Quando Paulo Francis (1930-1997) morreu, em fevereiro de 1997, provavelmente devido a um erro médico, morria com ele uma de minhas maiores diversões, que era a de procurar erros em sua coluna Diário da Corte. Todo domingo de manhã, tomava café tentando identificar seus chutes e comemorava cada bola para fora cantando os primeiros compassos da música de abertura para o futebol no Canal 100 (“Na Cadência do Samba”, de Luís Bandeira, depois rebatizada para “Que Bonito É”). Hoje minha memória já não é aquela de antes dos 40 anos e esqueço muitas coisas, mas os artigos do jornalista, cheio de referências culturais equivocadas, faziam a alegria de quem era um catálogo ambulante como eu. Fui um adolescente que lia muito e decorava as coisas sem desejá-lo, conhecia bem as obras de muitos autores que Francis citava, assim como também coisas perfeitamente inúteis: a lista de ganhadores do Nobel, o nome de cidades do interior da Mongólia ou a população de Mossoró no último censo…
Não pretendo falar sobre suas participações na TV. Via pouco os jornais onde ele fazia comentários e lembro mais de sua cara de batata inglesa ao lado de Lucas Mendes no Manhattan Connection, comentando as coisas de Nova Iorque com alguma indulgência, atacando nossas jequices e procurando polêmica, quesito em que foi um mestre. Ainda ouço seu sotaque e sua forma de falar muito própria, que continha em si boa dose de riso. A morte de Francis, ocorrida dois ou três dias após uma gravação do Manhattan, foi estranha. Quase todas as pessoas sabem que dificuldades para respirar e dores no ombro que irradiam para o braço esquerdo são prenúncio de infarto. Francis sentia exatamente estas dores há cinco dias, mas elas foram tratadas por seu médico e amigo particular, Jesus Cheddar, com uma injeção para minorar a dor.
Não simpatizava nem um pouco com Paulo Francis, mas reconheço nele um excelente cronista. Tinha texto irresistível e suas provocações — muitas vezes racistas e gratuitas — eram cuidadosa e sutilmente bombásticas. O que gostava mesmo em Francis — nascido Franz Paulo Trannin Heilborn –, era de encontrar seus incontáveis erros. Acreditava ser quase um solitário nesta arte até que, na semana passada, ganhei de presente o livro Vida e Obra do Plagiário Paulo Francis de Fernando Jorge. O livro, de 1996, traz 502 páginas recheadas não apenas de equívocos espetaculares, mas – pasmem – de plágios! O livro tem o subtítulo O Mergulho da Ignorância no Poço da Estupidez… Waaal, não cheguemos a tanto. O subtítulo mostra bem o que é o livro: o estilo de Fernando Jorge é permanentemente furibundo contra Francis, o que, se por vezes lhe dá um jeito de Céline ou de Bernhard, por outras fica tão exagerado que torna-se cômico. Fico pensando na incoerência que é não conferir o que escrevia ao mesmo tempo que esmerava-se em copiar… E Fernando Jorge comprova cópias e mais cópias num tempo em que ainda não existia o Ctlr C – Ctrl V. Pô, dava trabalho copiar!
O que me interessa no livro é a constatação do quanto perdi em meu “ludus”. Muito mais importante do que ler absurdos como o fato de que Jane Austen era lésbica (não era) ou de rir sobre o fato de que Beethoven ficara indignado com Mozart em 1770 (ano de nascimento do primeiro) é a percepção de seus plágios. Com incrível erudição e minúcia, Fernando Jorge organiza o livro em seções chamadas, por exemplo, de:
— A Vida de um Plagiário (págs. 1 a 108);
— Os Plágios Intermináveis de Paulo Francis (págs. 109 a 210);
— As Intermináveis Informações Erradas de Paulo Francis (págs. 211 a 294);
— Os Erros Monumentais de Paulo Francis no Campo da Literatura (págs. 329 a 358);
— Os Impressionantes Erros do Paulo Francis no Campo da História (págs. 359 a 418).
Sim, Fernando Jorge é o rei dos superlativos.
