Um pouco deprimido, opaco, um certo vazio, alguma preguiça, sei lá. Amanhã voltaremos, provavelmente. Ontem, pelo twitter, havia pessoas tentando organizar um protesto pelos dois sábados sem Porque Hoje é Sábado — vejam bem, nenhum de meus sete leitores sentiu falta dos textos… Bem, vamos tentar. Não é um momento lindo, mas vamos tentar.
Sua letra é bonita, meu nobre. Diria mesmo comovente. Como uma missa barroca.
Não é verdade, o #7 mal pode sobreviver e levar seus dias sem o PHES, mas, ciente dos ventos e agravos, prefiro respeitar e aguardar… passará, e nosso PHES e a alegre ironia do autor voltarão a brilhar. Melhor se for logo, claro!
DESCONHECIDO DICIONÁRIO
by Ramiro Conceição
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Um pouco deprimido, opaco, um certo vazio, alguma preguiça, sei lá, sem muita vontade de escrever, mas a saber, terrivelmente: pra onde foi aquilo, aquele, aquela, eles, esses, estes, elas, elos, o oeste, o leste, o norte e o sul, que pareciam tão próximos? Por que agora pensar-sentir isso, essa vontade de pouco escrever? Por que tudo parece distante justamente quando parecia tão perto? Por que tem de ser assim para quem cria, crias?… Por que é necessário o estranho silêncio para conceber o barulho inocente do novo?
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Disse o poeta – das Elegias – que quando tal acontece devemos estar em júbilo, mesmo diante da maior dor, pois tal acontecimento é a prova fundamental de que a vida não nos esqueceu… Disse ainda que “todo anjo é terrível” porque nos ilumina, nos denuncia, nos anuncia, nos desnuda a pequenez… Por outro lado, então, nossos demônios devem ser a prova da nossa potencial grandeza… Vai saber… Quem sabe, efetivamente, dessas coisas?
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Dizem os livros antigos que somos seres políticos, que necessitamos do outro, do outro…, de muitos outros, pois no fundo – somos seres inacabados… E tal convivência – humana – só pode ocorrer sob algo coletivo de nome Democracia – esse mar confuso onde todos os barcos têm o direito de navegar sob a lua da liberdade de expressão ao sol de cada destino.
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Mas o que vem a ser a liberdade? O que é se expressar? Qual é o destino? Há alma? Há espírito? Ou há somente reações químicas, ao acaso, que geraram um produto físico-químico denominado ser humano?
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Mas se tudo isso for uma verdade transitória, então, por que não podemos construir democraticamente juntos, amorosamente juntos, a transitória ponte? Mais que isso…: por que não sermos a própria ponte, um hífen transitório ao complexo substantivo composto inexistente: o SER-HUMANO? Por que não, a partir daí, escrevermos – juntos! – um desconhecido dicionário? Por que não?
Acho que é uma merda geral que bateu em alguns depois de idas e vindas do que realmente aconteceu. Ou não aconteceu.
É, Ivo, talvez seja isso…
Olha, ainda que a direita tenha lançado suas redes (ou será Rede?), os últimos fatos, desde a redução das passagens até a destinação dos royalties comprovam que nossos executivos e legislativos sabem quando agir com rapidez quando o risco de perda de poder se estabelece a partir da insatisfação, digamos, popular.
Cabotinamente, recomendo a leitura do texto abaixo:
http://rachelsnunes.blogspot.com.br/2013/06/brizola-tinha-razao-ou-pelo-fim-das-upps.html
Olha, numa boa, acho que essa “direita” que foi para as ruas e movimenta os faces da vida é uma invenção da nossa esquerda. No Brasil pós golpe militar sempre tivemos movimentos organizados pelos diversos setores da nossa esquerda, mas agora é diferente, e por isso a nossa esquerda está sem saber o que dizer, o que falar, o que opinar. Uns dizem que Dilma está num labirinto, outros afirmam que temos de disputarcorações e mentes — com bandeiras vermelhas apesar das grandes vaias — e quem não participar ficará fora da história. O fato é que a história — que nunca vai ter fim — tem sim seus desvios e suas curvas e isso não é surpreendente. Talvez seja uma surpresa para o Brasil de nossos dias, do Brasil pós golpe militar, mas é esse, é exatamente esse, o motor da história.
Refiz o final, porque a gente sempre refaz:
Talvez seja uma surpresa para o Brasil de nossos dias, do Brasil pós golpe militar, mas é esse, é exatamente esse, o motor que movimenta a história, que oscila de um lado e de outro, porque ninguém, nenhuma ideologia, nenhuma religião, tem a chave, o controle absoluto, desse motor.