Sim, Elena e eu nos casamos no dia 24

Sim, Elena e eu nos casamos no dia 24

A primeira vez foi quando nós tivemos que preencher um cadastro qualquer e achamos estranha a palavra “Divorciado(a)” aplicada a nós. Como assim? Nós éramos “Namorados”. Ademais, eu fiquei poucos dias divorciado. Um mês depois de assinados meus papéis, já namorava a Elena. Divorciado mesmo foram umas poucas semanas. O caso dela é ainda mais diminuto. Ou nem ocorreu. Ela estava separada quando começamos, mas a oficialização de seu divórcio aconteceu depois de nosso namoro começar. E acho as expressões Minha Namorada e Meu Namorado o máximo. Bah, aquele Divorciado incomodava.

Então, como somos grudados, como temos muito em comum e o incomum é tolerado, resolvemos acabar romanticamente com aquele falso Divorciado(a).

Drummond disse que “Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar”. Ele tem razão. Então eu só posso falar de mim e que eu acho que às vezes dá certo juntar dois estranhos ímpares. (O próprio poeta foi casado por 52 anos com D. Dolores). E, afinal, quem sabe contar histórias em três capítulos pra ela? Eu, né? Quem mais acorda ela dizendo Vô fazê café pá ti? Eu! E quem a ama minuciosa e integralmente? Ah, sei lá se eu mereço ter sorte na vida.

Sim, sorte. A sorte de estar apaixonado nesta idade e de ter ao lado a Elena. Sorte, entendem?

(Primeira foto: Eu e Elena no cartório, é de Nikolay Romanov. As outras são de Augusto Maurer).

E agora dois belos poemas que recebemos nos comentários do Facebook.

Para ler de manhã e à noite

Aquela que eu amo
Disse-me
Que precisa de mim.

Por isso
Cuido de mim
Olho meu caminho
E receio ser morto
Por uma só gota de chuva.

Bertolt Brecht

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Fantasmagoria

Tinha deixado o amor de fora
como coisa prosaica, banal
cultivada por gentes de ideais
tão à mão quanto os fantasmas
de ocasião.

Ficou melhor assim, como está:
do lado de dentro

Marcos Nunes

Mulheres são mais felizes sem filhos ou cônjuge, diz especialista em felicidade

Mulheres são mais felizes sem filhos ou cônjuge, diz especialista em felicidade

O cientista comportamental Paul Dolan diz que os indicadores tradicionais de sucesso não se aplicam mais

No The Guardian
Tradução fuleira deste blogueiro

Mulheres solteiras e sem filhos nunca estiveram tão bem, de acordo com a pesquisa de Paul Dolan | Foto: Sky / The Guardian

Era uma suspeita, mas agora a ciência garante: mulheres solteiras e sem filhos são o subgrupo mais feliz da população. E elas são propensas a viverem mais do que as mulheres casadas ​​e com filhos, de acordo com um dos principais especialistas ingleses em felicidade.

O professor de ciência comportamental da London School of Economics, Paul Dolan, disse que as evidências mais recentes mostram que os indicadores tradicionais usados ​​para medir o sucesso não se relacionam mais com a felicidade — particularmente nos itens casamento e a criação de filhos.

“Temos alguns bons dados longitudinais seguindo as mesmas pessoas ao longo do tempo, e podemos dizer: se você é homem, você provavelmente deveria se casar; se você é uma mulher, não se apresse”.

Os homens se beneficiam no casamento porque “se acalmam”, disse ele. “Correm menos riscos, ganham mais dinheiro no trabalho e vivem um pouco mais. Elas, por outro lado, têm que lidar com isso e morrem mais cedo do que se permanecessem solteiras. Em média, o subgrupo mais saudável e feliz da população são o das mulheres que nunca se casaram ou tiveram filhos”, disse ele.

