Kubrick e Spielberg: uma amizade improvável

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Sabiam que antes de gravar qualquer canção, Roberto Carlos consultava Tom Jobim a respeito? Só após o OK de Tom é que Roberto aprovava a divulgação de qualquer obra. O Rei ficou inconsolável com a morte de seu mentor em 1994. Ficou perdido no mundo. O mesmo aconteceu com Paulo Coelho e José Saramago. O mago só mandava seus escritos para o prelo se o português lhe dizia: tá bom, alquimista, vá em frente. Fernando Sabino fazia o mesmo com Clarice Lispector; se a autora de Água Viva e Laços de Família não lhe escrevesse “Alles klar. Clarice.”, estaríamos livres de Zélia, Uma Paixão.

stanley_kubrick

Claro que o parágrafo acima é inteiramente mentiroso. Mas o título deste texto é verdadeiro. Spielberg e Kubrick eram amicíssimos e se consultavam a respeito de seus filmes. Várias sugestões trafegavam e eram aceitas nos dois sentidos. O erudito mestre Stanley Kubrick prezava muito o mestre do entrenimento Steven Spielberg e vice-versa. Amo o cinema de Kubrick e nada tenho contra Spielberg, mas penso que dificilmente haverá dois amigos e colaboradores (mesmo que informais) mais diferentes entre si.

Steven Spielberg

A importância de Stanley Kubrick para o cinema mundial pode ser medida pela qualidade e variedade dos poucos filmes que produziu. Muito pensam que ele era inglês, mas ele foi um novaiorquino que produziu parte de sua obra na Inglaterra. Kubrick criou ficção científica, suspense, reconstituição histórica, filmes de guerra, filmes intimistas e comédia sempre com brilhantismo — com brilhantismo ofuscante, creio eu. Ele — que se definiu para Anthony Burgess como um maestro dei colore que lia bons livros, que gostava de boa música e que tentava trazer isto para seus filmes — produziu apenas 13 filmes em 46 anos de carreira. E eu garanto que você viu ou pelo menos sabe da existência de mais da metade deles. Quer comprovar?

1. Fear and desire (1953) – Que Kubrick rejeitava por ser péssimo.
2. A morte passou por perto (1955) – Idem
3. O grande golpe (1956) * – Suspense
4. Glória feita de sangue (1957) * – Guerra
5. Spartacus (1960) * – Épico romano
6. Lolita (1962) – Intimismo politicamente incorreto
7. Doutor Fantástico (1964) – Comédia
8. 2001- Uma Odisséia no Espaço (1968) * – Ficção Científica
9. Laranja Mecânica (1971) * – Futurismo anarquista
10. Barry Lyndon (1975) – Romance vitoriano de Thackeray, passado no século XVII
11. O Iluminado (1980) * – Terror
12. Nascido para Matar (1987) * – Guerra
13. De Olhos Bem Fechados (1999) * – Intimista, baseado na grande novela Breve Romance de Sonho, de Arthur Schnitzler

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Esta não é uma série de filmes clássicos, é apenas a obra de Kubrick. O que mais o distingue é a inteligência e o fato de sempre se propor a esgotar os temas aos quais se dedica, chegando, às vezes, a produzir três filmes contrastantes dentro de um só. É como se produzisse variações sobre um mesmo tema, ao estilo dos compositores eruditos. Fez isto no tríptico Laranja Mecânica — (1) Ultra-violência, (2) Tratamento Ludovico e (3) Retorno à sociedade –, em De Olhos Bem Fechados — (1) Amor, (2) Ciúme e medo e (3) Aventura mórbida — e em outros, como 2001.

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A surpreendente amizade com Spielberg só ganhou notoriedade quando da morte de Kubrick. A quem foi passada a tarefa de finalizar De Olhos Bem Fechados? Ora, a Spielberg, que era quem tinha conhecimento de todo o projeto. É sintomático que Spielberg, após este trabalho, voltasse a outro projeto de Kubrick: Inteligência Artificial. Porém, curiosamente, ao filmar a história que Kubrick filmaria a seguir, acabou realizando um tríptico típico do mestre: (1) Conhecendo e rejeitando o robô, (2) O robô solto no mundo e (3) Final açucarado para você chorar de emoção ou raiva. Esta característica musical de reapresentar o mesmo tema de diversas formas foi também assumida por Spieberg em seu filme seguinte, Minority Report. Porém, insisto…

spielberg kubrick cartoon
Caricatura retirada do The Simon Magazine, mais exatamente do artigo “Steven Spielberg’s Artificial Inheritance“, de Edward Patch.

