Gustav Leonhardt (1928-2012), morre um mensageiro de Bach

Não direi que foi uma grande perda porque sua grande obra está aí disponível. QUE GRANDE VIDA teve o cravista, regente, organista e musicólogo Gustav Leonhardt!

Ele foi um dos principais impulsionadores da interpretação histórica da música antiga, tendo influenciado diversas gerações de músicos. Leonhardt estudou na Schola Cantorum Basiliensis, na Basileia (Suíça), com Eduard Müller. Depois atuou como docente em Viena e em Amsterdã, tendo sido um dos pioneiros na gravação da obra de Bach, com seus registros das Variações Goldberg e da Arte da Fuga no início da década de 1950.

Gustav Leonhardt virou referência na interpretação e direção de um grande repertório de música de câmara, orquestral e vocal da Renascença, do Barroco e do Classicismo. Junto com Nikolaus Harnoncourt, Leonhardt empreendeu a primeira gravação integral das cantatas de Bach em instrumentos históricos, um projeto que demandou quase 20 anos de trabalho e que está documentado na caixa Bach 2000, disponível no PQP Bach. O artista também gravou a Paixão segundo São Mateus, a Missa em si menor, o Magnificat, os concertos e grande parte da obra de Bach. Foi colocaborado do Collegium Aureum e fez o pepal de Bach num filme de 1968, Crônica de Anna Magdalena Bach., de Daniele Huilet and Jean-Marie Straube (na época aluno de Leonhardt, Bob van Asperen foi Johann Elias Bach e Nikolaus Harnoncourt o Príncipe de Anhalt-Cöthen).

http://youtu.be/3SioCmZfwdE

Paralisados antes de você ver o filme, Gustav Leonhardt e Nikolaus Harnoncourt

Como escreve o site da revista inglesa Gramophone, a lista de discípulos de Gustav Leonhardt equivale a um “Who’s Who” da excelência do teclado, reunindo nomes como Bob van Asperen, Christopher Hogwood, Philippe Herreweghe, Richard Eggar, Ton Koopman, Andreas Staier, Pierre Hantaï, Skip Sempé e muitos outros. Além de seu trabalho na música de Bach, o repertório de Leonhardt ia desde a música elizabetana para teclado até Mozart, mas a ênfase sempre foi no período barroco. Gravou 150 CDs, 70 deles em gravações solo para a Vanguard, Telefunken/Teldec, Deutsche Harmonia Mundi, Harmonia Mundi, EMI Electrola, Seon, RCA, Philips, Virgin Classics, Sony Classical and Alpha.

Com informações da Concerto

9 comments / Add your comment below

  1. Olá colega!!
    Parabéns pelo blog!! Seu espaço é muito bom!!
    Cheguei aqui através do post, sobre Dostô e suas traduções…
    Não comentarei sobre esse post, desculpa…
    O que desejo é uma indicação (opinião) sobre o livro Homens e Ratos do Steimbeck. Conheces uma tradução/editora boa??

    Se bem que apesar de ser um clássico é americano, então, provavelmente qualquer um deve ta bom, porque é inglês… literatura russa é mais complicado…

    Ontem, depois de pesquisar muito, comprei O Idiota, Mensagem do subterrâneo e O Jogador… da editora 34
    Grata
    Boas leituras…
    Orquidea

  2. Snif, snif, snif e mais snif.

    Pequena obs.: Essa do “seus alunos equivalem ao who’s who” aconteceu exatamente com o antropólogo, geógrafo, professor, fodão e colega semideus Franz Boas.

    Felizmente, seu imenso legado ficou para a posteridade! Sterben werd’ ich um zu leben

  3. Vi o filme Crônica de Anna Magdalena Bach. Achei muito solene. Optou pela relevância (e reverência à) da música, tendo a imagem como suporte. Alguns bons planos. Gostaria de ver essa crônica refilmada ao estilo inglês, ou seja, com mais humor e ironia, sem descartarv a música. No filme, o Leonhardt está bem jovem. E não é ator, é claro.

  4. Se o filme é sobre a vida de Bach, é sempre bemvindo, mormente se é protagonizado por um seu mensageiro. Há também um outro que os franceses fizeram sobre sua vida: “Il Était Une Fois Jean Sébastien Bach”. Estou muito a fim de ver esse filme.

  5. Confesso que me sinto triste. Ontem, dia 16 de Janeiro de 2011, faleceu uma das raras pessoas, quiçá a única, que realmente “amava”, acima de tudo admirava o seu trabalho e o seu fascinante talento. Morreu Gustav Leonhardt, um dos mais importantes nomes da música do século XX, e sem dúvida, da música de sempre. A sua educação, a clarividência das entrevistas, o conhecimento profundo das obras e do…s compositores, o cravista exímio e o chefe de orquestra sublime. O que nele mais de admirar? O músico ou o pedagogo?
    Ele foi o pai da música barroca, a fonte onde todos os outros grandes nomes foram beber. Herreweghe, Susuki, Koopman, e muitos outros, a ele tudo devem, e só a ele. Pertencem a este génio holandês algumas das maiores obras que a história da gravação regista. A começar pela obra absoluta, “A Paixão de S.Mateus” de Johann Sebastian Bach. Em 1990 grava para a Deutsche Harmonia Mundi, a referência absoluta desta incomensurável obra-prima. Ali está o drama do mundo e a grandiosidade plena da Humanidade. Inultrapassável. O disco supremo da obra suprema. E as maravilhosas cantatas que gravou durante vinte anos para a Teldec, e que de certa forma eclipsou as do seu amigo Harnoncourt. Ouça-se o seu “Actus Tragicus”, e a BWV 198 “Lab, Furstin”. Da maravilha, ele construiu outra maravilha… Acima de tudo, e esta terá sido a sua maior grandeza, Gustav Leonhardt era um filho de Sebastian.

    O mestre morreu ontem, num tempo em que a sua Holanda vive um dos momentos mais conturbados da sua história intelectual. O governo ultra liberal e conservador prepara-se para cortar os subsídios à arte e cultura. A extinção de orquestras, de companhias de bailado, e outras, perfila-se no horizonte. Ele que foi um dos maiores filhos que aquele país fez nascer não merecia tamanho desgosto. Num mundo pejado de medíocres, vale bem a pena perdermos um minuto a chorar em sua memória. Porque quando choramos por homens assim, sentimos que estamos no bom caminho. Tenho quase todos os teus discos para me acompanhar até ao meu fim. Humildemente, só te posso agradecer. Obrigado.

    VIVA GUSTAV LEONHARDT, PARA SEMPRE.

    Ps- Eu acho que ele não gravou o Magnificat. Infelizmente!

  6. Desde o primeiro momento em que ouvi Leonhardt ele se tornou uma referência para mim quanto às gravações das obras de Bach. Que bom que a tecnologia nos permite o quanto quisermos ouvir este verdadeiro mensageiro de Bach. Suas gravações dos Concertos para Cravo são as minhas favoritas, me perdoem Häntai e os outros.

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