Louis-Ferdinand Céline, os 120 anos do brilhante escritor antissemita

Compartilhe este texto:

Publicado pelo Sul21 em 1º de junho de 2014

jskdjsk ldjlsd
Céline: censura póstuma oficial

O fato de um escritor tão imenso quanto Louis-Ferdinand Céline (1894-1961) ter sido um antissemita dos mais abjetos sempre foi, no mínimo, perturbador. Em 2011, quando completou 50 anos de morte, Céline recebeu uma curiosa “des-homenagem” oficial. O Ministro da Cultura da França, Frédéric Mitterrand, retirou o nome de Céline das Célébrations Nationales. O motivo era o de sempre: “o antissemitismo virulento” do escritor e seus desprezíveis panfletos. O Ministro afirmou que apesar de seu talento, “não se deve esquecer o homem que fez a apologia do assassinato de judeus durante a ocupação. Não é digno que a República o celebre”. Um intenso debate seguiu-se e o Ministro afirmou que a retirada consistia numa moção de repúdio.

O professor emérito da Sorbonne, Henri Godard, ficou indignado: “É uma forma de censura. É perfeitamente possível distinguir os dois Céline: o grande escritor e o antissemita. O ato não constitui numa reparação às vítimas do antissemitismo, só as transforma em culpadas involuntárias de um ato de censura a um excepcional escritor”. Frédéric Vitoux, da Academia Francesa e biógrafo de Celine, afirmou que remover o nome de Céline de um catálogo é tão bobo quanto o fato de Stalin ter apagado das fotos oficiais os líderes comunistas de quem não gostava. “Isso não contornará o fato de que Céline foi um escritor genial, traduzido inclusive em hebraico. O que fazer, devemos queimar a tradução hebraica de Viagem ao Fundo da Noite?”.

begber rfbgdevb
O escritor viu seu asilo na Espanha de Franco impedido por de Gaulle.

Amado e odiado, Céline é uma glória das letras europeias. Em 1950, foi julgado e condenado pela Repú­blica Francesa a um ano de prisão e a pagar 50 mil francos de multa. O governo confiscou cerca da metade de seus bens. O escritor ficou proibido de votar e ser votado, de portar armas e pleitear cargos públicos e não podia trabalhar em jornais, escolas e bancos. Quando a Segunda Guerra acabou, Céline pediu asilo a Franco, mas de Gaulle impediu pessoalmente que o ditador espanhol o recebesse, dizendo a Franco que tal asilo atrapalharia as relações diplomáticas e comerciais entre os dois países.

Nesta semana, ao completar 120 anos de nascimento, as homenagens a Céline partiram mais dos países de língua inglesa do que da França. Mas por que Céline é importante? Porque, na primeira metade do século passado, numa época em que os escritores e compositores experimentalistas tornavam suas obras mais e mais impenetráveis, Céline renovava a literatura utilizando-se da língua falada. É claro que a expressividade de Céline era muito estilizada, tratava-se de uma linguagem fabricada, mas o gosto pelas expressões orais e populares faziam parte de seu projeto, mesmo que seus temas fossem tão pouco seculares quanto a morte e a guerra. Suas posições políticas e opiniões não se fazem presentes em seus romances, apenas nos panfletos.

verfg rgvew efweg
Amor às reticências. Um pontilhista como Seurat e Signac…

Seu primeiro romance foi o citado Viagem ao Fundo da Noite.  A “viagem” é a aventura que se vive até a morte certa. Seu segundo romance, chama-se Morte à Crédito.

Quando se abre um livro de Céline, em qualquer página, toma-se um susto. O escritor simplesmente adorava as reticências. Suas páginas estão cheias delas, ao lado de uma linguagem fácil e fluida, raivosa e debochada. “As reticências arejam a frase”, dizia. A impressão que se tem é a de que o escritor raramente finaliza suas frases… Ele mesmo brincava que era pontilhista como os pintores Seurat e Signac. Já os estudiosos de sua obra garantem que a linguagem simples era resultado de uma elaboração rigorosa. Ou seja, ela parece simples, porque calcada na linguagem oral, mas é finamente elaborada. A tradutora Rosa Freire d’Aguiar anota: “Desde seu romance de estreia, Viagem ao Fim da Noite, de 1932, Céline forjou uma língua própria, incorporando gírias, corruptelas e palavrões, criando onomatopeias, elipses, rimas e neologismos”.

