Trabalhei toda a sexta-feira nas matérias culturais do Sul21, mas, sábado, logo notei que a leitura da acusação fora uma decepcionante. Ela ficou clara quando li as manchetes dos jornais no último sábado. A manchete de um jornal aqui de Porto Alegre foi “Dirceu era chefe do mensalão, diz Gurgel”. A intromissão daquele “diz Gurgel” revela a verdade: não houve novidades, provas, nada. O desencanto da manchete foi aquele de quando a gente pega o jornal sem saber o resultado do jogo e fica sabendo de forma súbita a respeito de nossa derrota. O que disse o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, no Plenário do Supremo Tribunal Federal, foi apenas a palavra do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel. A leitura foi quente, mas, quando passada no coador, o que sobra é que Gurgel considera possível a culpa de Dirceu. A Globo News não se referiu ao trecho em que Gurgel afirma com todas as letras “não ter provas” contra seus principais réus. O que mais me surpreendeu a forma: o fato do homem ter colocado recortes de revistas e jornais e de que seu discurso ter sido um resumão da Veja. Quem acredita hoje na revista mais comprometida com um partido no país?
A questão do carro-forte usado para transportar valores que seriam pagos a parlamentares em troca de apoio, foi um exemplo cômico do vazio das acusações. OK, usaram um carro-forte, mas vamos lá: quem alugou, quem dirigiu o carro, por onde ele andou, que contas movimentou, etc.? Nenhuma comprovaçãozinha? E quando as datas de saques não batem com as das principais votações? Ora, neste caso o Gurgel disse houve “rompimento de acordos pré-estabelecidos entre os mensaleiros”. OK, e dava pra explicar os detalhes do rompimento? Não. E a tentativa de condenar Dirceu usando como provas depoimentos de réus do inquérito que se tornaram inimigos políticos de Dirceu é mais uma confissão da fraqueza de argumentos.
Concordo com o que escreveu o Sérgio Amadeu nos 140 caracteres do twitter: “O PT caiu na crença de que a elite brasileira é coerente. Se os tucanos fazem esquemas de arrecadação, ele também poderia fazer. Isso foi o mensalão”. E isso foi o que pensei desde o primeiro dia. Também sem provas.
Calma Milton! Vamos aguardar aqueles 11 homens dizerem ao Brasil ‘se roubar dinheiro público é normal’.
Pra bom entendedor, Ery, a frase do Amadeu é clara…
Olha, eu não creio que o processo possa ter chegado a este ponto e alimentado esta convicção toda sem substância de provas e indícios. Não cabe apresentar as provas na fala da acusação; estas, estão nas milhares de páginas que formam o processo, ao qual supõe-se que os juízes tenham acesso. Então, temos que aguardar. O enredo é tenebroso e precisa ser esclarecido com prudência e isenção.
Todavia, se este Gurgel tem algo a ver com aquele carro ridículo, cevado por milicos nacionalistas, então eu apoio qualquer ataque!
Eu assisti toda a acusação contra Dirceu e até eu fiquei impressionado com a força da prova testemunhal e documental contra Dirceu. Eu fiquei convencido: Dirceu é o arquiteto dessa falcatrua. Tudo passava por ele, sobretudo quando o negócio era arrecadar grana.
Milton,
Ele não é Procurador Geral? Então deve estar procurando as provas. Isto é bom porque ele está meio gordinho e exercício, mesmo que seja mental(?) pode ajudar.
Qum é petista ou simpatizante tenderá a subestimar a acusação; quem é antipetista, antilulista ou antigoverno, tenderá a superestimar a acusação. O que é comprovado pelos comentários, como também pelo texto do Milton. Espero que o STF ofereça um julgamento menos tendencioso. Eu não espero nada; afinal, esses arranjos políticos são recorrentes no mundo inteiro, e para isso existem os paraísos fiscais: garantia de impunidade para os tubarões do capital, que são aqueles que dão as cartas na política. Inocente não há. Mas realmente não dá para chamar de o maior ecândalo da história da República o que é apenas um a mais, e não o último. Se abrirem as caixas pretas das administrações públicas e privadas, verão que a malversação de recursos, sonegações e corrupções é bastante democrática: como toda democracia, só o populacho fica fora – ou fica só com o cafezinho, a cervejinha, inhos e inhas da vida.