Voltando a mim e a minha diversão, informo a vocês que fui um adolescente apaixonado pela literatura inglesa e russa. Francis o era igualmente, só que, não conferirindo o que escrevia, cometia equívocos engraçadíssimos como o já citado sobre Jane Austen — que pode ser um ataque inconsequente — ou, por exemplo, sobre o fato de Charlotte e Emily Brontë serem gêmeas (Charlotte nasceu em 1816. Emily em 1818…) ou ainda — o melhor de tudo — escrevia frases tão inconsistentes como “Poucos Escritores se interessam por animais, D.H. Lawrence é um dos raros. Seus poemas sobre bichos são extraordinários.”… Ora, ainda hoje, posso citar mais de 20 escritores iguais ou maiores que o citado David Herbert e que escreveram poemas, contos ou romances sobre e com bichos. Só na querida literatura de língua inglesa de Francis há Edgar Allan Poe, Melville, Jack London, Mark Twain, Steinbeck, Bellow, Lewis Carrol (!), Rudyard Kipling (!), George Orwell (!), T.S. Elliot (o único escritor que me fez gostar de gatos), Oscar Wilde, etc. só para citar os primeiros que me ocorrem. E este gênero de afirmativas era feito a cada coluna.
Em minha opinião, além da truculência, há um grande problema no livro de Fernando Jorge. Ele não explora um notável filão: o da música erudita. Era o que mais me deixava feliz. O terreno ultraperigoso da música erudita não permite amadorismos; aqui não tem jeito, ou percorremos um longo e prazeroso aprendizado ou é melhor não se aventurar a escrever a respeito. São necessários anos de vivência auditiva — e de outras vivências — antes de partir para os comentários ambiciosos. Por isto, há tantos comentários “poéticos”, que fazem referências a sentimentos sugeridos pela música e que não conseguem estabelecer vínculos com outras obras. Porém, o que não faltava a Francis era coragem. Seus comentários sobre as sinfonias de Haydn me causavam, machadianamente, frouxos de riso. Há uma pequena obra sensacional de Peter Gammond traduzida no Brasil. Este livro, O Manual do Blefador de Música Erudita ensina-nos, em apenas 100 páginas, a simular profundos conhecimentos de música erudita. É engraçadíssimo e Francis deveria lê-lo para não relacionar Haydn à angustia, coisa que gostava de fazer. Francis, durante um período, dedicou-se, sabe-se lá porque motivo, às sinfonias de Haydn. Era uma pândega. Cito Gammond de memória: “Haydn seria tão grande quanto Mozart se não tivesse sido tão irremediavelmente feliz… Só no final de sua vida, ao ser obrigado a cumprir prazos para entregar suas últimas sinfonias ao empresário e violinista Salomon, é que notamos aquela pitadinha de drama que lhe faltava. Mesmo assim, é quase nada. Suas Missas e Oratórios, por exemplo, são festas de cabo a rabo. Qualquer tristeza dura pouco. Nunca esquecer que ele viveu muito e foi professor de Mozart e Beethoven”.
Realmente, não detesto a “bicha amarga” (*), como Caetano Veloso o chamou. Sinto sua falta. Comparados com ele, os Mainardi e os Reinaldo de Azevedo da vida são um saco, pois para arriscar-se e chocar é preciso ter talento. Ator medíocre transformado em temido crítico teatral, romancista médio transfigurado em leonino crítico literário, Francis era notável provocador e hábil “parodista”.
O livro: Vida e Obra do Plagiário Paulo Francis, de Fernando Jorge. Geração Editorial, 1996, 502 páginas. Acaba de sair uma nova edição.
(*) A propósito, Hélio Fernandes, que foi amigo-inimigo de Francis por longos anos, revela: “Paulo Francis adora falar em sexo, mas deveria ser a última pessoa a falar a respeito porque nesta matéria ele é rigosamente invicto, nunca praticou sexo nem de um lado nem de outro. Ele é o que se chamava na Segunda Guerra de não-beligerante”. Pô, o Caetano também não acerta uma!
