Por Washington Araújo, publicado na Carta Maior.
Poucas vezes encontramos na grande imprensa do país um ataque tão direto ao caráter de um presidente da República e o que mais impressiona que poucas vezes tivemos refutações tão veementes quanto à fidedignidade do ataque. Um pouco mais de apuração jornalística faria cair por terra o excesso de paixão ideológica que como sarampo vive contaminando amplos setores de imprensa. Um celular e um pouco de vontade e mais umas pitadas de amor à verdade reduziriam aquela página A-8 inteira a rodapé de coluna social… ou policial. O artigo é de Washington Araújo.
Causou-me estranheza a Folha de São Paulo ter concedido uma página inteira para o artigo do cientista político Cesar Benjamin na última sexta-feira, 27/11/2009. O artigo, aparentemente sem sentido, relatava com minúcias de detalhes os dias em que o autor passara detido nas dependências do DOPS em São Paulo, em 1980 e que, à mesma ocasião estivera preso o atual presidente da República, Luiz Inácio. O título também queria transparecer que se tratava de um texto, digamos, ameno. A Folha titulou-o como “Os filhos do Brasil”. Em espaço de quatro colunas encimava um fotograma do filme “Lula, o filho do Brasil”, cena em que o ator Rui Fabiano fala a uma extensa platéia de sindicalistas, interpretando o personagem-título do filme. A narrativa é fluida, vamos lendo, lendo e em alguns momentos parecemos estar rememorando os dias de prisioneiro de Graciliano Ramos em sua excelente obra “Memórias do cárcere”. No primeiro caso não há estilo literário, apenas exercício mental do autor que é loquaz em alguns pontos e completamente amnésico em outros.
Benjamin tenta uma moldura de veracidade para sua condição de ex-preso político, sabe de cor nomes de ex-detentos e chega a afirmar que acompanhou a trajetória de vários destes. Mas o que deseja Cesar Benjamin com esse texto? Simples. Benjamin quer atacar a honra de Lula tendo como gancho o filme de Fabio Barreto que, segundo a linha editorial da FSP, é um filme feito para gerar o mito, um filme que varre do roteiro qualquer coisa que empane o brilho do caráter personagem-título. E o articulista já depois de dois terços do caudaloso texto – afinal, leva página inteira da Folha – vai ao ponto: relata ter ouvido do próprio Lula que este em crise de abstinência sexual tentou subjugar um jovem preso, mas que foi repelido por “socos e cotoveladas”. Seria este jovem militante de organização de esquerda, o Movimento pela Emancipação do Proletariado.
É óbvio que tal artigo se posicionava como contraponto ao filme dos Barretos, inspirado no livro da jornalista Denise Paraná. O lançamento, a estréia mundial em Brasília, na abertura do 42o. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, do qual fui jurado, teve superlotação do Teatro Nacional, manifestação pró-libertação de Cesare Battisti, preocupações exageradas com a segurança do local que abrigava cerca de 1.800 espectadores, 400 a mais que o permitido e que, segundo Luiz Carlos Barreto não contava com brigadistas dos bombeiros. A grande imprensa optou repercutir esses pontos e deixou de falar do filme e, quando queria falar do filme era pelo viés de se tratar de obra de propaganda fora de época. Como não surtiu efeito os queixumes da Folha e seus confrades midiáticos o jeito mesmo era buscar um texto que atentasse contra a integridade moral do personagem central do filme e, que obra do destino, ocupa o cargo de Presidente da República desde janeiro de 2003.
César Benjamin cita, em seu texto, uma testemunha, “um publicitário brasileiro que trabalhava conosco cujo nome também esqueci”. O “publicitário” é o cineasta Silvio Tendler, que em 1994 trabalhou na campanha de Lula à presidência da República. Em entrevista ao jornalista Bob Fernandes, Tendler afirma: ”Ele diz não se lembrar de quem era o “publicitário”, mas sabe muito bem que sou eu. Eu estava lá e vou contar essa história…” E, então, Silvio Tendler conta o que viu e o que recorda daquele almoço em meio à campanha presidencial de 1994:
– Era óbvio para todos que ouvimos a história, às gargalhadas, que aquilo era uma das muitas brincadeiras do Lula, nada mais que isso, uma brincadeira. Todos os dias o Lula sacaneava alguém, contava piadas, inventava histórias. A vítima naquele dia era um marqueteiro americano. O Lula inventou aquela história, uma brincadeira, para chocar o cara… só um débil mental, um cara rancoroso e ressentido como o Benjamin, guardaria dessa forma dramática e embalada em rancor, durante 15 anos, uma piada, uma evidente brincadeira…
Para quem não sabe Silvio Tendler já fez cerca de 40 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens. Além de vários prêmios é detentor das três maiores bilheterias de documentários na história do cinema brasileiro: “Anos JK” (800 mil espectadores). “Jango” (1 milhão de espectadores) e “O Mundo Mágico dos Trapalhões” (1 milhão e 800 mil espectadores).
