Publicado em 14 de fevereiro de 2007
Amigos.
Na última quarta-feira, por pura sorte do blog, pedi a vários amigos para responderem a este questionário. Digo “por pura sorte do blog” porque, se não fosse o fato de muita gente tê-lo respondido, isto aqui estaria provavelmente parado. O que houve? Ora, no dia seguinte, minha mãe desabou sozinha em sua casa, batendo fortemente a cabeça. Desde então está hospitalizada. Ela tem 79 anos e a queda deixou-lhe alguns sangramentos cerebrais ainda não absorvidos. Talvez não precise de cirurgia, mas está muuuuuito confusa. Meus dias têm sido uma correria. Há o trabalho e há minhas três mulheres: uma no hospital, outra me auxiliando como pode e outra esperando – numa boa – alguma diversão durante suas férias comigo. As duas últimas não cobram nada. São uns amores. O problema é minha ânsia em atender a tudo e a todos com qualidade. Olha, normalmente sinto-me muito bem sendo filho, amante e pai; quando isso pesa, é porque não estou bem. Amanhã de manhã, depois de ter levado a Bárbara na equitação – sua maior paixão – e depois de marcar outras aulas em todas as próximas manhãs (cavalos não pulam carnaval), vou me sentir melhor e ainda vai faltar a Claudia…
Enquanto isso, vou mostrando para vocês as respostas. Hoje, vou de Flavio Prada. Bobagem explicar quem é. Vão a seu blog que vale – e como! – a pena. Conheço-o pessoalmente. Talvez vocês não imaginem quão multimídia esse cara é: arquiteto, artista plástico, guitarrista, tecladista, cineasta caseiro, escritor e cozinheiro. Garanto que ele é ótimo nas duas últimas funções. Na casa dele, só me sobrou lavar a louça. Achei suas respostas engraçadas e às vezes um tantinho mal-humoradas… Mas quem é que manda encher o saco dos outros com questionários, porra?!
Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?
O pior defeito das outras pessoas é que elas não são eu mesmo.
Como gostaria de morrer?
Quando estivesse ainda vivo.
Qual é seu estado mental mais comum?
Frio e preciso. Ou seja, “frio” porque o espaço vazio é sempre mais frio. E “preciso” porque preciso entender o que é “estado mental”.
Qual é o seu personagem de ficção preferido?
Eu mesmo.
Qual é ou foi sua maior extravagância?
Ficar atento à respiração, da manhã até à noite.
Qual é a pessoa viva que mais despreza?
Mario.
Qual é a pessoa viva que mais admira?
Recorro à faculdade de nao responder algo que possa me comprometer legalmente.
Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?
O mais plausível ao retornar depois de morto: ossos.
Em quais ocasiões costuma mentir?
Quando digo: “pra falar a verdade…”
Qual é sua idéia de felicidade perfeita?
Nao responder à perguntas.
Qual é seu maior medo?
Receber perguntas para responder.
Qual é seu maior ressentimento?
Esquecer guarda chuvas nos lugares.
Que talento desejaria ter?
Pergunta inútil.
Qual é seu passatempo favorito?
Olhar o relógio.
Se pudesse, o que mudaria em sua família?
Pergunta inteligentíssima, mas eu não posso.
Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?
Crianças com fome.
Onde desejaria viver?
O que quer dizer? Eu já estou vivo!
Qual a virtude mais exagerada socialmente?
Não sei o que isso quer dizer.
Qual é qualidade que mais admira num ser humano?
Preciso de muito tempo pra responder isso.
Quando e onde você foi mais feliz?
O “mais” da pergunta objetiva excluir todos os outros bons momentos que tive e tenta me obrigar a eleger apenas um, como se fosse lógico que uma vida pudesse encontrar sentido em algum píncaro de glória, em algum fugaz átimo de ilusória alegria. Querem me reduzir a um ansioso infeliz, na verdade. Vão tomar no cu.