Ricardo Darín foi entrevistado por Alejandro Fantino no programa Animales sueltos. Durante a conversa, o apresentador perguntou:
Fantino: ¿Es cierto que vos rechazaste una oferta para filmar en Hollywood con Tarantino?.-
Darín: Sí, claro.-
F: Y ¿Por qué?.-
D: Porque me ofrecieron el papel principal pero tenía que hacer de narco mexicano, y yo le pregunté a su productor por qué los mexicanos tienen que seguir haciendo de narcos si los que más consumen merca a nivel planetario son los Yankees.-
F: ¿Y qué te contestó?.-
D: Bueno… a ver… la respuesta que me dio me molestó tanto que afirmó que estaba en lo correcto no filmar con Tarantino. Me dijo: “Entonces es una cuestión de plata, diga cuánto más quiere que se la pagamos, usted ponga la cifra”. Es decir, no pueden llegar a ver ni comprender que hay códigos por fuera del dinero que algunos todavía portamos, ¿me explico?.-
F: Mmm… no… la verdad que no.-
D: ¿Cómo que no?, Ale, vos sos un tipo piola, tenés que comprender de qué te hablo.-
F: Pero podrías haber tenido más plata.-
D: ¿Más plata? ¿ser millonario?… y… ¿Para qué?.-
F: ¿Cómo para qué?… para ser feliz!.-
D: ¿Feliz con más plata?, ¿De qué me hablás?.-
F: Bueno… todos quisiéramos tener más plata y ser felices.-
D: Ale, yo tengo plata, tengo un auto importado de alta gama. Desayuno, ceno y almuerzo lo que quiero y puedo darme dos duchas calientes al día ¿vos tenés idea de cuánta gente del mundo puede darse dos baños calientes al día?, muy poca gente puede darse ese gusto. Y como no me considero un excelente actor, siempre digo que lo mío fue pura suerte ¿me entendés? En este mundo capitalista salvaje yo soy un tipo de muchísima suerte. Yo soy un privilegiado entre millones de personas, y además tengo la suerte de poder ver eso en mí, que me permite tener una buena cuenta bancaria y no creérmela. Yo me puedo ver desde afuera y me digo “Puta, loco, qué suerte que tuviste”.-
F: Pero hubieras filmado en Hollywood… y no podés negarme que de Tarantino al Oscar hay un paso.-
D: Creo no me sé explicar bien… yo ya estuve en la ceremonia de los Oscar y no me gustó, todo es de plástico dorado, hasta las relaciones entre las personas. Fui, la pasé lindo, lo disfruté… pero ese mundo no es lo mío, no es lo que yo elegí en esta vida.”
Darin é admirável não apenas em cena, mas também nos bastidores. Grande ator, escolhe muito bens as produções onde trabalha. Em termos de cinema, inveja dos argentinos.E nós, o que temos? Fábio Porchat e Globofilmes!
Por seu papel no excepcional O segredo dos teus olhos, Darín já tem minha admiração irrestrita. Com essa agora…
Ele só foi muito inteligente ao negar assumir um esteriótipo étnico pejorativo em uma produção hollywoodiana. Claro que sua dignidade e seu respeito próprio se realçaram bastante com isso, mas o que mais aparece aqui é sua inteligência para gerenciar sua carreira. Veja o que aconteceu com o Santoro, e agora o Moura, e tantos outros atores e atrizes brasileiras que se vendem ao esteriótipo e afundam suas carreiras mais ainda? Quem vai se lembrar de Santoro, ou a filha da Sônia Braga? Embora os atores brasileiros já estejam em desvantagem tendo um mercado nacional restringido à estupidez das novelas da Globo, o que equivale desde o princípio a uma mediocrização da carreira.
Milton,
eu nem sabia quem era Darin, mas depois desta, comecei muito a ir com a cara dele.
Muito bom.
Lembro da fala de uma diretora de documentário curta-metragem agraciada com Oscar. Ao chegar aos microfones para os agradecimentos, ela disse: “Você sabe que está no lugar errado quando percebe que o vestido que está usando custou mais caro que o seu filme.”