E não ficamos por aqui. Vejamos as falas de outros participantes do almoço onde foi servido o cozido que abasteceu o longo artigo do Cesar Benjamin.
O publicitário Paulo de Tarso da Cunha Santos, citado por Benjamin, afirmou que “o almoço a que se refere o artigo de fato ocorreu”, que “o publicitário americano mencionado se chamava Erick Ekwall”, e que não houve “qualquer menção sobre os temas tratados no artigo”. Ex-companheiros de cela de Lula no Dops, José Maria de Almeida (PSTU), José Cicote (PT) e Rubens Teodoro negaram a tentativa de estupro, tendo Almeida acrescentado que não havia ninguém do Movimento pela Emancipação do Proletariado na cela e Cicote se lembrado vagamente de que um sindicalista de São José dos Campos seria apelidado de “MEP”. Já Armando Panichi Filho, um dos dois delegados do Dops escalados para vigiar Lula na prisão, disse nunca ter ouvido falar disso e não acreditar que tenha acontecido, mesmo porque, segundo ele, nem sequer havia “possibilidade de acontecer”. O então diretor do Dops Romeu Tuma (atual Senador) também desmentiu “qualquer agressão entre os presos”.
O irmão de Lula, o conhecido como politizado da família Silva, o Frei Chico, lembrou que a cela do Dops era coletiva e que nunca Lula ficou sozinho, pois estava preso com os outros diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (Rubão, Zé Cicote, Manoel Anísio e Djalma Bom).
Como disse Tendler ao fim de sua entrevista ao Bob Fernandes, “…isso não tem, não deveria ter importância nenhuma. Só um débil mental, um cara rancoroso e ressentido como o Benjamin, guardaria dessa forma dramática e embalada em rancor, durante 15 anos, uma piada, uma evidente brincadeira…”
O Presidente do PSTU, José Maria de Almeida dividiu cela com Lula e declarou o seguinte: “O governo Lula é tragédia para a classe trabalhadora. Mas isso que está escrito não aconteceu. Benjamim viajou na maionese. Não lembro sequer de haver alguém do MEP conosco.”
Lula, de acordo com o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto de Carvalho, teria ficado triste e abatido, afirmando que isso era “uma loucura” e o próprio Gilberto de Carvalho qualificou a acusação de “coisa de psicopata” e recriminou a Folha por tê-la publicado, já o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, afirmou que o artigo é “um lixo, um nojo, de quem escreveu e de quem publicou”. Coube ao ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, atribuir “essa coisa nojenta” aos ressentimentos e mágoas de Benjamin, que algum tempo depois deixaria o PT, mas não por causa desse episódio.
Para seguirmos o Manual da Folha… agora seria o exato momento para uma ampla entrevista – de preferência ocupando página inteira – com o cineasta Sílvio Tendler. Seria uma forma de reafirmar seu decantado compromisso com a verdade, seu apreço pelo “outro lado da notícia” e seu interesse de bem informar os leitores. Aliás, quem conhece Cesar Benjamin e quem conhece Sílvio Tendler sabe que a verdade é sempre modesta e que esta não requer amplos espaços para se tornar referência.
Poucas vezes encontramos na grande imprensa do país um ataque tão direto ao caráter de um presidente da República e o que mais impressiona que poucas vezes tivemos refutações tão veementes quanto à fidedignidade do ataque. Um pouco mais de apuração jornalística faria cair por terra o excesso de paixão ideológica que como sarampo vive contaminando amplos setores de imprensa. Afinal, a maior parte dos protagonistas do almoço citado por Benjamin está viva, e de facílima localização. Um celular e um pouco de vontade e mais umas pitadas de amor à verdade reduziriam aquela página A-8 inteira a rodapé de coluna social… ou policial.
