quanto a leitores. Conheço um que diz ter 3 leitores. modéstia? Não, é charme.
    Socó As “Maravilhosas” Terapia… Jun 2 2005

    Com todo o respeito que tenho pela área psi, não faço (e nunca fiz) terapia. Prefiro continuar casado (com a Eloá e com minhas doidices). 🙂 Ciao
    Allan As “Maravilhosas” Terapia… Jun 2 2005

    Olá Milton! Bom, é a primeira vez q aqui entro… tinha curiosidade de conhecer seu blog, devido aos seus comentários q leio em blogs amigos. Posso opinar¿! rs Olha, eu sempre gostei muito do conhecimento da área, tanto q desde garota fui lendo livros a respeito da mente, tais como: o poder da mente, Losang Rampa, auto-sugestões p o sucesso etc, como tbém livros da área da psiquiatria. Fiz vestibular pra psicologia, mas os caminhos foram desviados, culminando na área educacional. P completar, fiz tbém Psicopedagogia… onde estuda-se a formação do homem e a origem de suas dificuldades de aprendizagem através de diversos teóricos, inclusive Freud. Por experiência, pude constatar diversas contradições de profissionais renomáveis que na vida real, nada teem em comum com sua teoria e/ou prática profissional. Então, aprendi que em todas as profissões, o que mais aprecio qdo busco um profissional, é a sua concepção de mundo, suas crenças que tentam manter a todo custo em sigilo, pois, de acordo c a linha de pensamento e de valores deste ser humano, é que posso avaliar, se ele está de acordo com o q necessito ou não. Ao meu ver, dependendo do caráter deste cidadão, pode “detonar” com a vida de uma pessoa, como tbém pode “salvar” a vida de seu semelhante. Um abraço
    Soninh@ As “Maravilhosas” Terapia… Jun 1 2005

    Se “quando um não quer, dois não brigam” (mentira, pq brigam sim), imagina tres… Bem, em alguns casos, vai ver é mais confortável ter outro alguém pra bode expiatório, certo? Um abraçuu.
    Leila Eme As “Maravilhosas” Terapia… Jun 1 2005

    Estás vendo, Milton? Tens, pelo menos, 14 leitores. Amei esse post, que me fez pensar sobre diversos aspectos de minha vida.. rsrs. Agora entendo todos os meus problemas: a fonte está no meu psicólogo! haha! Adorei aqui e vou voltar. Beijos todos!
    Beatriz Galvão As “Maravilhosas” Terapia… Jun 1 2005

    Te enganas, Milton. São, no mínimo, oito leitores. Visito sempre teu blog e gosto muito. Só não tenho conseguido comentar com a atenção e o cuidado que mereces. Tentarei mudar isso. Aliás, e aquele texto que te mandei, chegaste a lê-lo?
    Paulo As “Maravilhosas” Terapia… Jun 1 2005

    Vc não tinha o direito de não me passar a corrente de cinema!!!!!!!!!!!!!! Bem, meu caro, esse ano eu quero ir à FLIP. Como está o andamento do negócio? A menos que eu esteja dando aulas, eu vou. Passe-me informações assim que possivel. Um abraço, R
    RMax As “Maravilhosas” Terapia… Jun 1 2005