Seu estilo é raivoso e requer estômago forte. Por exemplo, a descrição que ele faz de uma viagem de barco em Morte à Crédito (1936) é algo inacreditável. O barco começa a jogar de um lado para outro e Céline não recua ao descrever a verdadeira epidemia de vômito que acomete os participantes. Não é um escritor que evite descrições por pudor.

vwsvds vwsfvws
Herói e inválido na Primeira Guerra Mundial.

Nascido em 1894 em Courbevoie, periferia de Paris, em uma família de classe média baixa, Céline recebeu uma instrução escolar convencional antes de se incorporar ao exército francês em 1912, durante a primeira Guerra Mundial. Por ter levado a cabo uma missão de reconhecimento arriscada no setor de Ypres (Flandres Ocidental), foi condecorado como Herói de Guerra. No conflito, sofreu ferimentos na cabeça que lhe deixaram um zumbido recorrente no ouvido. Foi declarado inválido de guerra.

Depois, em 1916, esteve em Camarões trabalhando numa empresa francesa de madeiras. Retornou à França no ano seguinte. Trabalhou também numa fábrica de automóveis, enquanto começava o curso de Medicina. Em 1919 casou-se com Edith Follet, filha do diretor da Escola de Medicina de Rennes. Em 1920 nasce a sua filha Colette e dois anos depois Céline recebe a licenciatura em Medicina, tendo por tese um trabalho sobre o médico Ignaz Philipp Semmelweis.

Semmelweis em 1858, tese lida até nossos dias
Semmelweis em 1858. A tese de Céline é lida ainda em nossos dias

Esta tese é pura literatura e está publicada no Brasil, em livro da Companhia das Letras. É um relato espantoso e envolvente sobre a perseguição sofrida por Semmelweis pelo simples fato de ele ter sido o médico que tentava introduzir o ato de lavar as mãos e a esterilização de instrumentos e utensílios antes de quaisquer operações cirúrgicas. As estatísticas mostravam que seus pacientes morriam menos, mas a novidade era tão incompreensível para a época que o húngaro Semmeweis (1818–1865) só podia estar brincando ao fazer pouco da habilidade de quem fazia os procedimentos sem lavar as mãos.

O húngaro constatou que, quando se obrigava os médicos obstetras a lavarem as mãos antes de se aproximarem das parturientes, a proporção de infecções caía de 30% para menos de 1%. Vítima da hostilidade e da zombaria dos círculos médicos, Semmelweis foi expulso do hospital, teve de deixar Viena e acabou não somente alijado do mundo científico como internado num hospício… Tornou-se o primeiro grande personagem de Céline. A repercussão da tese de Céline, que não continha nenhuma novidade, ultrapassou muito o campo da medicina.

A morte, portanto, está presente na obra de Céline desde sua tese. Na verdade a morte já estava em sua vida desde a Primeira Guerra Mundial. Céline disse que tinha matado uma dezena de pessoas no conflito e que aquilo o afetava. Talvez tenha sido para aliviar a própria dor que Céline começou a escrever, o que acabou dando origem ao seu primeiro e melhor romance: Viagem ao Fundo da Noite.