Af! Eu que morava nas imediações da Embraer (empresa na qual meu pai trabalhou por mais de 20 anos) me lembro das manifestações do Lula que passava em cima de um caminhão aos berros … gente não aguento mais ouvir falar de Lula.
Que venha as eleições.
O carinha
O carinha é bastante racional, sabe que para manejar as cordinhas da política o melhor expediente é cativar o leitor com uma história exemplar, emotiva, através da qual evidencia sua filiação à verdade, ou ao povo, o que vem a ser, conforme a técnica do discursos demagógico, a mesma coisa.
O carinha escreve uma coluna semanal num jornal de grande circulação no país, e já tratou em várias matérias dos usos e abusos do governo, sem ressonância alguma. O leitor dá de ombros, “Ah, sim, já sei, governo corrupto, ladrão, tecnicamente incompetente, politicamente falho, administrativamente um horror”, e vai tocando a vida porque se vê melhor do espelho que o carinha, que é bastante racional, zela por sua autocrítica, mas tem por centro teórico não a inventividade dialética marxista, mas a preocupação com a hegemonia, ser um quadro de uma estrutura de poder, uma distorção gramsciniana
Além do mais, ele conta, em sua calúnia, com a divulgação dos idiotas de primeira hora, loucos para despejar bílis sobre a nação, ignorando se o ponto de partida é um ponto de chegada em lugar nenhum.
O carinha, a princípio, ganhou a simpatia dos editores, tapinha nas costa, revisão de texto, titulação, sugestões; o carinha, a princípio, se deu bem. “Eu sou o cara!”, repetia para si mesmo, quase com alegria, se esta não fosse um traço da personalidade comum não aos manipuladores, mas aos manipulados.
O tiro, como tanto se diz, saiu pela culatra, pela tangente, acertou-se o pé, revelou-se de pólvora seca, só fez barulho, alguns fogos de artifício, foi abraçado pelos idiotas sem qualquer objetividade, mas repletos de objetivos, e fim.
O carinha é racional e sabe que isso foi só o começo.
Marcos, meu jovem, antes de mais nada, obrigado pelas críticas, vindas como reconhecimento de ti são elogios, um cara tão moderado e centrado, com um talento para a exposição equilibrada de ideias elevadas (vide seus comentários em “defesa” do Milton no caso daquela escritora), o que me faz lamentar que nos brinde com esses textos de apurada e grandiosa ficção em vez de seus estudos sobre política e condição humana. No mais, compartilho o que todos sentem por ti: pena!
Para o Milton ou quem que se preste a ler a porra do que escrevo abaixo: acredito no Cesar Benjamim. Já o lia na Caros Amigos, para saber que, se é muito dizer que seja sério, não é menos que o autor do texto deste post. O propósito do artigo que escreveu à Folha é claro: não é marqueteiro, nem filiado a motivos politicamente anti_Lula; apenas uma resposta em tempo do que grande parte de brasileiros sente a respeito do que (isto sim!) claramente é um movimento midiático bem urdido para transformar Lula em um Zéze de Camargo Inri Cristo, com fins de colocar sua candidata na presidencia e dar seguimento à escalação de predestinados a cargos públicos etc.
O interessante é que, como retalhação ao Cesar, fica-se difícil desacreditá-lo como articulista, assim tendo que recorrer aos velhos meios dialéticos dircenianos de atacar o cara em miudezas subentendidas do discurso, como o fato dele se lembrar de nomes de companheiros de cela etc.
A mim a possibilidade de um Lula sodomita não é maior motivo de escândalo do que um Lula messiânico, que nasce sob a estrela de uma nobreza galileica, que salva colegas da prisão e se sacrifica pelos povos do pais que ama. Impõe-se isto através do filme, e quer-se que toda reação contrária a essa hagiografia seja mornamente comedida, como se não medindo a força do chute na inteligência que é conviver com essa propaganda à nossa moda brasileira de um paternalismo soviético. E quando alguém como o Cesar, acreditando que tenha relevado a lembrança do que Lula disse diante o ministro e o publicitário americano por ser levianamente atroz e sem importância, depara-se com o momento ideal para desenterrar a lembrança, a reação contra ele é como a do lamentável carioca que comenta aqui, um demão de xingalheira e pás de cal que reforça ainda mais a insânia de culto à imagem que atingiu com o filme o perigososo avatar de intocável.
