Obs.: Vale a pena ler, é muito cômico. Aqui, minha opinião sobre a obra-prima jaboriana.
Patrulhas ideológicas e patrulhas pop
Por Arnaldo Jabor
Meu filme A Suprema Felicidade está sendo aplaudido em cinemas cheios. Pensei: “Oba! O filme é legal; estão gostando!” Uma espectadora me escreveu: “Saí do cinema lotado de pessoas que aplaudiam. Parecia que uma seca tinha acabado. Os que se falavam depois do filme, brindavam com olhos úmidos e a alma encharcada na alegria da dor comum a todos, serenamente revelada.”
Fiquei feliz com o email, mas logo vi que estava errado… Descobri que sou um mero “mané” que se ilude. São outros os que sabem a verdade. Os críticos da Folha e da Vejinha decretaram que o filme não merece nem uma análise; apenas frases de pichação, breves xingamentos. Eles são taxativos e cruéis como ativos militantes de novas patrulhas “contemporâneas”: “Ele não é mais cineasta” ou “a narração é que estraga…” ou ainda “muitos temas, sem foco” e ainda “acaba de repente”. Só isso?
É. O filme tem críticas ótimas com bonequinho batendo palma no O Globo e quatro estrelas no Estadão, mas, na minha trêmula insegurança, só penso nos quatro que trataram o filme como um objeto descartável, um lixo ridículo. E mais: criticam-me mais que o filme. Por que essa raiva? Por quê? Será que eles estão certos? Será que as 180 mil pessoas que já assistiram ao filme em 13 dias, e que fazem a renda crescer no cinema com um boca a boca fervoroso, são um bando de idiotas?
Resolvi entender isso. Pensei, pensei, não só pela vaidade ferida, claro, mas também para denunciar a estupidez de cadernos culturais que viraram meros releases de produtos de massa. Cresce no País uma cultura da incultura, a profundidade do superficial, a rapidez do julgamento, num mundo feito de fugazes emails, celulares tocando, filmes com imagens que não podem ter mais de quatro segundos, porrada, corrida, sem saída, até sem “roteiro”, essa coisa antiga do tempo em que os homens (e não robôs e transformers) se relacionavam.
Está fora de moda um filme para ser visto, refletido, com choro, risos, vida… Cinema agora é para manipular os espectadores, que são o videogame da indústria. O desejo dos produtores é justamente apagar o drama humano dentro de nossas cabeças. A ação na tela é incessante, o conflito é permanente, de modo a impedir o espectador de ver seus conflitos internos.
Acontece, patrulheiros pop, que A Suprema Felicidade foi feito justamente contra essa tendência – quero que os espectadores se sintam dentro do filme e não que sejam levados por porradas, som dolby e homens explodindo.
Eu sei que vocês foram modificados geneticamente por décadas de videoclipes, eu compreendo que vocês achem o Michel Gondry o novo Goddard e que o flash-back foi inventado pelo Tarantino. Imagino vosso tremor na hora da entrevista de emprego, com o diretor do jornal perguntando: “Conhece literatura, política, antropologia?” “Não, senhor…” “OK… Secretário, bota ele na crítica de cinema…”
Há em vocês uma esperteza ambiciosa por trás de tanta brevidade implacável – é duro passar a vida botando bolinha preta no Piranha. O cara precisa criar eventos que o promovam.
Eis que, de repente, aquele sujeito que fala na TV, escreve em 20 jornais, fala no rádio há 15 anos, resolveu fazer seu nono filme.
Vocês gritam: “Vamos quebrar a espinha dele!”
Compreendo que isso dá prestígio; é um upgrading. O sujeito entra na redação de testa alta e lábio trêmulo: “Esculachei a besta do Jabor..!” E é olhado com cálida admiração.