O livro mais recente de Dolan, Happy Ever After, cita evidências do American Time Use Survey (ATUS), que comparou os níveis de prazer e insatisfação em indivíduos solteiros, casados, divorciados, separados e viúvos.

Outros estudos mediram alguns benefícios financeiros e de saúde em homens e mulheres casados. Para estes, podem ser atribuído a maiores rendas e apoio emocional, permitindo que pessoas casadas corram menos riscos e procurem maior ajuda médica.

No quesito saúde, Dolan disse que os homens têm mais benefícios para a saúde ao casarem, já que assumem menos riscos. Já a saúde das mulheres não foi afetada pelo casamento.

Apesar dos benefícios de um estilo de vida solteiro e sem filhos para as mulheres, Dolan disse que a narrativa existente de que casamento e filhos eram sinais de sucesso era um equívoco e que este estigma errado poderia levar algumas mulheres solteiras ao casamento e a se sentirem infelizes.

E completa: “Você vê uma mulher solteira de 40 anos, que nunca teve filhos…” Isso é uma vergonha, não é? Talvez um dia ela conheça o cara certo e mudará para melhor. Ou não, talvez ela conheça o cara errado que a fará menos feliz e saudável e morra mais cedo”.

O “Não” talvez não ganhasse no Brasil e outros temas

O “Não” talvez não ganhasse no Brasil e outros temas

Tenho certeza de que o “Não” venceu com tanta facilidade em razão da Grécia não possuir voto obrigatório. A obrigação do voto leva milhões de desinteressados em política às urnas. E estes votam segundo suas vagas impressões. Na Grécia, o “Não” recebeu 3,6 milhões de votos; o “Sim”, 2,2; e o número de nulos, brancos e abstenções foi de 4,1 milhões. É normal, o tema era fundamental para o país e foi uma boa participação. 59% das pessoas votaram e 41% não foram às urnas.

Foi uma vitória legítima e esmagadora.

Creio que, se passássemos a circunstância grega para o Brasil, um plebiscito desses seria sujado com todo tipo de ruído sem sentido vindo do pessoal que não está nem aí. Aqui, o voto não é um direito, mas um dever. É mais ou menos como suportar as opiniões daqueles comentaristas esportivos que se tornam especialistas em futebol de quatro em quatro anos, durante as Copas do Mundo.

A célebre frase de Arnold Toynbee, “O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam, não vale no Brasil. A versão brasileira é “O maior castigo para aqueles que se interessam por política é que serão governados pelos eleitos da maioria que não se interessa”.

 Como seria nosso Congresso com o voto facultativo? Ah, duvido que fosse pior.

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Conheço gente que está vibrando com a vitória do “Não” na Grécia e que apoia o ajuste fiscal no Brasil.

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Conta-se que quando Churchill convocou a Inglaterra para um redobrado esforço de guerra, a fim de avançar com medidas que eram tidas como imperiosas para a resistência aos avanços nazistas, foi abordado pelo Ministro da Cultura do seu governo. Este teria lhe dito, conformado, “Vamos ter de cortar na Cultura!”, ao que Churchill teria respondido: “Nem pense nisso! Então, estamos a fazer esta guerra para quê?!”.

Não há comprovação de que esta resposta tenha sido de Churchill, mas que é perfeita é. E, pior, a Cultura não consome valores monetários muito importantes em nosso país, mas forma outros valores.

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Coluna social do blog. Cesare Battisti casou com Joice Lima, a companheira que sempre esteve ao seu lado nos bons e maus momentos pelos quais tem passado no Brasil. O casal tem uma filhinha.

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Saindo da política. Não creio que toda pessoa infiel seja mau caráter nem que toda fiel seja portadora de maior mérito. Afinal, talvez alguns destes só não tenham tido oportunidade de trair. Ou tenham negado amor a quem depois os traiu. Mas um subproduto defensivo de preconceitos burros é o fato de que conheço pessoas que traíram e que guardam raiva mortal do parceiro ou ex-parceiro fiel, inclusive mentindo a seu respeito. É como uma profilaxia contra a improbabilidade de este sair berrando por aí fui traído, fui traído! E criam todo o tipo de factoides a respeito, produzindo um fictício fracasso pessoal do outro. É como justificar o envenenamento de seu cão inventando que ele cagava toda a sala e mordia as visitas. É uma forma de recusa à veracidade causada pelo medo do julgamento.

