Por um bife, de Jack London

por-um-bife_Jack_LondonJack London (1876-1916) foi “o escritor” de minha infância e juventude e também quem introduziu meus filhos no mundo dos livros. Caninos Brancos, O Chamado Selvagem, Antes de Adão e outros livros de London foram engolidos por nós com grande entusiasmo. Penso até que li O Chamado Selvagem em voz alta para minha filha. London era uma figura singular. Aventureiro e independente desde os 14 anos, o escritor cruzou os Estados Unidos de trem, navegou o mundo inteiro, foi vagabundo de rua, passou fome, trabalhou como correspondente de guerra, tornou-se socialista, foi preso, virou minerador, sucumbiu ao alcoolismo, mas, neste ínterim e sabe-se lá como, escreveu 50 livros, apesar de ter vivido apenas 40 anos.

Com surpresa, vi um livro de London que não conhecia na vitrine da Livraria do Globo da Getúlio Vargas. Adorei o nome da coletânea de histórias: Por um bife e outras histórias de boxeadores. É claro que tratei de lê-lo imediatamente. Já imaginava, são contos naturalistas de um autor de estupenda capacidade descritiva. É leitura fácil e fluente. O assunto central é sempre o boxe que, aliás, também era praticado pelo autor. Por um bife (1909) é excelente; narra a decadência de um velho boxeador que vê a inexorável evolução dos jovens que lhe tirarão o sustento. O mexicano (1911) é um duro relato de um chicano que lutava não pelo prazer do esporte mas por seus ideais. O benefício da dúvida (1910) trata de uma curiosa disputa judicial a respeito de uma briga de rua em que o agredido torna-se réu, tendo por fundo a corrupção de uma pequena cidade; tem final delicioso. O jogo (1905), relato trágico da inocência, é fraquinho. Já O bruto insondável (1911) é a melhor história, sendo um retrato da corrupção do boxe, com suas lutas compradas e apostas.

Não faz falta não ler, mas é, como sempre foi, boa diversão.

7 comments / Add your comment below

  1. oi, milton!
    estou de castigo sem poder ler literatura pagã (tudo que não seja lei ou direito). Mas um dia, já prometi a mim mesma, vou botar tudo em dia – e vou pegar todos as tuas dicas literárias pra ler… espera só eu arranjar um emprego legal!
    abç

  2. Claro que a Dona Ignorância aqui não leu nada disso. mas vi o filme Caninos Brancos com minha filha mais velha. A-do-rei! Mas não consegui mais na locadora para ver com minha filha menor.
    Tu não mereces, mas tem dedicação lá prá ti…
    bj, f

  3. Tenho vários livros legais do Jack London, um autor obrigatório. Deixar este mundo sem conhecer as obras dele é perder muito da felicidade.

    “Por um Bife”, sua indicação, é genial, até para quem não gosta do “jogo”, da nobre arte do boxe.

    Sugiro ainda “A Estrada” e “O Povo do Abismo”, “De Vagões e Vagabundos” e, enfim, todos os outros que ele escreveu. O homem foi e é um gênio. Maravilhoso.

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