Coisas de deus

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De acordo com a Bíblia no principio era a verborreia, e a verborreia estava com Deus, e a verborreia era Deus. Deus criou os céus e a terra. Então Deus disse que haja a luz, bateu as palmas e a luz acendeu. Deus viu que a luz era boa e a separou da escuridão. Deus pôs na posição de água quente o nome de “inverno” e na de agua fria pôs o nome de “verão”. Deus chamou a luz de dia e a escuridão de noite, por algum motivo isso foi um ‘dia’, apesar de ainda nao existir o Sol e a Lua.

Entao Deus criou monstros. E Deus viu que isso era bom. Deus criou árvores. E viu Deus que isso era bom. Deus criou os arbustos, foi atrás deles se aliviar, e viu que isso era bom. Deus então deu uma assoprada em um monte de barro e criou o homem. E em sua eterna sabedoria disse: frutificai e multiplicai-vos. Sorrateiramente arrancou um estribo do ouvido do homem enquanto este dormia, e, embora o homem surdo a este ponto, deu outra soprada e, voialá!, eis a mulher.

Eu me divirto sempre na Desciclopédia.

As escolas brasileiras ligadas a instituições religiosas sempre ensinaram o criacionismo. Seja nas aulas de religião, seja nos cultos, os alunos aprendem que Deus criou o mundo e todos os seres que o habitam. É o fim do mundo.

Hoje acordei assim porque fui convidado a participar de um documentário onde as pessoas contam casos de preconceito contra ateus. Detesto falar em público mas acho que vou ter que.

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26 comments / Add your comment below

  1. Não, não acredito em deus nenhum, respondo quando me perguntam, e só. De imediato:

    1) Deixam de falar comigo para nunca mais;
    2) Deitam pregação e sou, assim, obrigado a não mais falar com elas nunca mais;
    3) Respondem “Eu também não!” e someçam a me tratar com uma simpatia tal que acabamos por nos enfastiar e não nos falamos nunca mais.

    Daqui por diante sou neutro: não torço para time nenhum; não declaro filiação partidária; não assumo nem uni nem polissexualidade; como em churrascarias com carnívores e em restaurantes macrobióticos com vegetarianos; bebo água ou cachaça pura com quem quer que seja, e sozinho bebo o que bem entendo;

    e assim por diante porque, daqui por diante

    é o Ano Novo que começa!

  2. Não sei das outras escolas, mas…
    A título de contribuição, até dezembro passado, quando desisti em definitivo do magistério, lecionava eu a disciplina Ensino Religioso, numa escola de freiras, comandada por uma ex-irmã, casada com um ex-jesuíta, aonde o padre da região aparecia em todos os eventos e uma vez por mês, todo mundo ia à Igreja. Com sono e relutantes, mas íamos.
    Todos os meus aluninhos liam eventualmente a Bíblia e tinham do criacionismo a visão de um conto, uma fábula. Para alguns, mais raivosos, uma história da carochinha.
    Participei de diversos cursos da finada AEC (Associação das Escolas Católicas) e em nenhuma vez eu ouvi apologias ao criacionismo ou gente avacalhando com o evolucionismo.
    Estávamos mais preocupados com o reforço de princípios e valores, usando o exemplo do homem Jesus que, mesmo sendo uma louca fábula (na oipnião dos críticos), falou coisas bacanas e razoáveis.

    1. Bá, meu vizinho também diz coisas bacanas e razoáveis; espero que ele não seja objeto de culto daqui a uns 1.000 anos pois, apesar de dizer coisas bacanas e razoáveis, meu vizinho é um tremendo de um filho da puta!

  3. Eu minto que sou cristão. Isso é uma questão de sobrevivência, não um joguinho qualquer. Ontem mesmo, vi uma turma de cinco ou seis pessoas cercando um sujeito magrinho, de cabelos repartidos para o lado e um ar de frágil timidez, e essa turma dava-lhe chutes na bunda, passava-lhe a mão na cara, fazia-o dançar o créu na velocidade 12, enquanto gritavam-lhe: “ateuzinho, dança, ateuzinho! Olha só o nariz grande desse ateu, capitalista do oxigênio.” E coisas tão cruéis que o cavalo do carroceiro que passava por perto chorou.

    Mantenho a minha Bíblia bem debaixo do suvaco para que todos saibam que faço parte da maioria saudável. Na principal escola da cidade há divisão de banheiros entre “crentes” e “ateus”, mas os crentes nunca respeitam a plaquinha distintiva na porta pois tem a mania de entrar em território alheio para esfregar a cabeça do ateuzinho de merda no vaso sanitário. Já faço parte da Associação de Combate ao Ateu Perverso, só por questões de preservar a incolumidade da minha família; semana passada catamos uns dois ateus em trajes característicos que passava em sentido contrário e eu, por pura galardia, quebrei uma lâmpada fluorescente na cara do sujeito. Ele apareceu até na mídia, a voz típica do ateu convicto, o ar querendo se fazer de destemido, de minoria que tem direito a representatividade.