Comentários do blog anterior:
Você só diz Bosta
Pedro A Ignorância de Paulo Fra… Oct 19 2007
Isso é coisa de quen nunca escreveu criadoramente sobre nada,apenas isso…
Duda A Ignorância de Paulo Fra… Sep 9 2007
Aprendi bastante com Paulo Francis e queria que vc tivesse ao menos um terço da criativade dele, ai não precisaria procurar erros nos feitos dos outros.
anderson A Ignorância de Paulo Fra… May 13 2007
Quanta mediocridade! Criticam um comportamento que não compreendem. Danem-se os erros, PF criou uma personalidade que muitos jamais sequer chegarão perto. Alguns não criam nada, muito menos personalidade, apenas fazem de suas vazias vidas uma ode aos que tiveram coragem de fazer algo. Viver da vida dos outros é raso, muito mais do que cometer erros. PF está rindo de tudo isso e de quanto o mundo está deprimente. PF era um Personagem, basta abrir levemente apenas um olho. Que Mundo besta tantos vivem.
Zen Liu A Ignorância de Paulo Fra… Mar 22 2007
Eu admirava PF. Realmente, levando em conta seu papel como formador de opinião e jornalista consagrado, seus deslizes e informações incorretas geraram muita polêmica e confusão. Mas levando em conta o que o Bia comentou, isso também é perfeitamente justificável, vai… Quanta gente hoje desenvolveu uma dependência-intelectual do Google? Eu conheço vários. No mais, odeio esses puristas, sabia? E pensar que tem gente cujo passatempo é caçar erros na fala, nos textos e na vida dos outros… Get a life! Sou mais o Paulo Francis : )
Gabi A Ignorância de Paulo Fra… Jan 26 2006
Corrigindo Equívocos Na condição de ter lido quase três colunas de Paulo Francis e compreender música erudita como trilha sonora de faroeste antigo sinto-me totalmente em condições de opinar sobre a biografia de Paulo Francis. Esqueci de dizer que possuo um opúsculo de crítica literária e/ou teatral do Francis pré-64. Em primeiro lugar um dos coisas mais importantes de sua vida foi o fato de eu não gostar dele. Primeiro lugar por seu passado trotskista, em segundo pelo aparente abandono deste passado, coisa que é ainda mais detestável. Vejam o exemplo do Palloci e do Gushiken, só podiam vir dali e ter o mesmo percurso. Estes dois sim merecem uma biografia crítica. Outro desgosto de Paulo Francis inclusive no outro mundo: eu não dou a mínima pra ele. Vós que escreveis e publicais sobre ele sois boas almas. Lembrar os mortos é trazê-los de volta à vida. Por via das dúvidas vou contribuir para sua sobrevida, lerei o livro que dele tenho. Biografia jamais. A título de contribuição sobre a sexualidade, não é difícil imaginar o Cantautor de Tropicália recebendo um amplexo erótico do crítico que na hora H falha, talvez essa hipótese explique o adjetivo do baiano lançado contra Francis. Bicha amarga, em oposição a bicha doce, provável preferência de nosso bardo além de mulheres feias. Despeço-me poi tenho que ir a um concerto, Os Brutos Também Amam. Um abraço Franklin Anagnostopoulos
Franklin Anagnostpoulos A Ignorância de Paulo Fra… Nov 19 2005
Meu caro amigo, Se tivesse a memória de um César ou a sua, ousaria discutir, posto que li tanto Paulo quanto Proust. AMitiés, BetoQ., à espera de sua visita.
Zadig A Ignorância de Paulo Fra… Nov 10 2005
TODO SER TEM UM POEMA By Ramiro Conceição Fui leitor assíduo de Francis. O que sempre me agradou foi o tom polêmico de suas reflexões. Penso-sinto que, no fundo, Francis foi um excelente jogador de pôquer: um grande blefista. Mas o blefe é uma arte, e faz parte deste jogo contemporâneo! Nunca acreditei — como Francis adorava declarar— que seus textos jornalísticos fossem escritos num jorro. Tenho notícias de que apenas um ser foi capaz de tal façanha: Fernando Pessoa em seu “Guardador de Rebanhos” (numa carta famosa para Adolfo Casais Monteiro). É imperdível o comentário de Octávio Paz sobre a referida carta (“Signos em Rotação”, Editora Perspectiva, pp 207). Voltando ao Francis. Lembro agora de um artigo dedicado à Ruth Escobar: nunca vi o ódio tão claramente exposto num jornal. Foi assustador!!…. Poderia, aqui, ficar horas refletindo sobre as frases do Francis no seu memorável “Dicionário da Corte”. Mas não farei isso, porque não interessa. Mas gostaria de dizer que tenho uma dívida intelectual com ele: T.S. Eliot e a sua “A Terra Desolada”. Só por isso esqueço as contradições, os furos, os blefes, a canalhice, a soberba. E penso-sinto que todo ser tem um poema!