Taí um sujeito insistente. No mais, passarei a tarde chorando pelo reconhecimento da verdade expressa em seu douto parecer.
Amigos, hoje passo quase todo o dia fora. Não vou estar conectado. Além do mais programei um outro post para 12h15. Sobre cinema.
Fiz uma limpeza nos adjetivos espalhados por aí, tá? Alguns foram suprimidos, outros transformaram-se em ironias by MR.
Acho que podemos conviver com opiniões diversas. Está na cara que discordo do Charlles. E daí? Como diz minha irmã, discordar cordialmente é absotamente necessário para seguir vivendo. E olhe que não estou falando do Charlles, estou falando de situações muito mais graves.
Abraços.
Sim, Milton, você tem toda razão, mas é que, às vezes, sinceramente… Mas tudo bem, aceito o pito, o expurgo dos “palavrões”, até lamento ter participado com rudez desse episódio sem a mínima importância.
Fui militante do MEP. Toda a minha formação política teve origem ali. Quem tem um mínimo de formação política sabe que o Lula estava tirando um grande sarro. Algo parecido com o que às vezes faço aqui com o Milton e o Marcos . Aliás, já pedi o Milton em casamento algumas vezes neste Blog.
Efetuando uma revisão histórica, o MEP era uma organização clandestina extremamente rígida. Chegaria a dizer, estalinista. Aí é que está a brincadeira do Lula. O absurdo da insinuação é a grande “tiração de sarro”. Uma farsa que só poderia gerar gargalhadas.
Agora o terrível é que o Benjamim sabe disso, a folhinha de São Paulo sabe disso. É assustador como a oposição no Brasil não tem qualquer alternativa política para o além do Lula. A não ser é claro a volta aos currais. É assustador também como a oposição, dita esclarecida, está morta historicamente no Brasil. Tal processo histórico não é saudável; porque salutar é a alternância no poder. Mas somente o fuxico, a calúnia e a alienação política restaram no atual momento histórico brasileiro. É lamentável e perigoso.
Não é à toa o aparecimento dos “Cansei”, de abutres do naipe do Luis Carlos Prates, ou viados enrustidos do calibre do Cesar Benjamin (não é preciso ser nenhum grande psiquiatra para saber que, foi o próprio Benjamim, quem se sentiu ameaçado de ceder o cu na prisão).
DÁ O CU BENJAMIM! DÁ O CU BENJAMIM! DÁ O CU BENJAMIM!
Pois é, Ramiro, escrevi em mensagem anterior (acho até que do dia anterior) a versão divulgada aqui no Rio sobre a ocorrência; foi uma tiração de sarro com o Cesar em função dos fatos relacionados ao passado dele, que ele não entendeu ou fingiu que; hoje, ele vem jogar merda no ventilador, mas a velocidade do aparelho é baixa, a merda só espirrou mesmo foi na cara dele. Pior foi O Globo de hoje, que tomou a atitude do Lula acerca do Arruda como conivência ou até participação do primeiro no esquema do segundo, transferindo a condição de réu de um para outro, também fingindo, como o Cesar, que ao presidente da república não cabe, antes de qualquer instãncia judicial, manifestar-se sobre a culpabilidade de um cidadão, mesmo diante de imagens divulgadas pelo país afora; afinal, pode-se até mesmo chegar à absurda conclusão que a história dos panetones confere com a verdade (é claro que não, mas é uma possibilidade, mesmo que remotíssima). Lula apenas se precaveu de um prejulgamento que não lhe cabe, mas isso virou mote de campanha antigovernista. O problema é que todas as fraquezas do governo já debatidas (e muitas delas bem reais) não calaram na população, que prefere o que áí está ao estado de coisas anterior. E isso é o que eles não engolem de jeito nenhum. Antes tivéssemos um partido composto de pessoas idôneas e capazes de transformar o quadro que aí está em outro, mais perto do desenvolvimento político, econômico e social, gerando maior igualdade e uma cultura de alta qualidade. Mas não temos nada disso, e somos diretamente responsáveis por isso; não adiante eleger Lula como bode expietório de uma nação fracassada; nós, que já elegemos Collor, ganhamos de presente Sarney e depois fomos enganados pelo Efeagagá, não temos tanto do que reclamar, a não ser que coloquemos nossas manguinhas de fora e paremos de discursar de um lado e levar o nosso pelo outro. Aí sim, reclamaremos de um governo cobertos de razão. Hoje, é só hipocrisia de pequeno-burguês enxovalhado, fora dos sindicatos e dos empregos públicos, à míngua, sem verbas estatais e participações bufunfeiras.