    Caro Milton, Li o post anterior no fim de semana e quando comentei…caiu, conexão por tel ( coisa de pobrinha), fazer oque? Querido, você tem bom gosto. Binoche pra mim é perfeita. Não é gorda, nem magra, não é deslumbrante, mas é sensual e bonita, além de simpática. É… ela é um show! Qto ao post atual, a Veja está aqui do meu ladinho e penso como você. Frenquento uma “psicótica” ( opss) a quem adoro, essas terapias de casais são furadas, o comentário vai ficar imenso ( detesto) e adorei a opinião da Adelaide. Beijosssssss Mirto.
    Mônica As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    Milton voce joga estas idéias assim como quem põe uma maçã sobre a mesa e agora como vou dormir essa noite?. Freud recomendava que o ego, esse nosso companheiro chato e grudento fosse completamente eliminado ou no minimo posto de castigo. Ele atrapalha mesmo, já que não é relacional o puto. Não quer saber de media, concessões ou tratos. Matando o ego, qualquer coisa fica mais facil. Porém do outro lado temos este instituto de produçao de malucos que é o casamento, a coisa mais artificial e massacrante que a cultura pôde conceber. Não é facil o trabalho dos psi, que não sabendo absolutamente que caminho tomar, escolhem ao menos aquele que possa garantir pacientes pelo maior tempo possivel, afinal o champanhe está sempre cada vez mais caro.
    Flavio Prada As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    Bom, como os comments não estavam funcionando para mim hoje pela manhã, dissertei by mail… mas aproveitando o fórum estabelecido, pinço apenas a assertiva sobre minha fé no tratar-se de si como melhor ferramenta para tentar sanar o mundinho no nosso entorno. E uma psicoterapia bem conduzida por ambas as partes é tão válida quanto o preocupar-se em enriquecer o mundo com arte, leitura, beleza e umas boas horas de sono. Beijocas.
    Laura Paz As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    Costumo dizer, em palestras, que o Analista de Sistemas é muito arrogante, perdendo apenas para Médico e Advogado, mas por pouco tempo… Talvez se eu fosse da área Psi substituísse a palavra arrogância por prepotência. Ainda bem, para mim e para os outros, que sou da área de Informática.
    Manoel Carlos As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    Salve! Bom, tanto meu conhecimento quanto minha experiência psi são muitíssimos rasas para afirmar qualquer coisa. ehhehe Fico pelo acho. E acho que há de se ter cuidado. Se um psicanalista ou psicoterapeuta deve carregar um peso enorme nas costas e ter um cuidado monstro quando responsável por um só indivíduo (pessoas não são 1 + 1 = 2), como dar conta de dois e de tudo que existe ENTRE eles dois (quase um terceiro)? Não sei se é possível, sinceramente. Fora que, acho de novo, é uma progressão geométrica. A compreensão e solução de problemas, juntamente com as não-controláveis análises pessoais dos “pacientes” é potencializada pela relação. Tipo.. o diálogo extrapola psicólogo e sujeito, ele segue sujeito e sujeito, 24 horas, e daí as pessoas pensando sobre si mesmas em choque com uma orientação “X” sobre como tratar as questões, que talvez não tenha sido nunca o jeito que imaginavam, faz disso tudo uma maçaroca. Então, tenho muuuitas ressalvas. Mas isso tudo eu só acho. 🙂 De resto, lembro agora que vi uma entrevista há um tempo com uma psicóloga brasileira que exerce a profissão – exatamente terapia de casais – há uns 15 anos nos USA. E ela lançou um livro “bombástico”, como foi tratado pela imprensa de lá, questionando todo método deles. O ponto é que a moral (ou, melhor, a falsa moral) americana sobrepõe a uma “franqueza norteadora” das terapias do tipo. Como assim? É que jamais se entra num consultório por lá, como um casal, imaginando que o que há para resolver é outra coisa a não ser fazer com que se reconciliem. A hipótese de separação é tratada como um demônio que deve ser combatido. E por aí vai… É só perguntarem par ao Bush o que ele acha… ehheh 🙂 Abraço!
    Gejfin As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    Sabes Milton. mesmo sendo apreciadora de certos psicoterapeutas, e amar o trabalho de Jung, nunca consegui pedir ajuda aos profissionais da pscologia. talvez freud explique esta resistência. te beijo
    Nefertari As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    Quando comecei a formação em psicanálise, Marcílio me via preparando monografias, freqüentando o analista, a Letra, a Formação Freudiana, o IBMR, seminários, e eu às vezes o pegava calado, me observando de um canto. Depois de muito tempo, fiquei sabendo que para ele análise era sinônimo de separação, porque muitos dos conhecidos dele tinham se separado depois de uma terapia. Não falo de terapias que não conheço suficientemente, mas uma análise que se preze pretende ir ao encontro do desejo do paciente – às vezes bem difícil de identificar até para o próprio: não é por outra razão que certas análises se arrastam por tantos anos. Mas se for competente e bem conduzida, a análise não parte de pressupostos nem quer “persuadir” o paciente de nada. É muito mais um trabalho de detetive, uma cumplicidade. Claro que estou simplificando, reduzindo para caber num comentário. Não acredito em terapias que sigam outros caminhos, e acho que a maioria dos terapeutas psi têm pouca paciência ou são donos da verdade, mesmo quando não são fake. Nessa área, não pode dar certo. Beijo pra vocês.
    adelaide As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    Eu, outra vez. Este é meu outro blog; é onde escrevo meus contos. O outro é para assuntos gerais. Vá lá e leia a saga de Laurinha, Miguel, Cidão, Margarida etc… Ainda está rolando, um pouco cada post… Beijo!
    Jane As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    Entrei aqui através do blog Agreste, do fabuloso Manuel. Pois o Milton é fabuloso também, permita-me dizê-lo. Adorei este post considerando sobre terapeutas, psicoterapeutas, psicólogos e afins. Parece que você está pensando, e não escrevendo, tão cursivas saem as idéias. Fiz análise freudiana por 8 anos (mas não de casal), e por isso penso que posso contribuir um pouquinho. Concordo com tudo o que você disse, é bom que eu diga. Além de experimentar na carne, também soube de casos em que o terapeuta não soube exercer (eu ia dizer conduzir, mas não me pareceu próprio) satisfatoriamente a sua profissão. Dos 8 anos, 2 foram de análise individual e 6 de grupo (com o mesmo psicanalista), mas admito que a individual é a que valeu (para mim). A de grupo me pareceu um encontro social semanal; mas era a que eu então podia pagar, nem mais nem menos. Depois disso fiz um ano de bioenergética (achei boa mas meio pirante, depois de ter exercitado por tanto tempo a palavra). Mas posso dizer que há outras formas que achei para estar bem comigo mesma: ativar o lado criativo (o mais importante, acho); caminhar ao sol da manhã; trocar a alimentação (pela biotipologia – opera quase milagres). Pequenos exemplos, só isso. Outras formas existem. E, é claro, uma orientação – como você mesmo citou – responsável e confiável. Foi bom ter conversado com você. Um beijo. Voltarei. E vou responder o questionário também. Passe lá no meu pedaço!
    Jane As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    eu acredito em Freud e psicanalistas – até por isso tenho a minha, obrigado – mas dentro de um escopo delimitado. uma coisa que eu não acredito que psicoqualquercoisa possa é salvar amores. porque amor, bicho, não tem essa de lerolero e “como você se sente a respeito disso”. tudo o que é preciso saber sobre ele a gente vê no fundo do olho. o resto é só contrato social. e antes que comecemos a diferenciar “casamentos” de “amor”, eu vou ali me deitar deitar na grama, pra olhar as estrelas.
    tiagón paz e amor As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