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 53 anos da morte de William Faulkner, ontem.

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Esta manhã, ouvi os belíssimos Vingt regards sur l’enfant-Jésus (Vinte olhares sobre o menino Jesus). É uma suíte de 20 peças para piano solo do compositor francês Olivier Messiaen (1908-1992) . Foi composta em 1944 e tem duração aproximada de duas horas. A obra é uma meditação sobre a infância de Jesus. Mas sou ateu e, para mim, trata-se de música absoluta e fim. Simplesmente não faço conexões. Apenas gosto e acho que o carolão Messiaen foi um dos maiores compositores do século XX. Minha igreja é a sala de concertos, Messiaen.

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O Inter teve 24 jogadores lesionados em 2015. Um recorde.

Emocionante: o pauteiro de Veja casa e beija os pés da noiva

Carlos Cachoeira beija os pés da noiva

Leandro Fortes: Casamento de Cachoeira, Jornalismo à moda de Al Capone

O que é mais incrível não é a Folha de S.Paulo mandar uma repórter “enviada especial” a Goiânia para cobrir o casamento de um mafioso com uma mulher indiciada por chantagear um juiz federal para tirá-lo da prisão, e sequer citar esse fato.

Carlinhos Cachoeira, vocês sabem, tem trânsito livre na imprensa brasileira. Dava ordens na redação da Veja, em Brasília, e sua turma de arapongas abastecia boa parte das demais coirmãs da mídia na capital federal.

Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos.

Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. O autor do dossiê, segundo a própria? Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília.

Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para quê incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?

O destaque da notícia foi o mafioso se postar de quatro e beijar os pés da noiva, duas vezes, a pedido dos fotógrafos.

No final, contudo, descobre-se a razão de tanto interesse da mídia neste sinistro matrimônio no seio do crime organizado nacional.

Assim, nos informa a Folha:

“Durante o casamento, o noivo recusou-se a falar sobre munição que afirma ter contra o PT: ‘Nada de política. Hoje, só falo de casamento. De política, só com orientação dos meus advogados’.”

É um gentleman, esse Cachoeira.

Padrinho de casamento, a foto oficial

Eu, Bárbara, Bianca, Claudia e Bernardo em bela cristalização do fugidio — também conhecida pelo vulgo como “foto” — tirada no casamento da terceira. Para sempre. Eu abro o parêntese, o qual é maravilhosamente fechado por meu filho. Já tinha bebido algum espumante, mas não creio que tal fato tenha alterado alguma coisa em nosso comportamento.

Imagens do casamento de hoje (com o boquete real)

Como se todas as questões estivessem resolvidas e bem postas, hoje pela manhã o mundo esteve com os olhos voltados a um casamento na Inglaterra. Kate Middleton, uma plebeia, transformou-se em Sua Alteza Real e ambos — ela e o príncipe William, filho de Charles e Diana — nos novos duques de Cambridge. A noiva vestia um vestido Alexander McQueen, segredo mantido até o momento em que a noiva entrou no carro, minutos antes de se dirigir à Abadia de Westminster.

A surpresa foi a extrema simplicidade do vestido branco, o qual fora tema de inacreditáveis e acaloradas discussões desde o anúncio formal do noivado. Comentaristas viram nele um encontro feliz entre a modernidade da Casa McQueen e a sobriedade que se esperaria de alguém sem ascendência nobre, mas que estava chegando lá. Simbolicamente, o vestido homenageou o trabalho artesanal britânico com aplicações de renda feitas à mão pelos alunos da Royal School of Needlework.

