Os festins diabólicos

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Festim Diabólico foi a forma que o tradutor brasileiro encontrou para deixar Rope (Corda), de Alfred Hitchcock, com um título mais sedutor ao público nacional. O novo nome ficou ridículo, em minha opinião, mas sempre que me convidam para uma festa me vem o termo à cabeça: “Um festim diabólico!”. O filme foi feito em 1948 e é uma proeza técnica do diretor inglês, enquanto a única proeza técnica de nossas festas é o (chato, chato, chato e que atrapalha nossa vida nos dias seguintes) deslocamento de um baú. A vantagem é que ele nunca passou por cima do pé de ninguém, como fez a pesadíssima câmara durante as filmagens de Rope, que destruiu o pé de um operador. Mas não é este meu assunto. Apesar de possuirmos um baú onde caberiam vários corpos, meu assunto são os festins lá de casa.

Pois há uma frequência quase mensal deles. O número de pessoas varia entre quinze e quarenta. As festas lá de casa não costumam ter pretextos aparentes, servem apenas para que a gente se divirta. Porém… Deixem eu dizer uma coisa: acho que as festas valem principalmente por seu efeito posterior, pois elas se fazem sentir nas horas e nos dias seguintes. As festas seguem na minha cabeça e na dos outros, tenho certeza. Cumprimentos, lembranças, esquecimentos de celulares, piadas repetidas, telefonemas de agradecimento, ecos de diálogos, casais que se convidam para voltar lá a fim de terminar com a comida do dia anterior, mas nada, nada mesmo que não sejam efusões. O melhor são as horas logo após os festins diabólicos.

Porque as festas — penso eu — são a celebração da pouca e insuficiente alegria que a vida nos dá, é uma forma de amplificá-la através de outras pessoas que valorizam nossa existência. Funcionam como a arte, quem sabe, e a qualidade da comida e da bebida — estas têm de ser excelentes — não faz somente parte do afeto distribuído por quem a faz, nem também servem só para assuntar antes, para nos alegrar durante e para planejar depois. Eu não saberia dizer da forma mais brilhante, mas me parece que a qualidade dela deve combinar com a qualidade das pessoas e das conversas. Se fosse ruim, a troca seria menor, tudo seria pior. Como na Festa de Babette de Karen Blixen, a comida e a bebida — e julgo de forma polêmica que a primeira é mais importante — não funcionam só no sentido de doação de quem a faz, mas em todas as trocas que depois acontecem.

Mas vou pensar mais no assunto.

(A gente conhece muita gente, né? Dava para fazer três festas para 40 pessoas sem repetir ninguém…)

Beto Chedid — que fez importantes revelações — , Andréa e Claudia.
Eu e a Claudia. O árabe que se vê no espelho é Francisco Marshall.
Já que a comida era árabe, o Augusto arranjou uma “dança do ventre” para a festa. A aparição da moça foi meteórica, mas deixou saudades.
A última turma quase completa.
Lia, Elena Romanov, Arthur Maurer e muita comida.
Simone Rasslan, Álvaro RosaCosta, Beto Chedid e Andréa Soares Costa dão risadas.
Lia Zanini demonstra no ar o tamanho do pênis de seu namorado. Marcelo Delacroix lamenta.
Vladimir e Elena Romanov com Vivian Virissimo

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17 comments / Add your comment below

  1. Milton e Cláudia
    Há nove anos atrás, quando fiz 30, portanto, planejei: quando tiver 40 anos, minha casa terá uma cozinha ampla, com temperos e utensílios pendurados, com janelas quadriculadas, com sofás para que os amigos possam conversar com o cozinheiro. E haverá livros e vinho e música. E contar história será uma arte exercida até a virtuose.
    E recebermos muitos amigos, e vamos varar noites comendo, conversando, bebendo e rindo. Outras vezes eles virão em poucos, ou em um só. E também serão recebidos com calidez e alegria.
    Pois bem, os 40 chegarão no ano que vem e essa não é minha casa. É a de vocês.
    Mas minha decisão voltou. E ela está agora mais forte e firme do que nunca. Nem sei como consegui deixá-la passar. Encontrá-los me restituiu essa busca.
    E agora eu vou até o fim!

    1. Fiquei comovido com o que disse o Fari… Guto. E respondo que esta casa em Porto Alegre também é dele. E a prova está que ele virá aqui no primeiro findi de novembro.

    2. Luis,

      Eu já passei dos 50 e ainda não consegui. Mas não desisti. Ainda chego lá. O problema maior nem é a casa. É a companhia para desfrutar dela. É cada vez mais raro encontrar pessoas com quem valha a pena passar horas conversando. 🙁

  2. me identifiquei com o “populares” e “tímidos”.
    charlles, por que diabos festinescos armandinhonejah comparece a um jantar árabe?
    Pra mim é prova de q é tudo armação euaense aquele suposto plano terrorista em washington…

    1. Essa é uma daquelas vezes em que devemos fazer de conta que não entendemos, arbo, para a nossa segurança.

      (veja lá a promiscuidade artística dos atores que se esbaldam com o poder, como o Daniel Craig da útima foto; King Jong Il na sexta foto; e Kadafi, o inimigo público número um, claramente na quarta foto, se esbaldando.)

      Peraí.. eles pegaram a Caminhante, cara!! Pegaram a Caminhante!!! Não é ela que aparece obrigada a aparentar que está tudo normal e feliz na sexta foto, ao lado do Jong Il?

      1. Aproxime com o zoom de seu micro para ver as cervejas que eles obrigaram a Caminhante tomar: são as famigeradas cervejas علم و صنعت ایران, produzidas em série com a foto de Mahmoud no rótulo com lúpulo fermentado em baba de camelo, com grau etílico de 20 por cento.

        Perdemos a Caminhante, cara!!! Eu não acredito!!!

  3. ARQUITETURA
    by Ramiro Conceição

    Urgentemente, preciso mudar a casa:
    a porta… será de um beija-flor amado;
    as janelas abertas… os cílios do coração;
    os ladrilhos…um piso às visitas bem-vindas;
    a minha língua será um limpo pano de chão;
    as mãos: os pés das mesas; os pés… serão mãos
    à imaginação, às luminárias serão de muitas almas;
    o vaso sanitário, com certeza, será da insensatez;
    o chuveiro… banhos à lucidez; as camas às ramas
    da delicadeza; os armários aos segredos da beleza.
    O cachorrinho?… Serei eu mesmo, sem dono!
    Afinal, ao futuro… pertence… o sonho.

  4. Admirável e invejável a disposição de vocês em promoverem as festas: encontros de quem quer compartilhar alegrias e cultura.
    Não só as festas plastificadas e exibicionistas em que ‘celebridades’ e ‘deslumbrados’ fingem felicidade.

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