    ah! muitas coisas para dizer. nem sei se dou conta porque estou num momento maravilhoso (na terapia e na vida de casal – sem terapia “de casal”). mas acho importante algumas colocações e diferenciações: 1) americanos e canadenses – principalmente americanos – são completamente fóbicos no quesito psicanálise e Freud. a psicanálise é só UMA corrente da psicologia. existem inúmeras mas cito aqui, além da própria psicanálise, as correntes cognitivo-comportamentais, o humanismo, as teorias transpessoais. todas elas têm suas diferenças e semelhanças. em termos de semelhanças, a maioria, fica apenas numa: a de ser uma ciência/corrente teórica/filosofia/anything, que se interessa pelo comportamento humano. voltando: nos EUA, a corrente teórica mais estudada e difundida é a do behaviorismo. aquela famosa do experimento com o cachorro. aquela que diz que todos somos condicionáveis. então não me surpreende uma pesquisa americana que diz que “divã” – coisa da psicanálise – não dá certo. eles estão, com todo o direito, vendendo o peixe deles. Freud, psicanálise são muito mais apreciados pelos profissionais da Europa, Argentina e do sul do Brasil. sobre Ásia, Oceania e África não tenho dados. 2) buscar pelo significado da palavra terapia no dicionário não leva à muita coisa. “sugestão, persuasão” são palavras praticamente banidas do Código de Ética do profissional psicólogo. além de que, da forma como o conceito é apresentado pelo “seu Aurélio”, está bem limitado e atrasado… 3) importante diferenciar: psicólogo, PSICOterapeuta é infinitamente diferente daqueles que se entitulam “terapeutas”. infelizmente, como em todas as profissões, existem os charlatões. então, da próxima vez que fores procurar por um profissional psi, peça pra ele, antes de qualquer movimento, o número do registro dele no CRP (Conselho Regional de Psicologia) e verifique se esse registro realmente existe – tem tanto charlatão por aí que alguns até inventam números de CRP falsos. 4) existem bons profissionais e maus profissionais. em tudo que é lugar. em tudo que é área. mais ainda na psicologia, onde tudo é muito mais subjetivo do que objetivo – não é como um médico dermatologista que simplesmente vai lá e faz um procedimento padrão, por exemplo. por vezes um psicólogo é ótimo para fulano mas é péssimo para beltrano. simples assim. é o velho e bom feeling. 5) te indico, além do site do Conselho Regional de Psicologia (http://www.crp07.org.br/index.php), um livro bastante interessante, até para quem não é psicólogo: “cartas a um jovem terapeuta”, do psicanalista Contardo Calligaris, editora Alegro. nossa! escrevi demais! mas espero ter esclarecido alguns pontos… beijos e boa semana!
    Ana As “Maravilhosas” Terapia… May 31 2005

