Muito obrigado, Hitch

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Morre um ateu. Seu #GodIsNotGreat vai para os Trending Topics do Twitter. Cristãos fazem ameaças de morte. Twitter retira a tag. Prova-se a tese do livro.

Certa vez um evangélico perguntou a Christopher Hitchens: “numa cidade estrangeira, um grupo de homens vem na sua direção. Você se sentiria mais ou menos seguro se soubesse que eles vêm de um encontro religioso?”. A resposta é puro Hitch: “posso lhe GARANTIR que me sinto MAIS ameaçado, porque já passei por isso. Quer que eu fique só na letra B? Belfast, Belgrado, Belém, Bagdá, Bombaim e Beirute”. Nocaute.

Retirado do facebook de Idelber Avelar

Eu não sou ateista nem anti-ateista. Eu apenas afirmo que todas as religiões são versões das mesmas inverdades e que a influência das igrejas e o efeito das crenças religiosas é altamente nefasto.

Christopher Hitchens

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68 comments / Add your comment below

  1. Estou aqui a rir do inconsciente caráter religioso desse vídeo e dessa foto. No vídeo, as dezenas de pessoas agradecem, falam, mandam recomendações e bons votos, com uma música sentimental ao fundo. Fazem isso a quem? Ao falecido Hitchens, crentes de que ele, afinal, num paradoxo significativo que nega toda a sua pregação, está escutando do além. Mostram garrafas de whiskeys e outros símbolos que sugerem como a gratuidade da existência pode ser usufluida através de uma lúdica devassidão, assim como o já há muito superado Sartre fez com que jovens ateus parisienses deixassem de tomar banho e enchessem a cara nos bares. E a foto pressupõe um Hitchens angelical, olhos claros, cabelos revoltos, muito antes da flacidez e do cinza nada sacramentável da velhice devastada pelo cigarro.

    É como o velho e bom Zizék analisa o xamanismo genético incontornável no gene humano, em “A Visão em Paralaxe”: os ditos ateus tem suas mentalidades necessitadas de transcendências amparadas na determinação daqueles que acreditam. O ateísmo, pois, se não for uma forma de covardia, é uma coragem invertida.

  2. Milton,
    posso errar nos números.
    Ontem na FSP o Schwartzman citou um livro onde consta uma pesquisa ao menos curiosa.
    Os dois países mais laicos da Europa são Suécia e Dinamarca, apenas 20% da população acredita em um ser supremo e menos ainda são religiosos habituais. Fui no gogle encontrei logo a seguir Finlândia e Noruega, mas tais dados não são tão seguros.
    Veja, são os lugares com menor índice de criminalidade, e os melhores no que tange a convívio social.
    Esta pesquisa não afirma que isto é devido à falta de religião, mas mostra que não há uma correlação entre crença e civilidade.
    Curioso, mesmo os não crentes nestes países consideram-se cristãos (eu já havia observado isto na Holanda: quando estive lá, eles diziam ateus protestantes e católicos). As denominações cristão, judeu, servem, hoje em dia, para identificações culturais, portanto, talvez não haja tantos religiosos como se pensa.
    Serei eu um agnóstico cristão? Serás um ateu cristão?
    Ricardo

  3. Nota zero, Charlles. Sem nenhuma agressividade, peço licença para dizer que escreveste uma enorme bobagem. Queres uma estética para os sem-fé? Posso ainda ouvir Bach, ver pinturas em igrejas ou tenho que negar toda a herança?

    Coragem? Covardia? Que gênero de discussão é esta? E eu sou o inconsciente? Francamente…

  4. Só me diz para quem as pessoas do vídeo estão falando. No mínimo é ridículo tantos ateus se comportando como atores da Globo mandando mensagens para um amigo que “fez a passagem”. (Só faltou eles utilizarem esse termo.) No máximo, tal comportamento pode sim certificar o que Zizék escreve no brilhante capítulo “O Peso Insuportável de Ser Merda Divina”, de seu “A Visão em Paralaxe”. Zizék arrola um sem número de pensadores para concluir que o ateísmo é um nonsense que não existe, pois é biologicamente impossível a ausência de pensamento transcendente no homem (ou pensamento mágico, como quer a nova roupagem pejorativa). E cita que Lênin sabia disso, e foi uma das últimas recomendações que deu ao partido, antes de morrer, para que o Estado usufluisse da catarse simbólica pelo grande Outro que as grandes religiões possui.

    De outra feita, em outro livro, ele escreve:

    “Surpreso por ver uma ferradura pendurada na porta da casa de campo do físico Niels Bohr, um colega cientista que o visitava exclamou que não compartilhava com a crença supersticiosa de que as ferraduras afastavam os maus espíritos; Bohr retrucou: “Também não acredito. Deixo aí porque me disseram que funciona mesmo quando não acreditamos.”

    E, de novo eu te pergunto: pode me acusar de retórica torta e forçada, mas, como é possível um ateu ser fanático por um time de futebol? Ao menos há nisso os sinais primitivos da tribo não de todo depurados.

  5. Por exemplo, quando um dos jogadores do Inter (é esse o seu time mesmo, né? É perigoso um erro agora, com riscos de vc me esconjurar) está diante o goleiro, na iminência de bater O Pênalti que decidirá o campeonato e deixará Milton Ribeiro feliz com a visão do troféu levantado pelas mãos de um dos gladiadores do clube, e esse jogador se prepara, no silêncio do estádio lotado, por que Milton Ribeiro fecha os olhos e chega a apertar uma mão na outra?