Ato de violência. Aí, percebi que não apenas a patrulha pop pautou seus críticos. Lembrei da devastadora crítica de Eduardo Escorel na revista piauí – (não confundir com Lauro Escorel, o grande artista que fotografou o filme). Lembro mesmo que corri à piauí com a esperança de aprender teoria com o velho autor de remotos filmes, como a história sinistra de um esquartejador e a adaptação dialética do Cavalinho Azul, de Maria Clara Machado. Dele eu esperava opiniões cultas, conspícuas frases sobre Bergman, Fellini. Eu esperava encontrar André Bazin e dei de cara com Andrei Zhdanov, o supremo censor de Joseph Stalin (olhem no Google, meninos…)
Mas, mesmo assim, esquartejado, tentei entendê-lo. E tive a revelação, vi a luz!
Eduardo tinha uma missão política, senhores, iluminista mesmo: ele quis salvar o público das mensagens reacionárias que devo ter embutido no filme. Por isso, ele correu a Alphaville, para ver o filme quentinho, ainda no laboratório. Ele correu antes para avisar o povo: “Não vá!… Fuja do demônio neoliberal que fez um filme de época sem mostrar Getúlio ou a luta de classes.”
Ele deve ter zelosamente pensado: “Vou pautar também os jovens tenentes das novas “patrulhas pop”, porque eu sou egresso das velhas patrulhas ideológicas descobertas por Cacá Diegues e tenho esta missão.”
E conseguiu; parabéns, doce Zhdanov com seu lento sorriso superior. Foi um alívio. A sociedade estava salva.
Mesmo assim eu ainda entendo o homem. Sei que grandes frustrações na vida se compensam por elusivas fantasias de grandeza. Sei que a onipotência não realizada, o narcisismo que parou no meio provocam ódio e entendo que ele tenha buscado, digamos, “profissionalizar” seu rancor. Assim, ele descolou esse “bico” para aliviar sua dor interna. Deve ter pensado: “Boa ideia… serei implacável contra todos que ousam fazer filmes corrompidos pelo sucesso e pelo público enganado.”
Confesso que admiro sua integridade de não poupar nem amigos nem parentes.
Mas, aí… esbarrei com a frase: “Jabor sempre pareceu mais um “diletante” que um cineasta profissional.” Aí, não. Depois de ter trabalhado 30 anos em cinema, fazendo nove filmes, ouvir isso não dá. “Diletante” é você, cara, que fez dois ou três filmes medíocres que sumiram da história de nosso cinema.
E, no final, outro insulto, quando ele diz que, vendo esse filme, ele não tem mais dúvidas de quem sou eu…
Respondo: Se você pudesse saber quem eu sou, você não seria o que é.
E mais, ridículo censor do trabalho alheio: “A dignidade severa é o último refúgio dos fracassados.” É só.
Os argumentos dele não são de gênio, mas de cronista padrão:
1º) o povo está gostando, o povo é que tem razão (menos quando vota em Lula e em qualquer pessoa indicada por ele);
2º) aqueles que publicaram críticas ruins ao filme nã verdade não fizeram crítica, mas repisaram argumentos modernosos e nada entendem de cinema (aqueles que elogiaram, mesmo usando os mesmos argumentos modernosos, mas com sinal trocado, estão valendo, apesar de indicados para a crítica cinematográfica por ignorantes, conforme ele mesmo afirmou);
3º) no fundo no fundo a questão é de perseguição ideológica, tendo em vista minha coragem de defender opções polêmicas contra tudo que aí está (e a favor de todos que não mais estão, “esquecendo”, sobretudo, que muitos dos elogios derivam mais de simpatia ideológica do que estética);
4º) não aceito críticas de quem não teve a vivência cinematográfica e os prêmios que tive (inclusive do povo que, quando não tem razão, sai da projeção antes do final ou sai bocejando);
Tudo bem (com trocadilho, por favor!), o filme é dele e, portanto, se fez do jeito que fez é porque tem lá os fundamentos para suas escolhas, mas algumas pessoas que não gostaram (e devem ter sido coisa de pelo menos 50% daquelas que foram ver, mesmo os ideologicamente simpáticos ao Jabor) apresentaram restrições várias, mas ele, como também é de se esperar de um cronista padrão, escolheu aquelas mais confortáveis para rebater.