Bem, isso tudo aí foi só um desabafo. Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa.
Ramiro, meu chapa, taí uma possibilidade, o grande Lula sarrista_ ele, sempre medidor das palavras!
Mas seu comentário reflete o que penso sobre a política do Brasil para 2011, e a falta de opções que desde já vemos para as eleições. Não voto no Serra, como nunca votei no FHC, o que, mais uma vez, vou ter que revirar do avesso a doutrinação brectheniana do analfabeto político, que na infância condicionaram-me à culpa, e anular meu voto.
Um país onde se é obrigado a votar para continuar a ter conta em Banco (olha só!), já anula a pretensão de se falar a sério um discurso que queira juntar no mesmo fôlego política e moral.
Que tal processo histórico não seja saudável, infelizmente, não é claro para todo mundo (e não é nenhuma indireta a Milton ou quem for, mas uma direta ao eleitor padrão), e o país já vem sendo doente há muito, sinal disso é essa alienação em dizer que o atual presidente é o melhor, ou um dos melhores da nossa história, graças aos índices de aceitação nas alturas, tão popular e válido quanto as novelas da globo e o rap carioca e o calipso paraense. E olhando para o passado (como acabei de ler a Mafalda dizendo: “O problema dos velhos é que eles olham o futuro com a nuca.”) parece certeiro mesmo que Lula seja o melhor de todos. A quem apontar?
Me lembro que para passar no vestibular do curso de história, há seis anos, tive que retirar os velhos livros didáticos do baú, e reli o História do Brasil do Claudio Vicentino. Ao final, fechado a última página, aquela impressão de insuficiência, de “é só isso?”. Que quinhentos anos mais miseráveis! Nada mais parecido a um romance do Naipaul; o retrato de uma terra sem redenção, em que somos os bobos eternos, sempre caindo no engodo de D. Pedros, de Getúlios, de Juscelinos, de Figueiredos. Chorando por causa da morte de Tancredo. Arrebanhados em massa diante a oratória incendiária, cheia de promessas futuras, de Ulisses Guimarães. E depois, como a vítima estuprada, nos voltando no lamento de termos nos cedido tão facilmente; a tentativa de diminuir a trapaça sob a qual nos figuramos derrubados, falando mal dos gigantes aos quais prestamos culto, a Globo, a Veja, agora a Folha.
Se o Benjamim é viado, ou coisa que o valha, não vem ao caso. Acho até que se o que diz é verdade ou não, pouco importa. O que achei bom é que um texto como o dele tenha aparecido na imprensa. Um texto em que aponta nosso presidente como a quem não consegue suportar a prisão por não viver sem boceta; um presidente que tenta se desafogar nos 30 dias de pŕisão, com um militante do MEP, que lhe nega com violência a satisfação. É simplesmente genial em sua força adstringente; não o autor dele, não o texto, mas a figura lançada, o divinizado presidente retomado em sua forma humana; afasta a manjedoura para um lado e a estrela de Belém, e a inteligência eisteinina, e a desabnegação de Espártaco, e nos dá o homem alvo de piadas, de opiniões de duplo sentido sobre ele. Apaga por um instante, a iconização imperiosa, o que, nós todos verão, será de amargar no próximo ano.