Kubrick não se repetia, Spielberg fez 3 Indiana Jones e não sei quantos Parques dos Dinossauros. Kubrick era um erudito generalista ao estilo dos grandes homens do renascimento, Spielberg é o tarado da ação, mesmo que se declare um apaixonado pela literatura. Kubrick quase não dava entrevistas, Spielberg não para de falar. Kubrick sempre foi hostil às estéticas aceitas por hollywood e não ficou milionário, Spielberg aderiu e é produtor riquíssimo em hollywood. Kubrick realizava filmes secos, profundos, corrosivos e analíticos, Spielberg os faz normalmente divertidos, superficiais, açucarados e infantis. Kubrick fazia um filme a cada 4 anos, Spielberg faz um por ano. Um concentra, o outro dilui. Mas nada disto os impedia de discutirem seus respectivos projetos em detalhe e a resultante destas discussões poderia ser tão diferente quanto o são Parque dos Dinossauros, Indiana Jones, Nascido para Matar ou O Iluminado.

Seria respeito profissional? Admiração mútua? Amor ao que o outro tinha de inatingível? Não sei, apenas acho curioso.

(*) Filmes de Kubrick que, em minha opinião, qualquer um de nós deveria ver a fim de crescer mais alguns centímetros.

spielberg kubrick

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17 comments / Add your comment below

  1. Meu caro, poucos diretores do cinema merecem ser nomeados como gênios. Kubrick é um deles. E como você, nada tenho contra Spielberg. Acho-o até divertido e mesmo interessante, em certo sentido. Ah, sim: ao contrário de você, gosto bastante de Dr. Fantástico e, sobretudo, Barry Lyndon. Abraços.

  2. Achei inacreditável esta história. Gosto muitíssim o do Kubrick, principalmente de Doctor Strangelove (Doutor Fantástico) e de The Shining ( O iluminado) . Spielberg, gosto só dos filmes de ação. Não gosto de The Color Purple, nem do Shindler’s List, com uso seletivo de cor-de-rosa numa imagem banal. O filme dos judeus vingando-se dos terroristas é um filme de ação metido a sério. Não conta como filme sério.
    Não conhecia teu blog, vou acrescentá-lo à lista dos blogs do meu blog pois além de você parece que há mais cabeças pensantes aí na tua lista. Vim do ius communicatio da Gabriela Zago.