Viagem narra a história de Ferdinand Bardamu, que luta na Primeira Guerra Mundial, envolve-se em uma empreitada de colonização na África, trabalha na linha de montagem da Ford nos Estados Unidos e termina em um subúrbio pobre de Paris, trabalhando em um manicômio. O romance é um grande retrato da loucura, mas da loucura não de um homem só, mas de toda a sociedade. Os caminhos de Bardamu reproduzem a própria história da França no começo do século passado, ingressando numa guerra genocida onde ninguém poderia ganhar, num projeto colonial e numa industrialização desumana ao estilo norte-americano da época… Não é casual que pareça que estamos recontando a biografia de Céline. Assim como seu alter ego, o escritor não guardava boas lembranças de nenhuma de suas experiências.

bdbv gvbde sdgfvws
“O amor é o infinito ponto fora do alcance”

O romance é dividido em duas partes. A primeira refere-se à descoberta de um mundo onde a paz e o amor entre os povos parecem impossíveis — por todo lado há homens explorando-se uns aos outros.  A segunda parece um prolongamento íntimo do primeira, notavelmente bem escrito. Serve para confirmar que o amor é impossível. Aqui, Céline examina a vontade de dominação e dependência nas relações amorosas. O romance desloca-se do social para o particular a fim de demonstrar que, de forma geral, “o amor é o infinito ponto fora de alcance”.

Morte a Crédito é tão autobiográfico quanto Viagem, só que voltado à infância do escritor. Como Céline, o protagonista também é um médico que descreve suas experiências no subúrbio da capital francesa, atendendo pessoas pobres. Com acidez, o narrador demonstra sua descrença a respeito de tudo. (Talvez seja importante citar que Céline, como médico, era amado por seus pacientes, sendo considerado um modelo de bondade e dedicação). Porém, a descrição de seus pacientes e parentes — dos quais recebia quantias miseráveis — é tão ressentida e permeada pelo ódio que se torna hilária. Todavia, num certo ponto da narrativa há uma ruptura e recuamos no tempo, dirigindo-se para a infância do escritor. O leitor, então, é levado à casa de Céline e de sua família. A vida era complicada. O pai trabalhava numa empresa de seguros e é um homem sem perspectivas e energia. A mãe mantinha a lojinha da família, enquanto a avó vive da renda de alugueis que quase não recebe e os tios não possuem um emprego fixo. Ou seja, todos sofrem com a falta de dinheiro. A narrativa é primorosa na descrição dos sentimentos humanos envolvidos.

rgwsfg et  3t3
Um médico e escritor obcecado pela catástrofe

Mas, ao lado destes romances e de Norte, há os panfletos. O primeiro é Mea Culpa, onde manifesta seu desencanto com o comunismo. Depois vieram os políticos… A pedido do autor, Bagatelas para um massacre, A Escola dos cadáveres e Bonitos os Panos nunca foram reeditados. Dos panfletos antissemitas, apenas o célebre Vão Navios Cheios de Fantasmas pode ser lido.

O ensaísta Dau Bastos frisa que Céline “fez da escrita uma briga só” e nota que “ele mostrou-se tão obcecado pela catástrofe que a ela submeteu seu próprio texto”. Já Simone de Beauvoir confessa que chegou a saber de cor algumas das páginas de Viagem ao Fundo da Noite. O universo de Céline, que nos fala de desastres e das ruínas humanas, foi desfeito após a Segunda Guerra. E ele terminou sua vida exercendo a profissão de médico e não a de escritor em Meudon, no ano de 1961, sentindo a medicina como sua verdadeira vocação e a escrita como um acidente.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