    Resposta provável: uma mera reação instintiva, como um cacoete, nada a ver com rezas, crendices e xamanismos. Concordo. Tão instintiva como o ato da defecação. E é isso que Zizék salienta. Hitchens é uma fraude. Posição heróica diante a morte, zombando dos religiosos que tentavam lhe converter? O mais provavel é que ele colocasse a mão em cima de onde proveio a sua metástase e orasse em segredo ao Senhor dos Sarcomas, pedindo uma capitulação.

  6. Ateismo não é descrença Não acreditar no divino não é covardia.Devemos todos ser religiosos por determinismo genético?.Toda transcendência é
    religiosa?Qual seria o gen que expressa nossa inescapável e atávica religiosidade.Ele existiria nos outros primatas ou papai do céu reservou ele só pra gente?

  7. “Brecht está certo aqui: nunca estamos em condições de escolher diretamente ente teísmo e ateísmo, já que a escolha como tal se localiza no campo da crença. O ‘ateísmo’ (no sentido de decidir não acreditar em Deus) é a pobre postura patética dos que desejam Deus e não conseguem encontrá-lo (ou que “se rebelam contra Deus”…). O verdadeiro ateu não escolhe o ateísmo; para ele, a própria questão é irrelevante…”

    A Visão em Paralaxe, p 135.

  8. Lembro de Gore Vidal dizendo que, ao escrever o roteiro de Ben Hur, colocou propositadamente todas aquelas cenas de martírio com chicotadas e demais torturas a que era submetido o herói, para satisfazer a inerente tendência sadomasoquista do espectador cristão (para o qual o filme era dirigido).

    O mesmo se repete, na contramão, nessa foto em que Hitchens parece o jovem e belo São Sebastião martirizado.

  9. Para não repetir aqui o comentário que fiz no Idelber e reproduzi no Charlles, vai, em “homenagem” ao Hitches, um poema de Bertolt Brecht:

    O CORDÃO PARTIDO

    O cordão partido pode ser novamente atado
    Ele segura novamente, mas
    Está roto.

    Talvez nos encontremos de novo, mas
    ali onde você me deixou
    Não me achará novamente.

  10. Charlles, creio que a sua postura não é científica. Ora, por que não admitir que possam existir indivíduos que não tenham a menor necessidade efetiva de Deus e que tal postura ético-moral, sem dúvida, nada tem de haver com a barbárie?

    Aliás, quase sempre, a insanidade advém dos crentes; só pra lembrar: um dos maiores genocídios da história foi cometido contra as civilizações pré-existentes nessa terra denominada (pela civilização assassina, branca, judaica, cristã) de novo mundo. E que fique claro: não sou ateu.

    Por outro lado, o que me pareceu estranho, no vídeo (por que não dizer politicamente correto?), foi a atitude de comemoração associada à morte do escritor. A morte é sempre uma perda, uma dor, seja pro ateu ou para quem crê, no Criador.

  11. Charles,Hitchens não tem alma imortal.A dualidade entre corpo e alma,entre
    espirito e matéria há muito foi ultrapassada.Tudo aquilo que se conhece como consciência humana é uma manifestação do nosso sistema nervoso central.A rede de circuitos neuronais que se manifesta através de uma interação neuro quimica, quando rompida não produz sua continuação .
    Em outras palavras não existe software que sobrevive à morte do hardware
    cerebral.Ter consciência deste fato não anula a epifania de ouvir a paixão de
    São Matheus do pai do Milton

  12. Ramiro, eu só citei uma visão comum a muito boa gente que foi compilada e estudada num livro de Zizék. Eu odeio igrejas, cara. Concordo com a perniciosidade histórica e o grande empacamento tecnológico que adveio com as Igrejas. Era já para termos a cura do câncer e uma sociedade muito mais pendente a um equilíbrio social, mas nossa idade científica só tem 300 anos em média, e isso devemos ao totenismo mais vil, voltado para interesses políticos de mandatários político/sacerdotais. Mas não relego tão levianamente como Hitchens e Dawkins fazem a importância das religiões. Tenho como ato pontual a enorme diferença entre Igreja e Religião. Eu sou cristão por opção filosófica, se posso dizer assim, e nada tem a ver com a crença em Deus.

    Mas os “ateus” querem promover uma desconstrução além da mera crítica à alienação igrejística. Querem ir contra a base da cultura humanista e, para isso, recorrem a tudo que o pensamento humano já produziu. Por exemplo, para explicar os assim chamados milagres, recorrem a Freud, aos sonhos, à propensão da espécie ao roubo e ao estelionato. Hitchens tem um texto em que acaba com a Madre Teresa de Calcutá. Ele parte da retórica infantilóide de que se pessoas como Madre Teresa e Gandhi evidenciam alguma fraqueza humana, é por que são hipócritas muito mais perigosos do que aqueles homens de sociedade cuja rotina diária é a ganância e o massacre dos que estão por baixo. Se Madre Teresa expressa a vaidade de querer ser a mais humilde entre todas as criaturas, o pecado natural que em outra pessoa serviria a potencializar o prazer de seu talento faz dela uma falsária que, ora que terrível, tem luxúria pela humildade. E assim vai…Lembro de Paulo Francis condenando toda a formidável revolução de Gandhi, que conseguiu retirar da Índia o podersoso exército inglês apenas pelo constrangimento, anulando-o porque ele se deitava junto com suas sobrinhas nuas, para testar a força de seu celibato. Os ateus tem esse tipo de argumentação má-intencionada, que centra num ponto de luz e escamoteia de propósito os cantos de meia sombra. Então, quando se usa as mesmas armas, interpretando-os do ponto de vista darwinista e freudiana, suas reações é de que isso não tem nada a ver e coisa e tal.