O Príncipe William chegou à Abadia de Westminster no seu uniforme de gala da Guarda Irlandesa cerca de meia hora antes da cerimônia com a finalidade de cumprimentar os convidados e as muitas pessoas que aguardavam junto da Abadia. Entre os convidados, os mais aplaudidos foram os plebeus David e Victoria Beckham, assim como o cantor Elton John.

Depois de uma cerimônia com 1900 convidados e já com o título de Duques de Cambridge, os noivos saíram em carro aberto e foram saudar o público em frente ao Palácio de Buckingham.

Abaixo, fotos do conto de fadas:

Kate Middleton chega à Abadia de Westminster
Kate Middleton chega à Abadia de Westminster
Acena para a multidão
Ainda acenando...
Ela finalmente desiste de acenar e recolhe a mão
e
David e Victoria Beckham
Sir Elton John
O Príncipe Charles, pai de William
As filhas de Sarah Ferguson desconhecem limites
A chegada da noiva ao altar da Abadia
Mais acenos
Acenos + sorrisos
Já casados, fora da Abadia
Kate abana para o povo, William encheu o saco
Kate e o príncipe Harry
A multidão em frente ao Palácio de Buckingham
O primeiro beijo real -- após o casamento
O casal observa o show aéreo
Cumprindo ritual milenar, Kate Middleton paga o boquete durante a cerimônia (a menina ao lado engana-se, devia ter posto as mãos nos olhos, mas, sabem a curiosidade, não?)

As dez mentiras mais usadas pelas mulheres

A página panamenha do Terra nos mostra uma “pesquisa” mas não diz onde, nem quando, nem quem foi pesquisado. Provavelmente criada dentro da redação do site, a “pesquisa” tem jeito de Revista Contigo, mas me diverte. Os comentários do ponto de vista feminino são da redação e os itálicos, meus.

1. Você é tão bom de cama.

Não só é uma questão de fazer o outro se sentir bem e massagear seu ego, mas uma forma de esconder que muitas vezes não nos sentimos satisfeitas e acreditamos que seja por nossa culpa. Essa mentira se confirma com o alto índice de mulheres que fingem seus orgasmos, o que demonstra a pouca comunicação que existe sobre esse assunto.

Já ouvi esta. Não acreditei, mas ao mesmo tempo surpreendi-me pensando em como é baixa minha auto-estima. Prova de que gostaria de ter acreditado… ou de que acreditei, claro.

2. Que simpática a sua ex.

Mesmo que nos consuma de ódio cada vez que encontramos com ela, ou quando ela está perto do nosso namorado, não podemos demonstrar insegurança e cair matando em críticas. Pretendemos ser uma boa parceira e isso inclui tolerância. E além disso, é melhor estar próxima dos inimigos para poder ter o controle.

Essa eu nunca ouvi. Até porque, considerando-se minha ex, seria uma mentira por demais descarada. Sobre a penúltima ouvi: “como é bonita”. E era verdade.

3. O problema sou eu, não você.

Parece mais uma mentira masculina do que feminina? Ainda que seja, a verdade é que as mulheres costumam dizer essa frase mais vezes do que os homens, já que possuem muito mais conflitos internos com relação à certeza dos sentimentos, sendo assim, diante de qualquer dúvida, acabam se escondendo por meio dessa mentira. É uma forma simples e reservada de sair de um problema.

Sim, sim, claro que ouvi. Mas – contrariamente ao que redação escreve – é uma frase que pede uma conversa e, toda a vez que esta evoluiu, grande parte da culpa acabou caindo no meu colo.

4. Que delícia a comida que você fez.

Ainda que seja o prato mais desagradável que você já tenha provado na sua vida, não existe a possibilidade de dizer que não gostou, já que essa é a única forma para que a nossa batalha para que ele nos ajude na cozinha não seja perdida. Diante de alguma crítica, ele jamais voltaria a se meter no nosso terreno. Melhor engolir, tomar água e fingir.

