Nosso amor vulgar

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Quando fico irritado com minha mulher, o que acontece todos os dias, dedico-me a quebrar alguma coisa. É uma rotina desgastante, mas quem disse que é simples para um casal encontrar seu ponto de equilíbrio? E quem pode ufanar-se de tê-lo alcançado? Ora, nós podemos. Tudo começou com a Lei Maria da Penha. A partir de sua promulgação, direcionei meu ódio às coisas da casa, deixando intocado meu Tesouro.

Ela desenvolveu métodos muito próprios para me acalmar.

O antidepressivo — aplicado diretamente na caixa craniana — tem efeito súbito e largos efeitos colaterais. A Unimed, a EcoSalva, a SAMU, a Golden Cross, o Saúde Bradesco, o Ulbra Saúde e alguns outros já nos conhecem. Pago todos em dia. Preciso de todos.

Tudo para que ela me leve aos hospitais, dando-me beijinhos e pedindo perdão.

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19 comments / Add your comment below

  1. Hahahahaha!

    Ontem finalmente comprei o Homem que Amava Caixas, e li junto com o Eric. Enquanto nos aproximávamos do final (o Eric passando as páginas já como o semi-profissional cuidadoso que amassou muitos livros para aprender), eu disfarçava o choro apontando a figurinha do menino.

    E essa situação não é mais ou menos a mesma do livro? Apesar dos vizinhos falarem mal e os acharem estranhos, é assim que vocês demonstram o amor que sente um pelo outro.

  2. Quando fico irritado com minha mulher, o que acontece todos os dias, me dedico à catatonia, fórmula eficaz de transferência de irritação de uma pessoa para outra. Quando falar torna-se imprescindível, continuo com a técnica de transferência de irritação, através de comentários surrealistas sobre os problemas concretos, evidenciando minha discordância acerca das soluções propostas, mesmo porque para alguns problemas não há solução possível, valendo a decisão de virar as costas e deixá-los plantar suas estéreis raízes em algum lugar da casa.

    Mas o que queria dizer mesmo é que nunca pensaria em transformar questões domésticas em um reality show fake cômico à Chaves (o do Champolim, não o Hugo) ou do casal Neuras do finado Glauco. A exposição da bancada da pia quebrada possui algum efeito cartádico?

    1. Sim, sem dúvida. Foi a forma de compensar o fato do rapaz que estava fazendo uns furos no teto ter caído sobre ela. (Se tal confissão não destruir meu reality show). Uma queda sem maiores danos sobre uma pia cheia de facas é uma alegria para quem sobrevive, já a pia…

      1. “Uma queda sem maiores danos sobre uma pia cheia de facas é uma alegria para quem sobrevive, já a pia…” Ótimo.

        Estava curioso por saber como a bancada havia quebrado.

      2. É catárdico, claro. A cabeça pensa, mas os dedos entortados não obedecem. Deve haver uma lsão cerebral responsável por isso… Aproveitando, leia De profundis, do José Cardoso Pires, que narra os efeitos de uma lesão cerebral enquanto é tratado pelo… Lobo Antunes.

  3. Rrrsss… kkkkkkkkkkkkkkkkk….

    Ainda não sou casado, Milton! Mas vê-lo assim me fez lembrar o Leandro e Leonardo e aquela música que revela as ambiguidade do “amor vulgar”: “Entre tapas e beijos… é sonho é desejo… é ódio, é ternura”. Muito bom!

    Você é uma figura fantástica, Milton!

    Abraços!

  4. Rrsss… kkkkkkkkk

    Ainda não sou casado, Milton! Mas isso me fez lembrar aquela música do Leandro e Leonardo (sic!) que revela as ambiguidades da vida a dois: “Entre tapas e beijos… é ódio… é desejo… é sonho… é ternura”.

    Tu és uma figura fantástica, Milton!

    Abraços!

  5. Muito boa tua técnica de descarga !

    Sugiro que compres um martelo maior, tipo marreta, pois o descarrego será muito mais eficiente.
    Experimente também pias de inox, que fazem mais barulho e demoram até serem totalmente amassadas.

    Auele rolo de massa sobre tua cabeça (na segunda foto) siginifica que tua esposa também pratica esta técnica ?

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