    Nós temos nosso pendor pelo esclarecimento, Ramiro. Podemos viver com a descrença a partir disso. Mas e aquele homem que vive de um salário mínimo, que eu o conheço aos montes (no último senso, formam um terço da população brasileira), a quem deve recorrer quando sua filha estiver doente, ou a enchente levou a casa embora, ou esses tantos incidentes que para nós, HOMENS FORTES, já nos teria derrubado quase ao ponto do suicídio? Retirar deles a ideia de Deus e colocar o quê?

    E no mais, fugi da questão. Eu realmente acredito que os ateus não existem.

  13. Emílio, a questão que eu levantei, note bem, não é a da existência ou não de Deus, mas a da inexistência de uma ateísmo que não seja poser e cujo estúpido diletantismo não o desmascare como uma crença em negativo. Um recalque de revanche. O Milton chega a espumar o canto da boca quando fala de ateísmo. São inúmeros posts sobre o assunto. Tem um rapazinho aqui na minha cidade, um fisioterapeuta de 1 metro e 60, que se maqueia e faz as unhas e que jura de pés juntos que é um macho pegador e disposto à meter a porrada.

  14. Tem um ex-professor da minha esposinha que tem como centro do mundo o ceticismo teórico; ele ficou puto comigo porque chamei isso de mero luxo de classe média. Penso ser verdade: quem está na última lona só resiste quando o imponderável, sob qualquer denominação, o faz persistir, e a resignação a mais atroz miséria só é possível com um resquício de “fé”, ou de esperança, ou de qualquer coisa que apara o sujeito antes da ideia de suicídio. Já o classe média, além de poder se dar ao luxo de ser cético, cai em desespero se recebe, pelo correio, multas de habilitação e se vê diante da escolha – pago a prestação do carro ou as multas? Há quem se mate por causa disso…

  15. Marcos, quando vi meu pai nas últimas, com câncer, eu perdi a fé. Quando ele morreu, eu não fui no funeral, as pessoas insinuaram crítica, eu tirei a tal licença por morte e me tranquei em casa numa depressão terrível. Eu tive a nítida certeza de que jamais o veria. Não, não! Era pior que isso: eu tive a certeza plena de que ele não existia mais. Eu ficava sozinho em casa e olhava para o teto e não poderia rezar ou pedir perdão pelas tantas omissões que eu pratiquei enquanto filho, porque sabia que isso não resultaria em nada, já não havia um ele (meu pai), que pudesse me perdoar lá do Éter, lá do Lugar Nenhum. Por uma lado, aquilo me parecia uma vantagem: afinal, eu estava livre das raízes católicas e do cristianismo piedoso romântico que antes tanto desviava-me de meu caráter verdadeiro.

    Mas dois anos depois minha esposa ficou grávida. Já contei isso e não é minha intenção comover ninguém. Os médicos diagnosticaram uma doença gravíssima na Dani, que tinha altas chances de comprometer a vida dela e o bebê, nos meses finais de gravidez. (Semana passada o nosso médico disse, taxativo, que não podemos mais ter outro filho, e revelou que as chances de minha filha Júlia e a Dani estarem vivas era de 1%.) Sofri três meses de angústia sem tamanho. Já não havia um Deus a quem recorrer, mas mesmo assim eu recorria. Voltei a rezar e o diabo a quatro. Não estou dizendo, ABSOLUTAMENTE, que Deus voltou para minha vida e por isso tudo deu certo. Mas se não fosse essa catarse recuperada, eu não sei o que teria sido de mim durante esses meses. Daí a necessidade genética, que Zizek diz, de Ter a quem Pedir, numa hora extrema.

    O que os ateístas desconsideram é que, mesmo o ateísmo não está desvinculado da Questão Social.

  16. Charles .os neurocientistas discordam de ti,mas tudo bem.Considero a possibilidade do entendimento do mundo estar ao alcance da razão humana,longe da superstição,do preconceito e do medo, uma de nossas grandes conquistas.O telescópio Hubble pode ser tão libertador quanto o teto da capela Sistina.A paixão do Milton nos obriga a tomar posição
    Suponho que MIlton não ganhe o salário mínimo.Graças a Deus!

  17. Também não disse uma única vez que acredito em qualquer deus aí; apenas que o que temos como emoção de expectativa possui um elemento de “fé” no imprevisto, no imponderável, além do cálculo, à parte da vida, e, embora tudo depois vá se esboroar como um cadáver, antes disso acontecer essa emoção resiste, e indica não e existência de uma alma, mas de algo com que convivemos e não se atém à “mera” racionalidade, submetida aos disparos neuronais e partículos subatômicas.

    Deuses e suas instituições são empulhações; os sentimentos, er, “religiosos”, não.