  3. Sobre Kubrick:

    Quando fui assistir no final d 69 o 2001, entrei no cinema achando q iria ver mais uma daquelas ficções meia-boca, com monstros e tal, aquelas porcarias típicas de óliudi. (grafado assim mesmo, como faz o cartunista Santiago).
    De fato, apareceram “monstros”, aqueles primatas em volta de uma poça d’água. Mas, no meio de um deserto. Aquilo já me inquietou na poltrona, era inédito, nossos avós fora daquele ambiente de selva em q estávamos acostumados a vê-los no cinema. E a coisa foi indo até a aparição do monólito e do momento em q o primata atira o osso para cima, q se transforma no ônibus espacial da Panam. Essa possibilidade ainda ñ era um conceito d domínio público.
    Corta para dentro da nave e do deserto-savana passamos para um ambiente altamente tecnológico, com um desenho apuradíssimo, que remetia ao futuro, mas que era, ao mesmo tempo, plausível. Nessas alturas eu já levitava na poltrona, transportado para um outro mundo. Em seguida vem a cena da “cosmo-moça”, subindo pela lateral da escotilha e entrando d cabeça para baixo na cabine dos pilotos. Naquele momento, senti q se erguia uma muralha entre tudo o q foi feito em termos de ficção científica e o q se faria dali para diante. Kubrick se deteve nas minúcias e conseguiu produzir sensações e um impacto tão colossal com essa “realidade-ficcional-funcional” q nunca mais vi algo parecido no cinema. O Discovery, que rompia com a necessidade aerodinâmica no vácuo do espaço, o próprio tamanho da nave, o desenho de seu interior, o uso do branco, o Hall como um ente onipresente, um “cérebro” diluído por toda a nave e q tudo comandava através d seu olhar eletrônico. A reentrada do Durea na nave após tentar resgatar seu companheiro e q se desenrola toda numa seqüência sem som, que só passa a ser ouvido a partir do momento em que ele consegue abrir a válvula do ar. Coisa de gênio. Talvez os leitores achem q estou superdimens
    ionando esses detalhes, quem sabe até, por ser uma pessoa q está muito ligada a estética do olhar, na condição de artista gráfico q sou. Mas pensem nisso a quarenta anos atrás, na revolução estética e conceitual q este filme representou. Naquele momento, o cinema, para mim, cumpriu o seu papel de nos “trans-portar” para uma outra dimensão, ficcional é certo, mas uma dimensão, como já disse, plausível. Eu vi e participei do futuro, estando no presente. Para mim o maior filme d todos os tempos, um caso raro em q a obra cinematográfica é tão boa ou melhor q a obra literária q lhe deu origem.
    É claro q Kubrick ñ é um deus e poderíamos ter passado muito bem sem o Iluminado e De olhos bem fechados, q apesar d filmes acima da média, considero obras menores do mestre. Há quem discorde. Mas ele tem tantos créditos a seu favor q isso ñ lhe tira o brilho. Mesmo em Spartacus, quando ele coloca na boca do personagem um “discurso”, deslocado no tempo e no espaço, sobre liberdade, q só apareceria com a Revolução Francesa, mesmo assim suas abordagens são instigantes. Quem ñ reconheceria o valor de Laranja Mecânica, Lolita, do Dr. Fantástico, em q Kubrick, mais ainda do q em 2001, faz um contraponto magistral entra a música e a ação, quando usa a canção We’ll Meet Again sobre a seqüência das detonações nucleares, ao final do filme? Momento do mais puro lirismo no cinema, onde se confronta o q há de mais brutal na realização humana, as armas de destruição em massa, com aquilo q há d mais sublime, a mulher q canta, por todos nós, seus sentimentos.

    Quem quiser ver e ouvir, tá aqui. Conferi os enlaces e estão funcionando:

    We’ll Meet Again – gravação original por Vera Lynn

    Cenas finais do Dr. fantástico – vejam o q é a violência das explosões observando os navios cobaia q estão ao redor d algumas delas.

    Sobre Spielberg

    Apenas um artesão, requentador d clichês óliudianos, alguém q ñ sabe onde parar um filme, como foi o caso de Inteligência Artificial, q deveria ter terminado quando o menino encontra a fada submersa. Pior, um cara q faz um filme onde o “herói” Indiana Josta” saca da arma e fuzila a queima roupa um “bandidão” do 3º mundo. Pior ainda, no afã d e fazer um libelo anti-nazista em o Soldado Ryan, o soldado tradutor mata o único alemão q ele ñ poderia matar, dentre todos aqueles q participaram do combate final pela posse da ponte da aldeia.
    Spielberg é um brutal equivocado, um sujeito q ñ tem estatura para ser diretor de cinema, um mero técnico q deveria trabalhar como consultor de efeitos especiais. No soldado Ryan, por ex, a única coisa q se salva é a reconstituição do desembarque na Normandia. O resto dá pra jogar no lixo.
    Me desculpem os q conseguem se divertir com o Indiana. Ñ consigo mais abstrair certas “subjetividades”, certos comportamentos vale tudo desses “heróis”, ou das xaropadas melosas óliudianas. Acho q perdi a inocência.
    …mas o Kubrick ainda me entusiasma.

    Eugênio

  4. IMHO, o Kubrick perfeito e perfeccionista, em pleníssima forma, aparece no período de 64 a 75 (que englobou Dr. Fantástico-2001-Laranja Mecânica-Barry Lyndon). Na filmografia restante, bons (e um ou dois francamente maus) filmes. E uma passada de bastão das mais espúrias.