Para mim, essa foi a melhor fala em uma cerimônia do Oscar. A segunda foi a do Jorge Drexler. Não o deixaram cantar sua música durante a cerimônia de entrega dos prêmios, porque ele não era um artista conhecido na “América”. Deram a Antônio Banderas a constragedora tarefa de interpretar a canção. Pois bem, Drexler ganhou o Oscar. Ao recebê-lo não fez qualquer agradecimento, apenas chegou perto do microfone e começou a cantar.
Oi Milton,
a entrevista é excelente, mas a transcrição está errada. Em nenhum momento o Darín fala sobre Tarantino e as palavras dele não são exatamente as que estão na transcrição.
eu gostei tanto do texto que resolvi ver a entrevista inteira.
Bem, então o tal Darin continuará a fazer tipos marginais argentinos em filmes que são pura imitação hollywoodiana na linha action pack com verniz ‘autoral’, mas se recusa a fazer traficantes chicanos por ‘convicção’ ou sei lá o quê… Contradição nos termos? Bem, em suma, na minha opinião, um otário tendencioso.
Dale, hermano.
Não sei se compreendi claramente o post… Confesso que desconheço o hermano; contudo, sua postura foi magistral!… Diria que culturamente seria como comparar o mestre e doutor Sócrates, nosso querido e eterno corintiano, com aquele outro, também preto e branco, o Ronaldo das celebridades (não aquele garoto, aquele outro das superações físicas que foram rapidamente esquecidas por uma questão de “plata” e mídia…).
Será preciso eu, incompetentemente, fazer embaixadas ou tudo já está esclarecido? Um morreu mas está vivo! O outro, milionário?… Bem, deixa pra lá… Deixa pra CBF, deixa pra miséria da cultura brasileira…
Once again: a equipe de produção com a qual o Ricardo Darín se desentendeu em Hollywood não foi de nenhum filme do Tarantino, e sim de “Man on Fire”, do Tony Scott – e o papel que ele recusou acabou indo pro Marc Anthony.
Sem mais.
Eu havia lido essa história no facebook e aqui no site há algumas semanas, mas só há pouco decidi ver o vídeo da entrevista.
Olha, não sei quem fez a transcrição, mas o que o Darín falou não é exatamente o que foi transcrito. Ele não fala que o que motivou a dizer “não” foi somente o papel de narcotraficante mexicano, mas também porque ele queria voltar pra casa, já que estava fazia algum tempo na Espanha por conta de uma peça de teatro. Depois, ele conta que o irritou o fato de os produtores americanos do filme não aceitarem um “não” como resposta, falando inclusive do episódio do dinheiro. E nesta questão do dinheiro, por sinal, o apresentador não fala em “[receber mais dinheiro] para ser feliz”, mas sim em “para viver melhor”, o que, ao menos pra mim, já revela uma boa diferença (convenhamos que o “ter mais dinheiro para ser feliz” é mais tosco do que o “para viver melhor”). Por outro lado, o Darín não faz exatamente o discurso do “vc sabe quantas pessoas tomam um banho quente por dia?”, embora ele diga sim que toma “2 duchas quentes por dia” – aliás, ele foi genial nessa – e fale de quão bem ele viva e que não precissa de mais dinheiro. Mais uma: o diretor não era o Quentin Tarantino, mas sim o Tony Scott, como algm já comentou acima. E o apresentador não diz em momento algum “y no podés negarme que de Tarantino al Oscar hay un paso” e muito menos o Darín responde aquilo que por último está transcrito (apesar de ele contar sim que não quer ir para Hollywood e justificar por que uma vez falou que não tinha vontade de ir ao Oscar. Aqui a transcrição correta: “¿Por qué tengo que ir al Oscar? ¿Qué creen que ocurre ahí? Yo ya fui una vez, ya vi, no me puso muy contento y estoy acá. La fantasía que se tiene desde afuera de lo que es un ambiente… (..) Es cholu eso, no es serio”.
Enfim, as respostas do Darín são bem menos romantizadas do que a conversa que escreveram e andaram circulando no facebook. Agora, ele realmente falou mto bem, a resposta das duas duchas foi ótima. O cara é muito humilde e tem que bater palmas mesmo pra quem não vai pra Hollywood a qualquer troco, e muito menos pra fazer papéis de esteriótipos pejorativos de latino-americanos ou de quem seja.