8 comments / Add your comment below

  1. Já escrevi muito sobre Céline em meu blog e temo soar redundante, pois tenho uma apreciação irredutível deste escritor. Seu livro mais visceral e cru é De castelo em castelo, um romance cheio de uma noção da derrota e da hipocrisia humana, de uma aversão a todo eufemismo, que torna um tanto difícil ao leitor avaliar Céline como um monstro. Esse livro confronta o leitor com a verdade incômoda de que existem razões por detrás mesmo dos piores posicionamentos. Céline não pede perdão, mas não se vê como um visionário ou conserva qualquer ressentimento de não reconhecimento. Isso é o que desconcerta nele: ele não oferece nenhuma brecha para que alguém o defenda. Mas essa nudez brutal é dirigida contra toda a farsa das vitrines sociais, e seus alvos preferidos são Sartre e os defensores de Mao (e quem foi mais assassino do que Mao?), e o editor da Galimard. Ele coloca todos em uma mesma balança, sem heroísmos, redenções ou demonismos, e inseridos na dança do relativismo maniqueísta do que é hoje considerado o Bem e o Mal. Ele desmente a santidade da boa vizinhança ao relatar sua condição de médico sem clientela por não ter um bom carro para atender às etiquetas daquela classe burguesa decadente e empobrecida que no final da segunda guerra engolia suas intuições tombadas de se aliarem a Vichy. Céline é adorado por todos os principais escritores judeus. Suas descrições da miséria dos refugiados no castelo de Sigmaringen, aqueles traidores franceses que se aliaram a Hitler, é algo pouco visto na literatura: um estudo social sem o menor pudor sobre a degradação, ao mostrar aqueles altos escalões do governo vivendo à míngua em uma fortaleza, contra o inverno rigoroso, a fome, a falta de higiene (a descrição do rio de dejetos descendo pelas escadas), o ódio mundial generalizado. E como ainda nessa degradação existe a velha vontade de reconhecimento e escalas hierárquicas no homem, a velha mesquinha manutenção de poder, mesmo para pessoas reduzidas a um nível extremo de abjeção. Se pudesse resumir o tema de Céline, seria a de que o homem é um animal assassino: todo o Viagem fala disso, de como o narrador tinha que se virar para não ser assassinado, seja pela porteira do prédio, seja por seus pacientes, seja por desconhecidos em uma viagem de navio. E o senso do ridículo de Céline era uma de suas qualidades mais sublimes, pois tais páginas chegam a alcançar o humor mais escancarado.

    Céline é o exemplo de que o artista é superior ao homem. Uma vez eu vi uma discussão sobre a obra do cartunista Crumb, que eu gosto muito. Pessoas diziam que ele objetifica as mulheres, pessoas chegavam ao absurdo de dizer que ele era um pedófilo que vitimizava sua própria filha. A questão é esta: o artista existe para nos confrontar, para nos incomodar. De onde veio essa ideia esquisita de que o escritor deve nos agradar, deve nos entreter? Meus melhores escritores tem ideias díspares que não combinam com as minhas de cidadão interativo na vida corrente, e por isso eu os adoro. Adoro as mulheres gigantes de Crumb, sua sexualidade exagerada, seu monasterismo erótico obsessivo, e não vejo as mulheres reais dessa maneira, repudio se o discurso de objetificação da mulher. E o faço, muito provavelmente, justamento porque eu adore as mulheres de Crumb_ e ele mesmo, Crumb, adora a complexidade do sexo oposto.

    Já disse antes que eu adoro Céline, mas jamais iria querer conversar com o homem Céline. Mas Céline faz parte da minha vida, e mesmo da minha visão de mundo, não tendo nada a ver com meu completo repúdio pela Shoá e pelo meu amor por Primo Levi.

    Um exemplo da importância de Céline: agora mesmo está acontecendo um memorial de Thomas Bernhard … (cont.)

  2. um memorial e Bernhard no Ministério Público do Rio de Janeiro. Se tiver alguém aqui que saiba o quanto isso é ridículo, me avise. Nada mais contraprodutivo e idiota que o MP fazendo uma homenagem a Bernhard. Se esse fosse um país que não tivesse os níveis de leitura mais baixos do mundo, o MP deveria ser processado pelos leitores e admiradores de Bernhard por danos morais ao escritor. Mas como pouquíssimas pessoas conheçam Thomas Bernhard por aqui (talvez conheçam alguma dupla sertaneja chamada Thomas e Bernhard), essa homenagem passa batido, é inofensiva. E tal homenagem vem em uma semana em que os jornais reportam a incrível e anacrônica e bestial sentença contra uma guarda de trânsito que disse a um juiz de direito, pego em uma blitz sem carteira dirigindo um carro sem placas,que “juiz não é Deus”. E por isso, a guarda terá que pagar ao juiz uma indenização de desacato de 5 mil reais. Um país como o nosso, cuja instituição mais corrupta e criminosa é o judiciário, fazendo homenagem a Thomas Bernhard no MP do rio, é de matar de rir. Bernhard, que foi processado pela igreja católica, que sempre quiseram-lhe cassar a cidadania austríaca, que foi um homem de incrível integridade que nunca se compactuou a nenhum órgão de oficio e foi o mais ácido e crítico dos escritores, recebendo honras em um antro de lama, entre altos profissionais que, só através de um absurdo “auxílio moradia”, ganham o dobro do salário de um professor concursado. E pessoas que, com certeza,nunca sequer abriram um livro de Bernhard. Por isso Bernhard e Céline são importantes, independente de suas idoneidades morais (o primeiro a tinha e foi sim um grande e coerente homem, embora, como eu disse, isso não vem ao caso), pois são espécies de catarses, peças indispensáveis para impulsionar a evolução da raça humana.