Errado, Marcos, o julgamento deve ser exclusivamente jurídico com base em provas dos autos. Zé Dirceu é o arquiteto e como tal ele pouco aparece, ele sempre se cuidou para não aparecer, porque cauteloso, esperto. Mas as testemunhas citadas por Gurgel — e não acredito que Gurgel tenha inventado esses depoimentos — esclarecem sim que Dirceu era efetivamente o arquiteto. Esse é um ponto jurídico, uma questão de prova, que não tem nada de político. São depoimentos, os quais canalizam para uma única direção: Zé Dirceu foi o arquiteto do mensalão.
Ih, carinha, vai se preparando para uma decepção que, pelos argumentos de Gurgel, Dirceu será inocentado, pois os depoimentos por ele citados ou não são verídicos ou foram distorcidos pelo procurador, eivado pela simples vontade política pessoal. Não há fatos, só interpretações. O problema é que alguns querem a condenação “custe o que custar”, mas não vejo como todos os juízes, à parte o mau caráter do Gilmar Mendes, podem fazer valer os interesses da oposição, que faz toda a pressão sobre o Judiciário e, em manobra diversionista banal, acusa outros de fazer. Tudo bastante ridículo, tudo bastante patético, como o Efeagagá que, suspeitando da fragilidade jurídica da causa, apelou para a “opinião pública”, tomando-se por intérprete dessa opinião, como aliás faz a mídia monopolista, enquanto 90% da população, na verdade, está a se lixar para esse julgamento, mas não é feita pesquisa nesse sentido porque a revelação do óbvio (o descaso popular) desnudaria o estardalhaço midiático como simples expressão de interesses político-partidários. E não me venha com conversa para boi dormir como resposta.
Por isso a questão é jurídica, saber se os fatos estão ou não estão provados. Agora mesmo o advogado de Delúbio disse que os recursos eram de Caixa 2, ele confessou. Mas esses recursos vieram de empresas privadas, Banco Rural, Visanet ligado ao BB e também da Portugal Telecom. Por que essas empresas abasteciam os caixas dos partidos políticos da base de apoio, a mando de Valério? Que interesses elas tinham nisso? Ficou provado que recursos vultosos ingressaram no esquema e não apenas em época de eleição. Gurgel analisou os repasses desses valores nas vésperas das grandes votações. Por que ocorreram esses repasses?
Mas qual é a dúvida?
Uma empresa capitalista investe em seus negócios para obter lucro. Essa é a regra fundamental do capital.
Ora, as empresas do Valério apostaram em futuros negócios de publicidade, em futuras campanhas do PT e/ou, se possível, em campanhas de grandes estatais (o que não aconteceu!, porém poderia ter aconteceido; tal qual as grandes construtoras mergulhadas até a espinha dorsal em mega-projetos desses brasis…).
Afinal, qual é a surpresa? Se tudo à geração do capital se move assim!
Qual o erro do PT? Ter se aliado ao grande capital em campanhas políticas na disputa do poder. Ora, o capital não tem senhor a não ser a si mesmo!!
Logo o PT, pela hegemonia do poder, traiu suas origens. Só isso, o que não é pouco!
Daí a “formação de quadrilha”, “o maior esquema de corrupção da história da República”: tudo não passa de um grande teatro engendrado por putos que, num determinado tempo, assumiram a posição de vestais.
É de morrer de rir…
Carlos, escrevi diretamente na caixa de comentários, sem qualquer revisão. Por favor, desconsidere algum erro de redação. Obrigado.
Complementando: se houve alguma irregularidade que efetivamente se prove!
Mas, por favor, que o Gurgel não me venha com provas do PIG!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ENFEITE O MUNDO
by Ramiro Conceição
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Chegamos ao topo da montanha
criada – por nós – dentro da toca!
De interessante, não existe nada.
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Em nossos teatros só existem duas entradas:
a do nacionalismo; e a do desdém. As saídas?
Infelizmente, ainda, nossos teatros… não têm.
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Na primeira – entram os macambúzios,
os demagogos de plantão; na segunda,
esses gigolôs – do desamparo humano.
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Quem souber de uma saída,
por favor, enfeite o mundo!
Ramiro, é normal um partido político como o PT assinar contrato de empréstimo com um empresário do naipe do Marcos Valério que já operou o mensalão dos tucanos em MG?
Mas esse foi o grande engano, Carlos.