Os EUA já fazem isso. Aquela história toda sobre a Lewinski e o Bill Gates. No romance “A Marca Humana”, Philip Roth trata dessa grande hipocrisia que assolou o país, em que o pênis do presidente foi mais importante que os conflitos do Oriente Médio e as manifestações primeiras da crise da especulação imobiliária. O começo de um capítulo é todo um diálogo entre populares, onde diversos pontos de vista sobre o assunto são expressos com os palavrões mais cabeludos. Por aqui, censura-se e recolhe-se das livrarias livros onde apenas uma linha, APENAS UMA LINHA, sugere uma ilicitude da parte de um político patriarcal. Por aqui, retalha-se um repórter do New York Times por ele ter escrito sobre os pendores etílicos do Lula. Censura-se um episódio dos Simpsons, cenarizado no Rio de Janeiro, por mostrar pontos de nossa realidade social que não condiz com nosso fardo da dignidade patriótica_ os Simpson, que massacram com um humor ácido todas as vertentes da vida dos EUA.
“Mas somente o fuxico, a calúnia e a alienação política restaram no atual momento histórico brasileiro. É lamentável e perigoso. ” O que nos sobra mais, Ramiro?
É! O Lula é uma maravilha… quando estive, no começo do ano, no nordeste assisti uma entrevista do Lula no Recife onde ele foi para ‘a pedra fundamental’ de uma obra e um repórter questionou sobre o gás boliviano. Ele respondeu que o Brasil já era auto-suficiente. Então o jornalista fez a pergunta óbvia: ‘Então por que importar’? E o Lula (gente boa) disse: ‘porque o Brasil precisa ajudar os países vizinhos.
Meu pai ano passado teve uma discussão comigo, pois sempre foi petista e eu lhe disse que esse negócio de partido de esquerda é uma grande balela… tudo farinha podre do mesmo saco… Nem preciso dizer que hoje ele tomou horror a Lula…
Eu não tenho claramente está resposta.
(Charlles, estou agora sem tempo. Às 16:00, entro em sala de aula; ministro um curso de pós-graduação aqui, no Ifes.)
Ramiro, eu aceito.
Faz mais ou menos um mês — e não pensem que sou grande coisa, foi uma exceção — eu estava numa festa para qual fora convidado o Ministro da Justiça Tarso Genro.
Conversa vai, conversa vem, perguntei a ele:
— E com este clima, qual será o nível das próximas eleições?
Resposta:
— Certamente abaixo da linha da cintura.
(risadas)
O Benjamim está apenas se antecipando…
Pessoal,
a imprensa tem todo o direito de divulgar este documento. Tem até o dever. Pera lá. É a mesma que destruiu o Eduardo Jorge e muitos aqui acharam lindo na época.
Quanto ao que ele falou acredito na piada, uma piada feita com um torturado e seviciado. Não precisa ser psicanalista para entender porque o CB a percebeu como confissão. Neste caso, todos (com exceção do Paulo de Tarso que lembra uma não evento) estão dizendo a verdade. No fundo a piada, dita na frente de alguém que passou o que passou o CB foi uma tremenda duma grosseria. Típico. E ainda falam do CV.
Por outro lado, se ocorreu, em minha opinião equivale ao pedido de aborto do Lulla, filho de FHC e casos semelhantes. É privado. Ou mais.
Certa feita assisti uma entrevista com o Genoíno no Roda Viva e perguntaram-lhe se de ele tinha denunciado colegas, sob tortura. Era uma alegação corrente na época. O R. Azevedo (que não tem nenhuma simpatia pelo Genoino) parou a discussão e comentou que esta pergunta era imoral e até uma vitória do tortudarador. Se o Genoino o fez sob tortura ninguem tinha nada com isso, pois a mente não era a dele no momento. Perguntar, neste caso, é ofender.
Sei que o Lula não foi torturado deste jeito, mas estava numa situação limite, e não se pode dize ro que ocorre, muito menos condenar. Seu comentário posterior, e este comprovado, sim foi inadequado, grosseiro e baixo dada a natureza dos ouvintes.
Quanto à confidêncial do MLR, esta frase do TG lembra-me Brás Cubas: a Apologia do Cinismo. Talvez por isto alguns políticos estão se recusando a serem candidatos aqui no RS.
Branco
Gostaria de tecer alguns comentários ,mesmo que tardiamente, sobre este episodio do Cesar Benjamin.
Primeiro em relação ao jornal Folha de São Paulo,acredito que seja do conhecimento de todos que é um jornal privado e pago,isto é, você vai até a banca paga e lê (ou compra uma assinatura e o recebe em casa por determinado período).