  5. Eu fico impressionado como alguns brasileiros fazem críticas ao Spilberg. Ele é sem dúvida um dos maiores cineastas e produtores de todos os tempos. Quem me dera se no Brasil tivêssemos um Spilberg. Ele é genial. Tudo o que faz é de excelente qualidade. Ele é capaz de fazer grandes filmes em todos os gêneros.

  6. Sou apaixonado pelo Kubrick. Sem o mínimo exagero, digo que 2001 é o melhor filme que assisti e transformou minha vida de forma profunda. A primeira que o vi foi na sessão dupla (de dois dias), em que passou pela primeira vez na rede Globo, quando eu tinha lá os meus 10 anos. Fiquei maravilhado com o filme, sem entende-lo nada, atravessando a madrugada. Passei anos da minha juventude lembrando cada cena dessa única audiência com absoluta precisão. Precisava entendê-lo urgentemente. Não é um filma para qualquer um, apesar de que, como as grandes obras primas, o próprio espanto da não-compreensão já é um levante para o sublime. Assisti-o várias e várias vezes, e a cada vez percebo algo novo, uma revelação magnífica nova_ não é, definitivamente, uma simples revelação estética, mas espiritual, filosófica, daí que nego o rótulo simplista de dizer de 2001 que seja “ficção científica”.

    Por exemplo, após várias interpretações, da última vez que o re-assisti_ semana passada_, descobri algo que não tinha atentado antes: a luz do quarto do último-homem da escala evolutiva vem de baixo, não mais de cima. Que símbolo! Que eloquência de pensamento! Para o homem imunizado de todos os conflitos, a tal ponto que a simples queda de uma colher o faz ficar segundos a olhando, não há razão nenhuma para que a simples reverência ou consolo de uma luz vinda do alto exista. Essa luz do chão representa tanto o sucesso de uma evolução de bilhões de anos no aperfeiçoamento da técnica, quanto o fracasso inexorável do empreendimento da espécie. Nada por temer, nada para rezar, nem futebol nem deus, uma raça de seres assexuados naufragados no gigantismo asséptico de sua própria suficiência. Uma luz que vem de baixo, daria um bom título de romance.

    Minha filha ontem mesmo pediu: “vamos assistir 2001?”. Sério mesmo, sem esnobismo. Ela só tem três anos, e adora a cena dos macacos. A filha do Milton assisti Laranja Mecânica junto ao pai, também.

    Tem um texto meu sobre 2001, aqui:

    http://charllescampos.blogspot.com.br/2013/09/o-puro-visivel.html

    Vou comer um pão, e volto para falar sobre Laranja Mecânica e o texto acima do Milton. Aguardem, fãs.

  7. Comprei a caixa de blue-rays do Kubrick numa promoção pela LC, e já assisti-os todos. Barry Lyndon, com sua frase final de que “a semelhança entre eles é nós, é que todos estaremos mortos um dia”, ou algo assim. Um bom filme, acima dos padrões. Assim como O iluminado, um filme de fotografia magnífica, mas com muitos defeitos que impossibilitam que ele seja mais que mediano_ seu final é preguiçoso, e a loucura de Jack Torrance é explorada de maneira apressada.

    Os dois grandes filmes de K. são 2001 e Laranja Mecânica. Digo, GRANDES MESMO, grandes a um nível tarkovskiano.

    Laranja Mecânica, que o reassisti há dois meses. Um adolescente atacado por todos os lados, maciçamente, por uma mídia espúria em último grau. Sexo ruim, música ruim, bebidas ruins, nível de proficiência na língua ruim. Não; aquelas cenas aberrantes de cor eram ruins mesmo na época em que o filme foi feito. Não se trata de defasagem temporal. O pênis de porcelana recurvo e grande, que Alex usa para matar a esposa do escritor, é uma abominação estética mesmo no final dos 60 e começo dos 1970. A casa da massagista que Alex invade com seus asseclas com os quadros com ar de moderníssimos pendurados nas paredes, não passam de gosto medíocre de uma sociedade boçal sem profundidade, sem ideias, vivendo de aparências recíprocas. Quadros com mulheres e homens trepando.

