Hoje, depois 79 anos, depois daquele 5 de dezembro de 1933, quando cidadãos norte-americanos comemoravam o fim da Lei Seca; isto é, hoje, praticamente, 40 anos depois do reverenciado, hoje, morto, velho guerreiro que não se cansou de humilhar inocentes de seu povo, até que um câncer o mandou, morar, pelos bons serviços prestados, à casa do caralho; sim, hoje, depois de ver, no blog do Milton Ribeiro, o Raul, abduzido pelo disco voador das pulgas de sua abominável classe média, interpretar “Al Capone” em co-autoria com Paulo Coelho que, na década de 80, tornar-se-ia editor de antologias poéticas, nas quais cobrava, do inocente poeta autor, o valor unitário equivalente ao preço do exemplar editado, isto é, por exemplo, nos dias de hoje, algo em torno de 40-50 reais, para ter a alegria de ver, às vezes, 3 poemas, entre outros 300!; sim, hoje, depois de aproximadamente 30 anos de tamanha velhacaria; sim, hoje, depois da morte de Oscar Niemeyer, quase 105 anos depois de seu nascimento, e ter escrito no blog do Reinaldo Azevedo o seguinte:
“Reinaldo, a mecânica quântica deve ter uma nesga de verdade, pois – com um valor de probabilidade a indicar praticamente o improvável associado a qualquer fenômeno, digamos, efetivo, dentro da estatística descritiva – sobre algo concordamos: seu texto revela, sem dúvida, bom senso!: a arquitetura de Niemeyer foi, é e será genial – na forma; contudo, sob a arquitetônica curva concreta se espera que seja possível viver um sadio conteúdo humano; logo, sob tal viés, poder-se-ia afirmar que Brasília, por exemplo, é terrivelmente fria, um monumento abissal ao silêncio; por que não dizer à solidão?”;
Sim, hoje, absolutamente, hoje, 6 de dezembro de 2012, antes do previsto final do mundo, permito-me, aqui, re-publicar à República do Brasil:
A LESMA
by Ramiro Conceição
.
.
Sou lento… muito lento…
pensando-sentindo tudo!
Uma pedra, para mim,
é um Pão de Açúcar,
uma palavra, uma odisseia.
Sim… sou uma lesma
fantasiada de homem.
.
Não sei como fabrico poemas.
Devo ser uma lesma… alada,
um bicho-papão em mutação,
uma espécie de dragão, muito gosmento,
a ser colado na imaginação das crianças.
.
De início, fui uma lesma católica;
depois, tornei-me uma marxista;
freudiana; nietzscheana; reichana;
e hoje sou uma lesma quase feliz,
uma espécie de catassol aprendiz
que ama navios perfumados a mar.
.
É, agora estou literalmente a ver navios
que sabem…: a tristeza ou a felicidade
são migratórios pássaros de passagem.
.
Embora lenta… a sabedoria da minha lesma
ensinou-me que tudo é rápido, muito rápido,
que o relevante não é a distância percorrida
porém a profundidade e a altura do calado à
geração de rastros, na busca de longínquos.
.
Melhor do que um milhão de beijos: um único dado.
Melhor que um milhão de olhares: um único amado.
Melhor que uma biblioteca inteira: um poema alado.
.
Sim,
meu relógio são relâmpagos:
a hora incerta dos vaga-lumes,
das araras… e das maritacas.
Hoje, depois 79 anos, depois daquele 5 de dezembro de 1933, quando cidadãos norte-americanos comemoravam o fim da Lei Seca; isto é, hoje, praticamente, 40 anos depois do reverenciado, hoje, morto, velho guerreiro que não se cansou de humilhar inocentes de seu povo, até que um câncer o mandou, morar, pelos bons serviços prestados, à casa do caralho; sim, hoje, depois de ver, no blog do Milton Ribeiro, o Raul, abduzido pelo disco voador das pulgas de sua abominável classe média, interpretar “Al Capone” em co-autoria com Paulo Coelho que, na década de 80, tornar-se-ia editor de antologias poéticas, nas quais cobrava, do inocente poeta autor, o valor unitário equivalente ao preço do exemplar editado, isto é, por exemplo, nos dias de hoje, algo em torno de 40-50 reais, para ter a alegria de ver, às vezes, 3 poemas, entre outros 300!; sim, hoje, depois de aproximadamente 30 anos de tamanha velhacaria; sim, hoje, depois da morte de Oscar Niemeyer, quase 105 anos depois de seu nascimento, e ter escrito no blog do Reinaldo Azevedo o seguinte:
“Reinaldo, a mecânica quântica deve ter uma nesga de verdade, pois – com um valor de probabilidade a indicar praticamente o improvável associado a qualquer fenômeno, digamos, efetivo, dentro da estatística descritiva – sobre algo concordamos: seu texto revela, sem dúvida, bom senso!: a arquitetura de Niemeyer foi, é e será genial – na forma; contudo, sob a arquitetônica curva concreta se espera que seja possível viver um sadio conteúdo humano; logo, sob tal viés, poder-se-ia afirmar que Brasília, por exemplo, é terrivelmente fria, um monumento abissal ao silêncio; por que não dizer à solidão?”;
Sim, hoje, absolutamente, hoje, 6 de dezembro de 2012, antes do previsto final do mundo, permito-me, aqui, re-publicar à República do Brasil:
A LESMA
by Ramiro Conceição
.
.
Sou lento… muito lento…
pensando-sentindo tudo!
Uma pedra, para mim,
é um Pão de Açúcar,
uma palavra, uma odisseia.
Sim… sou uma lesma
fantasiada de homem.
.
Não sei como fabrico poemas.
Devo ser uma lesma… alada,
um bicho-papão em mutação,
uma espécie de dragão, muito gosmento,
a ser colado na imaginação das crianças.
.
De início, fui uma lesma católica;
depois, tornei-me uma marxista;
freudiana; nietzscheana; reichana;
e hoje sou uma lesma quase feliz,
uma espécie de catassol aprendiz
que ama navios perfumados a mar.
.
É, agora estou literalmente a ver navios
que sabem…: a tristeza ou a felicidade
são migratórios pássaros de passagem.
.
Embora lenta… a sabedoria da minha lesma
ensinou-me que tudo é rápido, muito rápido,
que o relevante não é a distância percorrida
porém a profundidade e a altura do calado à
geração de rastros, na busca de longínquos.
.
Melhor do que um milhão de beijos: um único dado.
Melhor que um milhão de olhares: um único amado.
Melhor que uma biblioteca inteira: um poema alado.
.
Sim,
meu relógio são relâmpagos:
a hora incerta dos vaga-lumes,
das araras… e das maritacas.
Muito bom.
Gracias, Carlos Eduardo.
Essa semana morreu a mulher mais idosa, tinha dez anos mais que Niemeyer, que também se foi e junto com eles Dave – take five – Brubeck.