Este jornal possui uma linha editorial já definida que é do conhecimento de grande parte dos escribas e leitores brasileiros.
Discordando de grande parte do que é publicado por seus editores ou colunistas, então bolas, não compre e nem assine este jornal e ponto, simples não?,democrático não?
Segundo e mais importante é que não se está podendo fazer criticas de forma alguma ao Imperador Lula que está Presidente da Republica, um cargo publico.
Quando falamos que ele se expressa muitas vezes erradamente o que é fato notório, ele diz que nós somos preconceituosos.
Quando se faz uma critica de um filme fictício, fazendo apologia da sua história, lançado em ano eleitoral e bancado por multinacionais e que ele está se tornando demagogo e perigosamente populista é porque somos todos intelectuais tucanos.
Eu não sou intelectual e muito menos tucano.Votei no primeiro mandato p/ o Lula e me abstive conscientemente de votar no segundo mandato Imperial.
Acredito que muitos devem lembrar das centenas de fotos tiradas nos comícios no ABC paulista nos inícios dos anos 80 com Lula abraçado a FHC,Serra,Genuíno,José Dirceu,Mario Covas,Florestan Fernandes e trupe….todos muito,muito amigos.
Penso que todos concordem que é muito difícil você levar um nordestino semi-analfabeto fazendo piquete na porta da Mercedes Bens p/ o Palácio do Planalto ,precisa-se de muito,muito dinheiro e de muita força política.
Hoje penso que a diferença entre PT e PSDB é a mesma que a dos sunitas e dos xiitas…quase nenhuma, e em crescente igualdade apenas a obsessão desmesurada pelo poder.
O que aconteceu com esta gente?
Como se costuma dizer lá em Minas… ‘Estou contigo e não abro’.
Benedito, só não digo que é um oásis e um alívio ler estas tuas palavras por estarem comigo, aqui onde moro, uma grande parte de amigos que compartilham deste pensamento. Mas soa como a mais lúcida opinião sobre o assunto, afastando as acusações sem valor de que, falar contra o Lula, é ser adepto do pensamento de pessoas como o Reinaldo Azevedo e co.
Benedito, tu disse tudo cara! Além destes das fotos, e a foto do Imperador Lula (hahaha) com o Hamadinedja!!
Qual a maior preocupação dos integrantes de uma cela de cadeia onde estão o Lula, o dr. Schmidit e o padre pedófilo de Moji das Cruzes?
R: dormirem todo o tempo com a bunda colada na parede!
“- O Panetone nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai a formação do Caixa 2, assim como nós perdoamos os outros partidos que antes de nós desviaram recursos.”… continua… http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2009/12/06/o-panetone-nosso-e-a-pastoral-da-propina/
É chato ver você republicando texto do Carta Maior, Milton Ribeiro. O site é chapa-branca, mal escrito. Porcaria mesmo, tão porcaria que de uns tempos pra cá anda defendendo até o “programa” nuclear do Irã e seu regime político
Que o site seja afinado com o governo Lula, tudo bem, é um direito que eles têm, mas não é nada honesto que seja sustentado com dinheiro público, de estatais ou governo estaduais petistas, para falar bem do governo e atacar quem ainda exerce a crítica que, afinal, é um direito de todos.
Recentemente aliás o Carta Maior estava para fechar. Não fechou, como se vê, mas não deve sua sobrevivência a uma hábil reformulação que trouxe novos leitores e anunciantes. Duvido que o número de leitores tenha aumentado. Deve ter até baixado, pois a qualidade editorial continua a mesma: nula. O que veio de público, Milton, foi dinheiro mesmo.
Vocês vivem criticando a Folha de S. Paulo e o jornal bem merece críticas. Mas qual seria o projeto contrário ao modelo que dá estrutura editorial para a Folha? Levando em consideração a republicação do texto, seria o Carta Maior? Ou a Caros Amigos? Ou a revista Brasileiros. Cá pra nós, Milton, duvido que você se contente com qualquer um desses três. Ou até com outros que saiam de projetos parecidos. Vai acabar comprando escondido a Folha de domingo para ver se encontra algo bom no caderno Mais.
E no final, Milton, se não há democracia interna na redação da Folha o que foi aquilo que fizeram com o Myltainho, ex-editor da Caros Amigos?