  2. Já leste Mentiras no Divã, do Irvin Yalom? Pegajoso, difícil deixar de ler até o final. Fala justamente sobre uma separação que foi feitas graças à ajuda de um terapeuta (ou teria sido pela chegada de outra mulher?) e nos faz pensar que nada é tão simples quanto parece a uma análise superficial e, ao mesmo tempo, tudo pode ser tão simples se quisermos…

    1. Sou Mestre e terapeuta de casal e de família, e a realidade das minha práticas não se assemelham em nada com esta estatística apresentada. Assim gostaria que me disponibilizasse a fonte destes dados, é cientificamente aprovada?gostaria que disponibilizasse o artigo científica para mim .obrigada.
      Silvia

  3. Olá Milton,
    Acho que até hoje vc guarda mágoas daquela terapia de casal. Mas concordo com a Silvia Chueire, assino embaixo do que ela muito bem disse ai emcima.
    beijos Stella van der Klugt

    1. Stella, tu sabes sempre tudo e és justa! Guardo MUITAS mágoas da terapia e de alguns resultados da mesma. Porém, no cerne, agradeço os céus que tenha me livrado daquela relação.

  4. isso só reforça minha desconfiança quanto aos especialistas – incluindo aí terapeutas de casal.
    tudo o que eles recomendam, eu faço o contrário.

  5. Você escreve como quem não pensa pra escrever e o faz com tanto conteúdo, tanta verdade, que seus posts são assim tão bons de se lerem e, ao mesmo tempo, tão ricos em conteúdo, o que os torna imprescindíveis.
    Aprendi que o maior inimigo do analista é a criança que mora dentro dele e por isso a primeira regra para quem se coloca neste lugar é: mantenha abstinência! Abstinência de julgar, abstinência de querer conduzir o cliente para o que se considera o bem, abstinência de se identificar com quem o procura. Outra regrinha importante: suporte as projeções! E a mais dolorosa: aceite a solidão, pois o terapeuta é apenas um suporte, um instrumento. Falar de humildade, aqui, é até covardia.
    <bA técnica não se torne o leito que Procusto oferecia ao viajante, cujas extremidades tinham que ser cortadas para nele se acomodar. Pelo contrário, é o terapeuta que deve se conduzir pela necessidade do demandante. Mas estabelecer regras e dizer como se deve fazer é fácil…
    Seu testemunho é valioso por conter sua verdade. sua versão e, pela repercussão nesta caixa de comentários vc já viu que mexeu num vespeiro. Coisa de blogueiro porreta!

    1. Pois é, Cláudio. Eu tenho absoluta certeza de que não houve abstinência alguma. A condução foi a regra e acabou por deixar muitas coisas em situações inaceitáveis.

  6. Não me considero um “representante das trevas”, mas sou anti-freudiano convicto. Creio que não se deve utilizar um misto de antropologia/filosofia/teoria literária e restos de medicina em um programa terápico que, como afirmou a Elisabeth Roudinesco, não tem no horizonte a perspectiva da “cura”, o que até compreendo, pois, para viver nesse mundo sem se suicidar, só elaborando formas sutis de doença mental.

    1. Marcos, não sei se tu és sempre tão convincente, mas de novo venho a concordar contigo.

      Eu acho que a “alta” é necessariamente um aprendizado de defesa e um contorno. Pois, sem dúvida, não há cura, o que nos sobra é a simples sobrevivência.

      Abraço.

      1. Digamos que eu não sou a pessoa com a cabeça mais saudável que eu conheço. Eu já fiz terapia durante um tempo, e foi uma experiência bacana, apesar do preço exorbitante. Mas nas últimas consultas eu me sentia pagando pelo pônei que a filha do doutor tanto devia querer, e comecei a encrencar com diversas atitudes dele. Como todo bom psicanalista, ele no máximo esboçava um sorriso. Mas hoje me sinto melhor. Um grande amigo finalizou suas sessões com chave de ouro, somente discutindo sobre charutos e pôquer, já que tanto ele quanto o doutor sabiam que era a última sessão e que em 40 minutos nada se resolve.