    Acho que estou começando a me envolver demais no assunto (por questão simplesmente de preservar a minha pele). Na passeata atéia tradicional, com aquele povo todo abraçando-se e cantando lemas de guerra, me fantasiei de ateu, e me infiltrei no meio da patota para colher informações importantes para a organização. Mas vou maneirar. Tenho tido sonhos inquietantes de chaminés espargindo fumaça e coisas do tipo…

  4. Um homem e uma mulher se encontram por acso em meio às ruínas do fim do mundo. Eles sabem que que são os únicos sobreviventes da eslpécie. Estão nus, apáticos e mudos. Observam as formigas que estão por todo lado. Uma voz – eles a reconhecem – diz:
    — Eu disse que vocês dominariam o mundo…

    O homem e a mulher trocam um olhar e lembram de tudo. Adão e Eva. Adão diz:
    — É verdade! Vós nos destes o paraíso e nós o transformamos nisso. Perdoai-nos…!

    A voz:
    — Deve haver um equívoco. Eu me referia às formigas.

  5. estudei em colégios “de freiras” (elas funcionavam como a Rainha da Inglaterra, mas com bem menos distinção – imagino q isso acaba com a comparação, mas vcs entendem). nunca me foi ensinado o criacionismo, sempre o evolucionismo.
    Menino Deus e Maria Imaculada, os colégios se chamam.

  6. Preconceito com os ateus, tadinhos. Aposto que eu já ouvi muito mais por ter cabelo curto (2)

    ai ai, “neo-ateísmo” é um porre mesmo…onde foi parar aquele ateísmo oriundo de profunda crise existencial, que já chegou a embrulhar estômagos e , de factum Mr. Ribeiro, trouxe algo de novo?
    Restam os chove-no-molhado e a pieguice new age cientificista de Dawnkisn e cia. Triste. Acusem-me de estetizar a ética, porém ergo:o problema do “ateísmo militante” é sobretudo estético. Eita correntinha brega!

  7. Ai! Ai! Ui!, Meus Deus,
    de novo esses ateus!

    PERFUME
    by Ramiro Conceição

    Dentre os passos meus, naquela manhã, vi deus
    no olhar de um cachorrinho ateu, que passeava…
    Aquele deus não era tribal, nem um assassino – de gays;
    não tinha escravos, terras ou altares justificados por leis;
    abominava políticos, padres, freiras, pastores e dízimos;
    não era uma lua mística, mas um sublime sol – objetivo!;
    era um olhar enamorado que, agora, tento dar um nome,
    mas aquele deus não tinha nome; era qualquer homem
    ou mulher; era a luz de estrelas num vagar de um vaga-lume;
    era um perfume a dizer-me: NEM OURO QUE RELUZ É TUDO.

  8. Uma banca de concurso estava analisando com cara séria meu dito curriculo lattes. Ah, você escreve bastante sobre religião, hein? Você é evangélico, né? Tava escrito no olhar “fora-daqui-crentezinho” que minhas chances já eram. Não que eu fosse o melhor para o cargo, mas só um cego e surdo pra não perceber o, olha lá, preconceito ateu. E olha que meus artigos akademykos, valei-me São Glauber Rocha, são críticas à mercantilização e à banalização dos temas cristãos e da música religiosa.

    Impossível, pensei eu. Ateus são criaturas dignas que têm tamanha ojeriza à história das inquisições, perseguições e arrogâncias dos cristãos! Não, eles não colocariam suas descrenças em primeiro lugar.

    Limbos não existem, sei disso desde criança e foi a religião protestante que me ensinou bem antes de bento 16 descobrir isso. Mas tem hora que me sinto num limbozinho desses. Não me considero evangélico, não como os garbosos evangélicos disparando anátemas contra tudo que não pensa igual a eles ou aqueles pastores/bispos marketeiros que, como na história contada em “Quem tem medo de Virginia Woolf”, economizam o salário enquanto gastam o “dinheiro de Deus”.

    Prefiro um cinema, uma música, uma arte que uma parte dos evangélicos despreza. Mas como me “declaro” cristão, os ateus já me desprezam antes de saber que gosto de uma boa conversa sobre futebol e literatura e de blogs como o do Milton (e do Idelber, snif!).

    1. Joêzer, por favor.

      Eu não desprezo os cristãos — imagine se não me relaciono com hordas deles! — , mas, lembrando o Idelber, dou alguns centavos de ajuda a quem quer diminuir a influência da religião em nossa sociedade. Falo do aborto e tantas outras coisas anacrônicas, por exemplo.

      Em minha opinião, a religião é INEXTIRPÁVEL do ser humano. Deve ser uma opção pessoal e não atrapalhar todo um país. Ou vários, como podemos notar no Oriente Médio.

      Grande abraço.

  9. voltei aqui só pra dizer duas coisicas: uma, que as pessoas usam os rótulos cristão/ateu equivocadamente, como se essas palavras fossem adjetivos e não simples substantivos – como se ser ateu ou cristão fosse algo bom ou ruim por antecipação);
    duas, é que 3 anos acompanhando esse blog, a gente se afeiçoa sem querer às pessoas que eu, como são-paulino, já me peguei torcendo pelo Inter só por causa do cara que escreve nesse blog. rsrs
    abraços

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