O diálogo no Carta Maior não é com o público, mas com quem paga. Daí este tipo de texto que você republica. Uma bobagem que tenta até provar o impossível: que o Cesar Benjamin escreve mal. Ah, isso não. Ele escreve bem, o Mainardi escreve bem, o Reinaldo Azevedo também.
Pode-se até não gostar do que eles escrevem, mas que é bem feito, isso não há dúvida. Mainardi e Azevedo escrevendo sobre meio ambiente, por exemplo, disso discordo de tudo. Mas não é bem escrito? É.
Você mesmo escreve coisas aqui que, para mim, não são corretas. Mas escreve muito bem, o que vou fazer? Sigo para outro texto. Aprecio o estilo nas coisas de que discordo. Sem ironia, isto é democracia.
Discordo de muitas coisas no seu blog. Sou contra, por exemplo, gente como o Batistti e o Berlusconi. Mas não acho certo arrebentar seus dentes, mesmo que pareça uma atitude política. Aliás, em relação ao Berlusconi, lá em cima, você errou feio até pelo fato desta violência favorecer Berlusconi, que estava com a imagem bastante abalada por escândalos e agora transforma-se em vítima.
Felizmente, concordo com grande parte do que você escreve; e gosto da maioria. Você podia até ter escrito algo sobre o texto do Benjamin. Acho que poderia ficar bom. E não tendo o feitio de um manifesto em desagravo ao Lula, seria capaz até de eu ver qualidades nele, mesmo que, de antemão, neste assunto eu esteja do lado do Benjamin.
Ah, Milton, esse cara, o Lula, não merece o apreço de vocês. Sei que a real politik cria obrigações estranhas, mas isso não, meu caro. Benjamin, é bom lembrar, nunca disse que o presidente tentou estuprar o militante do MEP. Ele apenas lembrou que Lula havia dito isso numa conversa.
E é bem capaz. Não seria a primeira nem a última bobagem dele. Não faz muito tempo, menos de trinta anos, o que é pouco historicamente, Lula dizia que estudante tinha que só estudar. Estavamos em plena ditadura militar. Ainda bem que sua lição política não pegou. Nesta época e depois ele soltou mais bobajadas parecidas. E continua o mesmo, capaz de grosserias, como o “merda” em São Luís. Ou o elogio público ao Severino Cavalcanti em Pernambuco. É muita escatologia. É difícil criar filhos com um presidente assim. Mais difícil ainda é conseguir respeito em Câmaras Municipais com um líder assim.
Também sei de fonte segura que em viagens para seminários em Cuba, há muito tempo, antes de ganhar qualquer eleição, Lula não saia da praia. Estava ali para estudar, pago pelo povo cubano. E não frequentava os seminários. Ficava na praia. Numa entrevista à Playboy na década de 70 o cartunista Ziraldo disse que em um evento Lula havia dito para ele que “estava ali para comer as menininhas”.
O cara é cheio de histórias. Ou você não recorda o trabalho que ele deu na eleição contra o Collor. Para mim, que o apoiei no segundo turno, deu uma trabalheira danada. Lembra do aparelho de som? Pois é…
A real politik não obriga a apoiar incondicionalmente tipos assim, Milton. Vocês conhecem bem a Dilma Rousseff aí no Rio Grande do Sul, não? Deve saber o quanto ela batalhou pelo PT por aí. O quanto militou pela defesa do meio ambiente. Pois é, agora é ironia.
Não, não estou pedindo que vocês votem no Serra. Nem que abandonem a candidatura da Dilma Rousseff. Sei bem que a real politik obriga a gente a fazer certas coisas que não são exatamente o que queremos.
Mas tentem apoiá-la ou apoiar Lula tratando-os como seres humanos, com todas as falhas que já conhecemos bem, sem mitificá-los e muito menos tentar criar barreiras ideológicas que os defendam de críticas.
Foi isso que o Cesar Benjamin fez. E fez muito bem feito.
Mas, José, por que justamente agora o Benjamin vem com esta historieta que o Lula andou atrás de cu de militante do MEP?
Você, não acha José, que o cu de alguém está na reta? E com certeza não é o cu do Lula.
ALIÁS, O LULA TEM O CU PRA LUA!
Você não acha, José?