  7. Bobo é assim: as pessoas procuram terapia de casal para serem felizes. Os terapeutas nao estao lá para prolongar ou tornar casamento um laço indissolúvel, e sim para ajudar as pessoas – para elas crescerem, melhorarem resolverem suas vidas, e isso nao quer dizer continuar casadas. Mas tem gente aí que explicou bem melhor essa coisa de terapia. Agora, tem bons e maus terapeutas. eu tive uns 3 ruins. Troco de médico como quem troca de faxineira, restaurante ou dentista. Tem que ser bom, funcionar. Mediocridade ha em quer profissao!
    Por coincidência eu marquei uma seção ontem com minha terapeuta, que fazia tempo que eu nao via. Chorei todo o tempo e falei quase todo o tempo. Ela falou pouquíssimo. As batatas aínda estao aqui quentes na minha mao, mas eu saí muito melhor do que estva qdo marquei a hora, achando tudo bem mais simples de lidar. Nunca fiz terapia de casal, mas fiz terapia com ela tipo para-me-separar. Ela me ajudou no processo todo.
    Recorremos ao marido dela algumas vezes qdo tivemos dificuldades com filhos pqnos ou adolescencia, e ao passarmos por uma grande tragédia. Ambos sao psiquiatras e trabalham com ‘terapia individual, de família ou casal. Eles têm um livro sobre terapia de casal: ALquimia íntima (Luiz Carlos Osorio e Maria Elizabeth Pascual do Valle) A parte que mais gosto do livro é a que eles contam a história amorosa deles! Aí nao é mais terapia de casal, mas terapia que virou casal. Aiai… tão lindo!
    Enfim, acho bobo usar o ídice de separaçoes para avaliar a eficacia das terapias!
    bj, f Acabei escrevendo de novo e demais!

    1. Eu acho que é uma boa medida. É ecológico para a alma refazer um casal em termos que respeitem o crescimento de cada um. Admiro muito os casais que, após uma grande crise, conseguiram adaptar-se e amoldar-se um ao outro. Vi casos exemplares.

      Também sou absolutamente contra a “cultura do descarte”. Obviamente concordaremos que trocar de médico não é trocar de mulher ou marido. Mas penso que tal cultura repetitiva do “não deu, tenta de novo”, é uma simplificação que apenas faz com que os problemas nunca sejam enfrentados. Se não o problema é grande aqui, vou tentar a sorte ali…

      Não concordo.

      Ah, e só um trouxa vai ao psi para ser feliz, a gente vai para tornar a infelicidade suportável.

      Beijo.

  8. No meu caso coisa acabou abruptamente, após meia dúzia de sessões tensas, ao voltar para casa, no carro, com a minha ex socando o meu braço direito enquanto eu dirigia.
    Sucesso zero e uma dor no braço que durou seis meses…

  9. A melhor tepapia para o casal é na luz do evangelho de Jesus- explicando o porquê: Deus constituiu a família, ela vem em primeiro lugar,a família é tudo na vida do ser humano, Deus ñ criou o homem pra viver sozinho, criou macho e fêmea para se completarem, se unirem tornando-se uma só carne(ato sexual), o problema é que a mídia, outros conceitos totalmente fora dos padrões de Deus estão querendo acabar com a família no sentido da palavra- família é especial, ñ são coisas totalmente erradas e horrendas que dizem por ai, ai vamos numa dessas terapias pedindo ajuda para ñ acabar com o casamento simplismente dizem que a solução é a separação !!! O que é isso???
    Onde fica o amor que uniu o casal? Ele está escondidinho dentro de cada um só que precisam saber como encontrá-lo novamente e por isso pedem ajuda. Onde fica os filhos se o casal os teêm? Vidas arrebentadas por uma terapia que ñ dá valor a família a luz da Bíblia que é a palavra de Deus.Nós o ser humano precisa viver em família- Esposo, esposa e filhos.

  10. Milton,

    Li o seu texto e acho que alguns pontos são positivos, porém afirmar que terapia não tem um bom resultado é um contestável, pois parece que são de uma relação não tão bem assim, acredito que vc ainda precisa olhar para dentro de vc e acredito que a sua terapeuta não consegui isso. Afinal parece que vc acredita apenas na sua verdade e existem outras.