  3. CÉLINE E O AVESSO
    by Ramiro Conceição
    *
    *
    CÉLINE:
    “[…] tentei deitá-la em cima da palha… logo após o amanhecer… não queria que eu a deitasse… não quis… queria ficar em outro lugar… no lado mais frio da casa e em cima das pedras… deitou-se calmamente… começaram os roncos… era o fim… haviam me dito, eu não acreditava… mas era verdade, estava deitada no sentido da recordação, de onde viera, do Norte, da Dinamarca, o focinho ao norte, virado para o norte… cadela a seu modo tão fiel, fiel aos bosques de suas escapadas, Korsör, lá no alto… fiel também à vida atroz… os bosques de Meudon não lhe diziam nada… morreu após dois… três pequenos estertores… ah, discretíssimos… sem um só lamento… por assim dizer… numa pose de fato muito bonita, como em pleno ímpeto, em fuga… mas de lado, prostrada, acabada… o focinho para as suas florestas das fugas, lá longe de onde vinha, onde sofrera… só Deus sabe!”
    “Ah, vi muitas agonias… aqui… ali… por todo lado… mas nem de longe tão belas, discretas… fiéis… o que estraga a agonia dos homens é a pompa… o homem afinal está sempre no palco… até o mais simples […].”
    *
    *
    O AVESSO:
    […] tentei deitá-la em cima dos trapos… logo após o amanhecer… não queria que eu a deitasse… não quis… queria ficar em outro lugar… no lado mais frio do cárcere, em cima do cimento… deitou-se calmamente… começaram os suspiros… era o fim… haviam me dito, eu não acreditava… mas era verdade, estava deitada no sentido da recordação, de onde viera, do Norte, da Holanda, o rosto ao norte, virado para o norte… menina a seu modo tão fiel, fiel às ruas de suas escapadas, Amsterdã, lá no alto… fiel também à vida atroz… aquelas ruas não lhe diziam nada mais… morreu após dois… três pequenos estertores… ah, discretíssimos… sem um só lamento… por assim dizer… numa pose de fato muito bonita, como em pleno ímpeto, em fuga… mas, Anne Frank, de lado, prostrada, acabada… o rosto para as suas estrelas das fugas, lá longe de onde vinha, onde sofrera… só Deus sabe!
    E agora aqui, morta, em Bergen-Belsen… Ou em qualquer Paraisópolis…
    *
    *
    CÃES GATOS & CIA
    by Ramiro Conceição
    *
    O verdadeiro carnífice do amor,
    sem dúvida, é o sentimentalismo…
    Mas, cuidado! Não é aquele
    piegas, burro demasiado burro…
    Mas aquele outro erudito, mas… vil,
    que está em exposição no mercado.
    *
    Estou a tratar daquela deformidade
    degenerativa que, em poucas palavras,
    é a causa do espetáculo trágico
    onde Cães Gatos & Cia
    são tratados por semelhantes aos seres
    humanos… com rabos, latidos e miados.
    *
    Aí late,
    lateja
    e mia o fascismo
    de todas as cores,
    odores e bolores.

Deixe um comentário