Ramiro Conceição A Ignorância de Paulo Fra… Nov 3 2005
Um excelente post, meu caro! Francis foi polêmico, paródico e corajoso. Apesar da sua total falta de carisma, houve quem o apreciasse, talvez pelo “tipo” que construiu. Penso que ele tenha incorporado de forma extremista um personagem. E esqueceu de sair dele. Mesmo assim, ainda o preferiria ao Mainardi. Abração. // Seu time tá chegando pra ser campeão, hein?! Parabéns! Já o Coxa também está chegando: na 2a. Divisão. Lástima!
Ery Roberto A Ignorância de Paulo Fra… Nov 3 2005
Francis e Mainardi podem se dar as mãos e tentar se equilibrar no pedestal do primeiro colocado do prêmio “Colunistas chatos e sebosos” (peguei o termo do Moacy, porque D. M. é isso mesmo). Realmente não sei como a mídia dá espaço a essas pessoas. Milton, descobri uma biblioteca especializada em Literatura Fantástica!! Pena que fica na Alemanha… 🙁 Passa no blog e confere, quando puder. Ah, aguardo seu e-mail com o endereço que eu não tenho mais… ok? Beijos, Ana
Ana Lúcia Merege A Ignorância de Paulo Fra… Nov 3 2005
Querido Milton, Por essas e outras é que eu gostava tanto dele. Me diverti muito e convenhamos, além de cara de pau, ele tinha seu carisma. Beijão e te aguardo.
Mônica A Ignorância de Paulo Fra… Nov 3 2005
Adorei esse post, Milton. Nunca fui uma enciclopédia que pudesse desbancar o ar afetado do Paulo Francis, mas quando o lia, ficava com uma vaga sensação de engodo. risos. Beijão.
Laura Paz A Ignorância de Paulo Fra… Nov 3 2005
“Eu nunca suportei o sujeito, por mais articulado e engraçado que pudesse ser, porque suas idéias não me agradavam e sua arrogância era imensa.” Leila. Assino junto. abs
afonso A Ignorância de Paulo Fra… Nov 2 2005
Ah, vou procurar o livro. Também me diverti muito com esses erros, antigamente. Quanto aos da música erudita, Fernando Jorge não deve tê-los escrito porque , como vc bem disse, esse é um caminho difícil de trilhar, sem ser especialista feito vc. 😉 Beijo-beijo.
Márcia A Ignorância de Paulo Fra… Nov 2 2005
A leila discordou de mim, “Principalmente se você está atacando reputações, pessoas, instituições, como era freqüente nas colunas do Francis”… mas leiloca, nos ataques ele não se enganava não! Hehehe… ele se enganava em futilidades como essa, da autora X não ter diso traduzida para o português, etc… :>)
Biajoni A Ignorância de Paulo Fra… Nov 2 2005
Eu não gostava de Paulo francis e ficava surpreso ao vê-lo ser considerado um gênio, um erudito. Desconhecia o ascetismo dele.
Manoel Carlos A Ignorância de Paulo Fra… Nov 2 2005
Ah, Milton, eu vou lembrar dois comentários do Francis que nunca esqueci e que não tem nada de eruditos. Um, eu vi num Jornal da Globo, ele comentando a campanha da Calvin Klein feita por Brooke Shields, dizendo que não tinha nada entre ela e sua calça jeans. A outra, foi a primeria vez que eu ouvi alguém falar de Madonnna e era o Francis dizendo que ela usava lingerie e pulseiras baratas, com cara de compradas nas Lojas Americanas… Como diz o Biajoni, eu estou citando de cor (de coração e não de cabeça) e posso ter me enganado… mas eram esses comentários dele que me faziam morrer de rir e eu achava delicioso. Agora, que tinha horas que ele falava uma quantidade absurda de besteiras, não tenho dúvidas, mas sempre muito mais engraçado e com mais charme que o tal do Mainardi que só não detesto mais, porque consigo ignorar a existência, completamente. Beijos!