Acho que não ouvi como mentira. Só faço churrasco e acho que os elogios e críticas sempre foram sinceros.

5. Não está acontecendo nada.

Quantas vezes não usamos esta frase para evitar que ele perceba como estamos furiosas? Milhares. E só fazermos isso para não entrarmos em conflito ou quem sabe para que ele não se dê conta de que o que nos incomoda é algo que eles consideram grandes bobagens. O problema é que em algum momento explodimos e mais do que deveríamos.

Ouvi várias vezes. Porém, costumeiramente esta frase é dita de forma histérica ou mesmo gritada. Não é uma mentira, portanto; é uma ironia ou deboche.

6. Saia com seus amigos, não tem problema.

Ciumenta eu? Não, confio 100% em você. Mesmo que a gente morra de ciúmes e que seja impossível não pensar que entre homens seu namorado pode fazer mais de uma besteira, não podemos permitir que ele ou os amigos dele nos vejam como a “bruxa”. É fundamental que, acima de tudo, os amigos dele nos vejam como uma aliada. Dessa forma, teremos a aprovação deles e isso evitará que o incentivem a trair-nos com outra mulher.

Ouvi, mas acho que não foi pelos motivos acima. Costumava sair com os amigos para jogar futebol…

7. Tem um cara no meu trabalho que me paquera.

É óbvio que “esse homem” não existe, mas claro que ele não precisa saber disso. Esta é uma mentira clássica e que contamos nos mínimos detalhes para deixar claro que na vida não há nada 100% seguro e que ele deve estar constantemente nos conquistando, caso contrário podemos mudar para o outro lado.

E quando existe? No meu caso, há uns vinte anos, pude constatar inclusive por escrito. Depois de ficar indignado, reagi como o descrito acima e mais: numa festa com a presença do desgraçado, troquei muitos abraços com minha mulher, dei-lhe muitos beijos, nos acariciamos, fizemos brindes particulares… O outro lado sumiu. Ou será fui enganado e tudo era tudo mentira – até o bilhete?

8. Tenho que fazer tantas coisas, a gente se vê outro dia.

É inevitável, existem momentos em que queremos ficar sozinhas, caminhar, olhar as vitrines ou simplesmente não fazer nada. E não é que não queremos estar com ele nunca mais, só que há momentos em que preferimos a nossa própria companhia. É uma mentira ingênua para evitar que ele fique imaginando coisas.

Ouvi e acreditei.

9. Não, não fiz nada. Você acha que estou diferente?

Quer coisa melhor do que ele pensar que somos lindas e maravilhosas por natureza? Mesmo que tenhamos passado a tarde toda no salão de beleza, ido a um spa ou feito uma maquiagem diferente, mas natural, queremos que ele nos veja e se dê conta de como somos charmosas sem fazer o menor esforço. Além disso, sejamos honestas: por acaso eles se dão conta quando fazemos algo? Não, só nos vêem de modo diferente.

A frase que já ouvi era recriminatória, direta e verdadeira: “Você não notou nada de diferente em mim?!?!”

10. Não estou a fim de fazer sexo. Estou cansada.

Uma resposta que para eles é catastrófica, sobretudo quando vão direto para casa com a intenção de passar um bom momento junto da sua parceira. Há duas razões cruciais para esta mentira: uma, é que queremos fazê-lo esperar e aumentar ainda mais a sua excitação ou estamos com raiva dele por alguma coisa que aconteceu há pouco tempo e queremos castigá-lo.

Um clássico. Já ouvi, mas faz tempo. Nos últimos tempos, sou eu quem às vezes diz… E não é mentira, penso.

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Gostei dos comentários:

Ombundas: Este blog já foi melhor.

Eu: É verdade, já vimos melhores dias.