    O idioma que Alex fala é uma espécie de novilingua, recheada e sustentada por gírias vagabundas e vazias, sem revoltas e sem personalidade. Não é de se espantar que a violência seja a coisa mais natural do mundo. Traz uma semelhança com a luz do chão de 2001, em uma proporção mais rasteira: em vez da evolução da técnica, a sociedade alternativa de Alex se estancou na visão proletária clássica marxiana: uma sociedade de seres servilizados pela propaganda e a indústria de consumo. Uma sociedade ridícula, palhaçal, que atingiu um nível tão alto de caricatura que o tédio sem escapa reverte para o massacre. O vestidinho curto, na altura da virilha, da velha mãe de Alex causa uma gargalhada imediata, sem auto-reconhecimento da plateia, sem a catarse da descoberta da própria vergonha da cretinice em que o expectador está inserido. Não sobra mais nada para uma sociedade alienada senão a implosão, como se a natureza humana tivesse um botão de auto-destruição diante tanto desvirtuamento da busca de suas qualidades intrínsecas.

    E o ponto genial que Kubrick acha para finalizar essa sua monumental crítica é a Nona de Ludwick, que Alex tanto ama. A mais elevada obra do espírito só é consumida por Alex na tela de sua imaginação em que a Ode à Aelgria serve como trilha de cenas celestiais de estupros e assassinatos. E aqui há a velha astúcia das incríveis coincidências: o filme é muito semelhante com o que Anthony Burguess escreveu: um Burguess que em sua auto-biografia revela a doença de espermorréia que tinha, e do estupro e espancamento que levaram ele e sua esposa à beira da morte, perpetrados por um grupo de adolescentes nazistas. O sexo e a violência já eram temas que extrapolavam o mero abuso de suas configurações coloridas que a mídia sempre fez, para um escritor que não parava de expelir esperma 24 horas por dia e que viu a esposa sendo violentada várias vezes por brutamontes de espinhas.

    E a crítica de K. vai mais além: contra os auto-proclamados salvadores dos oprimidos da sociedade: ele bebe de Marx, e ataca os mercadores do templo de Marx. O escritor que denuncia Alex e o prende em sua casa, após o experimento que “cura” Alex, só o faz para que chegue à mídia (a grande e deística Mídia, como Tubo de Vineland, de Pynchon), a comprovação do fracasso do partido governista quanto à tal cura. O intelectual não é movido por vingança nem altruísmos, mas simplesmente pela guerra partidária.

    Agora me dizem: Laranja Mecânica foi lançado em 1971, ou fala sobre o Brasil de hoje?

  8. Spielberg já é outra coisa. Não vou me aprofundar muito aqui. Acho A lista de Schindler um ótimo filme. Gostei muito da tristeza cósmica de Inteligência Artificial, na cena final em que o robô supera a história dentro de sua cápsula no fundo do mar e é resgatado por alienígenas (não é nem um pouco sutil como Kubrick, mas há algo genuíno aí). E Minority Report é um puta filme de ação, dos melhores que já assisti. Spielberg é diversão, e é um gênio à sua maneira, e à sua maneira irrepetível (basta ver que Shyamalan, seu plagiador mais notório, fica constrangedoramente emulativo em filmes como Sinais).

    E, francamente, De volta ao futuro I e II estão entre meus 20 melhores filmes de todos os tempos.

  9. ÓBVIO
    by ramiro conceição
    *
    *
    O óbvio é o mais difícil
    de ser visto. Por isso o
    óbvio é óbvio.
    *
    Mas não é tão simples assim,
    pois pra pensar-sentir e vê-lo
    é necessário, antes, livrar-se
    de obviedades…opressoras:
    *
    aquelas ensinadas no quando
    o óbvio era feito de um tempo
    inocente.
    *
    Eis a dificuldade do óbvio:
    para onde foram o menino
    e a menina que cresceram?
    *
    Como desvencilhar-se dos
    nós de nós aprisionados?
    *
    Como transformar o complexo
    em passo a passo, lentamente?
    *
    Como não esquecer que somos
    gente, simplesmente? É óbvio!

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