Denise Arcoverde A Ignorância de Paulo Fra… Nov 2 2005
Discordo, Biajoni. Você escrevendo artigos num jornal tem responsabilidade de checar a informação. Principalmente se você está atacando reputações, pessoas, instituições, como era freqüente nas colunas do Francis. Eu nunca suportei o sujeito, por mais articulado e engraçado que pudesse ser, porque suas idéias não me agradavam e sua arrogância era imensa. Claro, Roberson, que o ASS e o Mainardi vão citar freqüentemente o Francis, pois eles se acham os herdeiros do cara…
Leila A Ignorância de Paulo Fra… Nov 2 2005
Prezado Roberson, amigo do Milton. Quem sou? É tão simples: (1) entre no Google (pesquisa avançada); (2) e digite “Ramiro Conceição”. Eu aparecerei!
Ramiro Conceição A Ignorância de Paulo Fra… Nov 1 2005
Engraçado. Sinto um certo revival de Paulo Francis no ar. O ASS falou sobre ele recentemente. Mainardi também. Daniel Piza (que o Biajoni cita) fala sobre ele e Caetano no Estadão do domingo. E agora – até tu Brutus! – recorda esse lado B do cara. Confesso ter simpatia pela figura. Nem tanto pela sua suposta genialidade. Mas pelo caráter multimídia e de – como você bem coloca – de não temer o risco. Seria interessante ler um blog do Francis. Se ele foi gay ou não, pouco importa. Mas que levava jeito, ah! isso levava. Milton: quem é esse Ramiro Conceição???
Roberson A Ignorância de Paulo Fra… Nov 1 2005
GANSO SELVAGEM By Ramiro Conceição O girassol gira a vida pro Leste. O coração é o guia, é o mestre duma paixão que ficou vazia do imenso amor que virou poesia. O vento passa, não deixa retrato. Ficou a mão entreaberta no espaço, acreditando que o amor viria da linda crença que nus vestia. O coração é um ganso selvagem que ama sempre o que há na passagem na esperança que o amor é dia ou uma noite que o novo cria.
Ramiro Conceição A Ignorância de Paulo Fra… Nov 1 2005
milton, eu não li o francis tanto assim, nem tenho a sua erudição pra fazer análise do que ele escrevia, mas seu texto me deu boas razões pra ler o livro do fernando jorge. quanto ao manual do blefador, eu tenho um sobre ópera, se não me engano. é hilário… após a sua leitura, eu que sempre fui metida a gostar dos trinados da callas, mas não entendo lhufas dos detalhes técnicos da coisa, já me sinto pronta para dar umas batatadas por aí, como se tivesse muito know-how. pois é, o francis faz escola, hehe. bj
cristiane A Ignorância de Paulo Fra… Nov 1 2005
Boa indicação do livro acerca do Francis. Lia sua coluna “religiosamente”, às vezes meio que admirando a “enciclopédia ambulante” que o Paulo tão bem arremedava. Outras vezes, pegava-o na mentira… as polêmicas frases realmente provocavam certo efeito… (já o atual Mainardi, argh!).
