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  1. Bem, já que o Milton está em férias com seu amor,
    então deixo um poeminha…
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    O POLVO
    by Ramiro Conceição
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    Há no Brasil, nessa segunda década do XXI,
    um polvo em polvorosa com 8 braços DIREITOS.
    Como é sabido, por qualquer ameba da biologia,
    um polvo amedrontado lança sempre uma cortina
    de tinta, que se destina a enganar o seu predador:
    isto é, acusa-se sem provas, pra ver no quê que dá,
    pois o importante é criar um boato,
    qualquer dúvida à opinião pública:
    assim, tenta-se matar uma verdade
    para que qualquer mentira impere;
    assim o polvo, sem povo, tenta se legitimar
    como método, no mar… da DEMOCRACIA.

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    1. NÃO ERA QUADRILHA
      by Ramiro Conceição
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      E agora, Barbosa?
      NÃO ERA QUADRILHA.
      A festa acabou.
      A Globo sumiu.
      A Folha caiu.
      E agora, Joaquim?
      e agora, Barbosa?
      você que tem títulos,
      que zomba dos outros,
      mas que não faz versos,
      pois só odeia e esperneia
      e agora, Joaquim?
      .
      Está sem partido?
      Está sem discurso?
      Está sem caminho?
      Ora,
      então vá beber;
      então vá fumar;
      então vá cuspir.
      A peça acabou.
      A plateia sacou!
      O teatro fechou!
      O mancomunado mancou
      e só o Gilmar ficou a babar…
      É.., tudo furou
      tudo mofou,
      e agora, Joaquim?
      .
      E agora, Barbosa?
      Sua coluna travada,
      sua febre de glória,
      sua gula de poder,
      suas anotações…,
      sua toga de vento,
      seus óculos sem vidros,
      sua incoerência,
      seu ódio – e agora?
      .
      Com a chave na mão
      quer abrir a porta,
      mas a porta já está aberta;
      quer virar senador,
      mas o senado murchou;
      quer ir para Rio,
      o Rio não o quer.
      Joaquim, e agora?
      .
      Se você gritasse,
      se você gemesse,
      se você tocasse
      o samba brasileiro,
      se você dormisse,
      se você cansasse,
      se você…,
      Mas você não…,
      você é vivo, Barbosa!
      .
      Sozinho no escuro
      com onipotência,
      com angústia crua
      para se engasgar,
      mas sem a capa preta
      a cintilar nos números do Ibope,
      você está andando de lado, Barbosa!
      Mas, Joaquim, para onde?

      1. PEDREGULHOS
        by Ramiro Conceição
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        .
        Do porquê das pedras caladas
        surgiu a arte de classificá-las.
        .
        Porém,
        o problema aumenta quando elas resolvem pensar:
        um rochedo e um pedregulho, bípedes, no silêncio,
        por exemplo, são parecidíssimos.
        .
        Portanto…É imperativo que os rochedos cantem
        antes dos pequenos voadores sobre os telhados.

        1. ÉTICA DO TERROR
          by Ramiro Conceição
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          O que vem a ser
          um terrorista que
          se mata, a matar?
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          Só pode ser alguém que acreditou em psicopatas
          que o fizeram ser ninguém – não aquele homérico,
          mas aquele outro morto na viela duma favela brasileira
          ou em um mercado público de Bagdá, ou ainda aquele
          escritor que se matou, num longínquo janeiro japonês.
          .
          Tais seres devem pensar e sentir coisas tais:
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          “O que é tão horrível em vísceras expostas? Por que cobrimos os olhos, aterrorizados, quando vemos as tripas de um ser humano? Por que as pessoas ficam chocadas ao ver o sangue jorrando? Por que os intestinos de um homem são feios? Não é, exatamente, da mesma qualidade da beleza de uma pele jovem e resplandecente?”
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          Pois bem, essa é a ética da morte, na qual
          a vida é uma COISA estranhamente volátil.
          E muito cuidado… Aqui não se está a tratar
          de medicina.

  2. BARATO
    by Ramiro Conceição
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    Ah, como é preciso a coragem
    de rir de si para que se possa
    efetivamente chorar de vontade.
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    Quantos fracassos profissionais…
    Quantos amores potenciais…
    Quantas noites mal dormidas…
    Quantos livros esquecidos…
    Quantos amigos perdidos…
    .
    O que sobrou? Estes poemas nas mãos.
    “Vale o esforço?” Não me encha o saco:
    vá ao Google, e descubra por si o barato.

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