Alguém disse que a corrupção é como uma caixa de lenços de papel, tu puxas um e o próximo já está ali, se atirando para fora. É verdade, é descobrir a coisa e seguir o caminho do dinheiro. Tal caminho não deve ser tão complicado assim, a menos que haja um HSBC ajudando a fazer sumir a grana na Suíça. Aliás, a lista de brasileiros no HSBC será tão legal de ler quanto a do procurador Rodrigo Janot, onde dizem estar os presidentes da Câmara Federal e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
As palavras em tom menor de Cunha — “Ninguém me comunicou de nada” –, sem nenhum arroubo de líder religioso, são estranhas. Ele deve estar na lista, sim.
Mas disso meus sete leitores sabem. É que eu vim trabalhar pensando nas listas de Janot e do HSBC.
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Porém, ontem à noite, preocupei-me com outro tipo de sacanagem. Tenho visto o método utilizado por algumas pessoas para atacarem outras no Facebook. É simples. Digamos que eu queira me vingar de alguém, então vou lá e digo para meus amigos: “O fulano X disse que eu sou ruim assim. Vocês acham que ele tem razão?”. Há uma variação mais covarde que não diz quem é X. Então, os amigos procuram e acusam.
Acho de última categoria atacar alguém através da solidariedade dos amigos. É como esconder-se atrás da barra da saia de mamãe. É como chamar o irmão mais velho. Na idade adulta, é demonstração de covardia. É como gozar com o pau dos outros. Já sofri isso três vezes e detesto ver acontecer. Ontem, vi de novo, mas a vítima não era eu. Já fui vítima três vezes deste gênero de baixaria.
Reli os comentários do segundo ataque que recebi. À noite, comentei com amigos, pois, seis meses depois, a coisa é para rir em torno de uma mesa. Fui acusado de ser uma pessoa cruel por ter escrito, neste blog, sete palavras que não eram dirigidas a ninguém, mas cujo conteúdo serviu a “meu facefriend“, sabe-se lá como. Arranjei um desafeto. Como resposta a minhas palavras, este descreveu sua fantasia, esclareceu a crueldade cometida e mandou seus amigos comentarem, sem dizer meu nome. No meio, é claro, alguém falou em mim em tornei o monstro que o autor planejara. Claro que quem mantém aqueles comentários é o responsável por eles e pode ser processado, mas quem tem saco para isso? Eu não.
O bom do Facebook é sua transitoriedade, seu caráter de palimpsesto, ou seja, seu caráter de ser “aquilo que se raspa para escrever de novo”. Uma semana depois, a acusação poderá ser encontrada através de muitos cliques. Melhor esquecer mesmo.
E ontem, vi um desses ataques. Um sujeito deixou um recado do tipo “olha só o que ele fez, olha só como ele é”. Ui.
O que isto tem a ver com a corrupção dos primeiros parágrafos? Além da baixaria, nada.