Cláudio Costa A Ignorância de Paulo Fra… Nov 1 2005
Caro Milton, lembro-me até de te-lo ouvido citar na TV, Katherine Mansfield como inédita em nossa língua justamente comigo lendo uma edição de Portugal da década de 20. Pergunto-me porque surgem Francis, Mainardis e alguns outros na imprensa brasileira? Será que não se deve ao fato dela ser extremamente adestrada, o que nos torna sedentos de contestadores do geral? Parece-me que falta a nós bons polemizadores, de verdade, assim o público acaba por acatar uma paródia deles. Não é este o espaço que o Mainardi persegue, contra o pensamento único que todo (digo todo) governo impõe através de nossa imprensa? Eles, para mim, são reflexo desta indigência e traduzem um descontentamento difuso, de uma forma, digamos, bacharelesca. Um abraço. Branco PS Ah, pedi ao Forliversi para me dizer como ele busca aquelas músicas como as do Bartok de que conversamos
ricardo branco A Ignorância de Paulo Fra… Nov 1 2005
LEI DAS SEMENTES By Ramiro Conceição Sem dúvida: um processo sadio de civilização tem como objetivo o ato de doação. Constatar tal conclusão produz em mim uma infinita serenidade. Isso não quer dizer que não vivo em conflito. Pelo contrário, justamente por entender que a nossa cultura está longe daquele objetivo: sofro. Mas é um sofrimento sadio. Admitindo como verdadeiro aquele objetivo, como seria o nosso tempo se a civilização global fosse sadia? A primeira coisa que vem a mente é a doação do verdadeiro conhecimento. Imagino uma cidade em que todas as formas de conhecimento fossem doadas ou estivessem disponíveis para qualquer cidadão. Porém, para se doar o conhecimento penso-sinto que seriam necessárias condições sociais em que o trabalho fosse também um ato de doação. Mas como seria possível tal cidade? Penso-sinto: unicamente, numa cultura do amor. Mas então o que seria esse ente esquisito denominado amor? Certamente, um processo social em que os cidadãos trocassem entre si sem qualquer constrangimento, sem qualquer medo, sem qualquer escudo: o conhecimento e o trabalho. Mas então onde ficariam estas corporações colossais deste mundo real e esquizofrênico? Certamente, no esquecimento da nossa lucidez! Estamos preparados à construção de uma nova cultura lúcida? Penso-sinto que não. Por isso sou poeta e tenho arte, pois compreendi a lei das sementes que surfou sobre as ondas de luzes longínquas… : É preciso nascer, crescer, aprender, ser e finalmente morrer…. pro além de si!
Ramiro Conceição A Ignorância de Paulo Fra… Nov 1 2005
Francis, através das drogas (no início, quando morava em NY) agrediu severamente o coração. Seu coquetel, segundo ele próprio: duas partes de cocaína e uma de heroína, na veia.
Bom, isso não faz parte da “biografia oficial”…
na veia da véia…
ahahahahaha
Era uma véia chata.
Jaguar conta uma historinha que contradiz o Hélio Fernandes. Segundo ele, Francis levava mulheres para um apartamento cujo quarto tinha por adorno uma foto de Trotski. E lá ele as traçava, segundo Maria Raja Gabaglia (não tenho certeza se o nome é esse) com sua pequena “ferramenta”. Porém, certo dia, passeando por uma rua qualquer, Jaguar viu Paulo Francis em carinhosa conversa com… um belo rapaz. Relatou isso em uma entrevista e, depois disso, Francis nunca mais falou com ele; obrigado a se referir a Jaguar, utilizada apenas epítetos do gênero “canalha”, “cretino”, “estúpido” etc. No mais, Francis era tão divertido quanto Mainardi é hoje, quer dizer, nada. Uma farsa, bem ao gosto dos direitopatas que deixaram recadinhos malcriados pra ti.
Pois é. Mas discordo de ti numa coisa. Francis era divertido. A batata inglesa falante era muito mais engraçada do que o Mainardi-cara-de-dandi.
me recuso a acreditar na virgindade de PF.
Ele tinha modos de homossexual – sem problemas – e era casado com a Sônia Nolasco, né? É tudo muito paradoxal.
Francis mexeu com os caras errados – ou seja, executivos da Petrobras que queriam arrancar dele o que ele não tinha: 100 milhões de dólares. Tinha 1 milhão, o que não era suficiente nem para pagar os advogados-abutres cariocas. Morreu desgostoso, desprezando as óperas em disc-laser e falando mal de Norman Mailer (sua última coluna).
Tenho esse livro, Milton. Comprei-o num sebo em Curitiba, em 2005. Divertido, mas tão rancoroso quanto os vitupérios francianos contra homossexuais (segundo meu tio, que o conheceu, Francis era um), religiosos, músicos medianos e esportistas. O livro, segundo soube, não obteve eco. Nem o desafeto de Francis, aquele ombudsman da Folha – cujo nome esqueci -, usou as informações de Fernando Jorge para achincalhar Francis.
Eu sempre o achei divertido, mas nunca o levei demasiadamente a sério. Queria ser Mencken, mas, para ser Mencken, era necessário ter leitores à altura, assim como polemistas sérios para contra-atacar.
p.s. Caetano não chamou apenas Francis de bicha amarga. Millor entrou na dança tb.
Abraço
Isso sim ocorreu. Mas Grijó, ele procurava confusão, né? Difamava e difamava. Um dia, alguém ia pegá-lo, certo?