Flavio Prada: Eu acho que voce inventou a pesquisa sobre mentiras e inventou que a mesma foi inventada, pra que a gente pensasse que era algo inventado, mas nem tanto quanto é na verdade. Verdade?

Eu: Eu nunca minto, Flavio.

Fernando: Milton : Vê-se bem como para você, como para qualquer outro homem, é importante deglutir e ejacular. Mas adivinho que Milton Ribeiro não se resume nisso. Lembro-me do dia em que imitou, bastante bem, Mauro Castro (do TAXITRAMAS – está aqui nos seus links). Por isso eu, fazendo das tripas coração, continuo a visitar este seu blogue, na esperança de cá o encontrar em dias bons. Na esperança de o ver dar saída ao seu “talent de bien faire”.

Nina -Fenômenos: hahahahaha quer dizer entao que vc le Contigo??? Conta a historia direito, Milton. e “ja vimos dias melhores” foi demais!!! uhuahauhauah e nos achando q vc ia correr do tema “mulherzinha” do desafio fenomenal! bjs

Sandra: Fala baixinho, só para mim: aprendeu agora a notar quando ela corta meio centímetro do cabelo??? hahahahahahaha Beijos

Eduardo Lunardelli: O post esta ótimo, mas essa sua resposta ao comentário: já vimos dias melhores, superou todas!!! Hahaha. Muito bom! É isso aí, e vale para homens e mulheres…

Viva: Milton, melhor que a “pesquisa” (com cara de Revista Nova) foram as suas respostas. Adorei!

Moacy: De fato, como disse Viva, as respostas estão ótimas. Um abraço.

Traição

Acordei hoje com considerável dor de cabeça, algo que era habitual até meus vinte anos, mas que não me ocorre mais. Dizem que eu sofria de enxaqueca, principalmente porque a luz piorava tudo. Logo descobri que o melhor era ficar num quarto sem muita luminosidade, lendo ou ouvindo música. Em algumas horas, voltava ao normal. Há pouco tomei um paracetamol. Ele resolveu o que nenhum remédio resolvia antes.

Por que será que a gente encafifa com assuntos passados sem nenhuma relação com o presente? Pois hoje, sei lá por quê, enleei-me num episódio cômico ma non troppo de uns dez anos atrás. Sorria enquanto tomava café. Meu casamento estava charfurdando na crise que o matou, eu ainda vivia com minha ex, mas não havia nenhum interesse nem dela, nem meu. A gente ficava junto por inércia e por não ser ruim o suficiente para sair batendo a porta. Éramos apenas amiguinhos. Não obstante, eu mantinha a fama real de não trair. E não traía mesmo.

Como sói acontecer, o local mais espetacular que frequentava era a academia. O resto era assexuado: trabalho, crianças, até amigos e amigas. Eu era uma espécie de piadista oficial da academia ou, sendo mais veraz, diria que era um dos vários focos de geradores de assuntos e atenção. Aquilo me deixava feliz, vaidoso. Alongava, cumpria todo o treino com afinco (verdade, adoro!), corria meus trinta minutos, alongava de novo e conversava muito durante os intervalos e no final. Contribuíam para isso o café, o chimarrão e a cozinha sempre aberta da enorme ex-residência onde se esbelecera a academia. Raramente faltava a meus dois os três compromissos semanais lá.

Claro, um dos sintomas que quem está a fim de trair é o de reservar amigos para si e a turma da academia era só minha. Lá, a presença de minha ex — chamada Suélen ou Pâmela, nunca lembro –, seria imprópria e, verdade seja dita, ela nunca quis juntar-se a nós, sinal inequívoco de que o que havia aqui, talvez houvesse lá. Então, não eram necessárias grandes preocupações nem cavar ou pedir um espaço para mim. Este me era dado de presente. Havia, ora se não, minhas instrutoras preferidas e aquela com a qual mais gostava de fazer meus alongamentos e receber orientações era a dona da academia. Muito competente, tinha uns dez anos a menos do que eu (deve ter ainda, parece que isto não costuma alterar-se…) e não costumava deixar sem respostas nenhuma das minhas perguntas sobre encurtamentos e nódulos musculares. Principalmente os do pescoço. Algumas vezes pedia-lhe que dissolvesse aqueles nódulos com massagens, o que ela fazia com miraculosa habilidade.