  18. Marcos,

    o engraçado é que, afora esses dois extremos da minha vida (a morte de meu pai, e o nascimento da minha filha) eu nunca me preocupei com Deus. Sou de uma família católica tradicionalista, mas afora valores cristãos que eu tento manter (sofrivelmente), não me ligo na preocupação com Deus. Sou muito sensível ao sofrimento humano (e à inerente acusação de hipocrisia de afirmar uma coisa assim, hoje em dia). Então, talvez EU é que seja o legítimo ateu, na concepção de Zizék acima, hehehe_ as armadilhas da retórica.

    Gosto muito da religiosidade de Bernard Shaw e Carl Sagan. Lestes Bilhões e Bilhões, de Sagan? É pura religiosidade! Puro respeito ao icognoscível.

    E Shaw perdia-se em longos passeios pelas charnecas inglesas, só para escorar sua bicicleta do lado de fora das igrejinhas medievais e tirar um santo cochilo no interior acolhedor delas.

  19. (Catralhos, o vídeo é esse mesmo desse post, há o comentário do arbo no post anterior, mas não está associado a nenhum vídeo. É isso que dá comentar correndo, fazendo mil coisas ao mesmo tempo…).

    Agora sobre o comentário mais recente do Charlles: o que você está a relatar é a chamada intolerância com o diferente, ou seja: “se o resto é diferente de mim que se foda o resto”.

    Já cansei de ler na rede coisas assim: “Como posso acreditar num PhD que crê em Deus?”. Tal afirmação é duma insensatez sem tamanho. É desconhecer, por exemplo, trabalhos científicos de crentes que se tornaram, não ateus, porém agnósticos. Para seres de tal calibre, recomendaria a obra “O que Jesus Disse ? O que Jesus Não Disse ?” de Bart D. Ehrman. O referido livro é a obra mais lúcida que li sobre a questão complexa de Deus.

  20. Ah, eu me preocupei com deus quando não passei de ano e fiquei com cagaço de levar esporro dos meus pais, não ter o alívio das pequenas quantias de que podia dispor para comprar doces, refrigerentes e revistas de futebol, etc. Mas vi logo que, encarando a situação, a gente vê o que de fato nos imprime princípios de sociabilidade – e nenhum merda de deus tem nada a ver com isso. Resta a bosta do sentimento; esse é inextirpável, e fim.

  21. O Charlles falha em reconhecer que há inúmeras formas de transcendência além da religião.

    Também perde toda a razão por argumentar via Zizek.

    Forte abraço.

  22. só pra esclarecer, só repassei a notícia, como notícia, nem vi o vídeo, pq não poderia, não abre aqui. e não li nada do q parece, por cima, ser uma grande discussão aqui.

  23. Gabriel, talvez tenha me expressado mal. A “transcendência” a que me refiro é o pensamento natural voltado ao grande Outro, à Pulsão de Morte. Eu abomino esses termos lacanianos e freudianos que são, a meu ver, o que entrava a leitura de Zizék, mas acaba que são válidos à definição da relação do homem com sua mortalidade e com a ideia/necessidade de Deus. O grande Outro é, trocando em miúdos miudinhos, Deus: o que dá razão à perisitência e a produção da vida para o homem. E a Pulsão de Morte é a impressão de Imortalidade que o homem leva dentro de si, por mais que ele se ampare nas certezas de que a vida se limita a essa desse plano terreno. A Pulsão de Morte, diz Lacan, é o substituto nosso do desconhecimento do animal irracional de que ele nunca vai morrer. Um cão desconhece que existe a morte. Por mais que nossa racionalidade diga que iremos morrer, jamais acreditamos nisso; instintivamente, evolutivamente, consideramo-nos imortais, caso contrário não teríamos ensejo em levantarmos da cama todos os dias. (Daí os casos de depressão patológica, quando falha o hormônio promotor.)

    Arrebatamento artístico e a abertura das portas da percepção não são, pois, Transcendência.

    E por que Zizék tem menos cacife do que Hitchens para falar sobre ateismo? Ambos, inclusive, partem do aporte político, o que os tornam mais relevantes do que os saltos aventureiros da biologia pura do Dawkins. Lestes Zizék para afirmar isso?

  24. Zizek,Lacan,Sagan,Gore Vidal ,Shaw.Um cristão que não citou nenhum
    Santo Agostinho,um Thomas de Aquino …
    Charles a única transcendência são os vermes que devorarão nossas carcaças
    Nabokov disse que a existência é um clarão fugaz de luz entre duas etrnidades de trevas.

  25. Ao emilio…

    BIG-BANG
    by Ramiro Conceição

    Construímos casas,
    condomínios, partidos,
    vielas, fábricas e favelas.
    Construímos casamentos,
    tormentos, fortalezas,
    igrejas e testamentos.
    Construímos aldeias,
    ideias e cadeias.

    Construímos o mundo…
    Contudo tudo é nômade
    qual o canto profundo
    do Big-Bang ao fundo…

    Saber pouco é danoso,
    mas muito é perigoso!
    Então o que saber
    do quê que não se vê?
    Ora, a vida revelada!

    Quem nasceu? Quem morreu?
    Quem sofre? Quem ama? Quem clama?

    Quem dorme com as flores na cama?
    Quem tece foices à noite nas ramas?