E o monologo amoroso realmente caiu no esquecimanto? Tu podias ao menso dizer que casaram e veveram felizes para sempre, ou matar todo mundo no final…
Não caiu no esquecimento não. Só está tirando uma folga involuntária. Estou trabalhando demais.
Bom, na TV, além de Mainardi (para os que tem acesso a canal fechado), temos também Arnaldo Jabor, que tenta fazer as vezes de Paulo Francis.
Dou muita risada com esses três. É para isso que eles servem (ou serviu, no caso de Francis).
Milton,
Acredito que o Francis deva estar gargalhando horrores com este livro do Fernando Jorge.
Francis era um jornalista da geração do saudoso Pasquim que junto com Jaguar,Millor,Ziraldo,Ivan Lessa entre outros, eram além de tremendos gozadores,grandes jornalistas e agentes de provocação.
Evidente que ele não entendia de musica, suas opiniões musicais resumia-se ao que ele ouvia nos salões dos museus que ele visitava e que achava um saco.
Prolíxo, profícuo e sempre irônico era um leitor contumaz e compulsivo e tinha uma página inteira p/ escrever semanalmente e seu metier era a crítica literária.
Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo são colunistas políticos, acredito que quem se aproxima hoje do que o Francis escrevia, evidente sem a verve ironica e muito mais contido e erudito, é o jornalista Daniel Piza.
Quanto ao livro em si penso que o seu conteúdo e importância é a mesma que a de um escritor tricolor escrever um livro descrevendo sobre todas as derrotas sofridas pelo Inter em sua história.
Oi, Milton.
Concordo em gelo nu mingau.
só uma coisa…Oscar Wilde não faz parte da literatura inglesa,e sim da irlandesa.
QUEM É VOCÊ MESMO? AHH…ninguém (:
Sou um interessado em opiniões. Perceber como um mesmo fato pode causar efeito diverso à cada afeto, sempre atrai minha atenção. “Eu acho … ” Para mim isto representa o homem como o “Faça-se” representa Deus. Mas isto é só o que “eu acho”. E aí, todo mundo acha. E quanto mais gente acha, errados ou certos, mais importante é o achado. Já estou achando que este tal de Paulo Francis era mais importante do que “eu achava”.
Gilmar Sacramento.
Em tempo:
“Eu acho” que deveria ter conferido melhor meu comentário antes de enviá-lo. Talvez devesse tê-lo enviado a algum revisor antes, “eu acho”. Pode ser que os erros nele contidos acabem por tornar-se motivo de escárnio de minha pessoa, isto é o que “eu acho”, quem pode saber? Em todo caso, estou mandando uma segunda versão agora com as aspas que “eu acho” que faltaram na primeira.
Sou um interessado em opiniões. Perceber como um mesmo fato pode causar efeito diverso à cada afeto, sempre atrai minha atenção. “Eu acho … ” Para mim isto representa o homem como o “Faça-se” representa Deus. Mas isto é só o que “eu acho”. E aí, todo mundo acha. E quanto mais gente acha, errados ou certos, mais importante é o achado isto é o que “eu acho”. Já “estou achando” que este tal de Paulo Francis era mais importante do que “eu achava”.
Nota: toda vez que digo “eu acho” significa que não há sustentação científica para o dito. Aliás, “eu acho” que até o que tem sustentação científica, só o tem até que uma antítese seja levandata e isto “eu acho” que não sou só eu que acho”.
Ainda …
Se alguém achar algo a respeito de meu comentário, mande sua opinião “eu acharei” muito interessante.
Cara, no meu gigantesco amadorismo em música erudita, também ouço os concertos para celo de Haynd como perspassados de angústia.
1 – Tenho procurado na Justiça Americana ( U.S. District Court • Southern District of New York -500 Pearl Street, New York, New York 10007-1312) o processo da Petrobrás contra o jornalista Franz Paul Trannin da Matta Heilborn , conhecido como Paulo Francis. Os processos são públicos, qualquer cidadão pode ter acesso. Ninguém consegue achá-lo
2 – Se fala no processo, mas nenhum jornalista informa a firma contratada pela Petrobrás.