Infelizmente para mim (citação esperta, vejam bem!) não terei oportunidade para ver o filme, por não acreditar simplesmente que nada que saia da cabeça desse infeliz possa resultar em algo minimamente apreciável (considerando todos os seus filmes anteriores, à exceção de Toda nudez será castigada, que resultou bom porque, como disse Nelson Rodrigues, os diretores inteligentes, como Antunes Filho, estragam o teatro dele, os melhores são os burros, como foi o caso na transposição da peça para o cinema). Afinal, tenho direito, como aqueles que gostam dele por afinidade de ideias, a ter uma posição a respeito do cidadão, no caso, antipática. Estou certo de não perder nada com isso. Já os que são simpáticos a ele e tiveram que aturar a gororoba de seu filme, bem feito. Quem mandou inverter os sinais e, no lugar da patrulha ideológica, se aplicarem como divulgadores ideológicos?
Mas fique tranquilo, Jabor, que ninguém está sabotando sua carreira de artista (com bastante trocadilho, por favor!); tem bobo pra tudo nesse mundo, conforme atestam os milhões de exemplares que Paulo Coelho vende na Fraça, Espanha, Itália (Monica Belucci o lê!), etc.; mas, compadrito, aceite as críticas, reveja seu próprio filme, atente para os erros, os equívocos, o desleixo de acabamento, tudo que foi apontado por pessoas que viram o filme e ressaltaram erros de roteiro, má condução dos atores, personagens sem relevo, etc.. Tá bom, falei besteira. Como esperar um mínimo de grandeza, vindo de ti?
Jabor provou seu próprio veneno. As críticas trataram seu filme como ele trata a tudo e a todos com sua suposta onipotência no Jornal Global.
Nunca li texto tão rancoroso e intransigente. rs
Acho que Jbor é contra a liberdade de imprensa. rs
Não esperem humildade de Jabobo.Isso jamais acontecerá.Mas como cineasta,está mais para cineasno.
Ai ai
Só para encerrar (tô indo embora) esclareço que, depois de ler essa bobagem do Jabor, li a crítica do Escorel, que me pareceu extremamente equilibrada, justo o contrário de seu detrator. O Escorel, inclusive, está no cinema há uns 50 anos, já trabalhou nele muito mais que o Jabor, certamente o conheceu e participou de algumas discussões com ele à volta de outros cineastas, roteiristas e montadores. Não é um moleque querendo desancar o medalhão; em termos de cinema brasileiro, um é tão medalhão quanto o outro, ou melhor, um é medalhão de bronze e outro é só um merdalhão.
Rapaz, o Jabor irado atinge níveis insuperáveis de arrogância, imbecilidade, burrice mesmo. Queria conseguir rir, porque sei que, no fundo, é risível.
E a parte do “procurem no Google, meninos”? Parece uma criança: “eu sei quem foi Zhdanov, vocês não sabem, sou melho-or, lero-lero!” Deu pena.
Aliás, senti falta de alguma citação sobre o Hugo Chavez! Vacilou, Jabor!
Tadinho.
Fico muito feliz que o Sr. tenha parado um pouco de aparecer na televião para fazer um filme…..afinal é um alivio muito grande NÃO ASSISTI-LO…é Otimo não ver sua Mascara de Arrogancia na telinha. Certamente não irei ver seu filme, como muitas pessoas que o julgam um boçal. Mas o melhor de tudo isso …é que ficora claro que o SR. Jabor não é NADA, é um horror tentando ser intelectual…e agora demonstrou que Não é CINEASTA…..
Ah> ainda bem que o Sr Jabor recebe salario da Patrulha da Direita pra falar enormes bobagens na televisaõ …sendo assim o Sr. Jabor não morrerá de fome….só vai ter quearranjar outra profissão…..
sugestão ao SR. Jabor….se aposente e vai ficar de pijama ( como seus amados militares) em alguma casa bem escondida neste imenso país epor favor… suma da vida publica…vá virar sindico….alias é a sua cara ser sindico de predio decadente…. ( desculpem -me os sindicos de predio, não estou generalizando que todos saõ tão repugnantes como o SR. Jabor)
“procurem no google meninos”…..
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Petudiletantemor
Jabor, você como cineasta é um ótimo militar ultra-conservador reacionário de direita (é que um adjetivo só não serve).
Você é uma vergonha para o Brasil.