Alongamentos, encurtamentos, etc. e não lembro como a conversa esquentou, mas posso garantir que foi subitamente, sem obedecer a nenhum planejamento. Com o papo indo por aquele caminho que faz uma parte de nosso corpo de menino estremecer, ela resolveu me alongar deitando-se sobre minhas costas, coisa que já fizera outras vezes de forma absolutamente profissional. Não tenho inteira certeza da posição em que ficava, mas acho que rezava voltado para minha meca particular quando ela resolveu me empurrar mais para o chão. Aquilo era agradável, nem parecia que estava alongando alguma coisa. Devo ter dito alguma bobagem como “Hum… peso bom!”. Ela não riu, o que tinha significado óbvio. Afinal, mulheres adoram que as façamos rir, mas quando param é melhor analisar. Pode ser irritação, ora.

Bem, depois são detalhes. No mesmo dia, ocorreu um agarramento dentro da cozinha da academia, cuja porta foi fechada com certa violência por minha professora, houve algumas festas de fim de ano e, vocês sabem, futebol é bola na rede. Aqui, chego próximo ao ponto no qual pensava durante minha dor de cabeça matinal. Se algum de meus sete leitores pensam que passei a me esconder, a atender sobressaltado o celular, se pensam que a confusão me procurava, estão enganados. Eu não contava para Pâmela (ou Suélen, nunca sei), mas também não mudava nada em meu comportamento. Só saía mais de casa. Exatamente como também ela passou a fazer. Ficávamos alternadamente em casa. A única coisa que me atrapalhava a consciência era vê-la muito quieta. Sempre achava que ela estava pensando em meu caso. Mas nunca conversamos a respeito de nada que rondasse a palavra “traição”. Não fazia sentido, dado o desinteresse mútuo.

Aqui, bem aqui, chego ao ponto exato que me fez rir hoje de manhã enquanto escovava os dentes. Já estávamos frequentando uma “terapeuta de casal” que serviria para definir a questão dos filhos. Um dia, bem lá no final do “tratamento”, durante uma sessão, Suélen (ou seria Pâmela?) me disse que eu tinha sido visto no cinema pelo chefe dela. Preparei-me para ser acusado, devo até ter me ajeitado na cadeira, quando a ouvi dizer, toda sorridente, que eu estava sozinho. Virei santo.

Quis saber que filme era. Era Malena. Então foi minha vez de sorrir. Naquela noite, fora ao um velório da mãe de meu melhor amigo de infância, jantara com minha amiga F., mas, antes do filme, deixara-a em casa com uma crise de rinite. Ela não gostava muito dos filmes que eu escolhia. Preferia ver DVDs de blockbusters americanos em casa. Um saco. Curiosamente, aquilo passou a ser a prova inequívoca de minha… sei lá… idoneidade, honestidade? Muitas vezes tal prova foi citada quando se conjeturava a possibilidade de reconstruirmos a relação. Deixei assim.

Quando por fim nos separamos, também me separei de minha amiga e da academia. Meus sete leitores devem saber que depressão a gente curte privadamente, não em praça pública, fazendo piadas.