3 – Um processo dessa natureza não tem nenhum valor na Justiça dos Estados Unidos. Mr. Heilborn não precisaria contratar nenhum advogado para representá-lo. Só deveria citar “New York Times Co. v. Sullivan, 376 U.S. 254 (1964)”. Como os diretores da Petrobrás são figuras públicas, a Imprensa pode publicar o que quiser nos Estados Unidos.
4 – A Imprensa brasileira ofende a inteligência dos americanos.Um processo de cerca de $ 100 milhões é uma piada. Há processos dessa natureza, mas o pedido de indenização é simbólico : $ 1 .
5 – Os jornalistas brasileiros não fazem pesquisas? Não checam os dados?
6 – Quando eu conto a “ação da Petrobrás” para os advogados especializados em “Primeira Emenda-Free Speech”‘, eles dão gargalhadas com a história.
7 – Southern District of New York tem juízes de primeira linha, e uma ação desse tipo, que não tem nenhum mérito legal, seria tratada como piada.
8 – A Imprensa brasileira precisa desempenhar melhor o seu papel.
Olha gente, esse “escritor” Fernando Jorge devia achar a Paulo Francis muito importante mesmo. Escrever um livro, mesmo que criticamente contrário…de 500 páginas ainda ! Waaal !!!!! Ou como diria o próprio Paulo…pfui !
DE FERNANDO SIQUEIRA – Diretor da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás) sobre o caso Paulo Francis, por exemplo, que, embora no passado tivesse sido um nacionalista, de repente começou a ganhar 20 mil dólares por mês, trabalhando nos Estados Unidos naquele programa “Manhattan Connection”. Ele fez uma série de reportagens no “Globo” atacando o pessoal da Petrobrás e nós entramos com uma ação na justiça contra isso após a terceira reportagem e o juiz ficou na dúvida se dava ganho de causa pra gente ou não. Foi quando surgiu a quarta reportagem, dizendo que a população brasileira devia comprar metralhadoras Uzi e sair metralhando todos os empregados da Petrobrás. Aí o juiz diante daquela quarta evidência deu o ganho de causa pra gente na primeira instância. Aí foi pra segunda instância e o Roberto Marinho jogou todo o peso do “Globo” em cima e arrumaram uma licença pro juíz e a substituta disse que nós não éramos a pessoa certa para reivindicar aquilo. Então, o Paulo Francis se sentiu impune e disse no Manhattan Connection que os diretores da Petrobrás eram todos ladrões e aí o presidente da Petrobrás entrou com um processo contra ele nos EUA. Como a justiça americana é um pouco mais séria que a nossa, ele teve que pagar uma indenização vultuosa.
“Como a justiça americana é um pouco mais séria que a nossa, ele teve que pagar uma indenização vultuosa.”
Não, não teve. O processo nunca foi julgado. Sinta-se à vontade para provar o contrário.
Fernando Jorge: você é um homem lixo. Não reciclável.
Em tempo: Em tese, Sr Fernando Jorge essa é a sua síntese do Paulo Francis. Um homem lixo. Do qual não se aproveita nada. É válido isso? Poderia eu afirmar o mesmo do Senhor? Creio que não. Não o conheço, mas tenho certeza que não és um homem lixo, tampouco não reciclável. Jamais afirmaria isso de qualquer pessoa.
Bem, sinto muita falta do Paulo Francis. Ele adorava o Brasil mas não admitia porque o Brasil é subdesenvolvido, e ele gostava das elites.
Viu logo o erro que é a doutrina comunista e socialista, que é coisa de guri e gurias de classe média que pensam que sabem muito e querem ensinar para os mais pobres, esquecendo que o pobre quer mesmo é dinheiro no bolso.
Francis tinha paixão pela cultura e deu muita contribuição aos seus leitores sobre música, literatura, cinema, teatro (ainda que citava muitas datas erradas, quando p. ex. disse uma vez que Bethovem tinha morrido com 47 anos (o compositor morreu com 57).
Francis era sexualmente reprimido e deixava claro isso nas suas crônicas (acho até que morreu virgem).
Também era muito frustrado porque não sabia dirigir automóvel, o que ele achava inconcebível para um verdadeiro homem.
Tinha tantas frustrações que por isso queria sempre ficar com a última palavra, ainda que totalmente errado.
Ás vezes me passava a idéia de um menino travesso, inteligente….
Faz muita falta para o Brasil ….
Ótimo texto.