    Quem brilha? Quem cintila? Quem brinca?
    Quem está ensolarado, num dia nublado?

    Quem sabe que nunca saberá
    pois sempre haverá um “mas”

    que muda tudo? Quem, mesmo
    com medo, inventa o lúdico?

  26. Meu lema: “Minha religião é a dúvida sincera.”

    A mais alta forma de religião pretendida para uma sociedade igualitária e superiormente esclarecida: o anarquismo cristão de Liev Tolstoi, baseada na prédiga de Jesus demolidora de todas as igrejas: “O reino de Deus está em vós”. (Aliás, título de um fundamental livro de Tolstoi relançado em edição de bolso no Brasil, recentemente.)

    Por que sou cristão? Por ter sido ele o único profeta a dizer a mais mortais verdade contra as igrejas: “Sejam inteligentes.” E: “Sejam simples como as pombas, e astutos como a serpente.”

    Já viram algum profeta ser tão explícito?

    E isso não é uma pregação, porra!

  27. emilio, ao invés de touchè, UM ABRAÇO mon ami…

    Charlles/#40/, agora volto a discordar: não há diferença alguma entre Tolstoi (Jesus) e as crenças de um aborígene da Tasmânia (não sei dizer quem seria o profeta, mas certamente há um fundamental naquela cultura).

    Charlles, estou interessado na história dos vencidos, nos quatro ventos do mundo. O que me interessa é o catavento-humano e daí, quem sabe,

    Deus…

  28. História dos vencidos é uma coisa, Ramiro, a santificação por eles serem vencidos já é apologia do atraso. Há muito descobri que o homem do campo raras as vezes é bom por ser do campo e corresponder milimatricamente ao esteriótipo de simples de coração e puro de alma. O que tem de paizinho rural engravidando as prórias filhas por aqui…

  29. Ramiro, Ramiro, Ramiro, e você deveria ler Tolstoi antes de compará-lo a um líder tribal da Tasmânia. Só para se ter uma ideia: o conde chamou todos os mujiques de sua propriedade e anunciou que iria dividir sua fortuna e as terras com cada um deles. Resultado: teve que voltar atrás, pois os homens do campo sofriam de tanta privação que quase começaram um motim achando que o escritor estava lhes passando a perna.

    Outro episódio: desde muito Tolstoi renegara sua obra, não cobrando direitos autorais por elas. Ele era um dos autores que mais vendiam à época, algo como o Paulo Coelho. Mas aí aconteceu uma tragédia com uma seita passifista russa, os dukhobors, que se negavam a pegar em armas e a obedecer ao csar, e que tiveram suas terras confiscadas. Eram 7000 pessoas à deriva, e na iminência de serem presas. O conde escreveu às pressas o seu último romance “Ressurreição”, e, com os direitos autorais, expatriou todas essas famílias dukhobors para o Canadá, dando-lhes casa e uma cidade inteiramente estruturada. Hoje eles tem por lá uma reverência ao grande russo.

    Muito mais que sertanejos como Antônio Carlos Magalhães ou qualquer cacique da Tasmânia se prontificariam a fazer.

  30. Lições do nosso pequeno debate
    Ramiro .o poeta
    Charles,o profeta
    Marcos ,o desrespeitoso
    e
    o espumante Milton Ribeiro,o Torquemada do ateísmo
    Pelos carbúnculos de Karl Marx!

  31. Caro emilio, ao que me cabe do seu comentário, obrigado.

    Charlles, Charlles, Charlles, em nenhum instante menosprezei Tolstoi. Confesso que não li integralmente Guerra e Paz que você já leu e está a reler. Por outro lado, já li muito sobre Tolstoi e, efetivamente, Anna Karenina.

    “Guerra e Paz,” o “Quixote”, “Os Lusiadas”, “A Montanha Mágica” e “ Em Busca do Tempo Perdido” e “O Capital” são obras que inicie, mas li, digamos, 70%. O caso de Proust é o mais grave: recomecei a leitura por três vezes, mas não terminei; em 2006, prometi a mim terminá-lo, mas ocorreu a minha transferência definitiva para Vitória, resultado: parei no quarto volume. Preciso acabar com tais pendências intelectuais. Tá difícil: até março de 2012, preciso orientar a defesa de 5 mestrados (EM ENGENHARIA METALÚRGICA), pois quero ganhar uma bolsa de produtividade do Cnpq. Bem se vê que são coisas semelhantes…

    Mas por que todo esse palavrório? Vamos supor, Charlles, que eu me interessasse pela cultura dos aborigênes da Tâsmania, como já me interessei e li “Os Nagô e a Morte” de Juana Elbein Santos, uma tese de doutorado sobre a cultura Yoruba, que NÃO DEVE NADA À CULTURA ESCRAVOCRATA CRISTÃ. Digo-lhe, de boca cheia, que Tolstoi não é superior à referida cultura negra (ops! cometi algum racismo?!).

    Mas voltando aos aborígenes: não há, pelo menos em português, nada sobre eles. MAS TAMBÉM LHE GARANTO, CHARLLES, Tolstoi não é superior a eles.

    E você, Charlles, pode argumentar, mas que poeta safado: como é possível ter uma opinião tão segura sobre uma cultura que esse desgraçado nunca leu?

