Fico fora até o dia 10 de março. Realmente ignoro se vou postar algo por aqui até o retorno. Um abraço carinhoso em cada um de meus sete leitores. E voltem no mês que vem!!!
P.S. — Os colunistas do Sul21 devem seguir mandando pra mim seus textos. Eu repasso pro Prestes, que ficou no meu lugar.
Bem, já que o Milton está em férias com seu amor,
então deixo um poeminha…
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O POLVO
by Ramiro Conceição
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Há no Brasil, nessa segunda década do XXI,
um polvo em polvorosa com 8 braços DIREITOS.
Como é sabido, por qualquer ameba da biologia,
um polvo amedrontado lança sempre uma cortina
de tinta, que se destina a enganar o seu predador:
isto é, acusa-se sem provas, pra ver no quê que dá,
pois o importante é criar um boato,
qualquer dúvida à opinião pública:
assim, tenta-se matar uma verdade
para que qualquer mentira impere;
assim o polvo, sem povo, tenta se legitimar
como método, no mar… da DEMOCRACIA.
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AVISO
by Ramiro Conceição
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PERDEU-SE UMA GARGALHADA POR AÍ.
ELA ATENDE PELO NOME DE INOCÊNCIA.
ALGUÉM ESTÁ A SOFRER MUITO.
TODA INFORMAÇÃO É UM BEM-QUERER.
NÃO ERA QUADRILHA
by Ramiro Conceição
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E agora, Barbosa?
NÃO ERA QUADRILHA.
A festa acabou.
A Globo sumiu.
A Folha caiu.
E agora, Joaquim?
e agora, Barbosa?
você que tem títulos,
que zomba dos outros,
mas que não faz versos,
pois só odeia e esperneia
e agora, Joaquim?
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Está sem partido?
Está sem discurso?
Está sem caminho?
Ora,
então vá beber;
então vá fumar;
então vá cuspir.
A peça acabou.
A plateia sacou!
O teatro fechou!
O mancomunado mancou
e só o Gilmar ficou a babar…
É.., tudo furou
tudo mofou,
e agora, Joaquim?
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E agora, Barbosa?
Sua coluna travada,
sua febre de glória,
sua gula de poder,
suas anotações…,
sua toga de vento,
seus óculos sem vidros,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
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Com a chave na mão
quer abrir a porta,
mas a porta já está aberta;
quer virar senador,
mas o senado murchou;
quer ir para Rio,
o Rio não o quer.
Joaquim, e agora?
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Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
o samba brasileiro,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você…,
Mas você não…,
você é vivo, Barbosa!
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Sozinho no escuro
com onipotência,
com angústia crua
para se engasgar,
mas sem a capa preta
a cintilar nos números do Ibope,
você está andando de lado, Barbosa!
Mas, Joaquim, para onde?
PEDREGULHOS
by Ramiro Conceição
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Do porquê das pedras caladas
surgiu a arte de classificá-las.
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Porém,
o problema aumenta quando elas resolvem pensar:
um rochedo e um pedregulho, bípedes, no silêncio,
por exemplo, são parecidíssimos.
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Portanto…É imperativo que os rochedos cantem
antes dos pequenos voadores sobre os telhados.
ÉTICA DO TERROR
by Ramiro Conceição
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O que vem a ser
um terrorista que
se mata, a matar?
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Só pode ser alguém que acreditou em psicopatas
que o fizeram ser ninguém – não aquele homérico,
mas aquele outro morto na viela duma favela brasileira
ou em um mercado público de Bagdá, ou ainda aquele
escritor que se matou, num longínquo janeiro japonês.
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Tais seres devem pensar e sentir coisas tais:
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“O que é tão horrível em vísceras expostas? Por que cobrimos os olhos, aterrorizados, quando vemos as tripas de um ser humano? Por que as pessoas ficam chocadas ao ver o sangue jorrando? Por que os intestinos de um homem são feios? Não é, exatamente, da mesma qualidade da beleza de uma pele jovem e resplandecente?”
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Pois bem, essa é a ética da morte, na qual
a vida é uma COISA estranhamente volátil.
E muito cuidado… Aqui não se está a tratar
de medicina.
BARATO
by Ramiro Conceição
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Ah, como é preciso a coragem
de rir de si para que se possa
efetivamente chorar de vontade.
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Quantos fracassos profissionais…
Quantos amores potenciais…
Quantas noites mal dormidas…
Quantos livros esquecidos…
Quantos amigos perdidos…
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O que sobrou? Estes poemas nas mãos.
“Vale o esforço?” Não me encha o saco:
vá ao Google, e descubra por si o barato.