    Maísa

  11. Menino!!!
    Que coisa é essa de:”terapeuta de casal proporcionou-me grande alegria meses depois, pois pude substituí-la por alguém muito melhor,…”, pois foi justamente aqui que perdeste toda e qualquer razão de reclamar da psicoterapia. A partir daí nada fez sentido, do contrário, era pra estar agradecendo de joelhos sua terapeuta e não reclamando que ficou com “gostinho de quero mais”. Oh… essa é de graça (e olha que cobro caro pelas minhas sessões): vai resolver este seu lance com a ex (não to falando da terapeuta) é da ex mesmo… diz pra ela o que ficou faltando… confessa que sua grande frustação foi a reconciliação não ter dado certo… blá, blá, blá…
    Calma, não sou cartomante, quiromante, nem vidente… sou só PSI… hahahahaha…
    Pessoas inteligentes, o negócio é o seguinte: querer terceirizar a culpa é retrocesso, é andar pra tráz, quando muito, dividir, só se for com a cara metade, mas não dá pra colocar muitos terceiros: nem psicoterapeuta, nem sogra, nem a secretária dele, nem o personal trainer dela, nem ninguém… Valeu!?

  12. estou casada ha 31 anos ,mas posso contar nos dedos as veses que fui feliz,sâo muto poucas des que casamos ñ tive lua -de melja chorei na primeira noite, assim foi ate hoje, meu marido desconfiava da minha virgindade, e sempre jogou isso na minha cara, veio as filhas assim continuou, hoje ele deixa o cartâo da aposentadoria nas minhas mâo ,eu compro o que tenho (vontade)agora ele joga na minha cara ,das minhas prestaçôes, que p casa mesmo, ñ aguento mais as veses penso em ir embora, mas ñ tenho uma renda minha pois ele mesmo ñ deixou eu estudar e nem trabalhar, agora como, as veses penso que a pensâo da pra eu viver ,mas tem a igrja , doutrina que impede, que faço, tem vesses em cometer suicidio, acabar com minha vida, pois a pressâo e minto grande, me sinto num caminho sem saida, dentro de covas de leôes, pelo amor de Deus me ajudem.

  13. Ola Milton…
    bom…estive por aqui, e acabei conhecendo um pouquinho do seu blog, e um pouquinho do que vc, pensa e sente em relação a terapias de casal. como ser humana que sou, compreendo e respeito sua forma de pensar e agir , porem tenho a liberdade de não concordar na integra. cada profissional terapeuta tem uma maneira de trabalho, não podemos generalizar. existem sim, profissionais terapeutas que quando recebem os casais pontuam, fazem intervenções e buscam possibilidades positivas, de consciencia do real problema do casal, pois ninguem tem o direito ou ate mesmo o poder de fazer um casal ficar junto ou separar, isso diz respeito ao proprio casal, o casal que julga se não existe mais sentimento, respeito e mesmo depois de rever tudo o que foi investido a dois, se realmente não vale mais a pena recomeçar, seguir de onde parou, de onde existiu falhas. pois e muito mais facil recomeçar o casal que não esta bem do que separar e cada um arrumar outra pessoa e recomeçar a vida da mesma forma, mas com investimentos ainda mais altos. sei de terapias de casal que deu muito certo…alguem de fora com certeza consegue identificar melhor o problema e conduzir a um caminho em que, pra que recupere o equilibrio, a harmonia, se um dia existiu, identificando qualidades de ambos e não entre ambos so falhas, defeitos e conflitos, ninguem e perfeito. Infelizmente voce fez da sua experiencia frustrante uma verdade absoluta. mais acima de tudo o importante e estar bem e feliz, se dentro ou fora do casamento, juntos ou separados isso cabe somente ao casal julgar, não o terapeuta, pois isso não seria o papel terapeutico.
    obrigada por receber minha colocação…
    Daniele.

  14. Milton,
    Estou aqui em abril de 2010 (mais de um ano após o seu post) e fiz bom uso tanto da informação passada por você quanto pelas discussões geradas.
    Nunca havia lido o seu blog antes (cheguei através de uma consulta no Google) mas talvez vire o seu nono leitor.
    Valeu pelos alertas e esclarecimentos de todos que contribuiram.

  15. Google brought me here, um bom tempo apos a publicacao deste post, e do ultimo pitaco de leitor.

    Estou prestes a embarcar nessa da terapia de casal visando a continuidade do casamento e relacao, ou um rompimento amigavel.

    Nao eh preguica nem acomodamento, mas estou completamente horrorizado pela perspectiva de 1, terapia de casal, 2, separacao.

    Meu temor: meu relacionamento com nossa filha (4 anos de idade) nunca mais ser o mesmo.

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