    Por uma simples razão, Charlles: todos nós somos seres-humanos (isso, assim, com hífen!), habitantes desse pálido ponto azul já visto, por uma astronave cristã, nos arredores de Netuno…

    E lhe garanto também que JESUS, “O Filho do Homem” (predicativo indecifrável, por todas a exegeses, mas ENSINADO POR ELE), CANTOU, CANTA E CANTARÁ AO LADO DA HISTÓRIA DE TODOS OS VENCIDOS.

    AMÉM, MEU AMIGO!!!!!

    IWÁ AXÉ ABÁ

    (OS TRÊS PRINCÍPIOS que governam o UNIVERSO, que sou indigno sequer de pronunciar, quando mais de explicar, pela minha colossal ignorância…).

    Que me perdoem OS ORIXÁS…

    QUE OXALA TENHA PIEDADE DE MIM…

  32. PENSAR QUASE ENLOUQUECE
    by Ramiro Conceição

    Preciso cortar o cabelo, mas
    não consigo… ir ao barbeiro.

    Não é a distância.
    Não é o dinheiro.

    Sou eu!
    Louquim.
    Louquim.

    Caju, sem cajueiro.
    Fogo, sem braseiro.

    Meu Deus
    – cresceu a barba branca,
    o branco cabelo cresceu –

    por favor me diz como se faz…
    Estou a aparecer – Karl Marx.

    Já são três dias – de luta,
    de intriga, briga e labuta.

    Corta. Não corta.
    Corta. Não corta.

    Catralhos me mordam!
    Ai de mim, fiquei doidim!

    Debaixo do bigode,
    resta um grito de fé:

    “Cadê a corte de Herodes
    com a bela Salomé?”

    Todo poeta  é um profeta,
    mas a loucura não é meta.

  33. pra mim é só uma questão de pragmatismo o charlles, charlles, charlles dizer, resoluto, tolstoi é superior. pq, bem, é a nossa cultura – ele não está a dizer q ele é Deus. no fundo, creio q pensa como Ramiro, Ramiro, Ramiro, devem ou pelo menos podem existir raros outros tolstois acolá. mas essa não é uma questão relevante. pelo menos, assim entendi, não pra essa discussão aqui. o charlles ao cubo veio pra provocar, está explícito de início já. acho SAUDÁVEL.
    [e uma pena q o milton nunca apareça nesses debates com bastantes palavras, q tão bem as sabe dominar. às vezes parece não estar disposto a mudar uma vírgula do q pensa – ou que não pensa com vírgulas]

  34. arbo, sem querer ser chato,
    o termo “pragmatismo” está associado a uma visão de mundo que está de acordo com o capitalismo desenvolvido nos USA. Não sei se você está a par disso…
    Tal discussão complexa pode se analisada em ” Gramsci e os novos embates da Filosofia da Práxis”, de Giovanni Semeraro, que li, e na complexa obra “Epistomologia do Sul” de Boaventura de Sousa Santos, que estou a ler, e, já lhe adianto, caro arbo, de complexa semântica…

  35. Resumo da ópera:
    a nova Epistomologia, isto é, o o processo pelo qual se dá o conhecimento, sem dúvida, tem que ter como base todas as culturas da Terra; daí a minha discussão com o Charlles que, sem perceber, está a reproduzir uma ideologia associada à história dos vencedores.

    Isso, na minha atual visão de cultura, é um erro fundamental, pois cria intelectuais com neurônios desenvolvidos apenas sobre o próprio umbigo.

    Isso já conhecemos. Já sabemos onde chega.

    Portanto, faz-se necessária uma nova utopia, onde efetivamente o humano deixe de ser o lobo do humano…

  36. Queria dar só um pitaco sobre a dicotomia história dos vencedores/história dos vencidos.

    Ambas são igualmente mentirosas.

    Celebrar a desgraça produzida na humanidade pela suposta vitória de um percentual mínimo dela, que se sobrepõe aos demais em um processo de exploração física e deturpação ideológica (um exemplo recente é ter como santo o recém falecido – os demônios o levem – Steve Jobs), só ajuda a manter o processo de degradação social.

    Celebrar a desgraça da maioria porque os vencidos possuem supostamente uma identidade comum, de resistência e perseverança (como a que fecha o filme “Como era Verde o meu Vale”) é ajudar a manter sob opressão classes sociais que, com leves diferenças entre elas, acabam por esposar as ideologias dominantes e refletir suas mesmas torpezas, acriticamente (papai Marx, “As ideias dominantes são as ideias das classes dominantes”), lutando sobretudo entre si, enquanto as classes dominantes se divertem, além do que o estado de ignorância em que são mantidos os vencidos colabora para reprodução de ancestrais equívocos que compõe regimes de crença diversos, com destaque aos de caráter religioso ou supostamente religioso.

    A coisa, se vê, é feia para todos os lados, e os vencidos tem que sustentar melhor a briga para vencer sem que, para isso, o façam através dos argumentos dos vencedores de hoje. Senão, isso resultará na manutenção dos mesmos princípios epistemológicos.

    Para fechar, digo que desrespeitoso é o caralho, eu sou é iconoclasta! (vamos caprichar na terminologia, afinal este é o blog do Milton Ribeiro!)

  37. Ramiro, de fato, não fiz essa associação. Obrigado pelo esclarecimento. Tenho um ouvido vencido, e aí saio papagaiando.