As "Maravilhosas" Terapias de Casal

Você – que é um de meus sete leitores – sabe que não sou um representante das trevas, até pelo contrário. Assim, não tenho nada contra psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e outras especialidades da área psi. Já fui um feliz e infeliz usuário destes serviços e não desconheço nem desmereço sua importância. Lembram que uma vez escrevi que Freud foi o homem mais importante do século XX? Pois é. Mas, desde que li numa antiga revista Veja, encontrada na sala de espera do meu cardiologista, o surpreendente e superficial artigo Separados no Divã, a coisa não me saiu mais da cabeça. De alguma forma difusa, eu já sabia, mas agora veio a confirmação. Esta matéria dá conta de pesquisas feitas por universidades americanas e canadenses que tabularam dados sobre casais que sofreram a tal “Terapia” e mostra-nos os índices que sempre imaginei:

– 65 % acharam que o casamento não melhorou;
– 82 % não sentem benefício algum um ano após o início da terapia;
– 25 % ficaram piores;
– 38 % se divorciaram em até quatro anos após o fim da terapia.

Um fracasso? Participei de uma terapia dessas (justamente a minha fase infeliz na área psi) e vi nossa psi-moderadora atuar sempre no sentido de levar-nos a uma separação tranqüila. Nunca a vi atuando no sentido da reconciliação. Parecia-me que os casais que ficavam muito tempo juntos eram vítimas de alguma patologia a ser evitada e corrigida ali. Sem maiores cerimônias, o objetivo claro tornou-se o de romper com classe e sem escândalos. Eu – mesmo achando que nossa relação iria mesmo para o brejo – esperava um bombeiro e encontrei um piromaníaco. Fomos bem sucedidos e a separação aconteceu em silêncio e com a surpresa dos amigos. Hoje, estamos ambos reestabelecidos em outras relações. Porém sempre fiquei com aquela dúvida e a expando para outros campos de nossa vida: de onde vem esta impaciência idiota, esse tolo encerrar-e-começar de coisas novas que nos afasta das já iniciadas, impedindo-nos de completá-las ou de nelas nos demorar de modo mais profundo? Não sou um desistente contumaz. Talvez por possuir uma memória mais competente (além de enorme, pouco seletiva, desagradável e que dificilmente se deixa iludir) que o comum, sempre sinto como uma traição o assassinato de qualquer afeto, mesmo que ele esteja em estado vegetativo persistente. A eutanásia repetidamente proposta pela terapeuta de casal proporcionou-me grande alegria meses depois, pois pude substituí-la por alguém muito melhor, mas conheço casos bem diferentes, casos em que o problema maior parecia ser o de comunicação adequada, em que parecia haver boa vontade de ambos os lados separadamente, em que havia a figura de um psi-moderador inócuo e… Não posso contar aqui, porque desconheço os nomes exatos de meus 7 leitores e prezo minha integridade física.

Segundo o Dicionário Aurélio, instalado em meu computador, a palavra terapia significa:

Forma de tratamento em que se empregam meios mentais (sugestão, persuasão, etc.), visando restabelecer o equilíbrio emocional perturbado de um indivíduo.

Terapia vem do grego “therapeía”, do verbo “therapeúein”, que significaria “servir”, ‘honrar”, “‘assistir”, “cuidar”, “tratar”, ou seja, são palavras que tem intimidade maior com continuidade do que com rompimento.

Conheço pessoalmente 5 casos de “Terapia de Casal” e as baixas foram de 100%. Por outro lado, todos os casais que vi separarem-se e retornarem não tinham terapeutas. Parecem felizes.

No ano passado, um amigo íntimo e querido enviou-me cópia oculta de um e-mail que enviara a sua terapeuta. O tratamento já havia terminado e, apesar da conhecida índole pacífica deste grande amigo, ele demonstrava certo ódio… da terapeuta. Digamos que o tratamento soube-lhe mal. Pedi-lhe para publicar aqui seu texto com os nomes alterados e algumas correções de digitação. Obtive a permissão, porém penso que seria demasiado. O post talvez ficasse interessante, mas o excesso de verossimilhança do relato visceral estavam incomodando a mim, dono de um blog às vezes lido pelos amigos dos filhos, muito mais do que por estes.

(Acabo de avisá-lo pelo telefone sobre minha mudança de planos. Ele compreendeu pacificamente, rindo e concordando.)