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  1. À sagacidade, à ferocidade, à revolta,
    porém principalmente à DELICADEZA
    do Latuff…
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    PARA CLARICE
    by ramiro conceição
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    Entre os dionisíacos tropeços de vinhos,
    de mil pedaços – nasceu um espantalho
    apolíneo, que teima em proteger todos os ninhos.
    Por isso – com malícia – Picasso recorta espaços
    de um quadro, a ensinar Portinari; enquanto Einstein
    ao tempo lança pedrinhas; mas Garrincha ri ao vento,
    pois deixou Van Gogh a procurar o amarelo dum gol
    dourado de Pelé, num sonho de Pessoa que, bêbado,
    dorme até a hora da chegança de Caeiro com os seus
    carneiros a balir entre os dentes os poemas de Dante,
    de Goethe, de Poe, de Rilke, de Bandeira, de Whitman,
    de Drummond à colossal manhã provisória do mundo.
    Nietzsche explica o eterno retorno… Mas Shakespeare
    reescreve: sem matar ninguém; e Cervantes abandona
    Dulcineia a Camões que não é só zarolho; e triste, Marx procura
    decifrar a história que Dostoievski crê estar nas batatas de Deus
    que Machado doou ao vencedor; Sócrates cutuca Platão!: Freud
    está feliz!; enquanto Joyce, Homero, Bach e Lennon&McCartney
    inventam um cancioneiro para Beethoven, que pela primeira vez
    irá ouvir, e para Clarice que quase completamente ri, plena de si.

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