    Mudando de assunto, tem um filme na locadora (eu sigo frequentando-as) que conta alguma passagem da vida de Tolstoi. Lançado há pouco. Já viram? É bom?

  38. Caro Arbo,

    O filme é sobre os últimos dias de Tolstoi, mas não passa de mais um documento anticomunista de matiz incolor. Não basta a hegemonia capitalista: tem que soterrar mais fundo qualquer ambição crítica, mesmo que ela seja tolstoiana, ainda porque, no filme, as doutrinas do escritor entram em um caldo ideológico que levará à Revolução Russa, devidamente anatematizada, aliás como qualquer revolução (a Francesa também já teve seus revisionistas – ver Cidadãos, de Simon Schama), essa suprema histeria improdutiva de uma sociedade que não saiu da infãncia do coletivismo para a maturidade do egoísmo.

  39. Fazendo um resumo do resumo.

    De acordo com Marx, qualquer sociedade pode ser compreendida por sua infraestrutura (ou seja, o processo pelo qual se organiza economicamente) e por sua superestrutura (ou seja, a estrutura jurídica – o direito e o estado – e a ideologia (associada à ética, à moral, à política, à religião etc.).

    Talvez, o insucesso do socialismo real foi devido porque deu-se ênfase as transformações radicais associadas à infraestrura (meios de produção) e a superestrutura associada ao direito e ao estado. Todavia a questão ideológica ficou num segundo plano de importância, pois se acreditou que com a mudança da infraestrutura econômica automaticamente haveria mudanças ideológicas. Contudo, a história mostrou que tal correlação não aconteceu. Por exemplo, Stalin massacrou seus opositores dentro do partido e reproduziu de maneira terrível o poder que deveria ter sido superado pela revolução de 17. Outro exemplo, por quase 70 anos reprimiu-se qualquer forma de religião na ex-URSS, contudo, após 1989, toda a religiosidade voltou à tona, isto é, toda a repressão religiosa, na realidade, foi uma repressão ideológica. Em poucas palavras: a revolução nos meios de produção não necessariamente transforma os seres humanos atores dessa revolução, pois ideologicamente o referidos seres reproduzem ainda os seus antigos senhores.

    Lenin concebeu o complexo conceito de hegemonia, segundo o qual antes de ser atigido o comunismo deveria haver um social estágio transitório denominado de ditadura do proletariado que garantiria o sucesso final da revolução. Assim em Lenin a hegemonia do proletariado dar-se-ia pelo poder, conquistado não democraticamente, sobre os meios de produção.

    Gramsci, por seu lado, desdobra o conceito de hegemonia de Lenin, isto é, além dos meios de produção, a hegemonia da classe revolucinária dar-se-ia também na revolução da ideologia, porém não de forma imposta, mas conquistada democraticamente durante o processo histórico. Quer dizer, o estágio intermediario rumo a sociendade comunista é lento e complexo.

    Na atual crise, em que o capitalismo globalizado encontra-se, digamos, não em uma uti, porém seriamente doente, qual seria uma possível alternativa visando futuramente uma transformação radical, democrática, da infraestrutra e da superestruras das diversas civilizações humanas? Tal questão é complexa e, certamente, não será respondida neste comentário. Porém, parece razoável que uma releitura de Marx, Engel, Lenin e principalmente Gramisci seria bem-vinda.
    Sem entrar na discussão complexa sobre o conceito de sociedade civil (uma excelente discussão encontra-se aqui (http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0310315_05_cap_04.pdf), vamos admitir a concepção de Gramsci, ou seja: sociedade civil seria o conjunto de organismos privados formado pelas organizações reponsáveis pela criação e difusão de idiologias, ou seja: sistema escolar, igrejas, sindicatos, partidos políticos, a grande mídia e etc. Para Gramsci a construção da hegemonia da classe transformadora da socidade se dá na sociedade civil, depois no Estado (que, na realidade, é constituído da sociedade civil e da sociedade política[parte do estado responsável pelo conjunto de mecanismos através dos quais a classe dominante (hegemônica) detém o monopólio legal de repressão para efetivo controle político sobre as classes subalternas].
    O diferencial da visão de Gramsci é que ele não despreza a superação da infraestrutra (os meios de produção) mas, ao contrário, a une à sociedade civil. Portanto, na visão Gramsciana da transformação radical da sociedade capitalista, o papel do intelectual é fundamental, pois atuará seguramente na esfera da cultura, por exemplo, que é parte importante da sociedade civil.

    Trazendo tal armentação à especificidade do presente post, a questão da religião é de fundamental importância. Parece-me que, neste campo, a diversidade de visões é fundamental. Porém para isso é necessária uma postura democrática em relação a todas as culturas existentes no planeta e, certamente, também em relação ao ateísmo. Parece-me que tais questões estão ligadas ao subjetivismo humano e, portanto, devem ser respeitadas em todas as especificidades.

    De minha parte, como pesquisador, não vejo qualquer problema em trabalhar com um ateu, um judeu, um mulçumano, um budista, um candoblecista e etc., desde que comprovada a respectiva competência sobre uma dada questão científica. É claro que se, por exemplo, diante uma questão complexa associada à uma reação química relevante, alguém começar a ler o Novo Testamento à explicação do fenômeno físico-químico, terei a postura de chamar o determinado colega para uma discussão particular. Se nada acontecer, ora, o recomendarei a consultar urgentemente um psiquiatra ou coisa que o valha. Parece-me ser uma questão de bom senso.

    Bem é isso. Espero ter contribuído com a discussão desse post.

    PS: caso ocorra algum erro de escrita, por favor, perdoem-me: o revisor deu pau…

  40. Na boa, Ramiro, embora seja possível trabalhar com uma pessoa religiosa de qualquer linha, respeitar seus princípios é impossível; se eles interferem no trabalho então… Mas basta o desdobramento para a sociabilidade: nada irrita mais que um ignorantão religioso te olhando com cara de quem detém o saber e, tão logo tenha oportunidade, tentará lhe aplicar uma rasteira, te escantear, te foder, só porque ele tem a força e você está no lado negro, etc. Nada mais forte do que um imbecil agrupado a outros imbecis; eles, juntos, formam estratégias de tomada de poder, e depois se congratulam por ter vencido “o demônio”. Por isso, não respeito religioso algum.

    Mas você tem razão com relação à inútil repressão ideológica. Também já usei o exemplo da União Soviética, incapaz de superar o cristianismo de seu povo. Na verdade, o trabalho de construção do socialismo é dificílimo, porque exige tempo, trabalho, atenção para os múltiplos fatores que você tratou acima, citando Gramsci e outros; já a manutenção do capitalismo é fácil – basta estimular o egoísmo já assentado, tendo à disposição a formidável máquina de propaganda de que o capital dispõe.

  41. Bem, Marcos, sei do que você está a relatar. Porém se é possível para mim, deve ser possível para muitos outros. Vou atrás desses outros…
    É isso que busco… É isso que parece ser interessante. Não tenho mais nada a perder: já perdi muito… Contudo, continuo!

  42. No último Manhattan Connection, vi o Diogo Mainardi a elogiar o nosso ateu morto. Coisas desse naipe foram ditas.

    1) Ao negar seu passado trotskista revelou a coragem de romper com os velhos amigos e fazer outros (digamos, reacionários).

    2) Sobre a invasão do Iraque: foi uma posição intelectual de coragem. A morte de 60.000 iraquianos não se deveu aos americanos, mas ao braço da Al-Qaeda no Iraque. Ou seja, quem matou os árabes foram os próprios árabes; isso é, o que o capitalismo vomitou sobre o Oriente Médio após a Primeira Guerra Mundial não existiu; quer dizer, a história para o quadrupede prostituto é a estória dele.

    Contudo, tais comentários pareceram-me graves. Criei até um aforismo: “Quem foste saberei por quem admirado compreendeu-te”.

  43. O problema não é acreditar num Ser Supremo, num Deus. É querer que as outras pessoas acreditem também. Total intolerância. O problema não está em Deus, em Alá, em Buda, e que tais. Está nas pessoas, mesmo as atéias. E Dá-lhe intolerância! Os ateus são os que mais vivem tentando convencer os outros de que Deus, seja lá como for, não existe. Acho que essa é uma das razões por que sou espírita. O espiritismo não me obriga a desacreditar as outras religiões, me ensina a conviver em paz com as preferências religiosas de cada pessoa. Agora, procuro não ir muito a cultos espíritas. Sabe por que? PORQUE OS RITOS (AS REGRAS) DAS RELIGIÕES É QUE ATRAPALHAM TUDO. AS REGRAS DITADAS PELOS SEUS SAGRADOS PROFETAS SÃO, NO MAIS DAS VEZES, MAL INTERPRETADAS E, QUASE SEMPRE EMENDADAS, GERANDO TODO TIPO DE INCOMPREENSÃO E INTOLERÂNCIA.

  44. Relativamente ao socialismo e capitalismo, tenho cá minhas idéias, com base na percepção do dia-a-dia. O Capitalismo Selvagem, a todo preço, é, com licença da má palavra, uma merda? Sim, é! Agora, duvido que o “Socialista” de ontem, com parcos recursos, é o mesmo “Socialista” de hoje, depois de haver engordado seu patrimônio, merecidamente ou não, com um montante de, digamos, R$ 1.000.000,00. Vá perguntar ao Lula, hoje, cerca de R$ 3.000.000,00 depois de sua estada no ABC Paulista (fora o dinheiro da Telemar), o seu conceito de socialismo. Pergunte-lhe se ele é, hoje, completamente a favor da “ditadura do proletariado”. Ele vai dizer não. Porque, hoje, ele tem patrimônio e vai querer defendê-lo diante de qualquer ameaça. Hoje, mais “light”, ele está mais para uma “Social democracia”, “à la Suécia”, é o que todo “socialista” que constrói patrimônio diz. Por isso, não sou socialista, sou totalmente contra o capitalismo selvagem que está aí instalado – onde poucos detêm o grosso da riqueza – e propugno, sim, pelo “Capitalismol Social”, “à la Escandinjávia”, vá lá. Esse “Capitalismo Social”, iniciado por Lula, e que a heróica e idealista Presidenta Dilma Rousseff tenta, a duras penas, implantar no Brasil. Ainda acho o Capitalismo o melhor sistema econômico, desde que tendo uma direção social, de igualdade de oportunidades para todos, em moldes proporcionais e diferenciados, sim, quando preciso for.

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